Houve um tempo em que ouvir rádio era um costume salutar e o único programa detestado pela maioria era chamado de “A Voz do Brasil”, certo que ouvir polÃtica nunca foi o forte de nossa população, mas o pernicioso culto à personalidade (iniciado com Getúlio) infelizmente alcançou a Rádio e os candidatos a cargos públicos passaram a usar a Rádio para autopromoção, com suas promessas mentirosas, o que, no entanto, valeu a Jânio Quadros a votação mais expressiva na história do PaÃs, graças a um “jingle” bem trabalhado, o conhecido "Varre, Varre Vassourinha”. Naqueles tempos, a máxima popular propagada na rádio era: “uma sentença para cada cabeça”, mas o culto à personalidade, hoje oculto (não a mim), já era discutido como originado e propagado desde a Alemanha nazista, alcançando homens públicos e adentrando os lares brasileiros através de uma técnica muito usada pelo alto comando alemão: a “propaganda”, que tinha até Ministro junto ao “Reich”. O processo se resumia na indução ao prazer pelo “bom” (não pelo “bem”), segundo conveniências de terceiros que lucravam com isso. Com inocentes “reclames” (anúncios de consumo), a publicidade passou a ser utilizada também para promover pessoas, usando mascaração do “bom” para que o “produto” (no caso, a pessoa) tecnicamente exposto passasse a ser “idolatrado” para aceitação de pseudo-superioridade de princÃpios e qualidades expostas, acima e além das virtudes e méritos reais do ingênuo público-alvo: o “consumidor” (nada diferindo da mÃdia atual). Na época (e até hoje), muita gente não possuÃa aparelho de TV e utilizava (e ainda utiliza) o rádio para acessar acontecimentos passados à distância. Mas foi bem mais emocionante ouvir a narração que ver as imagens da “tabelinha” de Zagalo, e o último gol de Pelé, na inesquecÃvel partida e vitória por 5x2, na Copa do Mundo de 1958, contra a própria dona da casa, a Suécia. Aliás, o mesmo se repetiu em 1970, contra a Itália, no México, quando o espÃrito patriótico tomou conta da Nação, graças à empolgante narração do último gol de Carlos Alberto através das ondas da Rádio, seguido dos acordes musicais de “Prá Frente Brasil!”. A Rádio (por enquanto) ainda não acabou, contudo, é lamentável assistir o fim da magia do veiculo “de coração a coração”, sob domÃnio de “seitas evangélicas” recentemente inventadas por quem não quer “pegar no pesado”. A onda de promoção pessoal que se apossou dos meios de comunicação (incluindo a TV) chegou ao extremo e, com toda atual globalização, ainda sofremos do mesmo mal, tendo de engolir um bando de “peidões” de meios influentes, como: artistas, polÃticos, pastores, intelectuais, sem contar uma pá de medÃocres que a mÃdia insiste renitentemente em “enfiar-nos goela abaixo”, para prestar-lhes homenagens e honras de forma apoteótica, como se fossem nossos reis, pois a diferença é que naquela época os tÃtulos de “Rei da Voz”, atribuÃdos a Francisco Alves, Nelson Gonçalves, etc. ou “Rainha do Rádio” a cantoras como Ãngela Maria, Marlene, Emilinha Borba, etc. através de eleição dos seus fãs, eram apenas forma elogiosa à s qualidades adjuntas aos respectivos talentos e não aos artistas em si, e eram tÃtulos tão impessoais que até mudavam freqüentemente de “portadores” (Reparem a enorme diferença entre “Rei da Voz” ou “Rainha do Rádio”, para “Rei da Jovem Guarda” ou “Rainha dos Baixinhos”, abarcando pessoas!). O fato é que com o tempo o povo se acostuma a ser enganado na compra de “produtos-pessoas” e nem se dá conta disso. Por que homenagear a quem vive de vendas de discos, se não os recebemos “de graça”? Não me importo se parecer “rabugento” emitindo opiniões contrárias à maioria (infelizmente a maioria não é suficientemente “esclarecida”), mas tal como considera que ninguém até hoje destronou “Branca de Neve” como “Rainha dos Baixinhos”, não atino por que uma emissora séria insiste em chamar de “Rei” a um cantor cujas letras musicais insere repetidamente pronomes possessivos, revelando um soberbo “eu”, cuja voz é tão impotente que quase beira a minha (quiçá pelo fato de algum diretor da emissora achar que o ano novo jamais romperá no Brasil, se não impor ao público seus repetitivos “especiais” de Natal, desde 1974!). Sem falar em estúpidas contradições que não existiam na antiga Rádio, como os caprichados “reclames” atuais de marcas de cigarros, seguidos de sinistras e agourentas expressões: “O Ministério da Saúde adverte: fumar causa derrame cerebral; fumar causa câncer do pulmão; fumar causa doenças do coração; enfim, fumar provoca tuberculose no teu aparelho de ar condicionado... e até sugere que fumar vai te deixar brocha!” (o que talvez seja certo, pois só lembrar os pesados impostos que alguém paga por fumar...).Ora, fumando ou não, basta viver para adquirirmos doenças e além disso, qualquer imbecil conclui que se compulsórias advertências do Ministério voltado à saúde fossem válidas, não poderiam ser veiculadas precedidas de imagens ligadas ao sucesso, levando a concluir que não se incomoda com a saúde do povo ou é mancomunado com desonestos “marqueteiros” e emissoras que imaginam o povo um bando de idiotas, buscando induzi-los ao erro pela aparência falsa do prejudicial, em nome de perversos impostos e lucros amaldiçoados. à patentear os veros do falso, em busca de faturamento irresponsável. Ninguém nega que o cigarro faz mal, mas gastar bilhões em campanhas para dizer isso é que faz mal, pois bem pior que isso é o egocentrismo, a soberba e a falta de solidariedade, que faz mal a todos e mata milhares de vezes mais. Ninguém pode negar que a televisão ainda é muito pobre como meio de comunicação bilateral (raros programas são interativos, com participação popular, exceto porcarias tipo BBB), mas como poderoso instrumento de informação, e conseqüentemente, de formação, a guerra por “piques” de audiência tem feito enormes estragos, com prejuÃzos irreparáveis na formação da opinião pública, concebida em programas sensacionalistas com cenas trágicas, assassinatos, monstruosidades, brigas e “baixarias” afins, instigados por apresentadores que se postam acima dos fatos, simulando “indignação” e emitindo conceitos pessoais de forma popularesca sobre fatos ocorridos até no mesmo instante e não captados por elevados e sensÃveis olhos de humildes gaivotas que enxergam mais longe, mas por agressivas “águias douradas” que clamam por justiça ante a violência submetida ao povo, culpando autoridades como se poderes constituÃdos perdessem tempo com baboseiras, eis que qualquer cidadão ignorante percebe que “investigações sensacionalistas”, realizadas “na ponta” dos fatos, podem até nos chocar e indignar, mas não movem o Judiciário, já que uma denúncia precisa ser formalizada, com a robustez das provas e nenhum juiz pode julgar sem o necessário processo! à inadmissÃvel tolher a informação por qualquer meio de censura. Temos sim, ainda que através do YR, que continuar conscientizando o povo sobre esses tipos de coisas.
2007-01-27 07:42:12
·
answer #7
·
answered by Origem9Ω 6
·
0⤊
0⤋