ISAÍAS – A inscrição do filactério do profeta diz: "Cum Seraphim Dominum celebrassent, a Sephico Admota est labris forcipe pruna meis" – "Quando os serafins celebravam ao Senhor, por um serafim, com uma tenaz, uma brasa foi encostada aos meus lábios." Trata-se de uma passagem do capítulo VI do livro do profeta. Este versículo descreve um dos acontecimentos capitais na vida do Profeta, ou seja, a tomada de consciência de sua vocação, durante uma aparição de Deus de Israel entre uma Corte de Serafins, um dos quais purifica os lábios do profeta com um carvão ardente, preparando-o assim para sua nova missão. Segundo a professora Isolde Helena Brans, Isaías representa o inconfidente Domingos de Abreu Vieira que foi interrogado à exaustão e "instado" a falar, tendo em vista, certamente, o fato de ter sido muito ligado a Tiradente, de quem era compadre (batizou uma filha do Alferes) e era um dos financiadores do movimento.
JEREMIAS – O pergaminho do profeta diz: "Defleo Judaeae cladem Solymae que ruinam: Ad Dominunque velint, quaeso, redire suun" – "Eu choro o desastre da judéia e a ruína e rogo (a meu povo) que queiram voltar ao seu Senhor" (Jer cap. 35). O profeta está junto a Isaías, ambos ladeando o portão de ingresso ao adro e é autor dos livros proféticos (Lamentações) e sobremodo famoso pelas suas previsões da ruína iminente de Jerusalém. Representa, segundo a professora, Francisco de Paula Freire Andrade, que era Tenente-Coronel e ocupava o segundo posto na hierarquia da capitania. Domingos de Abreu Vieira (que doaria a pólvora) e Francisco de Paula Freire (que entraria com a tropa regular de Vila Rica) situam-se como os dois primeiros inconfidentes aliciados por Tiradentes.
BARUCH – A inscrição latina, sustentada à mão direta, diz: "Adventum Crhisti in carne, postremaque Mundi Tempora praedico, praemoneos pios" – " Predigo a vinda de Cristo na carne e o fim dos tempos do Mundo, e aviso aos fiéis" (Br Cap. 1). O profeta está situado no pedestal que arremata o muro de alinhamento central do adro, na extremidade oposta à Ezequiel. Era secretário de Jeremias e tinha a missão de escrever as suas profecias. Segundo a professora Isolde, representa Salvador Carvalho do Amaral Gurgel, praticante de medicina, vindo de Parati – "a cidade maçônica" – pretendia tornar-se o cirurgião da tropa regular de Vila Rica e com esta aspiração aproximou-se do Comandante da tropa Francisco de Paula Freire, (Jeremias), tornando-se seu discípulo.
EZEQUIEL – A inscrição latina diz: "Quatuor in mediis describo animalia flamis, Horribilesque Rotas, aethereumque Tronum" – "Descrevo os quatros animais no meio das chamas e as rodas horríveis e o trono etéreo." A citação resume três etapas da visão do profeta, primeiramente aparece-lhe quatro animais alado de quatro faces cada um, em seguida as quatro rodas de um carro de fogo sustentando um trono de Safira, e finalmente, sobre esse trono, o próprio Deus de Israel. Ezequiel seria o conjurado Luiz Vaz de Toledo Piza, paulista de Taubaté, sargento-mor da Cavalaria auxiliar da Comarca de São João d’El Rei. Foi Toledo Piza que ameaçou Oliveira Lopes, que pretendia delatar a todos para salvar a própria pela. Daí a ameaça de Ezequiel a Oliveira Lopes, representado pelo profeta Naum.
DANIEL - Em seu pergaminho lê-se: "Speleo inclusus (Sic Rege Spelaeolubente) Leonum Numinis auxilior Liberor incolumnis" – "Encerrado na gruta dos leões por ordem do rei, liberto-me incólume com o auxílio divino(Dn Cap. 6). Situado em posição de destaque, na passagem de acesso do adro ao plano mais elevado, esta localizado frente a Oséias e parece travar com este um diálogo. Daniel, como Ezequiel, sofreu o cativeiro da Babilônia, onde entretanto, chegou a alcançar grande prestígio junto aos governadores graças sobretudo a seus dons de interpretação de sonhos e escritas misteriosas. Simbolicamente, representa Tomás Antônio Gonzaga que, sendo um dos cabeças da Conjuração, com habilidade e ajuda dos companheiros, escapou à pena de morte e apesar de condenado ao degredo por dez anos, acabou trabalhando na Justiça Colonial.
OSÉIAS – O texto diz: "Accipe Adulteram, ait Dominus mihi: id exsequor illa: Facta Uxor, proles concipt, atque concip, atque parit" – "Aceite a adúltera, disse-me o Senhor: Eu o executo: Ela, feita esposa, concebeu prole, concebeu e pariu" (Os Cap. 1). Oséias, na frente de Daniel, porta uma pena, como se estivesse pronto a copiar algo que Daniel lhe ditasse. É o mais importante dos profetas menores, cujo nome é a abreviatura de "Iave" (Salvador). Representa Inácio José de Alvarenga, dileto amigo e prestimoso colaborador de Tomás Antônio Gonzaga. Era estudioso de leis e poeta, fazendo odes aos governantes (como era o costume da época) e à sua esposa (Bárbara Heliodora), uma das mais belas mulheres de Vila Rica.
