A origem do Fascismo italiano
(AS FRUSTRACOES NACIONALISTAS)
Acordos secretos com a Inglaterra e a França estabeleceram que os italianos receberiam alguns territórios austríacos que eles reivindicavam desde a época da unificação, no século XIX. No entanto, terminada a guerra as pretensões territoriais italianos não foram totalmente atendidas: o Fiume, uma das províncias, foi entregue a Iugoslávia e a Itália não recebeu qualquer território na partilha das colônias alemães na África. Alem disso, apenas de suas enormes perdas humanas (700 mil mortos) e materiais, os italianos detiveram pequena parte das indenizações a serem pagas pela Alemanha.
Tais frustrações no campo da política internacional contribuíram para desacreditar o governo parlamentar, que passou a ser acusado de covardia e corrupção.
Os fascistas, com a sua pregação nacionalista, afirmavam que os interesses da pais só poderiam ser defendido por um governo forte.
(A CRISE ECONÔMICA)
A principal causa da ascensão dos fascistas foi a crise econômica do pós-guerra, acompanhado de intensa agitação social e do avanço dos partidos socialistas. Este quadro assustava a classe media e a alta burguesia.
Na Itália, como vários países europeus, os gastos com a guerra provocaram uma enorme divida externa, inflação desenfreada e o aumento do custo de vida. Este era provocado, em grande parte, pela especulação realizada por capitalistas, que escondiam mercadorias para aumentar os presos.
Ao mesmo tempo, milhões de ex-combatentes, voltando a vida civil, procuravam empregos, mas a produção agrícola encontra-se em baixa e inúmeras industrias estavam falindo ou paralisadas pelo fechamento dos mercados externo.
O desemprego em massa nas cidades e no campo provoca redução dos salários, agravando as condições de sobrevivência da classe trabalhadora, que já eram precárias em épocas normais.
(A CRISE SOCIAL E POLÍTICA)
As dificuldades contribuíram para o crescimento dos movimentos populares e dos partidos socialistas. Estes, nas eleições de 1919, conquistaram um terço das cadeiras da Câmara dos deputados. A CGT (Confederação Geral do Trabalho) passou a contar com 2 milhões de associados que exigiam melhores condições de trabalho e o fim do desemprego.
Greves e manifestações políticas eclodiram em varias parte do pais pela revolução na Rússia. Nas cidades industriais do Norte, em 1920, 100 fabricas foram ocupadas pelos operários, que tentaram colocar em pratica a atittogestao, isto e, a direção das empresas por comitês de operários, tal experiência falhou pela precária organização dos trabalhadores e pela falta de credito bancário.
No campo, os trabalhadores rurais organizavam as Ligas Vermelhas, que invadiam terras desocupadas e reivindicavam a divisão dos latifúndios.
Em 1921 foi fundado o Partido comunista italiano, que se tornou uma das principais lideranças dos movimentos da classe operaria
O período entre Guerras: o Fascismo Italiano e mais...
O período entre guerras teve uma marca política: a tendência è radicalização. Regimes totalitários instalaram-se em vários países europeus. Na Itália, o fascismo; na Alemanha, o nazismo. As grandes exceções do período foram Estados unidos, Inglaterra e frança, onde dominaram democracias liberais.
O fascismo representavam um fenômeno original. Seus adeptos repudiavam a luta de classes, o internacionalismo e o parlamentarismo liberal. Definiam-se como revolucionários; propunham uma solução nacional, autoritária e corporativa para problemas sócio-econômicos. As frustrações decorrentes da Grande Guerra acentuaram o extremado nacionalismo dos fascistas. Seu anticomunismo intransigente colocava-os na dependência do grande capital: seu anticapitalismo não passava de fechada. A crise da Itália no pós-guerra e a capacidade do parlamentarismo e do liberalismo em conter o avanço comunista deu chance à ação dos fascistas, que tomaram o poder em 1922. Eles eliminaram a oposição e instalaram uma ditadura, em um Estado totalitário, representado pela figura todo poderosa do chefe, o Duce, que pretendia encarar a vontade das massas, sustentado por um partido único. Outros países aderiram o fascismo como: Espanha, Portugal, Polônia, Iugoslávia. Cada regime tinha feições próprias, e o termo fascista aplica-se mal a regimes autoritários como os da Hungria, Romênia ou Turquia.
