Filipe II de Espanha
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Rei de Portugal
Filipe I, Rei de Portugal
Ordem: 18.º Rei de Portugal
Cognome(s): O Prudente
InÃcio do Reinado: 17 de Abril de 1581
Término do Reinado: 13 de Setembro de 1598
Aclamação: Tomar, 17 de Abril de 1581
Predecessor: Cardeal D.Henrique
Sucessor: Filipe II
Pai: Imperador Carlos V
Mãe: Isabel de Portugal
Data de Nascimento: 21 de Março de 1527
Local de Nascimento: Valladolid, Espanha
Data de Falecimento: 13 de Setembro de 1598
Local de Falecimento: El Escorial, Espanha
Consorte(s): Maria Manuela de Portugal; Maria I de Inglaterra; Isabel de Valois; Ana de Ãustria
PrÃncipe Herdeiro: PrÃncipe Filipe (filho)
Dinastia: Ãustria (Filipina
Filipe II de Espanha (21 de Maio de 1527 - 13 de Setembro de 1598) foi Rei de Espanha, entre 1556 e a sua morte, e Rei de Portugal, como Filipe I a partir de 1580.
Ãndice [esconder]
1 Dados biográficos iniciais
2 Regência e coroação
3 Comentários espanhóis
4 Apreciação
5 A Coroa de Portugal
6 Os PaÃses Baixos e outros problemas
7 O caso da princesa de Eboli
8 Casamentos e posteridade
8.1 Seus amores fora do casamento
9 O horóscopo de Filipe II
10 Ver também
[editar] Dados biográficos iniciais
Filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal, governou um vasto território integrado por Aragão, Castela, Catalunha, Ilhas Canárias, Maiorca, Navarra, Galiza e Valência, Rossilhão, Franco-Condado, PaÃses Baixos, Sardenha, Córsega, SicÃlia, Milão, Nápoles, além de territórios ultramarinos na Ãfrica (Orão, Túnis, e outros), na América e na Ãsia (Filipinas). Em termos de polÃtica externa, sua mais significativa vitória sucedeu contra os turcos otomanos: a Batalha de Lepanto, em (1571).
Nasceu em Valladolid e morreu no mosteiro de El Escorial, onde jaz. Chamado ainda o Sábio. Foi batizado em 5 de junho, na igreja do convento de São Paulo, pelo arcebispo de Toledo, Don Alfonso de Talavera. Regente desde 1543 tornou-se em 1555 rei da Espanha, conde de Artois, conde da Borgonha, conde de Charolais por 42 anos. A partir de 1552 já se havia tornado rei como Filipe I de Nápoles, da SicÃlia, Sardenha, rei apenas titular de Jerusalém e duque de Milão. Em 1555 foi também rei dos PaÃses Baixos; em 1556 conde de Holanda, conde da Zelândia, Conde de Ostrevant, Duque de Gueldres, e a partir de 1580 será também o rei de Portugal, Filipe I. Sua morte marcará o inÃcio da derrocada espanhola na Europa.
Culto, cuidadosamente educado, estudou humanidades, ciências, religião, moral, belas-artes. Falava latim, francês e português (como lÃngua materna), compreendia italiano, e demonstrou grande interesse por arquitetura e música. Desde os 12 anos foi preparado para os assuntos do Gov e aos 16 anos ficou encarregado da regência dos reinos da Espanha, enquanto o pai administrava o alquebrado Santo Império Romano Germânico como Carlos V. Assumiu a coroa espanhola em 1556, depois da abdicação do pai em 1555, herdando um vasto império colonial, difÃcil situação financeira e inimigos poderosos: Inglaterra, França e Holanda. Seu inimigo Guilherme de Orange, o Taciturno, difundiu a história de seus amorios com a dama de sua mãe, Isabel de Ossorio, de quem haveriam nascido dois filhos, Pedro e Bernardino, mas eram apenas parte de uma campanha difamatória.
[editar] Regência e coroação
Nomeado regente da Espanha, com um Conselho, por Carlos V, numa solene conferência realizada em Bruxelas em 22 de outubro de 1555 Carlos V lhe cedeu os PaÃses Baixos, as coroas de Castela, Aragão e SicÃlia em 16 de janeiro de 1556, e o condado da Borgonha em 10 de junho. Filipe pensou em se assegurar a coroa imperial, também, mas nisso recebeu objeções do próprio irmão Fernando ou Ferdinando, desistindo do projeto.
Devotado ao catolicismo, defendeu a Fé por todo o mundo e se dedicou a interromper o progresso da heresia, e tais duas idéias são chave para entender todo seu reinado, pois se dedicou a ambas por meio do absolutismo. Seu reinado teve inÃcio desagradável para um monarca católico, pois tinha assinado com a França o Tratado de Vaucelles (em 5 de fevereiro de 1556), que logo foi quebrado pela França, a qual se uniu ao papa Paulo IV contra ele. Como Júlio II, este papa desejava mais do que tudo expulsar da Itália os estrangeiros. Filipe teve portanto que enfrentar duas guerras ao mesmo tempo, na Itália e nos PaÃses Baixos. Na Itália, o duque de Alva, Vice-Rei de Nápoles, derrotou o duque de Guise e obrihou o papa a pedir paz. Filipe a concedeu, magnanimamente, e o duque de Alva foi obrigado a pedir o perdão do papa por ter invadido os Estados Pontificais.
