Em grego antigo (em minha casa somos adeptos a falar línguas antigas), calças é anaxirides. Era um vestuário persa. Os gregos andavam nus (quando presivavam de agilidade) ou vestiam toga (quando não precisavam). Se você leu a novela gráfica 300 de Frank Miller, deve ter notado Leônidas peladão, usando apenas uma capa. Era aquilo mesmo, por incrível que pareça. Mas os persas usavam calças. Por serem mais práticas e tolherem menos os movimentos, as calças acabaram sendo adotadas pelos bizantinos e, de Bizâncio, passaram para a europa ocidental. Quanto à Pérsia, teve uma segunda época de glória, com figuras luminares como Omar Kayam, Avicena e outros. Desta época são as histórias de Simbad o marinheiro. Nesta segunda época de glória, eles continuavam ... usando calças.
A propósito, a primeira referência histórica a calças está na lenda de Candaulês e Gyges. A história foi contada por Heródoto em grego iônico; não leio bem grego iônico, minha especialidade é grego ático, mas li esta parte de Heródoto, quando estudava história com a professora Marcia Weinstein; a professora Marcia era judia, que sabia grego antigo muito bem e gostava de piadas sujas; como sabia grego antigo, ela dava aula em um seminário de alguma igreja evangélica; mas como contava piadas sujas, foi mandada embora; então foi dar aulas em Cornell, onde eu estudava literatura, história e filosofia; foi lá que tive aula de Heródoto com ela; lemos o primeiro livro, com a história de Candaulês e só. Eis a história, com os enfeites de minha querida professora. Claro que a professroa Marcia Weinstein acrescentava coisas em castiço grego antigo.
Candaulês, o rei, tinha uma mulher lindíssima. Ele passava todo o tempo todo contando para todo mundo como era linda sua mulher. Como seus seios eram grandes e durinhos, como sua pele era acetinada, suas coxas eram roliças, sua cintura fina, e assim por diante. As partes pudendas eram parecidas com a flor de lotus.
Em particular, Caudalês gostava de falar sobre a mulher para o capitão lanceiro da guarda pessoal. Um dia, porêm, ele disse ao capitão Gyges (era este seu nome): "Escute, Gyges, o olho é melhor testemuna do que o ouvido. Você deve olhar minha mulher nua." Neste ponto, Heródoto explica que os gregos costumavam andar nus; então para os gregos era difícil entender que povos bárbaros tivessem vergonha de ficar nús em público; mas o caso era este, explica o pai da história, povos bárbaros não ficam nús em público.
A mulher de Caudalês, em particular, incentivada pelo marido, usava calças bem coladinhas, para mostrar suas formas; ainda por cima, impregnava as calças e a blusa de óleo de oliva, para que ficassem bem coladas ao corpo e semi-transparente.
Mesmo com as calças untadas de óleo de oliva, o rei achava que não a mulher não estava mostrando seus encantos de maneira suficiente e, apesar dos protestos de Gyges, insistiu para que este visse a rainha nua.
As mulheres antigas, gregas e não-gregas, costumavam remover os pelos pubianos, que cobriam a vulva, com o seguinte processo. Elas pegavam uma lamparina e queimavam os pelinhos, um a um. Chegavam a lamparina no pelinho e ele fazia shhhsshhhpuft, estava queimado até a raiz. A idéia é que Gyges visse a mulher de Caudalês durante este processo.
A história já chegou às calças; então não vou contar o resto. Você pode ler em Heródoto ou em Ctesias. Este último era médico da corte da Pérsia, e entrava nos detalhes de procedimentos médicos, inclusive a depilação. Heródoto não dá muito detalhe, mas é suficiente para você ver o fim da história. Há uma tradução para o português de Heródoto. Ctesias você terá de ler em grego, e só há fragmentos. Claro que, se você for aluno da professora Marcia Weinstein, ela completará os detalhes dos fragmentos e a história das calças da rainha ficará muito mais interessante. Mas consultando a internete, descobri que a professora foi mandada embora de Cornell, fez um curso de administração de empresas, ficou rica e vive feliz com seus dois cachorrinhos, sem precisar mais de contar histórias eróticas em grego antigo para adolescentes. Ela também fala chinês. Se você quiser ler sobre a professora Marcia, o endereço é este:
http://www.orbrown.org/profiles/marcia.html
Nossa, eu não sabia que tinha sido aluno de uma PhD em filologia clássica por Harvard.
2007-01-27 06:21:15
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answer #1
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answered by Eduardo C 3
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Começou muito antes, ainda na época politeísta, no advento da queda do Império Romano. Os povos bárbaros foram os primeiros povos a se destacar pelo usos de calças em vez das longas túnicas dos demais povos da Antiguidade. Com o domínio dos territórios latinos, houve a assimilação recíproca do vestuário: passou-se a usar as túnicas e as calças ao mesmo tempo. Consequentemente esta prática criou o traje mais característico do período histórico seguinte: a Idade Média.
2007-01-25 15:14:31
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answer #3
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answered by Miss Blue Jeans 3
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Não é verdade que os povos da Antigüidade só usavam túnicas e togas. Os persas (povo que dominou a civilização da babilônia no século VI a.C.) foi quem inventaram as calças. Por habitarem uma região montanhosa de temperaturas baixas (onde hoje é o Irã), criaram as calças, que era considerado um traje tipicamente persa. E de soldados! (Daí, talvez, a associação cultural que fazemos de calças com virilidade)
(Curiosamente, hoje os iranianos xiitas são adeptos das túnicas).
2007-01-25 12:01:56
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answer #5
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answered by Anonymous
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