É necessário deixar toda esta explicação para entender melhor a sua pergunta:
Tomando-se a arte como referência, “imitando uma aparência”[1] ou “criando uma aparência”, fazendo corpo e espírito flutuarem, ela ainda é plástica demais, o que remete o corpo, com seu olhar, para o belo e do belo temos o estopim do êxtase. Podemos levantar aí a questão do “em si”, do “belo em si”. A metafísica do artista pode caminhar para este lado contemplativo. Por isso, não foram poucos os filósofos que também se enveredaram por este caminho. De um Platão a Kant, por exemplo. Em Kant, é sabido que o “em si” é inatingível pela razão, porém Kant não nega a existência deste “em si”. O ideal ascético kantiano, ao que parece, não obteve tanto sucesso na sua “liqüidação” com a metafísica.
Porém, dentre todos os tipos do ideal ascético, nenhum foi mais longe em perspicácia, em criatividade, em crença, do que o religioso e, especialmente, o religioso cristão. A própria promessa de ressurreição do Cristianismo, que é a promessa de um novo corpo, atinge apenas os “puros de alma”, ou seja, o cerne da questão não mudou.
No ideal ascético, qual a finalidade do corpo? É o de ser instrumento para se atingir o que está além dele mesmo. Por isso, a apropriação da noção inicial da ascese grega passa para o estágio da ascese como exercício do corpo em prol da alma. O dualismo entra em vigor com as mesmas “armas” da imanência deslocadas para a transcendência. E o Cristianismo atingindo a arte, a filosofia e mesmo a ciência, faz a ascese, então, se transformar naquilo que perpassa todo o conhecimento humano: a consciência, porém consciência “pura”. Consciência com o objetivo de castração dos instintos em prol do conhecimento em todos os seus aspectos. Também no conhecimento mítico, o qual não deixa de ser um conhecimento. O caso é que, agora, temos o dualismo do exercício: aquele relegado à educação física e aquele que é a ascese que cuida da alma, da razão. O dualismo platônico toma contornos bem visíveis. A ascese do corpo, se quisermos dizer de outra forma, é diferente da ascese do espírito. No racionalismo ou na espiritualidade, e, ainda, muitas vezes, os dois como sendo um só. Temos sempre o corpo em segundo lugar.
2007-01-06 08:44:33
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answer #1
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answered by *DJ* 6
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Segundo Platão, a alma vive no corpo numa espécie de prisão da qual só se separa depois da morte.
Para Platão, o corpo é um organismo vivificado pela alma “nutritiva.
2007-01-06 08:58:20
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answer #2
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answered by Juarez dos Reis Correa 4
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