*** w92 15/12 pp. 21-23 Por que é tão fácil mentir? ***
Por que é tão fácil mentir?
NINGUÉM gosta que lhe mintam. No entanto, pessoas em todo o mundo mentem umas às outras por diversos motivos. Uma pesquisa publicada no livro O Dia em Que a América Falou a Verdade, de James Patterson e Peter Kim (em inglês), revelou que 91 por cento dos americanos mentem regularmente. Dizem os autores: "A maioria de nós acha difícil passar uma semana sem mentir. Um em cinco não consegue passar sem isso um único dia - e estamos falando de mentiras conscientes, premeditadas."
Mentir é um hábito comum em quase todos os aspectos da vida moderna. Líderes políticos mentem ao povo e uns para os outros. Vez após vez eles têm aparecido na televisão negando qualquer relação com tramas escandalosas em que na realidade estavam profundamente envolvidos. Sissela Bok, no seu livro Mentir - Escolha Moral na Vida Pública e Particular (em inglês), comenta: "Na lei e no jornalismo, no governo e nas ciências sociais, presume-se ser normal haver trapaça quando considerada desculpável por aqueles que mentem e que também tendem a impor as regras."
Referindo-se à mentira política nos Estados Unidos, a revista Common Cause Magazine de maio/junho de 1989 declarou: "Watergate e Vietnã certamente rivalizaram com o Irã-Contras em termos de trapaça governamental e de desconfiança pública. Então, o que tornou os anos Reagan tal divisor de águas? Muitos mentiram, mas poucos estavam arrependidos." Portanto, é com bons motivos que o povo em geral não confia nos seus líderes políticos.
Nas relações internacionais, tais líderes acham difícil confiar uns nos outros. Platão, o filósofo grego, declarou: "Os governantes do Estado . . . podem ter permissão para mentir para o bem do Estado." Nas relações internacionais é assim como diz a profecia bíblica de Daniel 11:27: "A uma só mesa continuarão a falar mentira."
No mundo dos negócios, mentir sobre produtos e serviços é um costume geral. Os compradores têm de usar de cautela ao fazerem acordos contratuais, não deixando de ler a letra miúda. Alguns países têm no governo órgãos reguladores para proteger o povo contra propaganda falsa, mercadorias prejudiciais apresentadas como benéficas ou inofensivas, e fraude. Apesar destes esforços, o povo continua a sofrer financeiramente por causa de comerciantes mentirosos.
Para alguns, mentir é tão fácil que vira um hábito. Outros, normalmente dizem a verdade, mas, quando em apuros, mentem. Poucos se negam a mentir sob quaisquer circunstâncias.
A mentira é definida como "1. declaração ou ação falsa, especialmente com a intenção de enganar . . . 2. tudo o que dá ou se destina a dar uma impressão falsa". A intenção é induzir outros a crer em algo que o mentiroso sabe não ser verdade. Por meio de mentiras ou meias-verdades, ele se esforça a enganar os que têm o direito de saber a verdade.
Motivos da Mentira
As pessoas mentem por muitos motivos. Algumas acham que são obrigadas a mentir sobre suas qualificações, para poderem progredir neste mundo competitivo. Outras procuram encobrir erros ou culpas com mentiras. Ainda outras falsificam relatórios para dar a impressão de que fizeram certo trabalho que não fizeram. E há aquelas que mentem para prejudicar a reputação de outros, para evitar embaraços, para justificar mentiras anteriores ou para extorquir o dinheiro dos outros.
Uma justificativa comum para a mentira é a de proteger outra pessoa. Alguns acham ser isso uma mentira inocente, porque pensam que não prejudica a ninguém. Mas, será que essas chamadas mentiras inocentes realmente não causam nenhum efeito prejudicial?
Considere os Efeitos
Mentiras inocentes podem criar um padrão que poderá levar à prática da mentira, possivelmente envolvendo assuntos mais sérios. Sissela Bok comenta: "Todas as mentiras defendidas como 'inocentes' não podem ser tão facilmente descartadas. Em primeiro lugar, a inocência das mentiras é notoriamente discutível. O que o mentiroso considera inocente, ou mesmo benéfico, talvez não o seja aos olhos do enganado."
As mentiras, não importa quão inocentes possam parecer, destroem as boas relações humanas. Desfaz-se a credibilidade do mentiroso, e pode ocorrer um colapso permanente da confiança. O famoso ensaísta Ralph Waldo Emerson escreveu: "Toda violação da verdade não só é uma espécie de suicídio do mentiroso, como também uma facada na saúde da sociedade humana."
É fácil para o mentiroso fazer uma declaração falsa sobre outra pessoa. Embora não apresente provas, sua mentira cria dúvidas, e muitos crêem nele sem investigar a sua afirmação. Assim se prejudica a reputação do inocente, e ele arca com o fardo de provar a sua inocência. Portanto, é frustrador quando as pessoas acreditam no mentiroso em vez de no inocente, e isso destrói o relacionamento do inocente com o mentiroso.
