A Origem da Cruz Suástica
A Bandeira do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães
Por Elísio Gomes Filho
A suástica ou cruz gamada como também é conhecida é um dos símbolos místicos mais difundidos e antigos do mundo. É encontrado do extremo Oriente à América Central, passando pela Mongólia, pela Índia e pelo norte da Europa. Foi conhecido dos celtas, dos etruscos, da Grécia antiga. Alguns quiserem remontá-lo aos atlantes, o que é uma maneira de indicar sua remota antiguidade. Qualquer que seja sua complexidade simbólica, a suástica, por seu próprio grafismo, indica manifestamente um movimento de rotação em torno do centro, imóvel, que pode ser o ego ou o pólo. É, portanto, símbolo de ação, de manifestação, de ciclo e de perpétua regeneração.
A difusão, a antiguidade e as diferentes suásticas
A suástica é encontrada, dos índios Hopi, aos Astecas, Celtas, Budistas, Gregos, Hindus, etc. As suásticas Budista e Hopi parecem reflexos no espelho do símbolo nazista. Alguns autores acreditam que a suástica tem um valor especial para ser encontrada em muitas culturas sem contatos umas com as outras. Os símbolos a que chamamos suástica são muitas vezes bastante distintos. Vários desenhos de suásticas usam figuras com três linhas. Outras chamadas suásticas consistem de cruzes com linhas curvas. Os símbolos islâmicos e malteses parecem mais hélices do que suásticas. A chamada suástica celta dificilmente se assemelha a uma, mas seria uma forma secundária, como tais são outras.
A simbologia da suástica, em todos os casos totalizante, é encontrada na China, onde a suástica é o sinal do número dez mil, quer é a totalidade dos seres e da manifestação. É também a forma primitiva do caráter fang, que indica as quatro direções do espaço. Também poderia ter uma relação com a disposição dos números do Lo-chu, que, em qualquer caso, evoca o movimento do giro cíclico. Considerando-se sua acepção espiritual, a suástica às vezes simplesmente substitui a roda na iconografia hindu, por exemplo, como emblema dos nagas. Mas é também o emblema de Ganeça, divindade do conhecimento e, às vezes, manifestação do princípio supremo. Os maçons obedecem estritamente o simbolismo cosmográfico, considerando o centro da suástica como a estrela polar e as quatro gamas que a constituem como as quatro posições cardeais da Ursa Maior. Há ainda formas secundárias da suástica, como a forma com os braços curvos, utilizada no País Basco, que evoca com especial nitidez a figura da aspiral dupla. Como também a da suástica clavígera, cujas hastes constituem-se de uma chave: é uma expressão muito completa do simbolismo das chaves, o eixo vertical correspondendo à função sacerdotal aos solstícios, o eixo horizontal, à função real e aos equinócios (CHAE, CHOO, DANA, GRAP, GUEM, GUEC, GUET, GUES, VARG).
Meín Kampf
Muito se especula sobre a origem da suástica como símbolo distintivo do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores. Contudo, é o próprio livro de Hitler, Meín Kampf, que explica a escolha da cruz gamada.
Foi por volta de 1920 que a liderança do então pequeno Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães via crescer as fileiras de adeptos e carecia, portanto, de se ter uma bandeira ou um símbolo para os seus partidários. Consciente desta necessidade, Adolf Hitler explica em seu livro Meín Kampf, como adotou a cruz gamada. Numa edição espanhola de 1937, no capítulo VII, páginas 260 e 261 ele comenta sobre a questão de “nossa bandeira” com seu aspecto, que veio preocupar os nazistas intensamente. Escreve Hitler que de todos os lados, se recebia sugestões “bem intencionadas”, porém “carente de valor prático”. De sua parte, Hitler, pronunciou a favor da conservação das antigas cores da bandeira imperial alemã, em parte por seu efeito estético e que melhor que qualquer outra combinação, harmonizava com seu “próprio modo de sentir”. Ele mesmo, depois de inumeráveis ensaios logrou definir uma forma definitiva, ou seja: sobre um fundo vermelho, um disco branco e no centro, a cruz gamada em negro. “Igualmente, depois de largas experiências, pude encontrar a forma e o tamanho da suástica”. Sobre o seu significado, Hitler escreve: “Como nacional-socialistas vemos em nossa bandeira nosso programa. No Vermelho, a idéia social do movimento; no Branco, a idéia nacionalista e na Suástica, a missão de lutar pela vitória do homem ariano, e ao mesmo tempo pelo triunfo da idéia do trabalho produtivo, idéia que é e será sempre antisemita”. Assim, na localidade de Tegernsee, no verão de 1920, se empunhou pela primeira vez, a bandeira do jovem movimento que iria mudar a história da humanidade. Tal símbolo em sentido horário, usado como emblema do partido nazista e do estado alemão sob o III Reich, fora adotado oficialmente em 1935.