A Itália à Direita
O nacionalismo ficou exaltado na Itália após a Grande Guerra, porque o país não havia conseguido obter possessões ambicionadas, como a Dalmácia, que permaneceu ligada à Iugoslávia. Havia perdido 700 000 pessoas; a região de Veneza estava devastada. A situação piorou. Problemas como superpopulação e atraso econômico se agravaram. Emissão de moeda e empréstimos externos, para financiar os esforços militares e industriais, trouxeram o endividamento e a inflação. A crise abalou até os mais fortes. O desemprego atingiu níveis perigosos com a diminuição da emigração, controlada durante a guerra.
A crise social ganhava aspectos revolucionários. Depois de 1919, o número de greves cresceu e houve desordens, com pilhagens de lojas pelas massas esfomeadas. No ano seguinte, mais de 600 000 metalúrgicos do norte ocuparam fábricas e tentaram dirigi-las, mas falharam por falta de crédito bancário. Os camponeses se rebelavam por toda a parte. Na Sicília e na parte do Rio Pó, invadiram terras desocupadas, como permitia a lei de 1919 transformou-se em 2 milhões em 1920. As forças políticas dominantes não conseguiram resolver a crise. A burguesia, apoiada por ex-combatentes e liderada pelo poeta Gabreile d'Ánnunzio, exigia renovação das classes dirigentes. Os católicos tinham força eleitoral; agiam no seio dos monarquistas e conservadores. Mas, em 1919, um padre sisciliano fundou um partido popular recrutando seguidores entre camponeses e operários: Luigi Sturzo. Ele exigia reformas sociais. Os socialistas, pouco numerosos entes de 1914, passaram a dominar a Confederação Geral dos Trabalhadores da Itália(CGLI), com mais de 2 milhões de filiados em 1920. Vitoriosos das eleições legislativas de 1919, os católicos populares e socialistas não conseguiram realizar as reformas necessárias. O exemplo da Revolução Russa, a agitação da Alemanha e o alastramento da crise na Itália assustaram a burguesia liberal e conservadora. Ela se apoiou num grupo político reduzido, mas bem organizado e disposto a acabar com a ameaça revolucionária pela força: os fascistas. O Partido Fascista se convertia em porta-voz e aglutinador dos grupos heterogêneos de direita, que se opunham ao movimento democrático burguês, ao mesmo tempo que ofereciam garantias contra o perigo bolchevista.
Fascistas no Poder
A anarquia reinante na Itália facilitou a chegada ao poder. A partir de 1920, os camisas-negras passaram a organizar expedições punitivas contra sedes de organizações de esquadra ou até de sindicatos. A divisão da esquerda impediu uma reação comum. Proprietários rurais, comerciantes e industriais davam cada vez maior apoio aos fascistas. O poder Fascista, fundado oficialmente em novembro de 1921, cresceu depressa, recrutando membros entre os milhares de desempregados. O número de filiados passou de 200 000 em 1919 para 300 000 em 1921. Em agosto de 1922, sindicatos anarquistas e socialistas convocaram greve geral para protestar contra os métodos fascistas. Mussolini ameaçou: se o governo não agisse, os fascistas "restabeleceriam a ordem". Em outubro, eles derem uma demonstração de força ao obrigar a CGLI a cancelar uma greve geral. O caminho para o poder se escancarava.
No congresso do Partido Fascista, realizado em Nápoles em 24 de outubro de 1922, Mussolini anunciou a Marcha sobre Roma para o dia 26. Impotente, o rei Vítor Emmanuel III convidou o Duce para formar um Ministério que desenvolvesse um política interna liberal e um externa nacionalista. Os camisas-negras desfilaram pelas ruas de Roma sem resistência alguma. O governo manteve as aparências de monarquia parlamentarista, mas Mussolini detinha plenos poderes. Nas eleições de 1924, os fascistas tiveram 65% dos votos, mas impediram que os principais líderes rivais também chegassem ao Parlamento. Mussolini se definia como reacionário, anti-parlamentarista e anti-socialista. A doutrina fascista tinha aspectos originais. Seus princípios básicos:
· Estado totalitário assentado sobre a força da massa, encarnada na mística do chefe;
· Existência do indivíduo apenas como fração do Estado, em cuja grandeza devia encontrar sua própria exaltação;
· Extinção da luta de classes sob o arbítrio do Estado, que promoveria a solidariedade entre patrões e empregados, visando a maior produtividade;
· Busca da grandeza italiana, num constante apelo ao passado, com exaltação da importância da guerra na formação das pessoas;
· Identificação entre Estado, chefe de Estado e Partido Fascista.
