Segundo Hoffman (1981), empatia é a resposta afetiva vicária a outras pessoas, ou seja, uma resposta afetiva apropriada à situação de outra pessoa, e não à própria situação. Pesquisas indicam que a empatia tem uma resposta humana universal, comprovada fisiologicamente, como se mostra abaixo. Dessa forma a empatia pode ser tomada como causa do comportamento altruísta, uma vez que predispõe o indivíduo a tomar atitudes altruístas.
Universalidade
Não foram encontrados estudos interculturais específicos para a empatia, mas há um vasto número de experiências que demonstram a ativação empática em diversos grupos etários, frente a pessoas que exibem sinais de aflição. Por exemplo, estudos feitos com crianças de 4 a 8 anos mostram experiência empática (através de relatos) frente a slides mostrando outras crianças em situações afetivas (Fay, 1970; Fesbach e Fesbach, 1969; Levine e Hoffman, 1975; apud Hoffman, 1981). Sinais fisiológicos de empatia são observados em adultos ao verem uma pessoa experenciando dor (Singer et al, 2004).
Bases fisiológicas da empatia
Mac Lean (1958, 1962, 1967, 1973 apud Hoffman, 1981) sugere que o sistema límbico, uma das partes mais antigas do nosso cérebro, e suas conexões com o córtex pré-frontal estariam envolvidas na empatia, proporcionando aos homens a capacidade de se colocar no lugar dos outros e “sentir o que eles podem estar sentindo”. Dessa forma, uma empatia primitiva estaria presente desde cedo na evolução humana, e com a aquisição de novas estruturas cerebrais e circuitos neurais adicionou-se a essa empatia uma forma de cognição, de tal forma que pôde ser experienciada em conjunto com uma consciência social mais desenvolvida. Estudos de neuro-imagem sugerem que regiões associadas com emoções específicas podem ser ativadas pela visão da expressão facial da mesma emoção, fenômeno descrito como contágio emocional (Decety, 2003; Carr, 2003, Wicker et al, 2003 apud Singer et al, 2004). Em um estudo comparou-se a atividade cerebral na imitação de expressões faciais e na observação das mesmas em fotos, em outro se comparou respostas neurais eliciadas pela visão de faces com expressões de desgosto e prazer com respostas induzidas por odores prazerosos ou aversivos. Essas experiências mostraram ativação em áreas relacionadas com a percepção e produção de expressões faciais de emoção (sistemas emocionais e faciais), assim como na aspiração de odores desagradáveis (ativação da insula). Singer et al (2004) comprovaram que, de fato, a experiência empática tem bases neuronais, através de uso imagens da atividade cerebral (obtidas por ressonância magnética) em experiências nas quais voluntárias recebiam uma estimulação de dor na mão e da comparação desses resultados com aqueles obtidos nas mesmas voluntárias quando seus esposos recebiam o estímulo doloroso, no mesmo aposento. Observou-se que as regiões cerebrais que sinalizam a sensação subjetiva de dor (a aflição dolorosa) – o córtex insular anterior e o córtex cingulado anterior, por exemplo – aumentavam sua atividade no cérebro das esposas como se o choque tivesse sido aplicado à mão delas mesmas. Já regiões como o córtex insular posterior, que sinaliza a dor física, ‘objetiva’, só eram acionadas quando elas realmente recebiam o estímulo de dor. Conclui então que a atividade neural da estimulação empática não corresponde toda o sistema de dor, relaciona-se apenas com os componentes emocionais da ativação neural da dor, não se observando estimulação nos componentes sensoriais.
Precursores precoces de empatia
Choro reflexo do recém nascido
Estudos mostram o choro reflexo do recém-nascido como um precursor possivelmente inato de ativação empática. Esse choro reativo é evidenciado como resposta ao choro de um outro bebê, sendo descrito como um choro vigoroso, intenso, semelhante com o choro espontâneo, de maior intensidade do que o choro em resposta a outros estímulos sonoros de igual intensidade, do que a simulação computadorizada do choro de um bebê, do choro espontâneo de uma criança mais velha e até mesmo ao choro do próprio bebê, gravado (Sinner, 1971; Sagi & Hoffman, 1976; Martin & Clark, 1982 apud Thompson, 1987) Esse choro é a resposta empática predominante durante o primeiro ano de vida, sendo depois substituída por respostas empáticas mais maduras, como a tentativa de conforto à vítima.
Modos subseqüentes de ativação empática
Hoffman (1981) cita dois tipos de ativação empática que têm características de resposta comuns a toda espécie, sendo então possivelmente inatos. O primeiro tipo é a imitação de outras pessoas pelos observadores, com movimentos posturais e de expressão facial que, quando produzidos, criam no indivíduo indicadores internos que contribuem para compreender e sentir a emoção em si próprio (Lipps, 1906 apud Hoffman, 1981). O segundo modo empático é feito por indicadores de dor ou prazer do outro, que fazem associações com sensações já experenciadas pelo observador, resultando numa reação afetiva empática (Humphrey, 1922 apud Hoffman, 1981), que é involuntária e praticamente automática. Dessa forma, Hoffman propõe que ajudar deve evocar uma resposta empática de aflição.
