Olá,
Tive a oportunidade de ler muitas biografias desde pessoas simples até grandes artistas, empresários, estadistas, cientistas, esportistas e pensadores.
É um tipo de obra que, em si, já desperta no leitor muito interesse pela oportunidade única de adentrar no conhecimento de diversos aspectos da vida de pessoas admiráveis e famosas por suas atitudes, exemplo de vida, visão e trabalho.
Contudo, a que mais me impressionou foi a de uma pessoa que conseguiu revolucionar em escala global, a capacidade das pessoas irem e virem...HENRY FORD.
O mundo depois do seu trabalho foi literalmente transformado.
Ler sua biografia demanda um espírito aberto para julgar com imparcialidade todo o seu trabalho, pois teve muitos opositores poderosos em vida que contribuiram para caricaturar e execrar sua imagem perante o grande público, procurando minimizar o valor de sua obra, realmente, impressionante.
Para quem detém um bom poder aquisitivo e desfruta de ampla capacidade de escolha é fácil desdenhar das proposições feitas por Henry Ford.
Contudo, este homem revolucionou o mundo à partir de uma visão e abordagem que universalizou o acesso e a aquisição de bens complexos, como o automóvel, a pessoas que mal tinham condições de subsistir dentro das relações de trabalho praticadas em sua época.
Mais do que produzir automóveis em escala, Henry Ford transformou o que era um restrito mercado de bens de alto valor agregado, num negócio global, viabilizando a inclusão e a melhoria do padrão de vida de milhões de pessoas.
Entendo que reside neste aspecto, o grande e diferencial valor de sua obra, visão e trabalho.
Tive o grande privilégio há 5 anos atrás de encontrar e adquirir um livro raro, que hoje já completa 40 anos, publicado em 1967 pela Livraria Freitas Bastos S/A.
Este livro chama-se Os Princípios da Prosperidade, reúne num único volume 3 obras do próprio Henry Ford traduzidas por ninguém menos que...Monteiro Lobato.
As obras que foram traduzidas são: Minha Vida e Meu Trabalho, Hoje e Amanhã e Minha Filosofia da Indústria.
No prefácio, os próprios editores evidenciaram seu intuito em tornar esta obra, de enorme valor, acessível ao maior número possível de leitores, homenageando Ford na aplicação dos seus princípios, oferecendo alta qualidade de impressão num único volume, com o conteúdo de 3 obras a um preço reduzido.
Pude constatar este fato pela qualidade de encadernação que o livro apresenta, atravessando muito bem os seus 40 anos.
É possível encontrá-lo, certamente, em lojas de livros usados com alguma procura e persistência.
Henry Ford criou um sistema de produção revolucionário para a época que tornaria possível a produção de produtos complexos como automóveis, em grande escala, tornando-os acessíveis aos próprios operários.
No tempo anterior a Henry Ford um operário na indústria era um artesão extremamente especializado e que, mesmo assim, ganhava uma miséria que mal dava para se alimentar e dar abrigo a sua família, produzindo poucos bens que só poderiam ser adquiridos por nobres e ricos, que tinham mais do que a sobrevivência assegurada.
Analisando o trabalho e decompondo-o em operações básicas, observou que os produtos mais complexos e exclusivos como automóveis, símbolos de poder e status da alta elite, poderiam ser produzidos de forma mais simples e progressiva por pessoas comuns, sem depender de habilidades extremamente desenvolvidas dos melhores artesãos da época.
Esta sua visão permitiu a criação de um sistema de produção pautado na divisão do trabalho em operações simples, sequenciais e progressivas que permitiram contratar milhares de operários e treiná-los em muito pouco tempo para desempenhar as suas tarefas.
Poucas pessoas tem conhecimento de que Henry Ford foi o precursor do que hoje pode se chamar...uma Classe Média.
No sistema capitalista da época existiam ricos e pobres, operários que nas indústrias trabalhavam mais de 10 horas pela simples subsistência, tão baixa era a sua remuneração, insuficiente para atender dignamente suas necessidades básicas.