Mas registra-se que em fins da primeira década do século XX, os alemães já usavam a bandeira da suástica como distintivo político, através dos ex-combatentes do corpo de voluntários, o Freikorps. Também o “Grupo Thule” organizado pelo barão Rudolf von Sebonttendorff, utilizava como emblema a cruz gamada, baseando-se nos estudos de Adolf-Josef Lang. No emblema da Thule - sociedade secreta, com vistas a perpetuar ensinamentos esotéricos provenientes das velhas tradições germânicas pagãs - pode-se observar além do ano de 1919, como data de fundação daquela sociedade, a espada de santa Vehme no meio de um ramo duplo de carvalho, na frente de uma suástica, resplandecendo num turbilhão.
Nossa opinião sobre a Cruz Suástica hitlerista
Em nossa opinião, à semelhança do nazismo com um culto religioso ajuda-nos a explicar a existência de seu símbolo. Como fazem certos cultos religiosos, o nazismo oferecia, a seus seguidores fanáticos, além de um líder carismático, um emblema que retratava a imagem do poder, da força e do dinamismo. A cruz suástica como imagem simbólica, vinha servir ao propósito da propaganda do Partido Nacional-Socialista, na marcha inexorável para o triunfo, um futuro a ser conquistado pela confiança no Fuehrer, que sempre ostentava no seu braço esquerdo, a cruz gamada negra. Diga-se de passagem, que algumas passagens-chave do referido livro de Hitler, Meín Kampf (cujo primeiro volume foi lançado em 18 de julho de 1925, o segundo foi em 10 de dezembro de 1926), disseram a respeito à propaganda. Hitler observou ter considerado a administração da propaganda como sendo, de longe, a tarefa mais importante do Partido Nazista nascente. A tarefa da propaganda escreveu Hitler, consistia em “providenciar para que uma idéia conquiste adeptos”.
Mas a suástica hitlerista, teria sua origem nas divindades do Tibete xamanista ?
Mas alguns autores especulam quanto o interesse demonstrado por Hitler pela suástica, relacionando ao ocultismo. Entre os especuladores se encontra Robert Ambelain, autor de uma obra curiosa “Os Arcanos negros do Hitlerismo – 1848-1945: A História Oculta e Sangrenta do Pangermanismo”, livro editado originalmente na França em 1990.
Albert Ambelain escreve que certos hitleristas mantiveram contatos íntimos e sérios com o mundo místico da Índia e do Tibete, do qual veio a suástica sinistrogira – a cruz gamada com os braços torcidos, “para realçar melhor o sentido de seu turbilhão contrário à rotação normal (dextrogira)”. Robert Ambelain, afirma que Hitler não manteve a suástica em sua posição normal, ou seja, como uma cruz com os braços verticais. O líder alemão, intencionalmente, colocou-a de lado, de maneira a dar à cruz, simbolicamente, a discreta lembrança de uma atitude de Siva, deus hindu da destruição, e representado, dançando na roda da existência e dos mundos. E que isso lhe foi aconselhado por instrutores secretos de Hitler, Karl Haushofer e Dietrich Eckart, os quais estariam em contato com os tântricos da Índia e do Tibete. Acrescenta o referido autor que Siva é o adversário de Vishnu, o deus conservador da vida e que a suástica dextrogira provém desse deus.
Segundo ainda Robert Ambelain, o geopolítico alemão Karl Haushofer, fez parte do Vril, uma sociedade secreta violentamente anticristã, onde eram praticadas, “segundos nossas próprias pesquisas”, técnicas tântricas herdadas diretamente dos bonpos tibetanos, também chamados Barretes Pretos, em oposição aos Barretes Amarelos do budismo tradicional. Acrescenta que os bonpos praticam um xamanismo misturado com o tantrismo, em meio a ritos sexuais, sacrifícios animais (no passado, de seres humanos), e a sua cruz gamada é sinistrogira, em oposição à dos Barretes Amarelos, que é dextrogira.