Na Espanha, Filipe prosseguiu a polÃtica de seus bisavôs, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Foi drástico na supressão da heresia luterana, sobretudo em Valladolid e Sevilla. «Se meu próprio filho fosse culpado como vós», teria respondido a um nobre condenado a morte por heresia, que o recriminava, «eu próprio o levaria ao cadafalso.»
Encontrou outros inimigos nos Moriscos do antigo reino de Granada que, embora conquistados, permaneciam inimigos separados por religião, çÃngua, roupa, maneiras e que complotavam sem cessar com os muçulmanos do estrangeiro. Revoltaram-se e iniciaram uma luta sangrenta contra a Espanha por três anos, de 1567 a 1570 que só terminou quando foi combatê-los Don João de Ãustria, bastardo de Carlos V. Os mouriscos vencidos foram transplantados para o interior do paÃs.
[editar] Comentários espanhóis
Diz um autor espanhol: «Desde muy joven preparado para ser rey». Disso se encarregaram Juan MartÃnez SilÃceo e Juan de Zúñiga.
«Su padre también le educó y preparó en polÃtica y diplomática, dejándole como regente en sus ausencias en 1543 y 1551. Asumió el trono tras la abdicación de Carlos I en 1556, Rey de España y de sus posesiones hasta 1598. Gobernó el vastÃsimo imperio integrado por Castilla, Aragón, Cataluña, Navarra y Valencia, el Rosellón, el Franco-Condado, los PaÃses Bajos, Sicilia, Cerdeña, Milán, Nápoles, Orán, Túnez, Portugal y su imperio afroasiático, toda la América descubierta y Filipinas. Después de viajar por Italia y los PaÃses Bajos y ser reconocido como sucesor regio en los estados flamencos y por las Cortes castellanas, aragonesas y navarras, se dedicó plenamente a gobernar desde la corte madrileña con gran empeño. La monarquÃa se apoyaba en un gobierno por medio de consejos y de secretarios reales y en una poderosa administración centralizada. Pero, las bancarrotas, las dificultades económicas y los problemas fiscales fueron caracterÃsticos durante todo su reinado. La figura del secretario Antonio Pérez fue muy notoria en el gobierno hasta que fue destituido, acusado de corrupción. En 1568 morÃa el prÃncipe heredero Carlos, que habÃa sido arrestado debido a sus contactos con los miembros de una presunta conjura sucesoria promovida por parte de la nobleza contra Felipe. Estos dos hechos marcaron principalmente gran parte de los problemas internos de su reinado. En cuanto a polÃtica exterior, el monarca se preocupó por mantener y proteger su Imperio y una prueba de ello fueron los matrimonios que contrajo. La unidad religiosa estuvo muy presente en todos los aspectos de la vida de Felipe II, unidad de una fe que se veÃa amenazada por las incursiones berberiscas y turcas en las costas mediterráneas. Para hacer frente al Imperio Otomano se constituyó la llamada Liga Santa integrada por una serie de estados como Venecia, Génova y el Papado.»
E ainda:
«Felipe II, bajo cuyos dominios ´no se ponÃa el sol, era hombre de pocas, pero expresivas palabras. Asà lo era también, aunque por cortedad, Alonso de Ercilla, el inmortal autor de La Araucana, a quien el rey tuvo a su servicio, como paje, desde los 15 años. De ahà que Felipe acostumbrase a decir a su ilustre servidor:
- Habladme por escrito, don Alonso...»
[editar] Apreciação
Em 25 de Julho de 1554, tornou-se Rei de Inglaterra por seu casamento com Maria I de Inglaterra. O projecto de união pessoal dos dois paÃses falhou com a morte de Maria em 1558, antes de ter tido um herdeiro. Em guerra contra a França, com quem lutava pelo controle de Nápoles e de Milão e seus territórios, obteve vitórias nas batalhas de Saint Quentin (1557) e Gravelines (1558). Depois assinou o Tratado de Cateau-Cambresis (3 de abril de 1559). Filipe, que estivera retido nos PaÃses Baixos, pode viajar para a Espanha. Por mais de 40 anos, residiu alternadamente em Madrid, que transformou na capital do reino, e em vilegiaturas, das quais o mais famoso é o mosteiro de El Escorial, construÃdo em cumprimento de um voto feito antes da batalha de Saint Quentin.
Parte do processo de pacificação passou pelo seu casamento com Isabelle de Valois (1545-1568), filha de Henrique II de França, que fora prometida a Carlos, filho do primeiro casamento com Maria Manuela de Portugal. Isabel deu-lhe apenas duas filhas, permanecendo o rei sem descendentes masculinos. Seria apenas com o seu quarto casamento, com Ana, filha de Maximiliano II da Germânia, que nasceria o herdeiro ao trono, Filipe III de Espanha.
Apesar da vitória diante dos berberiscos em Malta em 1565, a hostilidade com os turcos persistia. Seu irmão bastardo, Don João de Ãustria, comandando uma frota, obteve uma grande vitória, embora não definitiva, na batalha naval de Lepanto em 1571. No interior peninsular, produziram-se sublevações mouriscas nas montanhas Alpujarras do antigo reino de Granada.
