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2007-02-14 23:58:02 · 1 respostas · perguntado por karinags5 3 em Educação e Referência Nível Superior

1 respostas

Significado, valência semântica e sintática de um grupo de verbos de mudança de posse do português do Brasil. Dissertação de mestrado de Leonel Figueiredo de Alencar Araripe. Capítulo 3.

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Capítulo 3

Abordagens sobre verbos de mudança de posse

[Seção 3.1.] [Seção 3.2.] [Seção 3.3.]

3.1. Introdução

O presente capítulo expõe abordagens sobre os verbos de (1), objeto desta dissertação. Essas abordagens desempenham, em nossa análise, um duplo papel: por um lado, fundamentam-na; por outro, fornecem hipóteses que submetemos ao confronto de evidências representadas por julgamentos de falantes e outros dados da língua.

O capítulo trata, inicialmente, dos diferentes posicionamentos sobre a relação de posse, que é a característica fundamental dos estados envolvidos nos processos expressos por esses verbos. Em seguida, na seção 3.3., destacamos os aspectos mais relevantes das análises dos verbos de (1) e de equivalentes em inglês e alemão na literatura consultada.



3.2. A relação de posse lato sensu

Um dos objetivos deste trabalho é descrever o significado referencial de variantes de verbos de mudança de posse, como vimos em 1.1. Trata-se de verbos que expressam um ou mais processos de transferência de posse, i. e. uma ou mais transições de estados que se caracterizam como relações de posse.

Em que consiste, entretanto, uma relação de posse? Que matizes comporta essa noção? Em outras palavras, que relações mais específicas se subsumem numa relação de posse em sentido amplo? O tratamento dessas questões varia de abordagem para abordagem. Nos parágrafos seguintes, resumimos, inicialmente, as diversas propostas nesse sentido existentes na literatura sobre verbos de mudança de posse que compulsamos. Em seguida, elegemos a abordagem que nos parece mais satisfatória como ponto de partida de nossa análise.

HUNDSNURSCHER (1970:89-90) distingue entre as relações ter (haben) e pertencer (gehören). A primeira é 'geral', a segunda, 'especial'. Em outras palavras, a relação pertencer é subordinada à relação ter - aquela implica esta. Ao nosso ver, podemos expressar isso pela fórmula (12):

(12) " x " y (P (y, x) ® T (x, y)) "para todo x e para todo y se entre y e x subsiste uma relação pertencer então entre x e y subsiste uma relação ter"

De acordo com HUNDSNURSCHER (1970), a distinção entre esses dois tipos de relações reflete-se na diferença entre os verbos ter (haben) e possuir (besitzen): apenas o segundo é especificado para a relação pertencer. Segundo esse autor, essa análise explica o estatuto de frases como (13) - (15):

(13) João tem um livro que lhe pertence.

(14) João tem um livro que não lhe pertence.

(15) * João possui um livro, mas esse livro não lhe pertence.

BENDIX (1971:402-405) distingue entre frases A tem B (A has B) acidentais e A tem B inerentes. Esse autor propõe, ainda, outros tipos de frases A tem B, que deixamos de lado aqui como não relevantes para a análise de nossos verbos, pois não envolvem a noção de posse.

De acordo com BENDIX (1971), o primeiro tipo de frases A tem B expressa uma gama de relações de estado diferentes, como, por exemplo, as relações de estado nas frases (16a) e (17a), parafraseáveis, respectivamente, pelas frases (16b) e (17b):

(16)
(a)
O João tem o garoto. (John has the boy.)


(b)
O garoto está com o João. (The boy is with John.)



(17)
(a)
O cofre não tem dinheiro. (The safe has no money.)


(b)
Não há dinheiro no cofre. (There is no money in the safe.)


Segundo nos parece, nas frases (16), a relação entre as entidades expressas pelos constituintes em itálico envolve, além da noção de posse num sentido amplo, a noção de companhia, enquanto nas frases (17) essa relação é de localização.

Conforme BENDIX (1971), o segundo tipo de frases A tem B exprime um número mais restrito de relações, e equivalem a frases B é de A (B is A's). Para ele, as frases A tem B inerentes exprimem uma relação de propriedade (ownership), como em (18a) e (18b):

(18)
(a)
Maria tem um carro [nota 30].


(b)
O carro é de Maria.




Para BONDZIO (1971:93-94), os significados dos verbos dar (geben), emprestar (leihen) e presentear (schenken) compartilham a estrutura A faz B ter C (A causa B ter C). As diferenças entre os significados desses verbos decorrem, segundo BONDZIO (1971), de componentes semânticos, denominados modificadores, que modificam a relação B tem C da estrutura comum.

Esses modificadores são M "com prazo" (zeitlich terminiert) e Ø M "sem prazo" [nota 31], os quais especificam se B pode ficar com o objeto C para sempre ou não.

O Quadro VII explicita a diferença de significado entre os verbos dar, emprestar e presentear em conformidade com o tratamento de BONDZIO (1971).

Os verbos emprestar e presentear opõem-se porque são especificados, respectivamente, de forma positiva e negativa para a característica (ou condição) expressa pelo modificador M. O verbo dar, por sua vez, não é especificado nem positiva nem negativamente para a referida condição. Isso implica que dar é hiperônimo de emprestar e presentear, que são co-hipônimos um do outro.

Quadro VII - Diferença entre os significados de dar, emprestar e presentear.

VERBO
MODIFICADOR

dar


emprestar
M

presentear
Ø M




Desse tratamento, depreende-se uma relação B tem C geral, não marcada para a característica expressa pelo modificador M, de uma relação B tem C permanente (caracterizada por M) e uma relação B tem C temporária (caracterizada por Ø M).

KATZ (1972:338) define posse (possession) como

relação entre uma pessoa (ou talvez um grupo de pessoas associadas como um clube ou uma corporação) e algo, relação essa que subsiste no caso de a pessoa poder fazer com o objeto o que ela julgar adequado, i. e., a pessoa poder usá-lo ou dispor dele como queira (dentro de certos limites, como a capacidade humana) [nota 32].

Essa relação se distingue da relação entre uma determinada pessoa e um objeto que tomou emprestado, porque, segundo KATZ (1972),

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boa sorte

2007-02-15 01:57:47 · answer #1 · answered by Ricardão 7 · 0 0

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