Robert Ambelain menciona que desde 1926, Karl Haushofer estabelecera contatos entre o Vril e com os tibenos da ‘mão esquerda’, os tais bonpos também chamados Barretes Pretos. Em 1929, vieram grupos para a Alemanha e criaram templos em Berlim, Munique e Nuremberg. E concluiu o autor que tudo “indica que Hitler teve contatos com seu chefe, conforme as afirmações de Trevor Ravenscroft em seu livro A lança do destino (Paris, Albin Michel, 1973). Esse autor (que foi oficial de comandos durante a Segunda Guerra Mundial) pôde beneficiar-se de informações não divulgadas, as quais, infelizmente, encontram-se em sua obra misturadas a especulações teosóficas. Diante das previsões desanimadoras dos lamas tibetanos, Himmler resolveu fundar no seio da SS uma nova organização (...): a Ahnenerbe”.
E a narrativa de R. Ambelain, repletas de suposições, continua sob o seguinte teor: “Mas quando as derrotas, não previstas pelos lamas, começaram a ocorrer(mostraremos por que, num capítulo mais adiante), Hitler, furioso, aplicou-lhes o regime alimentar dos campos de prisioneiros de guerra. E quando as tropas soviéticas penetraram nos arredores de Berlim, descobriram naqueles templos específicos corpos nus, deitados em várias fileiras, com um punhal cravado no ventre. Suicídios ou execuções? O enigma persiste. Talvez fossem japoneses, membros da seita do Dragão Verde, à qual Haushofer pertencia havia muito tempo. De fato, este suicidou-se em 1946 dessa mesma maneira, imitando o haraquiri japonês. Ora, Karl Haushofer comunicara Sebottendorff suas intenções, ao lhe trazer seu apoio:
‘Tenho a intenção de envolver a Thule no combate enquanto eu conservar o martelo de ferro (emblema da autoridade). Faço esse juramento sobre a suástica, esse sinal sagrado para nós, para que tu ouças, ò Sol triunfante, e manterei minha fidelidade em relação a ti. Tem confiança em mim, assim como tenho em ti. Nosso Deus é o pai do combate e sua astúcia é a da águia, símbolo dos arianos. Assim, para marcar a combustão espontânea da águia, vamos representá-la em vermelho. Esse é o nosso símbolo; a águia vermelha lembra que temos de passar pela morte para podermos reviver’.
E para finalizar, acrescenta o referido autor do Os Arcanos Negros do Hitlerismo: “Certamente Adolf Hitler nunca pertenceu a Thule, mas Rudof Hess, primeiro-secretário e lugar-tenente do Fuehrer, foi um dos seus membros e assistente de Karl Haushofer. Em seguida, tornou-se adjunto pessoal de Hitler na direção do Partido Nacional-Socialista. Isso significa que, graças a ele, o espírito da Thule continuou dirigindo todo o hitlerismo, com o respaldo das deidades negras do Tibete xamanista”.
AUTOR
Elísio Gomes Filho é mergulhador, escritor e historiador, sendo autor de livros sobre tragédias marítimas: Histórias de Célebres Naufrágios do Cabo Frio(1993); A Tragédia do Magdalena(1995) e Morte no Mar(1997). Foi fundador do Museu de Ciências Naturais da UCP(1980), do Museu Histórico Marítimo do Cabo Frio (1987) e do Museu Histórico Marítimo de Armação dos Búzios (2001), cujos acervos foram doados ao Museu Oceanográfico de Arraial do Cabo em 2002. Entre suas pesquisas, encontra-se aquela que veio elucidar o caso do desaparecimento do barco-de-pesca “Changri-lá”, sobre o qual descobriu que a pequena embarcação brasileira foi atacada pelo U-199 em julho de 1943. Hoje, os nomes dos dez pescadores do “Changri-lá” encontram-se, imortalizados, no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial no Aterro do Flamengo.
Articulo enviado como colaboracion al Portal Militar
2007-01-25 03:30:19
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answer #1
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answered by Marcelo Pinto 4
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