Olha essa então, Marx defendendo a escravidão no Brasil:
"Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudon.
A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões do sul da América do Norte.
A escravidão direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em grande escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias emitiram muito poucos produtos ao mundo velho, e não mudaram visivelmente a cara do mundo. A escravidão é conseqüentemente uma categoria econômica de suprema importância. Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia transformado em um país patriarcal. Apenas apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração completa do comércio e da civilização moderna. Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa. Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo. Após estas reflexões sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras o equilíbrio entre a escravidão e a liberdade. "
Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, Paris
Escrita em 28 de dezembro de 1846 Rue dOrleans, 42, Faubourg Namur.
Fonte: Marx Engels Collected Works, vol. 38, p. 95.
Editor: International Publishers (1975)
Primeira publicação: completa no original em francês em M.M. Stasyulevich i yego sovremenniki v ikh perepiske, Vol III, 1912
Tradução em inglês pode ser acessada em
http://www.marxists.org/archive/marx/works/1846/letters/46_12_28.htm
2007-02-07
00:27:37
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9 respostas
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perguntado por
Anonymous
em
Artes e Humanidades
➔ Filosofia
Os historiadores não vem a história apenas do ponto de vista de Marx... Marx tinha a visão da luta de classes entre dominadores e dominados, que não deixa de estar correta, embora tenha desprezado a cultura, religião, música, usos, costumes, etc... como se o homem fosse um animal destinado apenas a nascer, crescer, comer, reproduzir e morrer. Por outro lado, ele próprio foi influenciado pela visão judaico-cristã (era filho de pastor protestante, descendente de judeus) para imaginar um tipo de céu na terra, que seria o comunismo, uma utopia que jamais foi nem será alcançada aqui nesse mundo vil.
2007-02-07 03:10:14
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answer #1
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answered by Anonymous
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A escravidão, que se vive ainda, é necessidade básica do homem comum que dela precisa para se orientar e definir suas escolhas.
O homem continuará eternamente nessa roda da escravidão que lhe 'promete' o carro novo, a roupa fashion, a namorada legal; e ele trabalha 8 hs dia, vira número na carteira e paga parte do seu trabalho ao seu patrão, e acredita em 'direitos' sociais.
O trabalho, que deveria ser nossa alegria em ser útil se transforma em escravidão quando nem sentimos seus benefícios nem suas recompensas!
2007-02-14 09:02:17
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answer #2
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answered by mar kia 3
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No "Manifesto Comunista", Marx diz explicitamente que a história da humanidade é a história da luta de classes. Sempre existiriam 2 classes antagônicas no sistema de produção: na antiguidade - senhores e escravos; na Idade Média - senhores e vassalos; na Idade Moderna - capitalistas e proletários.
Esses escritos de Marx demonstram essa idéia basilar: a riqueza é produzida pelo trabalho, ou seja, nos rastros de Adam Smith, Marx atribui um caráter ontológico ao trabalho, em que uma classe é exploradora e outra é explorada.
Se pudéssemos criar uma linha divisória no tempo (e estabelecermos, por esta forma, um determinismo histórico), seguindo o pensamento marxista, veríamos que a escravidão pertence a um estágio de subdesenvolvimento das forças produtivas, e o trabalho assalariado uma etapa posterior, mas que não deixa de ser menos exploratória do que a primeira.
Nesse texto, a crítica de Marx é endereçada a Proudhon, a quem acusava de um certo liberalismo burguês, e contra quem escreveu criticamente a "Miséria da Filosofia".
A mim, me parece que esse texto não faz de Marx um escravocrata, mas é condizente com a linha teórica marxiana, buscando mostrar que a escravidão foi uma das etapas da história que levou o homem ao capitalismo, e fez dos EUA seu maior representante.
2007-02-07 10:07:10
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answer #3
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answered by croata_sp 4
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Como qualquer texto que vc leia, é preciso contextualizar. Na minha opinião, que é apenas uma opinião mesmo, pois não sou um especialista, há toda uma carga de ironia no tom deste texto, escrito na forma de carta pessoal, dirigida a um amigo ou correligionário, e se referindo a um outro militante (anarquista) com o qual tinha divergências. Marx era, como se pode ver, um ser humano como vc, eu e todos nós.