Teve primeiros-ministros notáveis: o Duque de Alba, morto em Lisboa dois anos depois da conquista; o PrÃncipe de Eboli, morto muito antes do Rei; Antônio Perez, que lhe sobreviveu, mas ele perseguiu implacavelmente; o cardeal de Granville, que depois de ter perdido todo o valimento, o recuperou e foi chamado de Nápoles para ficar como regente do reino em Madrid, enquanto o rei vinha a Portugal; e Cristóvão de Moura, o valido da última hora, o que recebeu o seu ultimo suspiro e as suas derradeiras confidências. Antes de morrer, o cardeal-Arquiduque Alberto, vice-rei de Portugal, fora nomeado Rei de Flandres, e para o substituir em Portugal nomeou conselho composto do Arcebispo de Lisboa, dos condes de Portalegre, de Sabugal e de Santa Cruz, e de Miguel de Moura. Foi o último ato importante do seu reinado.
[editar] A Coroa de Portugal
Este foi seu grande triunfo polÃtico: obter a união ibérica, fazendo valer seus direitos de sucessão em 1581 nas Cortes de Tomar. De facto, toda a polÃtica matrimonial prévia das dinastias reinantes já buscava esta união.
Depois da morte do rei D. Sebastião na funesta batalha de Alcácer Quibir, Filipe pensou na posse do trono português, com as maiores esperanças, por ver aclamado o cardeal D. Henrique, decrépito, de quem não se podia recear sucessão. Era, antes de sua morte, preciso assegurar a posse do trono, e para isso empenhou todos os meios, intrigas e dinheiro para ganhar ao seu partido a corte de Portugal, conseguindo chamar para seu lado muitos fidalgos portugueses.
Sete pretendentes disputavam entre si a posse do reino quando morreu o rei em 1580, mas desses sete, apenas cinco baseavam as suas pretensões em fundamentos aceitáveis:
- Filipe II filho da primogênita do rei Manuel I, com seu marido Carlos V;
- Duque de Sabóia, filho da infanta D. Beatriz, filha do mesmo Rei D. Manuel I e de seu esposo o duque de Sabóia;
- Dom António, prior do Crato, filho natural do infante D. LuÃs, sendo este filho do mesmo rei D. Manuel;
- duque de Parma, neto por parte de mãe do Infante D. Duarte, filho do mesmo rei D. Manuel;
- D. Catarina, Duquesa de Bragança, filha legÃtima do mesmo Infante D. LuÃs e meia irmã de Dom António, Prior do Crato.
Os que menos direito mostravam eram Catarina de Médicis, rainha de França, descendente de D. Afonso III e de sua primeira esposa a condessa Matilde de Bolonha, e o Papa, herdeiro natural dos cardeais, que entendia portanto dever usufruir o reino que um cardeal governava assim como podia usufruir uma quinta de que fora possuidor. Dos cinco que apresentavam tÃtulos valiosos, só três disputavam seriamente a coroa: Filipe II, o prior do Crato e a duquesa de Bragança.
Morto o cardeal D. Henrique, acendeu-se a intriga. Cristóvão de Moura, «agente infernal do rei de Espanha, o demónio do meio-dia» segundo os seus adversários, «enleava tudo nas redes da sua diplomacia corruptora, espalhando ouro castelhano com que comprava as consciências que quisessem vender-se». Filipe II dirigia os planos e auxiliava sua politica.
O reino de Portugal ficara entregue a cinco governadores dependentes dos interesses dos Habsburgo, os quais, receando do povo que se agitava, hesitavam em reconhecer Filipe como Rei. Este se dispôs a conquistar Portugal pelas armas, pois os governadores das praças já eram criaturas suas. O prior do Crato se fizera aclamar em Santarém, mas dispunha de poucas tropas. Filipe reuniu exército, entregou-o ao general Duque de Alba; confiou ao Marquês de Santa Cruz o comando da esquadra, e conservou-se próximo da fronteira de Badajoz. Alba marchou sobre Setúbal; conquistando facilmente o Alentejo, atravessou para Cascais na esquadra do Marquês de Santa Cruz, marchou sobre Lisboa, derrotou o prior do Crato na batalha de Alcântara a 4 de agosto de 1580, perseguiu-o até à provÃncia do Minho, e preparou enfim o reino para receber a visita do seu novo soberano.
Filipe não procurou intervir na polÃtica interna de Portugal e entregou o governo do paÃs a um português de sua confiança. Educado por cortesãos portugueses nos primeiros anos de vida, Filipe teve o português como primeira lÃngua até a morte da mãe e cortava a barba à moda portuguesa. Filipe, em 9 de dezembro de 1580, atravessou a fronteira, entrou em Elvas, onde se demorou dois meses recebendo os cumprimentos dos novos súditos. Dos primeiros que o veio saudar foi o duque de Bragança. A 23 de fevereiro de 1581 Filipe II saiu de Elvas, atravessou triunfante e demoradamente o paÃs, e a 16 de março de 1581 entrou em Tomar, para onde convocara cortes. Distribuiu recompensas, ordenou suplÃcios e confiscos, e recebeu a noticia de que todas as colónias haviam reconhecido a sua soberania, exceptuando a Ilha Terceira, onde se arvorara a bandeira do prior do Crato, ali jurado rei de Portugal a 16 de abril de 1581. Nas cortes, prometeu respeitar os foros e as isenções e nunca dar para governador ao paÃs senão um português ou um membro da famÃlia real. Expediu de Lisboa tropas que subjugaram a ilha Terceira, em que D. António fora auxiliado pela França, e partiu para Espanha depois da vitória naval de Vila Franca, em que o Marquês de Santa Cruz destroçou a esquadra francesa em 26 de julho de 1582, obtendo a submissão da ilha.