Com o seu sistema de produção em alta escala, Henry Ford revolucionou as relações de trabalho da época criando um salário mínimo de 5 dólares por dia para seus operários, numa época em que o comum era algo na faixa de 2 dólares por dia.
Reconheceu de forma pioneira a importância do salário e do poder aquisitivo, sabendo que uma das funções primordiais da indústria é viabilizar o crescimento e a prosperidade do seu próprio público consumidor, sabendo que quanto maior for o fluxo de riqueza do processo e a quantidade de pessoas envolvidas, maior será o potencial de crescimento do negócio em si.
Estabeleceu também o turno de trabalho diário em 8 horas por reconhecer ser este período o mais equilibrado e produtivo para o trabalhador na indústria, levando-se em conta as necessidades que o processo demandava.
Precisou comprar a maior parte das ações de sua própria companhia de outros sócios ricos que não concordavam com as suas idéias revolucionárias de constante aumento de escala, tornando acessíveis a milhões de pessoas, bens que só os ricos poderiam na época adquirir.
Todos os anos os seus produtos ficavam cada vez mais baratos e mais pessoas podiam adquirí-los por haver disponibilidade de renda na crescente classe operária que estava se formando e progredindo.
Os lucros aumentavam e os preços dos automóveis diminuiam, compensados pela produção em escala e o crescimento do mercado consumidor.
Sua lógica e visão empresarial contrariava todas as regras e práticas do capitalismo de sua época, que procurava cobrar o máximo de poucos, devido à restrita oferta de bens.
Em pouco tempo seu salário mínimo na indústria passou para 6 dólares por dia, viabilizando a formação de um maior mercado consumidor de massa, obrigando grande parte do meio industrial da época também a melhorar gradativamente as condições de trabalho e de remuneração dos trabalhadores.
Henry Ford tornou-se uma pessoa polêmica tendo muitos conflitos com banqueiros e pessoas poderosas que ganhavam capital com especulação financeira, concentrando a riqueza.
Verticalizou drasticamente sua indústria que chegou a ser a maior do mundo, procurando salvaguardá-la da ação de muitos especuladores e atravessadores que tentavam inflacionar as matérias primas, encarecer o transporte e, até mesmo, oferecer produtos básicos de consumo aos operários por preços elevados.
Ford adquiriu ferrovias, navios, e fábricas capazes de produzir a maior parte das matérias primas do seu produto, para assegurar preços baixos, abrindo também grandes armazéns que vendiam aos operários produtos básicos 25% em média mais baratos do que os da praça para não comprometer o seu poder aquisitivo.
Com esta visão, Henry Ford viabilizou a formação de algo novo na sociedade, uma classe média composta de trabalhadores e operários que, assim como a elite da época, poderia tornar-se consumidora de produtos complexos e refinados como um automóvel.
Contudo, a padronização impedia grandes avanços e melhoria nos produtos, necessidades e expectativas das pessoas que já contavam com maior poder aquisitivo e buscavam alternativas.
Henry Ford relutou muito para mudar pois seu sonho era primeiro universalizar o automóvel em escala mundial para só então, dar atenção a sua evolução como produto.
Uma grande transformação como a visão proposta por Henry Ford teve muitos opositores e ameaçou grandes interesses.
Vejo muitas críticas ao fordismo pelo automatismo de produção, padronização do produto e muita injustiça e parcialidade a todo o trabalho e visão do seu criador.
Acho que para ser justo com Henry Ford é necessário analisar o que era a indústria antes dele e depois dele, com a contribuição do seu trabalho, colocando na balança prós e contras.
Henry Ford e seu trabalho permitiram que riquezas fossem compartilhadas por um número absurdamente maior de pessoas, desde as mais simples, algo impossível até então.
Abraço a Todos
2007-01-14 07:41:39
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answer #1
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answered by Peregrino 6
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