1885 - 1917)
Nascido em Santo Antônio de Jesus, na Bahia, filho de irlandês e baiana, Pedro Militão Kilkerry formou-se em Direito pela
Faculdade da Bahia. Pobre e boêmio, morreu tuberculoso, em Salvador, sem ter qualquer livro publicado. Esquecida em meio à multidão de poetas simbolistas recolhidos por Andrade Muricy, no seu gigantesco Panaroma do Movimento Simbolista Brasileiro, a obra de Kilkerry foi recuperada e publicada pelo poeta Augusto de Campos no volume ReVisão de Kilkerry (1970). Graças ao trabalho de garimpagem poética de Campos, a poesia sintética e repleta de imagens fortes e desconcertantes de Kilkerry vem sendo percebida como uma das grandes forças do simbolismo brasileiro.
Pedro Kilkerry (Salvador BA, 1885 - idem 1917). Formou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Bahia, em 1913. Na época, já atuava como colaborador das revistas Nova Cruzada, Os Anais, Via Láctea, A Voz do Povo e de vários jornais, entre os quais A Tarde, A Gazeta do Povo e Jornal Moderno, onde publicou a série de crônicas Quotidianas - Kodaks. Foi advogado e escriturário da Repartição de Contabilidade do Tribunal de Contas de Salvador. Poeta simbolista, Kilkerry não publicou livro em vida. Apenas em 1971 ocorreria a publicação póstuma de 36 de seus poemas, no livro ReVisão de Kilkerry, de Augusto de Campos. Para Campos, ?Kilkerry não só compreendeu mais conscientemente que outros simbolistas o papel desempenhado na criação pelo subconsciente - mais tarde supervalorizado pelo Surrealismo - como soube levar mais longe a liberdade de associação imagética. Por outro lado, a capacidade de síntese, assim como a consciência das limitações da sintaxe ordinária, são mais agudas em Kilkerry do que em qualquer outro poeta do nosso Simbolismo?.
NASCIMENTO/MORTE
1885 - Salvador BA - 10 de março
1917 - Salvador BA - 25 de março
LOCAIS DE VIDA/VIAGENS
1885/1904 - Santo Antônio de Jesus BA
1904 - Salvador BA
VIDA FAMILIAR
Filiação: João Francisco Kilkerry e Salustiana do Sacramento Lima
FORMAÇÃO
1904 - Salvador BA - Estudos preparatórios no Colégio Sete de Setembro
1908 - Salvador BA - Conclusão do Curso de Bacharelado no Ginásio da Bahia
1909/1913 - Salvador BA - Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Bahia
CONTATOS/INFLUÊNCIAS
Influência da poesia de Alberto de Oliveira, Baudelaire, Edgard Allan Poe, Laforque, Lautréamont, Mallarmé, Olavo Bilac, Verlaine, Villiers d´Isle Adam, Raimundo Correia e Rimbaud
Convivência com Jackson de Figueiredo
Autores traduzidos: Heredia, Pethion de Vilar, Tristan Corbiere
ATIVIDADES LITERÁRIAS/CULTURAIS
1904 - Salvador BA - Professor, ministrando aulas nos jardins públicos
1906/1913 - Salvador BA - Colaborador das revistas Nova Cruzada, Os Anais, Via Láctea, A Voz do Povo e dos jornais A Tarde, A Gazeta do Povo e dos Jornal de Notícias, Jornal da Manhã e Jornal Moderno, onde publica a série de crônicas Quotidianas - Kodaks. Não publicou livro em vida
1910 - Salvador BA - Conferência sobre Eça de Queiroz no Liceu de Artes e Ofícios
1971 - São Paulo SP - Publicação póstuma de 36 poemas no livro ReVisão de Kilkerry, de Augusto de Campos
OUTRAS ATIVIDADES
1901 - Santo Antônio de Jesus e Nazaré BA - Trabalho no comércio
1914 - Santo Antônio de Jesus BA - Exercício da advocacia
1916 - Salvador BA - Escriturário da Repartição de Contabilidade do Tribunal de Contas
MOVIMENTOS LITERÁRIOS
1893/1922 - Simbolismo
LEITURAS CRÍTICAS
"Era Pedro Kilkerry um poeta de bizarras idéias - cultura extraordinária, e senso estético extravagante, por influências longínquas de Baudelaire, de quem recitava de cor até os versos latinos a 'Jeanne Duval' e mais recentemente de Emile Verhaeren. Seu tipo literário fica bem entre os poetas malditos, na classificação de Verlaine, no que concerne à preocupação de assuntos trágicos, macabros, satânicos e esdrúxulos. (...) Assim, o Pedro, um calor de expressão original, vivendo falas, que se multiplicam, e se condicionam, numa lógica de abstrações, numa correspondência toda independente de alheios entendimentos, que desprezava desdenhoso, de modo que elas, emoções e linguagem, só gravassem o sentido, por fragmentos, por partes isoladas, ficando às altas sensibilidades de escol, a coordenação, a unidade, o eixo medular de suas concepções personalíssimas. Os seus versos são um impressionismo de luxo (...)."
Chiacchio, Carlos [1917]. Um poeta maldito. In: Campos, Augusto de. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. p.315-316.