O mentiroso pode facilmente criar o hábito de mentir. Uma mentira costuma levar a outra. Thomas Jefferson, um dos primeiros estadistas americanos, declarou: "Não há vício tão vil, tão lamentável, tão desprezível; e aquele que mente uma vez, achará muito mais fácil fazê-lo uma segunda e uma terceira vez, até que por fim vira um hábito." É o caminho que leva ao colapso moral.
Por Que É Fácil Mentir
A mentira começou quando um anjo rebelde mentiu à primeira mulher, dizendo que ela não morreria se desobedecesse ao seu Criador. Disto resultou incalculáveis prejuízos para toda a raça humana, causando a todos imperfeição, doença e morte. - Gênesis 3:1-4; Romanos 5:12.
Desde os dias dos desobedientes Adão e Eva a influência insidiosa deste pai da mentira tem criado no mundo da humanidade um clima que estimula o mentir. (João 8:44) É um mundo decadente, em que a verdade é apenas relativa. O periódico The Saturday Evening Post, de setembro de 1986, declarou que o problema da mentira "envolve o comércio, o governo, a educação, a diversão e os simples relacionamentos cotidianos entre concidadãos e vizinhos. . . . Aceitamos a teoria do relativismo, a singela grande mentira que diz que não há verdades absolutas".
Este é o conceito adotado pelos mentirosos habituais, que não têm nenhuma empatia por aqueles a quem enganam. Mentir é fácil para eles. É seu modo de vida. No entanto, outros que não são mentirosos habituais talvez mintam sem hesitação por terem medo - medo de ser expostos, medo de punição, e assim por diante. É uma fraqueza da carne imperfeita. Como se pode substituir essa tendência pela determinação de falar a verdade?
Por Que Falar a Verdade?
A verdade é a norma que o nosso grandioso Criador estabeleceu para todos. Sua Palavra escrita, a Bíblia, diz em Hebreus 6:18 que "é impossível que Deus minta". Esta mesma norma foi defendida pelo seu Filho, Jesus Cristo, representante pessoal de Deus na Terra. Jesus disse aos líderes religiosos judeus que procuravam matá-lo: "Mas agora buscais matar a mim, um homem que vos disse a verdade que eu ouvi de Deus. . . . E, se eu dissesse que não o conheço, seria igual a vós, mentiroso." (João 8:40, 55) Jesus deixou-nos um modelo porque "não cometeu pecado, nem se achou engano na sua boca". - 1 Pedro 2:21, 22.
Nosso Criador, cujo nome é Jeová, odeia o mentir, conforme expressa claramente Provérbios 6:16-19: "Há seis coisas que Jeová deveras odeia; sim, há sete coisas detestáveis para a sua alma: olhos altaneiros, língua falsa e mãos que derramam sangue inocente, o coração que projeta ardis prejudiciais, pés que se apressam a correr para a maldade, a testemunha falsa que profere mentiras e todo aquele que cria contendas entre irmãos."
Este Deus veraz exige de nós que vivamos segundo as suas normas para receber sua aprovação. A sua Palavra inspirada nos ordena: "Não estejais mentindo uns aos outros. Desnudai-vos da velha personalidade com as suas práticas." (Colossenses 3:9) Os que se negam a abandonar o hábito de mentir não lhe são aceitáveis; não receberão dele a dádiva da vida. Deveras, o Salmo 5:6 diz francamente que Deus 'destruirá os que falam mentira'. Revelação (Apocalipse) 21:8 diz também que o quinhão de "todos os mentirosos" é "a segunda morte", que é a destruição eterna. De modo que aceitarmos o conceito de Deus sobre a mentira dá-nos um motivo forte para falar a verdade.
Mas o que se deve fazer no caso em que a verdade poderia criar uma situação embaraçosa ou ressentimentos? Mentir nunca é a solução, mas não dizer nada às vezes é. Por que falar mentiras que só podem arruinar sua credibilidade e sujeitá-lo à desaprovação divina?
Por medo e por fraquezas humanas, alguém talvez se sinta tentado a refugiar-se na mentira. Esta é a lei do menor esforço ou bondade equivocada. O apóstolo Pedro caiu nesta tentação quando negou três vezes que conhecia a Jesus Cristo. Depois, sentiu-se compungido no coração por ter mentido. (Lucas 22:54-62) Seu genuíno arrependimento induziu Deus a perdoá-lo, o que se evidencia em ele mais tarde ser abençoado com muitos encargos de serviço. O arrependimento, junto com a firme determinação de parar de mentir, é o proceder que resulta no perdão divino de se ter feito o que Deus odeia.
Mas em vez de buscar perdão depois de mentir, preserve a boa relação com seu Criador e mantenha sua credibilidade perante outros por falar a verdade. Lembre-se do que diz o Salmo 15:1, 2: "Ó Jeová, quem será hóspede na tua tenda? Quem residirá no teu santo monte? Aquele que anda sem defeito e pratica a justiça, e fala a verdade no seu coração."
2007-02-14 05:18:38
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answer #1
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answered by Marcelo Pinto 4
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