JOEL – O pergaminho diz: "Explico Judae quid terrae Eruca Locusta, Bruchus, Ruhigo Sint paritura mali" – "Eu explico à Judéia o mal que causarão à Terra a lagarta, o gafanhoto, o besouro, a mangra do trigo." Joel é o segundo dos profeta menores no Cânon Bíblico. O seu livro de Profecias tem apenas três capítulos e focaliza o fim dos tempos e o Juízo Final. O primeiro capítulo é uma discrição de terríveis pragas: lagartos, gafanhotos, burgos (besouros) e alforra (ferrugem). No filactério há claramente um alerta contra as pragas e insetos predatórios que danificam os produtos da Terra. Joel é Cláudio Manuel da Costa, por sua vivacidade, espírito folgazão, e que teve de denunciar Alvarenga, daí estar de costa para Oséias (José de Alvarenga).
AMÓS - A sua inscrição diz: "Primo equidem Pastor, factusque deinde Propheta, In vaccas pingues invehor et Proceres" - "Feito primeiro pastor e depois profeta, invisto contra as vacas gordas e contra os Próceres" (Am Cap. 1). O profeta viveu no século VIII a. C. e é um dos mais antigos profetas de Israel. Segundo suas palavras, foi pastor antes de ser chamado para o Ministério Profético do Senhor. Seu estilo é simples e enérgico, utilizando com freqüência imagens tomadas da natureza e da vida pastoril, daí a expressão "vacas gordas" para designar as classes dominantes locupletadas de riquezas, enquanto os pobres morrem à míngua. Representa o próprio Aleijadinho, que investe contra as classes privilegiadas e contra os governantes.
ABDIAS – A inscrição do filactério que o profeta segura na mão esquerda, diz: "Vos Ego Idumaeos et Gentes Arguo. Vobisnuncio luctuficuns, Provindes Interitus"– "Eu vos arguo, Idumeus e gentios. Anuncio-vos e vos prevejo pranto e destruição"(Ab Cap. 1). De acordo com a Professora Isolde, Abdias esboça uma advertência com o braço direito alçado e o indicador em riste, apontado para o alto. Representa José Álvares Maciel, uma esperança de futuro do do País, em termos libertários e de homem de saber necessário para a nova República que estava por nascer.
JONAS – A sua inscrição diz: "Aceto absoptus latec notesque diesque Tres Ventre in piscis tum Ninivem venio" – "Absolvido pelo monstro fico três dias e três noites no ventre do peixe. Depois venho a Nínive" (Jn Cap. 02). A história da vida do profeta, destaca a sua recusa a Iavé de ir pregar em Nínive e em seguida o episódio do castigo sob a forma da permanência no ventre da baleia. É interessante notar que o Aleijadinho colocou-o numa posição de destaque no parapeito de entrada do adro, junto a Daniel (Tomás Antônio Gonzaga). A professora Isolde Helena chama a atenção do aspecto amorfo do profeta: a superfície dos olhos de Jonas é inteiramente lisa, o que lhe empresta uma expressão vaga, como a rigidez da morte, os músculos faciais estão caídos e a boca entreaberta. O Jonas saído da baleia não teria essa interpretação fúnebre. Representa Tiradentes, que esteve preso por três anos e teve, depois, seu corpo esquartejado e espalhado por todos os locais onde fazia pregação, na chamada Nínive mineira.
NAUM – O filactério é uma síntese da idéia principal do seu livro de provérbios e diz: "Expono Niniven maneat Qua poena relapsam. Evertedam aio funditus Assyruan nahum" – "Exponho que castigo espera Nívive pecadora. Declaro que a Assíria será completamente destruída" (Na Cap. 01). Os seus vaticínios não se dirigem ao povo de Israel e sim aos opressores assírios. O seu livro têm como temática única e exclusiva, a ruína de Nínive. Naum corresponde ao coronel de auxiliares Francisco Antônio de Oliveira Lopes, primo de Domingos Vidal Barbosa, que convidado a participar da Conjuração, recusou o convite e fora chamado por Tiradentes de "mofina". Mais tarde, por ação de Vidal Barbosa, foi assumindo a posição de inconfidente, mas quando Tiradentes foi descoberto, Oliveira Lopes tornou-se um delator. Por isso, sua figura é deprimida, trôpega, perfil própria dos traidores e dos ambíguos.
HABACUC – O pergaminho diz: "Te, Babilon, Babilon, Te, Te Chaldae Tyrannae Arguo: at in Psalmis Te Deus Alme Cano" – "Eu te acuso, Babilônia, Babilônia, e a ti tirano da Caldéia, mas eu te canto em salmos, Deus que alimenta" (Hab Cap. 1). Foi contemporâneo de Naum e Jeremias e assistiu à queda do reino de Jerusalém em mãos dos caldeus e a posterior deportação de seus habitantes para a Babilônia. Na obra do Aleijadinho aparece com o punho esquerdo cerrado, um gesto de protesto. Representa Domingo Vidal Barbosa, que estudou em Montpellier com Álvares Maciel (Abdias). Esteve junto com Maia procurando por Thomas Jefferson, com a finalidade de pedir ajuda para a nova República que iria emergir em Minas Gerais.
Se os profetas de Congonhas do Campo, são ou são Inconfidentes, não podemos afirmar ou negar, por isso, este espaço está aberto à discussão.
2007-02-20 20:47:49
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answer #1
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answered by Ricardão 7
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