Acho que você quis dizer VIKINGS.
LUGARES DO MUNDO BIRKA - Suécia
Reportagem : Danielle Giannini
O que restou do principal centro de comércio escandinavo durante os séculos IX e X é uma herança e tanto, que aos poucos vem sendo desvendada pelos arqueólogos. Este lugar é Birka, hoje um sítio arqueológico que tem muito a revelar sobre os povos Vikings, que passaram para a história com a fama de bárbaros saqueadores. A cidade de Birka revela que os Vikings, povo formado por homens bravos, guerreiros, bonitos, e mulheres de fibra, igualmente bonitas, não viviam só de tomar riquezas e pertences alheios; os ancestrais dos escandinavos eram também exímios comerciantes. Reprodução
A prova está enterrada em Birka, cidade localizada na Ilha de Björkö, no Lago Mälaren, na Suécia. Fato é que, ao contrário dos Vikings da Noruega e Dinamarca, os povos que viveram onde hoje é a Suécia, na ocasião conhecidos por Svears, mantinham um comércio ativo e vigoroso com as terras situadas a leste através do Mar Báltico além de outras regiões navegando pelo Mar do Norte. Eram as principais rotas de comércio que garantiam a supremacia de Birka sobre as demais regiões do território escandinavo. De acordo com os pesquisadores, as pessoas vinham tanto de lugares próximos quanto de bem longe para negociar e trocar mercadorias; traziam ferro, peles de animais e outras peças para trocarem por jóias, ornamentos e armas.
Fundação – Por iniciativa de um rei, que até hoje não foi identificado, e com a colaboração de poderosas dinastias da região de Mälaren, foi fundada a cidade de Birka no ano de 760 DC, através da qual seria possível à realeza local controlar todo o comércio naquela região. Na mesma época, o rei construiu sua morada real em Adelsö, que fica na outra margem a oeste. O poderio da região aumentou junto com o prestígio de um rei que gostava de luxo e distribuía generosos presentes a quem lhe conviesse. Só para se ter uma idéia da relevância deste centro comercial, era para lá que convergiam importantes rotas de comércio, seja do poderoso Império Carolíngeo, seja de outras áreas próximas ao Báltico. Como todo o comércio feito na região passava obrigatoriamente por Birka, ali também eram arrecadados os impostos.
Localização- a cidade de Birka floresceu não foi sem motivo. Sua estratégica localização oferecia fácil acesso por mar aos principais pontos de comércio na própria Europa e no Oriente, e por sua geografia, garantia a segurança da população, já que ficava situada em uma baía, dificultando o concurso de invasores. Era formada basicamente por agricultores e artesãos. Estes artesãos eram mestres em produzir os mais desejados objetos para troca e venda, especialmente jóias, ornamentos e armas. Faziam peças em bronze, teciam e se dedicavam ao trabalho com as contas, material utilizado na confecção de adereços. A matéria-prima era retirada da região do Mälaren e das florestas ao norte. Por causa da grande circulação de artigos de luxo em Birka provenientes do Oriente, o esplendor de árabes e bizantinos influenciou o estilo de vida e costumes do rei e sua corte e dos prósperos mercadores.
Legado- muito do que se sabe hoje sobre este lugar que abrigou os ancestrais do povo sueco foi resgatado nas escavações feitas por toda a cidade, considerada pela Unesco Patrimônio da Humanidade em 1993. As mais ricas fontes de informação são as inúmeras e grandes urnas funenárias e túmulos que compõem os cemitérios que circundam a cidade que foi no passado o principal centro de comércio da Escandinávia.
Arqueologia – O sítio arqueológico propriamente dito fica na denominada “área da terra preta”, em alusão à coloração escura do solo, sob o qual repousa antiga cidade Viking, onde teriam vivido mais de 700 habitantes entre os séculos IX e X. Contornando os limites da cidade, centenas de sepulturas têm sido objeto de estudos arqueológicos. Os achados incluem ornamentos e objetos de uso diário, tecidos, roupas, armas, além de peças importadas da Europa Ocidental, como valiosos copos e vasilhames de vidro e cerâmicas, além de peças provenientes do leste europeu, como pingentes e acessórios com motivos florais.
Religião- Entre os pertences encontrados em escavações, pequenos pingentes de prata em forma de cruz lembram que Birka foi visitada pelo primeiro missionário cristão conhecido, de nome Ansgar, no ano de 829, que voltou em 852, tendo sido recebido com hostilidade pelos habitantes. Depois da morte do religioso em 865, não foi encontrada nenhuma evidência da visita de missionários cristãos na Suécia até o século XI.
O homem que recebeu a difícil incumbência de cristianizar aquele povo guerreiro e pagão teve muito trabalho e poucos resultados. De acordo com a biografia de Ansgar, muitos pagãos chegaram a ser cristianizados no local e conviviam pacificamente com o restante da população. Entretanto a cidade nunca se converteu totalmente. As tentativas frustradas do missionário de se infiltrar entre os svears ficaram marcadas no monumento erguido em 1834 em sua homenagem no alto de um morro, de onde se pode ver o mar e comprovar a localização estratégica da cidade.
