As figuras de linguagem são estratégias literárias que o escritor pode aplicar no texto para conseguir um efeito determinado na interpretação do leitor. São formas de expressão mais localizadas em comparação às funções da linguagem, que são características globais do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos das palavras afetadas.
Por exemplo:
Tenho lhe chamado um milhão de vezes! (Exemplo de Hipérbole)
Embora haja mais de uma maneira de classificá-las, as figuras de linguagem podem ser divididas em:
Figuras de palavras (figuras semânticas ou tropos) e/ou figuras de pensamento
Alegoria
Antífrase
Antítese
Antonomásia
Apóstrofe
Catacrese
Comparação por símile
Comparação simples
Disfemismo
Eufemismo
Gradação
Hipálage
Hipérbole
Ironia
Metáfora
Metalepse
Metonímia ou Sinédoque
Onomatopéia
Paradoxo
Perífrase
Prosopopéia ou Personificação
Sarcasmo
Sinestesi
Figuras de construção (ou de sintaxe)
Aliteração
Anacoluto
Anadiplose
Anáfora
Analepse (oposto de prolepse)
Assíndeto
Assonância
Clímax
Diácope
Elipse
Epístrofe
Epizêuxis
Inversão ou Hipérbato
Paranomásia
Pleonasmo
Polissíndeto
Prolepse (oposto de analepse)
Silepse
Zeugma
Uma alegoria (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público") é uma representação figurativa que transmite um significado outro que e em adição ao literal. É geralmente tratada como uma figura da retórica, mas uma alegoria não de precisa ser expressa na linguagem: pode dirigir-se aos olhos, e com frequência encontra-se na pintura, escultura ou outra forma de arte mimética. O significado etimológico da palavra é mais amplo do que o que ela carrega no uso comum. Embora semelhante a outras comparações retóricas, uma alegoria sustenta-se por mais tempo e de maneira mais completa sobre seus detalhes do que uma metáfora, e apela a imaginação da mesma forma que uma analogia apela à razão. A fábula ou parábola é uma alegoria curta com uma moral definida.
Northrop Frye discutiu o espectro da alegoria desde o que ele designou de "alegoria ingênua" da The Faery Queen de Edmund Spenser as alegorias mais privadas da literatura de paradoxos moderna. Os personagens numa alegoria "ingênua" não são inteiramente tridimensionais, para cada aspecto de suas personalidades individuais e eventos que se abatem sobre eles personificam alguma qualidade moral ou outra abstração. A alegoria foi selecionada primeiro: os detalhes meramente a preenchem. Já que histórias expressivas são sempre aplicáveis a questões maiores, as alegorias podem ser lidas em muitas dessas histórias, algumas vezes distorcendo o significado explícito expresso pelo autor. A aversão de J.R.R. Tolkien à alegoria é famosa.
A alegoria tem sido uma forma favorita na literatura de praticamente todas as nações. As escrituras dos hebreus apresentam instâncias frequentes dela, uma das mais belas sendo a comparação da história de Israel ao crescimento de uma vinha no Salmo 80. Na tradição rabínica, leituras alegóricas tem sido aplicadas em todos os textos, uma tradição que foi herdada pelos cristãos, para os quais as semelhanças alegóricas são a base da exegese. Veja também hermenêutica.
Na literatura clássica duas das alegorias mais conhecidas são o mito da caverna na República de Platão (Livro VII) e a história do estômago e seus membros no discurso de Menenius Agrippa (Tito Lívio ii. 32); e várias ocorrem nas Metamorfoses de Ovídio.
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Aliteração é uma figura de linguagem que consiste em repetir consoantes, vogais ou sílabas num verso ou numa frase, especialmente as sílabas tônicas. A aliteração é largamente utilizada em poesia mas também pode ser empregada em prosa, especialmente em frases curtas.
Há duas formas de aliteração:
assonância, que utiliza de modo repetido o som de uma vogal;
consonância, que repete o som de uma consoante.
Exemplos
Consonância
O rato roeu a roupa do rei da Rússia
— popular (aliteração em R)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
'Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas
— Cruz e Souza (aliteração em V)
Auriverde pendão de minha terra
que a brisa do Brasil beija e balança
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Anacoluto, ou frase quebrada, é uma figura de linguagem que, segundo a retórica clássica, consiste numa irregularidade gramatical na estrutura de uma frase, como se começássemos uma frase e houvesse uma mudança de rumo no pensamento - por exemplo, através do desrespeito das regras de concordância verbal ou da sintaxe. Muito frequente na oralidade, onde poderá ser apenas considerado com um erro de construção frásica, num texto escrito dá a sensação de espontaneidade. Na frase de Almeida Garrett, "Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não", o termo "eu" é posto em destaque, desligado dos outros elementos sintáticos - no resto da frase, através de uma elipse (o "eu" passa a estar apenas subentendido). Da mesma forma, em "a minha roupa, levo-a sempre àquela lavandaria", frase típica do discurso oral, o termo "a minha roupa" aparece desligada do resto da frase, onde é substituído por um pronome. Muitos autores actuais, contudo, já não classificam estes exemplos como sendo anacolutos porque consideram que não são resultado de qualquer inconsistência sintática, mas apenas um recurso de ênfase. Segundo estes mesmos autores, existe anacoluto quando se forma uma frase incompleta, com parte do enunciado suspenso. Por exemplo: "Não me digas que..." - frase em que se omite o final, atenuando algo que convém não dizer alto e explicitamente, por diversas razões, permitindo uma infinidade de significados para a frase, ainda que o seu sentido seja facilmente apreendido pelo receptor, se estiver devidamente contextualizado.
