Com toda “criatividade” de Camões, desde o Canto Primeiro de “Os LusÃadas”, qualquer “Mané” de pouco engenho e um mÃnimo de talento pode adaptá-lo no tempo e espaço (obviamente, se obedecer certas limitações, quiçá até pegando uma “caroninha” na garupa do mesmo “Pégasus” de Camões), como tentar-se-á exemplificar apenas nas nos trechos que seguem:
I) “Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”
“Dada ao mundo por Deus, que todo o mande”,
“Para o mundo de Deus dar parte grande”:
“Cantando espalharei por toda parte”
“Se vão da lei da morte libertando”
Navegando neste mar como “Os LusÃadas”
Mas sem forças pra sozinho ir nadando
Carregando o embrião de “Os BrasÃadas”.
II) “Qual o cego Homero canta heróicos feitos”,
Ciclopes de um olho só, porém guerreiros,
Bebendo de igual Hipocrene, satisfeitos,
Voando o mesmo Pégasus, cavaleiros,
Aqui nossas ninfas e musas são reais,
Nossos Ulisses, mais constitucionais,
“E nunca lhe tirou fortuna ou caso”
“De quanto bebem a água do Parnaso”
III) “Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno Templo”,
“Vereis amor da Pátria não movido,
Do premio vil, mas alto e quase eterno,
Que não é premio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno”.
IV) “E já que de tão longe navegais”
“Por mares dantes nunca navegados”
“Entre os Deuses no Olimpo consagrados”
“Também será bem feito que tenhais”
“Numa mão sempre a espada e noutra a pena”
Pois a luta é Atlântica, e não apenas,
O Tenebroso mar que alguém sente,
“Onde o governo está na humana gente”
V) Se cá afonsos (1) nasceram fernandos (2),
Nem todos são henriques (3), governando,
“Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória
E aquele que a seu reino a segurança
Deixou, com a grande e próspera vitória”
“E julgareis qual é mais excelente,
Ser do mundo rei, se de tal gente”.
VI ) “No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!”
“O recado que trazem é de amigos,
Mas debaixo o veneno vem coberto,
“Que os pensamentos eram de inimigos”
“Segundo foi o engano descoberto”
VII ) “Que não se arme e se indigne o Céu sereno,
Contra um bicho da terra tão pequeno”
“Que, havendo por verdade o que dizia,
De nada a forte gente se temia”
“Que, em figura de paz, lhe manda guerra;
Que toda a má tenção no peito encerra”
“Para os guiar à morte lhe mandava,
Como em sinal de pazes que tratava”.
VIII) “De branca escuma os mares se mostravam”
“Os ventos brandamente respiravam”
“Sem nuvens, sem receios de perigo”
“Como se fosse o engano já sabido”
“Por diante passar determinava”
“Mas não lhe sucedeu como cuidava”
“Na viagem tão ásperos perigos”
“Tanto furor de ventos inimigos”
IX) E também Jorge, mas não entre os Amados,
Acordando o Velho e o Mar Morto, sepultados,
Entre intelectuais e preguiçosos Baianos,
Convido todos os Rui Barbosas e Caetanos
A enaltecerem os Ciclopes, hoje Paulistas,
Que labutam duramente, não sendo artistas,
E que vivem de salários, mas sem elegias,
Embora produzam cornucópias egoÃstas.
X) Na bravura do forte Vasco, enaltecida,
“Que a tamanhas empresas se oferece”
“O forte escudo, ao colo pendurado”
“Com Ãmpeto e bravura desmedida”,
Cá é clube nato em amor lusitano,
Que às vezes sob raça flandres desce,
“Deitando para trás medonho e irado”.
“Com gesto alto, severo e soberano”.
XI) E cantando desde o Canto Segundo
Mostraria o que é Novo ao Velho Mundo
Pois se no filho vê um Alexandre seu
Também é Jorge, lavrador de terras,
E nas cinqüenta filhas de Nereu,
Não vê nem metade do que há na sua,
Pois como o pai, sem amores por guerras,
Em ambições Felipanas, insolência nua.
XII) “à fraqueza “desistir-se da cousa começada”
“Cuja alta lei não pode ser quebrada”
“E na lÃngua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é latina.”
“Já parece bem feito que lhe seja,
Mostrada a nova terra que deseja”
“E tendo guarnecida a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota”...
N.A.: (1) Inclinados ao combate, (2) Ousados, altos. (3) Senhores ricos.
...à mais ou por aÃ, mas que não passe em branco queeu só supero Camões, na idade (o poeta morreu aos 56 anos), no entanto a qualquer Brasileiro não é difÃcil continuar “entremeando” seus versos desde o Canto Primeiro, pois inda que “C´um poder tão singelo e tão pequeno”, “Nossos Tejos são enormes e Amazônicos”, como “Nossos Douros são maiores e Franciscanos”, resultando imaginar sob o “Alto poder, que só co pensamento Governa o Céu, a Terra e o Mar irado” e jurar que “Fauna e Flora para cá mudaram”; e se a uma criança para quem “As Hespérides eram seu quintal”, “Não temeria enfrentar bravo animal”; e como “Mercúrio, dos Deuses, mensageiro”, “Teria em seu anjo maior guerreiro”; e na “EgÃpcia e não pudica (Cleópatra)”, hoje é “Madonna”, rainha pela mÃdia de fofoca”, onde “Ãcteon transformado em “veado”, “à estilista noto e imoto, consagrado”; e nem “Prenderia a Calipso, hoje ritmo Jamaicano”, “Já ultrapassado por Gil e Caetano”; contudo, já “Que o coração pressago nunca mente”, e “Por tais costas e mares com ele ande”, quiçá findasse o Canto Primeiro, alertando para que ninguém “Que se daqui escapar, que lá diante” “Vá cair onde nunca se alevante”, até “Porque, saindo a gente descuidada”, “Cairão facilmente na cilada”,...e segue por aÃ, Inajara, entendeu?
2007-02-01 11:34:20
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answer #6
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answered by Origem9Ω 6
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