Nomeando para vice-rei de Portugal seu sobrinho, o cardeal-Arquiduque Alberto, e depois lhe ter agregado um Conselho de governo e de ter nomeado os membros do conselho de Portugal, partiu finalmente a 11 de fevereiro de 1583.
A nova monarquia, sempre associada aos interesses da rama austriaca dos Habsburgo, era opulentÃssima: a penÃnsula ibérica, Nápoles, SicÃlia, Milão, Sardenha e Bélgica atual; na Ãsia, feitorias na Ãndia, Pérsia, China, Indochina, Arábia; na Ãfrica, Angola, Moçambique, Madeira, Cabo Verde, São Tomé e PrÃncipe, Canárias, toda a América menos algumas ilhas das Antilhas, parte dos atuais Estados Unidos e o Canadá, e terras na Guiana; na Oceânia, as Molucas.
[editar] Os PaÃses Baixos e outros problemas
Não conseguiu solucionar o conflito polÃtico-religioso nos PaÃses Baixos pois nenhum de seus governadores conseguiu mitigar a sublevação dos Estados Gerais.
Filipe II tinha entregue o governo a sua tia, Margarida de Parma, mas os nobres, sem influência, se uniram em conspirações. Protestavam contra a presença de milhares de soldados da Espanha, contra a influência do Cardeal de Granvelle sobre a regente, contra a severidade dos decretos de Carlos V contra a heresia. Filipe chamou de volta o exército e o Cardeal, mas se recusou a diminuir a severidade dos decretos do pai e declarou nã querer reinar sobre uma nação de herédicos. Surgiram as dificuldades com os iconoclastas, e ele jurou castigá-los, enviando o Duque de Alva com um exército, o que provocou a demissão de Margarida de Parma. Alva se comportou como em paÃs conquistado, mandou prender e executar o conde de Egmont e o conde de Hornes, acusados de cúmplices dos rebeldes, criou o Conselho de Perturbações, conhecido popularmente como Conselho do Sangue, derrotou o PrÃncipe de Orange e seu irmão, que haviam invadido o paÃs com mercenários alemães, mas não conseguiu evitar a recaptura de Brille. Teve êxitos militares mas foi chamado de volta em 1573. Seu sucessor, Requesens, não pode recuperar Leyden. Influenciadas pelo PrÃncipe de Orange, as provÃncias concluiram a «Pacificação de Gand», regulamentando a situação religiosa nos PaÃses Baixos do Sul sem intervenção real. O novo governador, Dom João de Ãustria, atrapalhou os cálculos de Orange ao aceitar a Pacificação, e finalmente o PrÃncipe de Orange resolveu proclamar a deposição do rei Filipe pelas provÃncias rebeladas. O rei replicou, mandando banis o PrÃncipe, o qual pouco depois foi assassinado, em 1584. Nem assim as ProvÃncias Unidas se submeteram, e a Espanha as perdeu para sempre. Os numerosos interesses económicos e religiosos levaram à s guerras que causaram a emancipação da Holanda, da Zelândia e do restante das ProvÃncias Unidas.
As provÃncias do sul foram recuperadas uma a uma pelo novo governador, Alexandre Farnese, PrÃncipe de Parma (?-1592). A guerra aos rebeldes se tornou mais difÃcil, pois os liderava o grande general MaurÃcio de Nassau, filho de Guilherme de Orange. Filipe II percebeu a necessidadede mudar sua polÃtica e cedeu os PaÃses Baixos a sua filha Isabel Clara Eugênia, que fez casar com o arquiduque Alberto da Ãustria, determinando que as provÃncias retornariam à Espanha caso não houvesse descendentes do casamento (1598).
Com relação à Inglaterra, a Espanha perdeu a esquadra recentemente construÃda, chamada de InvencÃvel Armada (1588), golpe de que não se recuperaria. Mas a luta dos dois paÃses pelo controle maritimo terminou com essa derrota da «Armada Invencible» capitaneada pelo duque de Medina-Sidonia.
Exemplo de monarca absolutista, o governo de Filipe II foi exercido com o recurso de Conselheiros e de Secretários Reais, baseados em uma administração fortemente centralizada, marcada por um rigoroso fiscalismo. Completou a obra unificadora começada pelos Reis Católicos. Afastou a nobreza dos assuntos de Estado, entregando postos a secretários reais iriundos das classes médias, deu forma definitiva ao sistema de Conselhos, codificou leis, realizou censos de população e riqueza econômica e impôs prerrogativas à Igreja.
No plano religioso, recorreu à Inquisição contra o protestantismo em seus domÃnios. Sob seu governo foi erigido um dos mais importantes monumentos da Espanha - El Escorial, mosteiro perto de Madrid, que conta com valioso acervo artÃstico.
