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20. Guerra dos camponeses: a Reforma faz suas maiores vítimas

A participação de Lutero na guerra dos camponeses é extremamente atenuada pelo filme. Após o sangrento conflito, que se confunde com o levante em Wittemberg, que é anterior, Lutero aparece apenas lamentando o sangue derramado.

No entanto, Lutero foi o instigador da revolta através de seu ataque violento ao clero Católico.

Mais, Lutero foi o propulsor da matança, quando seus inimigos anabatistas levavam às últimas conseqüências o que ele havia dado apenas como princípio.

E Lutero constitui-se ainda inimigo do povo ao final do conflito, pois os camponeses perceberam que o ídolo fabricado nos porões humanistas e anticatólicos se esfacelava diante das situações reais.

Lutero foi o instigador da revolta. Historiadores abalizados não deixaram de reconhecer a paternidade de Lutero na luta: “As pregações luteranas sobre a liberdade cristã e contra a opressão da autoridade eclesiástica e ainda contra o imperador contribuíram, indubitavelmente para a revolta conhecida na história como guerra dos camponeses.” (Llorca: 682; negrito do texto)

O mesmo Erasmo, outrora aliado, agora acusava Lutero: “Não queres acusar os amotinados, mas eles te acusam e os autores desta guerra se jactam com o Evangelho”. (Brentano: 122)

Embora Lutero não tenha tido toda a culpa pela guerra dos camponeses, Grisar mostra que a “doutrina da liberdade evangélica teve o papel principal”. E que ao incitar a violência contra a Igreja, de fato deu o combustível aos revoltosos: “Quantas vezes Lutero não intimou seus seguidores a destruir Igrejas, mosteiros, e dioceses do Anticristo (?)” (Grisar: 279-280)

Parte do ódio luterano que se desencadeará depois pode ser explicado pela participação dos inimigos de Lutero na revolta popular. Os revoltosos mais eminentes eram exatamente aqueles que radicalizaram os princípios luteranos e pretendiam apartar-se do mestre, como os “profetas” de Zwickau e Tomas Munzer. Contra eles escreveu Lutero no início de 1525, e, sem sucesso, viu na guerra a possibiliade de liquidar os rivais com a ajuda dos príncipes. (Grisar: 298)

O humanista Ulrich Zazius escrevia ao amigo Amerbach: “Lutero mergulhou a Alemanha em tal delírio, que se deve chamar repouso e segurança a esperança de não ser abatido.” (Brentano: 123)

Lutero escreveu inicialmente contra a revolta, não em favor da Igreja nem da paz na Alemanha, mas simplesmente porque não era atribuição do povo a intervenção pela força. Também porque ele ainda tinha a ilusão, derivada de sua falsa doutrina, de que venceria o papado apenas com a pregação da Palavra Divina, e não pelo uso da força (Grisar: 209)

Ao rejeitar parte dos artigos dos camponeses revoltosos, Lutero conclui dizendo: “Nunca a revolta visa um bom fim”. Ao que ajunta Brentano: “Nosso amigo Lutero esquecia a sua.” (Brentano: 125)

Quando a revolta se alastra como incêndio, Lutero se abstém de intervir. É o que vemos na carta ao conselheiro do conde de Mansfeld, João Rühel: “Os camponeses são ladrões e assassinos, é o diabo que tramou isso contra mim: ainda bem! se eles continuam (os camponeses) desposarei minha Kate (Catarina de Bora)” (Brentano: 121)

Ao que Brentano ajunta: “E eis que simples leigos, “homens dos campos, carvoeiros, batedores das granjas”, se punham também a pregar o evangelho, com comentários a seu jeito. Também não assegurava Lutero que todo cristão era padre, pelo próprio batismo, e apto a doutrinar?” (Brentano: 122)