Com as leis de 1925, o Duce concentrou poderes de chefe de Estado. Após sofrer um atentado em 1926, fechou os jornais de oposição, dissolveu os demais partidos e perseguiu seus líderes. Restaurou a pena de morte e criou tribunais especiais, compostos por membros da milícia Fascista. Os dirigentes oposicionistas, exilados em Paris, formaram uma frente antifascista. Um dos fundadores do Partido Comunista, Gramsci, foi processado e, mais tarde, preso. O Duce exercia o poder e acumulava numerosas funções ministeriais. Escolhia todos os funcionários entre membros do Partido Fascista. A partir de 1928, o Grande Conselho Fascista designava os candidatos a deputado, submetidos a uma consulta à população. As formações paramilitares tornaram-se oficiais; seus 300 000 homens em 1925 chegaram a 750 000 em 1930. Em 1939, os fascistas suprimiram a Câmara dos Deputados, substituída por membros do Grande Conselho. Entre 1927 e 1934, o regime condenou mais de 5 000 pessoas, algumas à pena de morte, outras à prisão perpétua. Milhares de pessoas foram deportadas. Essa tarefa ficou por conta da polícia política, a OVRA.
As Realizações
Um acordo com o papa Pio XI resolveu a Questão Romana, pendente deste a unificação. O Tratado de Latrão, de 1929, deu ao papa soberania sobre a Cidade do Vaticano e indenização pela perda dos antigos Estados da Igreja; reconheceu o catolicismo como religião oficial; o casamento religioso tinha o mesmo valor do casamento civil; as escolas passariam a ensinar religião. Os católicos apoiaram Mussolini, mas ele manteve a interdição sobre o Partido popular e sobre as editoras católicas.
Em 1927, para tentar resolver as questões trabalhistas, surgiu a Carta do Trabalho. Para cada profissão haveria dois sindicatos, um dos patrões e outro dos empregados. Greves foram proibidas. O Estado passava a ser o juiz dos conflitos trabalhistas. Os sindicatos se transformaram, então, em elemento de cooperação entre classes. A legislação era avançada: garantia férias pagas, previdência social e formação profissional. Os sindicatos se encarregavam de diminuir o ímpeto revolucionário da classe operária, organizando formas de lazer fora do trabalho. A forma corporativa era mais uma fachada, que preservava a estrutura tradicional do capitalismo italiano.
O crescimento da população, estimulado pelo regime, ampliou os problemas econômicos. O governo tratou de edificar muitas obras públicas, como estradas, aquedutos, estações ferroviárias, sempre no estilo grandioso ao gosto do fascismo.
Em 1925, teve inicio um esforço para aumentar a produção de trigo, tornando o país auto-suficiente num produto que pesava bastante na balança comercial. Para isso contribuíram a recuperação de terras incultas e o combate à malária. A industrialização teve impulso a partir de 1927, com a estabilização da lira, a moeda nacional. Cresceram os setores elétrico, naval e aeronáutico; o de automóveis, em 1938, passou a ser o sexto no mundo. Isso impulsionou também a siderúrgica e a industria mecânica. O arranque industrial agravou a divisão sócio-econômica entre o norte desenvolvido e o sul atrasado.
Com a crise mundial de 1929, a economia italiana sofreu; bancos faliram e o desemprego aumentou. A alternativa seria um guerra. Em 1935, o general Badoglio atacou a Etiópia, ao norte da África, e tomou a capital Adis-Abeba. Mas as sanções econômicas determinadas pela Sociedade das Nações fez a Itália recuar e buscar apoio alemão.
Nazismo Alemão
Ao final da Primeira Guerra Mundial, instaurou-se na Alemanha a República de Weimar, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O presidente da república nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo. Quanto ao poder Legislativo, era constituído por um parlamento (Reichstag).
O governo republicano alemão enfrentava uma série de dificuldades para superar os problemas sociais e econômicos gerados pela guerra. O Tratado de Versalhes impunha à Alemanha uma série de obrigações extremamente duras.
Mesmo retomando o desenvolvimento industrial, o país sofria com o elevado índice de desemprego e altíssimas taxas inflacionárias. Entusiasmados com o exemplo da Revolução Russa, importantes setores do operariado alemão protestavam contra a exploração capitalista.
Em janeiro de 1919, importantes líderes comunistas, como Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht promoveram a insurreição do proletariado alemão contra o regime capitalista. Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht foram assassinados por um grupo de oficiais de direita.
A burguesia alemã temia a expansão do movimento socialista e passou a fornecer apoio a um pequeno partido liderado por Adolf Hitler.
A ascensão de Hitler
Nascido em Braunau, na Áustria, Hitler (1889-1945) teve uma juventude marcada por mágoas, fracassos e dificuldades financeiras, Residiu em Viena, de 1909 a 1913, quando, então, transferiu-se para Munique.