Palácios reais como o Escorial, mandado erguer por ele ao norte de Madri espelhavam a solidez e a magnificência da estrutura arquitetônica da Espanha Imperial. Não era fanfarronice nem bravata a frase de Carlos V, que disse ser seu império «um reino onde o sol nunca se punha». Com os edifÃcios e catedrais vieram os grandes pintores: El Greco, Juan de Ribera, Velázquez, Zurbarán, Murillo, tantos mais. Com o novo público urbano e cortesão surgiu a novela de Cervantes, a poesia de Calderón de la Barca, de Garcilaso de la Vega, de LuÃs de Gôngora, de Francisco Quevedo, e as comédias de Lope de Vega, ao mesmo tempo em que a Espanha, em frêmitos, acompanhava os relatos sensacionais das conquistas feitas por Ponce de León, Hernán Cortés ou de Bernal DÃaz del Castillo. Maravilharam-se também pela detalhada narrativa sobre o mundo do reino andino, registrado por ninguém menos do que Garsilaso el Inca, mestiço, filho de uma princesa de Cuzco e de um conquistador ibérico. A gramática de Antônio Nebrija (considerada a primeira de todas as lÃnguas européias), por sua vez, fez do castelhano, um idioma universal, visto que, como ele mesmo disse «la lengua fue compañera del imperio». Todos os gêneros literários vieram a luz naquela época refulgente, o épico, o lÃrico, o dramático e o cômico, além de um produto tipicamente espanhol, a narrativa picaresca (Lazarillo de Tormes, novela anônima surgida no século XVI, provavelmente na década de 1540, praticamente inaugurou o gênero) e, claro, o imortal Don Quixote de Mancha de Miguel de Cervantes, em 1605-1615. Ao lado dessa riqueza, também prosperou a literatura beata, dos monges, das freiras, dos mÃsticos, dos alucinados de Deus.
Foi sua a idade de ouro. Entre a descoberta e a decadência passou-se um pouco mais de um século (para George Ticknor, o historiador literário norte-americano que criou, em 1849, a expressão "Idade do Ouro" para as letras espanholas, esse perÃodo se estenderia de 1492 até 1665). A prata e o ouro mexicano e peruano, as essências indianas vindas da conquista das Américas e das rotas orientais, contribuÃram para que a arte espanhola atingisse um nÃvel extraordinário.
Tal presença do sonante registrou-a ironicamente Francisco Quevedo, no poema Don Dinero:
"Nace en las Indias honrado
Donde el mundo le acompaña;
Viene a morir en España
Y es en Génova enterrado;
y pues quien le trae al lado
es hermoso aunque sea fiero,
poderosos caballero es don Dinero."
[editar] O caso da princesa de Eboli
A princesa de Eboli, doña Ana Mendoza y de La Cerda, nascera na provÃncia de Guadalajara em 1540), filha única de Diego de Mendoza, PrÃncipe de Melito e Duque de Francavila, com Catarina da Silva, irmã do Conde de Cienfuentes. Bisneta do Cardeal Mendoza, aos nove anos Ana foi casada com Ruy Gomez da Silva, feito prÃncipe de Eboli, que tinha já 32 anos. O casamento foi consumado quatro anos mais tarde, quando a noiva completou 13 anos. Viveram juntos na corte até 1573, quando morreu o marido. Ruy chegara como menino ou pagem da Rainha Isabel de Portugal e passou a pagem do Infante Filipe, ficando bons amigos. Foi secretário pessoal do Rei, sumiller de Corps, conselheiro de Estado e de Guerra, intendente da Fazenda, primeiro mordomo do PrÃncipe Don Carlos. Cheio de comedimento e nobreza, chegou a Grande de Espanha. Ela, a verdadeira mulher fatal, o parche negro sobre o olho que se vê nos retratos um se deveria a acidente de esgrima ou a vesguice de nascença. Dos 11 filhos, sobreviveram cinco: dois militares (pensa-se que o primogênito, Rodrigo, soldado em Portugal e Flandres, poderia ser filho do Rei), um poeta, um eclesiástico que chegou a Arcebispo de Granada e de Saragoça, uma monja. A viúva entrou com a filha e vasta servidumbre para o mosteiro carmelita de Pastrana, fundado por Santa Teresa de Jesus com fundos seus (Teresa fundara também um mosteiro masculino). A intervenção do Rei conseguiu afastar a nova reclusa. Em 1576 na Corte, amante do rei, fora também amante de Antônio Pérez nascido em Madrid em 1534), o jovem secretário de Estado, enigmático personagem protegido por Eboli (com suspeitas de homossexualidade aprendida na Itália por Antônio Pérez), que era secretário do Rei; e seria talvez amante de Juan de Escobedo, o secretário de don João de Ãustria, que vinha da nobreza mediana da Cantábria. Escobedo teria descoberto que a princesa e Pérez eram amantes? Ou apenas se tratava de tráfico de influências? O misterioso caso do assassinato de Escobedo, quando voltou de Flandres em 1577 para pedir dinheiro para o licenciamento das tropas de Flandres e insistir sobre a empresa da Inglaterra. Filipe II deve ter permitido o assassinato por razões de Estado? Houve três tentativas de envenenamento fracassadas e depois foram pagos dois assassinos, que o terminaram a estocadas, rente à igreja de Santa Maria de la Almudena, perto da casa da princesa de Eboli, nos princÃpios da calle Mayor, no dia 31 de março de 1578,uma segunda-feira de Páscoa. Em 28 de julho de 1579 Filipe II ordenou a prisão de ambos, seis anos depois. Pérez fugiu para o Aragão e se salvou. Ana, acusada de malversar seu patrimônio, foi presa na Torre de ***** (arredores de Madrid) e transferida para a fortaleza de San Torcaz; em 1581 seria desterrada em seu palácio de Pastrana, sem a tutela dos filhos, e ali morreu em 1591.