Funerais reveladores- embora muitos habitantes tenham sido batizados por Ansgar e até se suspeite de que tenha sido erguida uma pequena igreja cristã na cidade, a maioria da população era pagã, como revelam as escavações arqueológicas nos cemitérios. De acordo como ritual pagão de sepultamento, o morto era enterrado com objetos que lhe poderiam ser úteis depois da morte. Estes objetos refletiam a posição política e o status social na rígida hierarquia local. Um homem enterrado com seus dois cavalos provavelmente havia pertencido à guarda real, e com ele eram colocadas comidas e bebidas e até jogos de passa-tempo, no caso de a vida pós-morte ser entediante! Outras sepulturas continham pequenas balanças, indicando que ali estava enterrado um comerciante. Crianças partiam para a outra vida com brinquedos, pérolas e vidros. Tudo isso ficava sob a terra, mas a forma abaulada na superfície, em geral com o formato de um barco viking - dizem que muitos guerreiros chegavam a ser enterrados em seus barcos - com uma pedra sobreposta indicando que ali jaz um representante do povo viking. De praticamente duzentos anos de plena atividade, restaram apenas 3 mil urnas funerárias para contar um pouco da história do primeiro centro comercial da Suécia.
A cidade – os habitantes de Birka moravam todos muitos próximos em sítios localizados em uma pequena área da ilha dividida em longas “avenidas” paralelas que cortavam a cidade em direção ao mar. Cada família de artesão tinha uma pequena propriedade, onde funcionava uma oficina e a residência, além de um quintal onde podiam ter galinhas e até porcos. Birka foi o primeiro exemplo de urbanização na área do Mälaren.
Declínio- assim como a geografia propiciou o florescimento de Birka, antecipou se declínio. Acredita-se que a cidade portuária sofreu com a considerável redução do nível do mar, o que começou a impedir a navegabilidade dos navios de mercadores que desejam fazer comércio. Com isso, não foi mais possível manter o prestígio comercial de Birka, que entrou em decadência. Outros acreditam que a cidade tenha sido finalmente invadida por povos inimigos. Birka foi abandonada em 970 dC.
O museu- com a redução do nível da água do lago Mälaren, a praia agora avança certa de cinco metros além do que era durante a Era Viking, ou seja, onde um dia ficava o porto e o cais, hoje é um sólido e fértil terreno. Nenhum traço de edificações na cidade podem ser vistos acima na terra, entretanto o que restou das muralhas construídas para defesa
Podem ser identificadas em vários pontos da paisagem, tanto onde havia fortificações, quanto ao redor do cemitério Hemlanden, ao norte.
Escavações- a primeira escavação arqueológica se deu no século XVI e as pesquisas no subsolo da cidade e nos cemitérios aconteceram em larga escala no final do século XIX. Novas investidas feitas nos anos 90 forneceram importantes informações sobre a estrutura da cidade e o cotidiano dos moradores. Atualmente os estudos estão voltados para a parte da defesa, especialmente em uma área localizada na parte de fora da cidade antiga, chamada “garrison” (guarnição), onde já foram encontradas armas, como flechas, pontas de lanças, facas e partes de escudos. Pedaços de armaduras de ferro foram o achado mais importante, especialmente porque não tinham sido encontradas ainda em nenhuma outra parte da Escandinávia.
Pode-se ver pela ruínas de uma edificação chamada “Warriors’House”(casa dos guerreiros) que existia um exército bem equipado em Birka. Além de armas, a cabeça de um pequeno dragão e um martelo adornado do deus Thor repousavam há séculos no subsolo. As pesquisas arqueológicas nas águas ao largo da costa revelaram descobertas interessantes, como uma intrincada pilha de pedras submersas na Baía de Björkö, que pode ter sido colocada para impedir a entrada de invasores no porto.
Lixo repleto de história - além das edificações, outra fonte de valiosos achados arqueológicos em Birka é o lixo! Os antigos moradores construíam suas casas sem que houvesse um lugar destinado ao depósito de lixo, razão pela qual conviviam com uma pilha crescente de restos e entulhos. Graças a pilhas de lixo de mais de quatro metros, hoje é possível especular sobre os hábitos alimentares dos povos vikings.
Visitação- três diferentes companhias levam de barco os visitantes a Birka. Chegando na ilha, são recepcionados por arqueólogos que levam os grupos para conhecer os principais pontos da antiga cidade Viking enquanto contam deliciosas histórias do tempo da prosperidade. Além do passeio por parte da Ilha de Björkö, há um museu onde se pode obter mais informações sobre as escavações através de exposições dos achados arqueológicos, além das maquetes que reproduzem o modo de vida dos antigos moradores. Uma delas mostra um dia de inverno em Birka no século IX, com miniaturas de casas e barcos sendo construídos, pessoas sentadas e pescando no gelo. Dá para olhar dentro das casinhas e ver os moradores cozinhando, entretidos com jogos de tabuleiro ou fiando lã. Nas maquetes, foi reproduzido o porto, com vários barcos atracando e partindo. No museu existe uma lojinha que oferece uma tentadora gama de livros sobre os Vikings, reprodução de peças de artesanato e de ornamentos, além de cartões postais e camisetas. O destaque são os colares de conta, ou as contas avulsas, coloridíssimas, como tanto se usou por ali. Para quem está na capital Estocolmo, o passeio a Birka leva praticamente o dia todo e pode ser contratado no escritório de Informações Turística, o “Turist Information”, identificado pela letra “i”. A ilha fica aberta a visitação apenas no verão, durante os meses de junho a setembro.
2007-02-13 07:01:01
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answer #1
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answered by Baiúcha 5
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