No ano seguinte alistou-se como voluntário no Exército alemão. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi condecorado com a Cruz de Ferro, medalha atribuída como recompensa por mérito militar.
Terminada a guerra, Hitler retornou a Munique. Em setembro de 1919, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores Alemães, fundado em 1919. Em 1920, esse partido passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Pouco tempo depois, Hitler tornou-se chefe do partido. Com as letras iniciais foi formada a sigla NAZI, de onde deriva o termo nazismo.
Em 1923, Hitler tentou organizar uma rebelião contra o governo, mas foi imediatamente reprimido pelas forças do governo.
Condenado à prisão, Hitler escreveu, durante o tempo em que passou na prisão, parte do livro Mein Kampf (minha luta). Em 1940, a venda do livro já chegava a seis milhões de exemplares.
Hitler foi libertado oito meses após sua condenação, dedicando-se ao crescimento e à estruturação do Partido Nazista.
O nazismo foi difundido através do talento oratório de Hitler, das publicações do partido e do uso de meios espetaculares para influenciar a opinião pública.
Von Hindenburg foi eleito presidente da República de Weimar em 1925, mas não conseguiu superar as dificuldades que encontrou. A grave crise do capitalismo de 1929 arruinou ainda ,mais a situação alemã, colaborando para que os nazistas conquistassem a vitória no parlamento alemão.
A alta burguesia pressionou o presidente a convidar Hitler para o cargo de chanceler. O Partido Nazista representava a solução para a crise do sistema capitalista.
O governo de Hitler
Hitler assumiu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de 1933. Os principais métodos utilizados pelo nazismo foram a violência brutal ou opressiva contra seus opositores.
Em 27 de fevereiro, grupos de nazistas, incendiaram secretamente a sede do parlamento alemão. O incêndio, entretanto, foi atribuído ao Partido Comunista.
Em março de 1933, depois de o Partido Nazista obter nova vitória nas eleições para o Reichstag, Hitler conseguiu que o presidente Hindenburg decretasse a dissolução do parlamento alemão. Então, o poder Legislativo passou a ser exercido pelo Executivo.
O uso da violência contra seus inimigos do nazismo ficava a cargo principalmente da Gestapo (polícia secreta do Estado), dirigida pelo sangüinário Heinrich Himmler.
A propaganda de massa feita pelo nazismo era conduzida por Joseph Goebbels, que exercia severo controle sobre as instituições educacionais e sobre os meios de comunicação. Os professores e profissionais de comunicação somente estavam autorizados a dizer aquilo que os nazistas queriam ouvir.
Goebbels tinha o seguinte princípio: Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade.
Em dezembro de 1933, o Partido Nazista foi transformado no único partido do Estado alemão. Nove meses depois, com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu a presidência do país.
Exercendo total controle sobre a sociedade alemã, o governo de Hitler dedicou-se à reabilitação econômica do país. Mereceu atenção especial a indústria de armamentos de guerra. Desrespeitando as proibições do Tratado de Versalhes
Tinham os nazi-fascistas como objetivo maior, deter a subversão social representada pelo comunismo. O nazi-fascismo transformou o bolchevismo no seu inimigo de morte e os comunistas não-soviéticos eram vistos como meros agentes a serviço do domínio mundial daquela potência. Pode-se dizer que o fascismo assumiu uma conotação mais radical exatamente nos países ou nas sociedades que se sentiam mais vulneráveis a uma revolução comunista. Naquelas em que a hierarquia social, os valores tradicionais e o ordenamento das classes, estavam mais sujeitos a serem derrubados. E, onde, no passado recente, a frustração ou a humilhação nacional sofrida na guerra ainda não fora esquecida.
O nazismo, a vertente alemã do fascismo, elegeu ainda, como seu pior adversário, além dos já citados comunistas, os judeus. Seguidores da tradição anti-semita européia , atribuíam a eles todas as desgraças e vexações porque a Alemanha passara (a direita alemã debitou à derrota de 1918 aos comunistas e aos judeus que teriam dado "uma punhalada nas costas" do país). O violento anti-semitismo dele e sua política de defesa da eugenia - a obsessão pela pureza racial do homem ariano -, fez com que os nazistas terminassem por ordenar, entre 1939-45, o maior massacre de seres humanos até hoje registrado na história: o holocausto de todos os judeus europeus e o extermínio de todos aqueles que , segundo eles, "levavam uma vida indigna de ser vivida" (os loucos, menores excepcionais, portadores de males genéticos, idosos senis, etc.).
2007-02-22 11:25:35
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answer #1
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answered by jorge oberdan 3
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