[editar] Casamentos e posteridade
(I) Casou aos 16 anos em Salamanca em 15 de novembro de 1543 com a infanta de Portugal Maria Manuela de Portugal nascida em Coimbra em 15 de outubro de 1527, que morreria em 12 de julho de 1545 em Valladolid (e jaz no mosteiro de El Escorial), quatro dias depois de seu parto. Era filha de sua tia a rainha D. Catarina de Ãustria (filha póstuma de Joana de Aragão e do arquiduque Fiipe de Habsburgo, apelidado o Formoso) e do rei D. João III. O noivo teve sarna, atrasando a consumação do matrimônio, segundo informou ao Imperador seu pai o aio fiel, Juan de Zúñiga.
1 - Carlos de Espanha nascido no verão de 1545, chamado Don Carlos, morto em 1568.
(II) Viúvo aos 18 anos, assim se conservou até 1551, quando casou com a prima, rainha de Inglaterra, e foi residir em Londres: a segunda mulher era Maria Tudor, rainha de Inglaterra, em 1554, da qual não deixou descendência. Casaram no dia de Santiago, 25 de julho, em 1554 na catedral de Winchester. Maria I Tudor nascera em fevereiro de 1516 no palácio de Greenwich e morreria em 17 de novembro de 1558 de um câncer de ovários no palácio de St. James sendo sepultada vestida de monja na abadia de Westminster. Era Rainha da Ingçlaterra desde 1553 filha do rei Henrique VIII e de sua tia, Catarina de Aragão. Onze ou doze anos mais velha do que o noivo, estava envelhecida antes do tempo, tinha dentes podres, avançada calvÃcie. Antonio Moro a pintou altiva e adusta. Foi um casamento polÃtico que deu à Espanha influência indireta em assuntos da Inglaterra, onde fora recentemente restaurado o catolicismo. Filipe viveu em Londres, mas era pouco simpático aos ingleses. Tão pouco simpático, aliás, que com o prazer o viram partir em 1555 para os PaÃses Baixos, cujo governo seu pai Carlos V lhe cedeu, como lhe cedera, um ano antes, o governo de Nápoles e da SicÃlia, e como lhe cedeu mais tarde, em 1556, a Espanha, ao abdicar para se recolher no mosteiro de San Justo. Em março de 1555, estavam em Hampton Court quando se verificou que mais uma vez a gravidez da rainha Maria era histérica. Em agosto de 1555 Filipe partiu para Bruxelas e só retornou à Inglaterra decorridos dois anos. No verão de 1557 se despediram no porto de Dover. A morte de Maria I afastou os dois paÃses. Filipe teria pedido sua cunhada Elizabeth I em casamento, recebendo uma negativa.
(III) Isabel de Valois, filha de Henrique II de França, foi sua terceira mulher. Casaram-se por procuração em Paris em 22 de junho de 1559. O encontro pessoal teve lugar em 31 de janeiro de 1560 na capela do palácio ducal ou do Infantado de Guadalajara, casando-se na missa de velaciones. Isabel foi ainda chamada Elisabeth de França, de Angoulême ou da Paz. NAscera em Fontainebleau em 1545 e morreria em 3 de outubro de 1568 em Aranjuez. Sua mãe era Catarina de Médicis, que a havia prometido ao rei da Inglaterra Eduardo VI (morto em 1553) e a Don Carlos da Ãustria em 1558. Pelo tratado de Cateau-Cambresis de 3 de abril de 1559 ajustou-se o casamento, celebrados os desposórios na catedral de Notre Dame de Paris estando o rei representado, porque estava em Flandres, pelo duque de Alba. Isabel cruzou a fronteira em 3 de janeiro de 1560, sendo esperada em Roncesvalles pelo Arcebispo de Burgos don Francisco de Mendoza, o Duque do Infantado don Iñigo López de Mendoza. Levada a Guadalajara, instalaram-se os soberanos no palacio ducal. Ela teve a saúde abalada por propensão a contágios e a numerosos abortos. Uma gravÃssima erupção de varÃola, com poucos meses de casada, quase a matou, e tinha crônicos acessos hemorroidais. Até a primavera de 1561 não deu nenhum sinal de nubilidade e a vida matrimonial lhe exigia enormes sacrifÃcios - mas foi a esposa que proporcionou ao rei uma vida familiar. Costume estranho para a corte espanhola, gostava de se vestir luxuosamente e de trocar de vestido todos os dias. Verdadeira menina mimada, tinha absurdos caprichos, gastos espetaculares com jóias, pedras, festas, saraus, caçadas e recepções. Aborrecia-se em Toledo e talvez por isso Filipe transferiu em 1561 a corte para Madrid. Teve certa intervenção na polÃtica nas conferências de Bayonne em que, em junho de 1565, encontrou seu irmão o rei da França Carlos IX e Catarina de Médicis (o rei se recusara a assistir, desaprovando a politica de transigência da sogra com os protestantes, e enviou o Duque de Alba). Outra vez grávida, Isabel abortou um feto feminino aos cinco meses; mal tratada pelos médicos, morreu aos 22 anos, deixando 2 filhas. A mãe espalhou rumores maldosos contra Filipe II, despeitada porque recusou sua outra filha, Margarida de Valois, e ele ficou suspeito até de a ter mandado assassinar.