Comportamento de ajuda, dados de desenvolvimento e processos perceptuais
A resposta empática de aflição contribui para o comportamento de ajuda. Ela diminui de intensidade depois dessa ação ou um continua ativada caso o comportamento de ajuda não tenha sido oferecido. A existência de empatia anterior ao comportamento de ajuda é evidenciada pelos experimentos de Geer e Jarmecky (1973). Foi observado que quanto maiores os sinais de dores de uma vítima, aumenta também o nível de ativação empática e a velocidade com que o observador presta ajuda. Em seu trabalho, Gaertner e Dovidio (1977) fizeram estudantes universitários entrarem em contato com uma pessoa que arrumava cadeiras e, em determinado momento, esta pedia por ajuda. De maneira geral, quanto maior a resposta cardíaca dos sujeitos, mais rapidamente eles prestavam assistência à pessoa necessitada. Darley e Latané (1968) demonstraram que a aflição empática diminui depois de oferecida a ajuda com um experimento em que sujeitos se deparavam com uma pessoa que demonstrava estar tendo ataque epilético. Os indivíduos que não ajudavam a vítima do ataque continuavam a apresentar aflição, tremores e suores nas mãos, ao passo que os sujeitos respondiam ao pedido de ajuda apresentavam menos sinais de perturbação. Considerando que a aflição empática é fisiologicamente ativada, pode-se inferir que crianças sejam estimuladas por ela, mesmo antes que desenvolvam habilidades cognitivas para ajudarem alguém em perigo da forma mais correta. Hoffman observou que crianças menores de 1 ano, que não têm consciência de individualidade, confundem a dor do outro com a sua própria, agindo como se ela mesma estivesse sentindo dor. Já as crianças entre 1 e 2 anos, que não têm noção de que as pessoas têm pensamentos e sentimentos, tentam ajudar fazendo algo que agradaria a elas mesmas – um exemplo é da criança que traz sua mãe para consolar um amigo que chora, mesmo estando a mãe do garoto angustiado tão disponível quanto a mãe do garoto que oferece ajuda. Crianças de 3 e 4 anos manifestavam preocupação e apresentam comportamento de ajuda. O ajustamento inclusivo pode ser um fator determinante do altruísmo. Na medida em que as sociedades tornaram-se complexas, o reconhecimento de parentesco e a avaliação custo/benefício anterior ao comportamento de ajuda ficaram dificultados. Para diferenciar parentes e não-parentes nesse novo ambiente, os indivíduos podem usar a similaridade entre si e os outros como um modo alternativo de ajustamento inclusivo. Feschbach e Roe fortalecem essa teoria com estudos que evidenciam que garotas de 6 e 7 anos mostram maior empatia ao assistirem a slides com outras meninas em situações que demonstram entre outras sensações, alegria e tristeza do que garotos assistindo a slides com outros garotos nas mesmas situações. Klein aplicou um teste semelhante, mas separou as garotas negras e brancas. As meninas que participaram da experiência verbalizaram empaticamente com garotas de sua própria etnia.
Super-ativação empática
A super-ativação empática ocorre quando a ativação empática é tão intensa que o observador volta a atenção para si mesmo em vez de voltá-la para a vítima. Nesses casos, há pouca probabilidade de que ocorra uma ação altruísta. Isso pode ocorrer no caso de alguém que se propõe a ajudar uma vítima de um atropelamento e quando chega ao local do acidente sua aflição é tão intensa que este desmaia ou simplesmente sai do local, deixando de ajudar a vítima. Contudo, considerando-se uma situação de ausência de esperança para a vítima, esse fenômeno pode ter sido um fator adaptativo, pois, assim, “preservando as suas próprias energias em vez de ajudar, quando a situação não oferece esperanças, o indivíduo continua disponível para ajudar outras pessoas, quando a ajuda pode ser mais efetiva” (Hoffman, M. L. - 1981).
Auto-recompensa
Quando a vítima exibe sinais de alívio ou alegria após ter sido ajudada, a pessoa que ajudou pode sentir alegria empática. Uma vez tendo experenciado alegria empática, a pessoa pode sentir-se motivada a ajudar novamente de modo a sentir a alegria empática outra vez. Essa auto-recompensa inerente na empatia não é um processo consciente e pode ter sido um fator adaptativo.
2007-01-25 01:08:20
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answer #5
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answered by » Ruth ♥} 6
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O que é empatia
O termo empatia foi utilizado pela primeira vez por E.B. Titchener, psicólogo, e o termo origina-se do termo grego empátheia, que significa "entrar no sentimento". Para alcançarmos este estágio é necessário deixar de lado nossos próprios pontos de vista e valores para poder entrar no mundo do outro sem julgamentos. E como isso é difícil de fazer!
Geralmente, nem acabamos de falar e já estamos sendo julgados. Isso, quando não tentam nos interromper com opiniões, ainda que nem tenhamos pedido, só queríamos falar, desabafar. Sabemos que isso nem sempre é fácil de encontrarmos nas relações, mas é o que esperamos quando contamos algo para alguém: sermos ouvido em todos os sentidos e mais importante, sentir que o outro está nos compreendendo, seja com um gesto ou um simples olhar, mas que demonstra de alguma forma sentir nossa dor.
É preciso deixar claro que empatia não tem nada a ver com necessidade compulsiva de realizar desejo alheios, de ajudar e de servir. E também é muito diferente da simpatia, que é algo que sentimos pelo que o outro está vivenciando, sem entretanto, sentir o que ele está sentindo. E muito menos tem haver com alexitimia, que se refere a pessoas que não conseguem identificar e nem descrever seus sentimentos.
A empatia também é a primeira condição para a prática da psicoterapia. É preciso ter uma percepção do mundo do outro como se fosse o seu próprio, o que leva a pessoa a desenvolver sua auto-estima, pois sente que é importante e que seus sentimentos são considerados. A empatia muitas vezes é tudo que uma pessoa precisa, pois geralmente não encontra isso dentro da própria família. E é a falta dessa compreensão que faz com que muitos relacionamentos terminem.
Leia mais detalhes no sitie abaixo, o artigo é muito detalhado, copiei apenas uma parte.
2007-01-25 00:33:09
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answer #7
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answered by olhos cor de mel 3
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