"Alto, magro, feio, feiíssimo mesmo, mas de uma feiúra distinta, singular, quase bonita, às vezes, em que como que se distinguia uma luta entre o tipo norte europeu, de que descendia, e o mestiço brasileiro, que ele era. Havia em Pedro Kilkerry também alguma coisa dos tipos esquisitos de Dickens, alguma coisa dos infelizes poetas de Murger... sem cabeleira, porém. Mas havia mais: um baiano legítimo, de grossos lábios sensuais e olhos vivos, em que se refletiam claramente a ironia, a pilhéria, aquele franco ar de troca que era então a nota predominante na existência da velha capital, que ouvira outrora as gargalhadas de Gregório de Matos. Pelo menos era esta a impressão do estudante que se dava muito bem interpretando o meio deste modo. E talvez por isto, para nós, os que frequentávamos as Academias e as letras boêmias, foi Pedro Kilkerry o Gregório de Matos daquele período da vida baiana. (...) O tédio, sim, era o seu mal mas também a sua salvação. Não tinha Pedro Kilkerry cultura religiosa, apesar de, em meio de todos nós, que nos gabávamos, cada qual mais exageradamente, de adeptos de quanto materialismo, imoralismo, idiotismo ia surgindo, ser ele o único que, ledor de mais altas filosofias, pairava em atmosfera de dúvida."
Figueiredo, Jackson de [1921]. Pedro Kilkerry. In: Campos, Augusto de. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. p.233-234.
"Na verdade, porém, mais do que o exotismo de uma personalidade invulgar, Kilkerry traz para o Simbolismo brasileiro um sentido de pesquisa que lhe era, até então, estranho, e uma concepção nova, moderníssima, da poesia como síntese, como condensação; poesia sem redundâncias, de audaciosas crispações metafóricas e, ao mesmo tempo, de uma extraordinária funcionalidade verbal, numa época em que o ornamental predominava e os adjetivos vinham de cambulhada, num borbotão sonoro-sentimental que ameaçava deteriorar os melhores poemas. (...) Em Kilkerry a dicção poética atinge uma contenção - que, diga-se de passagem, nada tem a ver com a imperturbabilidade olímpica e satisfeita dos parnasianos -, um despojamento, uma consciência artística e artesanal raramente logrados na poesia brasileira. (...) Kilkerry não só compreendeu mais conscientemente que outros simbolistas o papel desempenhado na criação pelo subconsciente - mais tarde supervalorizado pelo Surrealismo - como soube levar mais longe a liberdade de associação imagética. Por outro lado, a capacidade de síntese, assim como a consciência das limitações da sintaxe ordinária, são mais agudas em Kilkerry do que em qualquer outro poeta do nosso Simbolismo."
Campos, Augusto de [1970]. A harpa esquisita de Pedro Kilkerry. In: ___. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. p.28-30.
FONTES DE PESQUISA
CAMPOS, Augusto de. ReVisão de Kilkerry. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
MURICY, Andrade. Pedro Kilkerry. In: ___. Panorama do movimento simbolista brasileiro. Brasília: INL, 1973. v.2, p.868-880.
RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Pedro Kilkerry. In: ___. Poesia simbolista: antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1965. p.368-370.
OBRAS __________
Livros de poesia
1970 - Harpa Esquisi...
Poemas
[Essa, que paira em ...
Cetáceo
É o Silêncio...
Evoé, 1910
Floresta Morta, 1909
Horas Ígneas
O Verme e a Estrela
Ritmo Eterno
Sob os Ramos, 1907
Vinho, 1909
VER TAMBÉM ____________
Movimento Literário
Simbolismo
Copyright © Instituto Itaú Cultural
2007-02-24 02:33:09
·
answer #1
·
answered by Anonymous
·
0⤊
0⤋
"E aquele plaustro voava,
E sempre a via a fulgir,
E que de esteiras deixava
De estrelarias cair!
Quando a lua, noiva branca,
Fugindo à alcova do céu,
Um véu de nuvens arranca
De nuvens brancas um véu,
Logo passaram camélias
Esmaecidas em flor,
Lembrando virgens Ofélias
Esmaecidas de Amor.
E numa voz de perfume
— Quem ouvirá dessa vbz? —
Diziam, talvez de Ciúme
Hinos que Vésper compôs.
E aquele plaustro voava,
E sempre a via fulgir,
E mais esteiras deixava
de estrelarias cair. "
O VERME E A ESTRELA
Agora sabes que sou verme.
Agora, sei da tua luz.
Se não noitei minha epiderme...
Ã, nunca estrela eu te supus
Mas, se cantar pudesse um verme,
Eu cantaria a tua luz!
E eras assim... Por que não deste
Um raio, brando, ao teu viver?
Não te lembrava. Azul-celeste
O céu, talvez, não pôde ser...
Mas, ora! enfim, por que não deste
Somente um raio ao teu viver?
Olho, examino-me a epiderme,
Olho e não vejo a tua luz!
Vamos que sou, talvez um verme...
Estrela nunca eu te supus!
Olho, examino-me a epiderme...
Ceguei! ceguei da tua luz?
Pedro Kilkerry
Do livro: "ReVisão de Kilkerry", de Augusto de Campos, Editora Brasiliense, 1985, SP
Tem mais alguns nesse site : http://www.blocosonline.com.br/literatura/autor_poesia.php?id_autor=884&flag=nacional
Lá está o nome errado, mas é é o Kilkerry
2007-02-18 14:29:39
·
answer #5
·
answered by V. 6
·
0⤊
0⤋