2 - gêmeas nasceram e morreram em 1564).
4 - Isabel Clara Eugénia
5 - Catarina Micaela de Espanha
6 - Fulana de Habsburgo (nascida e morta em 1568)
(IV) Viúvo outra vez e sem herdeiro varão, casou-se com sua sobrinha, filha do imperador Maximiliano II. Tinha-se pensado em Ana da Ãustria para casar com seu filho don Carlos. Filipe a submeteu a enorme espera, até cumprir 18 anos, quando os pais pensaram em casá-la com Carlos IX. Enquanto isso Carlos, tendo conseguido ser nomeado membro do Conselho de Estado, seguia buscando um território próprio. Foi suspeita de traição com os rebeldes holandeses. Don Carlos foi preso nos primeiros dias de 1568 numa torre do alcázar onde morreu de causas nunca esclarecidas em junho de 1568. Os inimigos do pai propagaram que por ordem sua, por adultério com Isabel de Valois. O que os unia, porém, enteado e madrasta, era a imensa paixão por jogar cartas... Numa endogamia que roçava ao incesto, incentivados por Maria, sua mãe, Ana desembarcou em Santander e encontrou o tio pela primeira vez no alcázar de Segóvia, estando já casados por poderes. A cerimônia de casamento foi realizada em 1570 em Segovia. Ana Maria da Ãustria ou de Habsburgo nascera em Cigales, nos arredores de Valladolid, em 2 de novembro de 1549 e morreu em 26 de outubro de 1580 estando a corte em Badajoz, a caminho de Portugal. Consta que de gripe ou numa epidemia, quando seguia o progresso das armas espanholas. Sua mãe era a irmã mais velha do marido, a infanta Maria da Ãustria (1528-1603). Dela, o rei teve afinal herdeiro pois lhes nasceram seis filhos, quatro deles varões. Era caseira, tranquila, e simplificou a vida da corte. Seria a primeira rainha a ter o corpo sepultado no novo Panteão dos Reis do mosteiro de El Escorial. Filipe ainda tentaria casar-se com sua irmã Margarida de Ãustria, mas esta preferiu recolher-se com a mãe no convento das Descalças Reais, em Madrid.
7 - Dom Fernando, nascido em 1571 e morto em 1578.
8 - Dom Carlos Lourenço, nascido em 1573 e morto em 1575.
9 - Don Diego ou Dom Diogo Félix, PrÃncipe das Astúrias jurado herdeiro em 1580 e prÃncipe de Portugal, nascido em 1575 e morto em 1582.
10- Filipe III de Espanha nascido em 1578 e morto em 1621, Rei em 1598. Ao morrer, o pai teria dito: “Deus, que me deu tantos reinos, me recusou um filho capaz de governar.”
11- Maria de Habsburgo, nascida em 1580 e morta em 1583.
[editar] Seus amores fora do casamento
Mulherengo sem escândalo nem adultério, seus bastardos nasceram nos anos de viuvez (1545-1554) e durante seu segundo casamento.
Na primeira viuvez, teve amores com a filha de um secretário, Catalina Lénez, de quem teria nascido uma filha. Catarina foi imediatamente casada e o marido despachado para a Itália.
Também na primeira viuvez, a bela Elena de famÃlia de monteros de modesta fidalguia do norte cantábrico. Veio para Madrid viver com o irmão e casou na acaudalada famÃlia Zapata, vivendo no Palácio de las Siete Chimeneas no extremo oriental da vila. Filipe enviou o marido para o exército na Itália e o capitão teria morrido na bat de São Quintino. Ela morreu apunhalada em seu leito por um pretendente despeitado? Ou pelo pai, que emparedou o cadáver na mansão? O edifÃcio sedia hoje o Ministério da Cultura da Espanha.
Antes de casar na Inglaterra, de uma dama de Bruxelas Filipe teria tido outra filha secreta.
Na segunda viuvez se entreteve com doña Eufrasia de Guzmán, dama de companhia de sua irmã ‘jesuita’, a infanta Joana. Vinha de famÃlia de Valladolid de rancia ejecutoria. Quando engravidou, casaram-na com Antonio de Leyva, PrÃncipe de Ascoli, que morreria seis meses depois. Foi padrinho do casamento o infante don João de Ãustria, irmão bastardo do rei, e a recente noiva, a rainha Isabel de Valois. Nasceu Antonio LuÃs, suposto filho do rei, que foi alto chefe militar, tendo vida irregular, permanentes problemas com a Justiça.
[editar] O horóscopo de Filipe II
Grande trabalho editorial foi a publicação recente de quatro valiosos manuscritos, alguns co-editados com o Patrimônio Nacional da Espanha e outros com patrocÃnio do Ministério da Cultura, pelas Ediciones Grial, para comemorar o IV Centenário de Filipe II. Com o intuito de acercar mais o público da figura de quem foi o mais bibliófilo dos monarcas, que não poupou esforços para dotar o Real Mosteiro de El Ecorial de uma biblioteca régia, que superava a biblioteca do Vaticano.
Dizem os espanhóis: «Hoy recuperamos la verdadera imagen de este enigmático Rey, en cuyos dominios ´nunca se ponÃa el Sol´.» Forma parte de la colección "Maxima regia collectio", que, además del "Horóscopo de Felipe II", está compuesta por "Diminuto Devocionario", "Codicilo y última voluntad de Felipe II" e "Historia heráldica y orÃgenes de la nobleza". Ficha técnica: LatÃn -1549 -Pepel. 165 x 210 mm. -Real Monasterio de El Escorial -Patrimonio Nacional».