No conteúdo, parece querer reforçar que seu enfoque não é apenas um julgamento moral, subjetivo, das relações de produção mas sim um Raio X, uma descrição objetiva, concreta, talvez isenta, do importante papel que a força de trabalho escrava teve no processo de acumulação primitiva do Capital.
Não raro aparecem no texto de Marx elogios ao Capitalismo, para surpresa de alguns leitores apressados. Como no início do próprio Manifesto: ao descrever o caráter dinâmico do Sistema, a velocidade com que se desenvolve, afirma que nêle "tudo que é sólido se desmancha no ar", frase que deu título a um livro muito interessante sobre a pós-modernidade (Marshall).
Marx não demonizava o Capitalismo pois o considerava uma etapa histórica importante no processo de "desenvolvimento das forças produtivas", conceito do qual êle trata na carta. Mas, com certeza, um dos princípios básicos da sua Filosofia era a condenação da exploração do homem pelo homem, direta (escravidão) ou indireta (capital X trabalho, homem X mulher, etc.), e a força-motriz da sua Economia era o esforço em provar a viabilidade da superação de todas as formas de exploração.
Enfim, se vc ler a Bíblia encontrará nela vários trechos em que até assassinatos são estimulados, o que não quer dizer que os cristãos sejam a favor dêles. Precisamos ter sempre senso crítico em todas as leituras que fizermos.
Boa Sorte.
2007-02-07 15:04:07
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answer #4
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answered by Monte Cristo 2
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Não caia na falácia de ler fragmentos de um autor sem ter noção do todo de sua obra. Marx considera os negros como resultado da exploração dos Estado e da burguesia, e portanto nunca defendeu, na sua obra como um todo, tal fato.
E mais, ainda a escravidão era tida como comum na tempo em que ele viveu (séc. 18 e 19). Isso quer dizer que não se deve julgar um pensador sob a luz da época atual, mas sob a luz da época em que viveu. Esse é o erro mais comum em cientistas inexperientes, em filósofos burros ou em pessoas despreparadas querem degenerar a autoridade ou a competência de um pensador, autor...
Da passagem:
"The only thing requiring explanation is the good side of slavery. I do not mean indirect slavery, the slavery of proletariat; I mean direct slavery, the slavery of the Blacks in Surinam, in Brazil, in the southern regions of North America."
Nós não podemos tirar a conclusão de que ele está a "defender" a escravidão em um determinado lugar. Considerar "the good side of something", meu caro, não quer dizer pensar que o mesmo em si é coisa boa. Isso é uma falsa sinédoque.
Por exemplo, a gerra de sesseção que libertou os EUA da opressão e exploração inglesas foi uma "coisa boa", o que não quer dizer que a guerra em si é boa. Entendes?
A guerra dos farrapos, aqui no sul do Brasil, foi positiva por um lado, mas não quer dizer que a mesma guerra... foi e deva ser tida como uma coisa que se deva repetir.
Falou!
ie - B r a z i l
ps: bela tradução. Foi tu quem a fez?
2007-02-07 11:04:20
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answer #5
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answered by Anonymous
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Não podemos julgar este texto tendo como base o conhecimento atual sobre escravidão, pois correríamos o risco de sermos anacrônicos, pois o "homem é filho de seu tempo". E tendo em vista O manifesto Comunista, que é a bíblia dos socialistas, fica claro o que Marx disse a Proudon. Sou levado a concordar com a outra resposta já dada a essa questão, realmente isso me parece uma critica não a exaltação de ao sistema escravocrata.
2007-02-07 10:46:47
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answer #6
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answered by juvemartins 1
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Isso não tem nada de inusitado, já que marx era rico em sua época. Só defensores da escravidão conseguiam ser ricos nesta época. Hoje marx é referenciado por socialistas e eu não consigo entender por que, se o mesmo sempre justificou o capitalismo como forma de sobrevivência de muitos povos, sem contar que o mesmo sempre explorou a inteligência de Engels.
2007-02-07 08:51:14
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answer #7
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answered by luizcapixaba 5
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Esse trecho, é o reflexo do pensamento sobre escravidão na época.
2007-02-07 08:47:52
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answer #8
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answered by dark jazz 5
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Caramba! O Brasil existia pros europeus!
2007-02-07 08:37:29
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answer #9
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answered by Gaelle 2
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