É um recurso de retórica frequente nos autores que utilizam o fluxo de consciência, como James Joyce. É também muito utilizado por Guimarães Rosa, como forma de retratar a fala coloquial típica dos moradores do sertão.
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Anadiplose é a figura de estilo que consiste na repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase ou começo de outro membro de frase.
Exemplo: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente condena os motivos dados."
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Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é, geralmente, depreciativa ou sarcástica, embora o sarcasmo tenha um tom mais agressivo. Existe frequentemente na linguagem corrente, como quando dizemos "Vens num belo estado!" (para indicar que reprovamos a aparência de alguém).
Exemplos:
As moças entrebeijam-se porque não podem morder-se umas às outras. (Monteiro Lobato)
Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta (Mário de Andrade)
É também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como ferramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em contradição, no seu método Socratico.
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Em termos gerais, perífrase significa qualquer sintagma ou expressão mais desenvolvida (e mais ou menos óbvia ou directa) que substitui outra, o que inclui, por exemplo, uma definição de dicionário ou um verbete de enciclopédia. Contudo, o termo é mais utilizado para identificar uma figura de estilo retórico que também substitui uma expressão curta e directa por outra mais extensa e carregada de maior ou menor simbolismo, estando, neste caso, intimamente relacionada com a antonomásia. Quando Olavo Bilac escrevia "a última flor do Lácio", querendo referir-se à "Língua portuguesa" estava a utilizar este recurso estilístico. Consiste, portanto, em especificar determinadas características, mais ou menos objectivas, do objecto que se quer nomear indirectamente. O seu uso pode justificar-se por diversas razões, como a não repetição da mesma palavra em frases próximas ou na mesma frase; para engrandecer o assunto tratado (neste caso, ligada à hipérbole) ou, pelo contrário, para lhe não darmos demasiado importância ("uma pessoa menos favorecida pela beleza" por "pessoa feia" - e, neste caso, ligada ao eufemismo).
Exemplos:
"O país do futebol acredita em seus filhos." (a expressão "país do futebol" retoma o termo Brasil)
"A dama do teatro brasileiro foi indicada para o Oscar." (a "dama do teatro brasileiro" retoma Fernanda Montenegro)
"O autor de Quincas Borba é conhecido como o Bruxo do Cosme Velho." (o "Bruxo do Cosme Velho" retoma Machado de Assis)
"Portadores do mal-de-lázaro são brutalmente discriminados por quase todo mundo." (o mal-de-lázaro retoma Lepra)
Obs.: Exemplos retirados do livro Gramática em Textos de Leila Lauar Sarmento, Editora Moderna.
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Epístrofe é uma figura de linguagem que consiste na repetição da mesma palavra ou expressões no final de cada oração ou verso.
Exemplo: "No mundo, as idéias são perigosas. Na vida, as vontades são perigosas."
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Comparação é uma figura de linguagem semelhante à metáfora usada para confrontar qualidades ou ações de elementos. A relação entre esses elementos pode formar uma comparação simples ou uma comparação por símile.
Comparação simples
É a aproximação de dois termos entre os quais existe alguma relação de semelhança. A comparação, porém, é feita por meio de um conectivo e busca realçar determinada qualidade do meio termo. Exemplo: “O mar canta como um canário". Oswald de Andrade
Comparação por símile
É usada para comparar dois elementos que não pertencem à mesma categoria (dependendo, claro, do contexto).
[editar] Exemplos
Ver minh'alma adejar pelo infinito
Qual branca vela n'amplidão dos mares
— Castro Alves
É que teu riso penetra n'alma
Como a harmonia de uma orquestra santa
— Castro Alves
A via-láctea se desenrolava
Como um jorro de lárgimas ardente
— Olavo Bilac
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Gradação é uma figura de estilo, relacionada com a enumeração, onde são expostas determinadas ideias de forma crescente (em direcção a um clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplos:
Tudo começou no meu quarto, onde concebi as ideias que me levariam a dominar o bairro, a cidade, o país, o mundo... E a desejar o próprio Universo...
Meu caro, para mim, você é um simples roedor. Que digo? Um verme... Menos que isso! Uma bactéria! Um vírus!...
"O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário." (Olavo Bilac)
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O disfemismo (ou cacofemismo) é uma figura de estilo que consiste em intensificar o carácter negativo de um conceito inserido numa frase (opõe-se a eufemismo). Consiste ainda em usar deliberadamente um termo deselegante para referir-se a alguém ou alguma coisa.
Alguns exemplos: "lixeiro", em vez de "gari"; "boiola" em vez de "homossexual"; "presunto" em vez de "cadáver".
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Relacionado com a antítese, o paradoxo é uma figura de estilo que consiste na exposição contraditória de ideias. As expressões assim formuladas tornam-se proposições falsas, à luz do senso comum, mas que podem encerrar verdades do ponto de vista psicológico/poético.(Simplificando,é uma afirmação ou opinião que à primeira vista parece ser contraditória,mas na realidade expressa uma verdade possível). Em língua portuguesa, o paradoxo mais citado talvez seja o célebre soneto de Luís de Camões:
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer."
A diferença existencial entre antítese e paradoxo, é que antítese toma nota de comparação por contraste ou justaposição de contrários, já o paradoxo reconhece-se como relação interna de contrários:
Antítese: "Eu sou velho, você é moço."
Paradoxo: "Eu sou um velho moço."
Um outro exemplo muito utilizado é o paradoxo: "Morte é vida, vida é morte"
2007-01-30 08:39:40
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answer #8
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answered by Anonymous
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