O horóscopo do rei é importante porque aproxima da figura histórica o indivÃduo particular, sempre difÃcil em personagens públicos e sobretudo em homens destacados que passaram à história vivida em perÃodos crÃticos. No homem público, a vida oficial ensombrece sua condição humana, já que seus atos têm trascendência social, enquanto que se ignoram as pequenas mudanças pessoais (enfermidades, crises psicológicas, etc.) que o possam ter levado a decisões que logo serão julgadas por resultados que ninguém poderia ter previsto. A posição do astrólogo dentro da própia Corte ajuda a revelar alguns dados polÃticos que escapam da crônica dos historiadores, baseados unicamente nos arquivos oficiais. Parece que Filipe II consultou o livro muito mais do que se sabia até hoje. Na sua época, a astrologia já não era bem vista pelos mais ortodoxos, nem nas universidades nem na Igreja. Teria sido inadmissÃvel ao rei ter um livro de prognósticos ou se guiar por ele. Mas mesmo assim o rei deveria estar versado na questão, já que os sÃmbolos utilizados pelo astrólogo não são entendidos por um principiante e hoje mesmo são conceitos difÃceis para grande parte dos astrólogos. Foi entregue ao Rei quando acudiu a Bruxelas, chamado pelo pai, doente, em 1549. MatÃas Haco, médico pessoal de Carlos V, aproveitou a estada para realizá-lo e dedicá-lo a Filipe. A causa, dá-nos o mesmo Haco; estudou a vida do herdeiro mediante seu horóscopo; este lhe chamou a atenção por sua singularidade e importância polÃtica. à assombroso comprovar o acerto das numeroas predições, ao comparar com a biografia do Rei.
A «Historia heráldica y orÃgenes de la nobleza» é amplamente desconhecida no âmbito da literatura cientÃfica. O manuscrito contem uma descrição do mundo, desde seu inÃcio bÃblico até meados do século XVI do ponto de vista cronológico e histórico. A raça humana começa com Noé e seus filhos, que povoam partes da Ãfrica, Asia e Europa. Segundo a dedicatória, os livros são um presente do Cardeal de Augsburgo, Otto Truchses de Waldurg (nascido em 1514, Bispo de Augsburgo desde 1543 e Cardeal em 1544), e na guarda aparece seu emblema. Foi nomeado comissário Imperial Geral da Alemanha por Carlos V em 1544, e este o encarregou muitas vezes de missões polÃticas importantes. Há confirmção da entrega dos códices numa nota manuscrita da Bayerischen Staatsbibliothek (Biblioteca Estatal da Baviera): "Ano 1549 O Bispo de Augsburg homenageou o PrÃncipe de Ãustria com preciosos livros, que encomendou a Tyrols, habitante de Augsburgo, com grandes custos e belos desenhos e textos". O autor da caligrafia foi Hans Tirol, famoso arquiteto, premiado em 1532 com tÃtulo de mestre pintor em Augsburgo. Sua verdadeira força, herança paterna, residia em seus extraordinários conhecimentos de Heráldica, como atestam os numerosos escudos com suas respectivas explicações no Códice. O Códice, quanto ao tratamento das fontes, rompe com todas as fronteiras utilizadas para a elaboração de uma História Universal. A apresentação, com base em miniaturas, rompe todos os moldes conhecidos; para o texto, valorizam-se todas as fontes disponÃveis desde a Antigüidade. O extraordinário mérito de Hans Tirol como editor é o de haver conseguido implantar um sistema ordenado nesta imensa quantidade de material. A imagem e o texto estão Ãntimamente ligados, as miniatruas ilustram claramente a palavra escrita. Para os habitantes protestantes de Augsburgo, a elaboração de um livro para Carlos V e Filipe era a oportunidade de chamar a atenção do Imperador diretamente para o mal-estar moral e polÃtico e comover o soberano, fazendo-o realizar a reforma do Império, segundo seu critério, para o futuro. O Manuscrito constitui uma crônica universal impregnada do espÃrito protestante, testemunho comovedor da instabilidade polÃtica da Alemanha meio século antes de começar a Guerra dos Trinta Anos.
Filipe II, no fim de sua vida, cansado e enfermo, se sustentava apenas em seu imenso afã de trabalhar até o último momento para cumprir seus terrÃveis deveres. Seus inimigos consideravam seus sofrimentos como justos, mas ele os estimava como purificação e prova para ensinar ao homem mais poderoso da Terra que tudo é vaidade e só devia interessar a saúde da alma. O manuscrito nos apresenta a própria pessoa do Rei, perto de prestar contas a Deus e dispor do necessário para a sucessão. Diante do herdeiro que seria Filipe III, disse: "Quis que vós estivésseis presente para que vejais em que vêm parar os reinos e senhoria deste mundo e saibais que coisa é a morte, aproveitando-se disso pois amanhã haveris de começar a reinar.» Dedicado em 1549 por Otto Truchses a Filipe II, que estimou muito o manuscrito, encontra-se hoje na Biblioteca de San Lorenzo de El Escorial como obra de luxo.
cara em espanhol ta mt dificil!
2007-01-23 07:25:42
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answer #3
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answered by Ander 4
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