Em Erfurt, a violência contra a Igreja teve uma intensidade particularmente alta, apoiada pela pregação de Lutero e de outros padres apóstatas. Em 1524, um simpatizante da reforma confessava: “Imoralidade, corrupção da juventude, desprezo do ensino, dissensões, tais são os frutos do seu Evangelho.” “Ó infeliz Erfurt!” Estigmatiza também os reformadores, contra “o raivoso comportamento desses homens de Deus sem Deus (godless men of God), (...) ” (Grisar: 306)

Apoiados em Lutero, esses homens de Deus sem Deus pregavam a revolução sangrenta (Bartholomew Usingen), e a “sustentação do evangelho por meio da espada” (Johann Lang). Relatos de roubos e violência contra a Igreja em Erfurt em particular, são pródigos (Grisar: 306-310)

E Lutero, além de instigador, foi propulsor da matança: na obra Contra as hordas bandoleiras e homicidas dos camponeses, fala em termos violentos contra os camponeses, que “roubam e gritam e agem como cães furiosos... Portanto, qualquer um que seja capaz, deve reduzi-los a pedaços, estrangulá-los, feri-los pela espada, secreta ou abertamente, da mesma maneira que alguém é impelido a matar um cão raivoso.” “Estrangule-os, quem puder” e ainda, num de seus delírios escatológicos: “Talvez (...) Deus queira atirar o mundo numa massa de confusão como preparação para o dia do Julgamento.” (Grisar: 282-283)

Posteriormente, para justificar esse seu comportamento doentio, escreveu a Rühel: “Quando os camponeses são tomados por tal espírito, é imperioso que sejam estrangulados como cães raivosos” (Grisar: 283)

Eis o verdadeiro criminoso, que no filme apenas chora comovido pela destruição da Alemanha...

2007-02-11 01:27:26 · 2 respostas · perguntado por Anonymous em Artes e Humanidades História

2 respostas

Em geral questões religiosas são embasadas em paixão e não em razão.

Sempre cometem injustiças, distorcem a realidade sob a luz da crença.

Não seria mais interessante discutir atualidades à visões históricas? Tu conheces o que foi dito sobre a guerra com o Paraguai. Pois bem vá até o Paraguai e houve a história da guerra. É o mesmo fato histórico, mas parece que estamos ouvindo á história de outro fato.

2007-02-11 01:41:15 · answer #1 · answered by carlos 4 · 0 0

A Reforma ñ fez nenhuma vítima, mas sim os instintos obscuros de pessoas apaixonadas, q ñ usaram a razão e acharam q Lutero pregava imposição da doutrina de Cristo quando ele estava era restabelecendo a doutrina verdadeira, q é a liberdade de consciência e de escolher obedecer ou ñ. Todavia, os reformistas se puseram de mártires pelo q abriu o mundo para todas as conquistas. Os próprios iluministas se valeram da imposição q a Reforma fez forçando a bertura para a liberdade racional do mundo. Se ñ fossem os reformistas, os iluministas jamais teriam doado seu próprio sanguem em favor da liberdade de consciência, haja vista q eles ñ a respeitam ainda hoje, impondo ditatorialmente q crentes são irracionais e negando o quanto lhes devem em relação a liberdade q deu vazão a pesquiza ciêntífica. Diga-se de passagem, os iluministas jamais doaraim o próprio sangue por qualquer causa.
Quanto a Igreja Católica, por todo o Feudalismo e Idade Média sempre usou dos mesmos artifícios para negar a verdade: atribuindo calúnias e difamações sobre aqueles q se opunham a sua opressão e manipulação das mentes das pessoas. Infelizmente a Igreja Luteramna desviou-se muito dos princípios de Lutero para defendê-lo hoje, por isto assinaram manifesto admitindo q ele lutava era por posição na Igreja, o q é uma afronta a inteligência, pois ele desprezou o cargo de reitor da universidade de Erfurt em favor da restauração da fé em Cristo.
Com isto a Igreja Luterana reata com a Igreja Católica.
E todo q ataca a Reforma está atacando o Evangelho de Cristo, pois o q a Igreja Católica prega ñ é de Cristo.

2007-02-11 01:43:41 · answer #2 · answered by Hauff Witerman 3 · 1 0

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