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Novo vídeo revela escândalo real de tortura
Os horrores diários de Saddam fazem os abusos americanos ocorridos em Abu Ghraib parecerem quase triviais
A acusação acalorada de que o abuso de prisioneiros em Abu Ghraib cometido pelas forças armadas norte-americanas foi de algum modo equivalente àquele perpetrado por Saddam Hussein – uma opinião difusa no mundo Muçulmano e epitomizada no Ocidente pela observação do Senador Edward Kennedy de que “nós agora tomamos conhecimento de que as câmaras de tortura de Saddam reabriram sob nova administração, a administração dos EUA” – sofreu um jato de água fria como gelo através de um recente e terrível vídeo.
Exibido para repórteres na semana passada pelo American Enterprise Institute de Washington, o clipe de mais de 4 minutos, alegadamente obtido do Pentágono, capta a rotina de espancamento, tortura, desmembramento e decapitação que ocorria diariamente nas mãos dos capangas de Saddam.
Tortura promovida pelos homens de Saddam
Entretanto, somente alguns poucos repórteres apareceram para assistir ao novo vídeo, e menos ainda resolveram noticiá-lo. Uma jornalista presente era Deborah Orin, correspondente em Washington do New York Post, que escreveu a respeito de “cenas selvagens de decapitação, dedos arrancados um a um, línguas cortadas com lâminas – tudo isto enquanto as vítimas gritam em agonia e os bandidos cantam louvores a Saddam.” Observando que “os capangas de Saddam usavam os vídeos como cine-jornal para documentar seus feitos em honra de seu líder,” Orin acrescentou, “mas estas terríveis imagens não foram transmitidas nos noticiários de TV dos EUA”.
De fato, Orin cogitou, por que será que a mídia americana não “pôs no ar os vídeos de Nick Berg e do repórter Danny Pearl do Wall Street Journal sendo decapitados, ou dos empreiteiros americanos em Fallujah sendo cortados membro a membro pelos homens da al-Qaida," e por outro lado deram cobertura até à exaustão, incluindo fotos inúmeras, de prisioneiros Iraquianos sendo maltratados pelas tropas dos EUA em Abu Ghraib.
Quanto a isso, por que a mídia dos EUA não transmitiu as imagens do refém norte-americano Paul M. Johnson Jr. sendo decapitado no início desta semana pelos seus sequestradores terroristas na Arábia Saudita?
Amputação de dedos
"Porque a maioria [dos jornalistas] quer que Bush perca," contou a Orin o erudito Michael Ledeen da AEI, que ajudou na realização do evento da exibição do vídeo. A persistente publicidade arrebatada sobre os abusos em Abu Ghraib tem incluído apenas ocasionais referências oblíquas ao que ocorreu na prisão sob o regime de Saddam Hussein.
"Sob Saddam Hussein," disse o website AEI a respeito de Abu Ghraib, "cerca de trinta mil pessoas foram executadas ali, e inúmeras mais foram torturadas e mutiladas, retornando à sociedade Iraquiana como evidência visível da brutalidade do controle Baatista ao invés de se perderem no anonimato dos túmulos coletivos”.
Amputação completa (vídeo da AEI)
Presentes na exibição estavam quatro vítimas da tortura de Saddam. Eles, junto de três outros comerciantes vivendo e trabalhando em Bagdá, tiveram suas mãos direitas amputadas durante o reino de Saddam. Felizmente, todos os sete foram enviados aos Estados Unidos para recebimento de cuidados médicos e ganharam mãos protéticas de alta tecnologia. Quatro deles falaram no evento da AEI, juntamente com a exibição do vídeo documentando os horrores de Saddam.
A cultura da tortura
Um recente documento do Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, do Departamento de Estado coloca os abusos cometidos pelo exército americano em Abu Ghraib em um melhor contexto. Aqui está o que o relatório oficial de Dezembro de 2002 disse sobre o escopo e a extensão do abuso por parte de Saddam da população Iraquiana.
"Em 1979, imediatamente após subir ao poder, Saddam Hussein silenciou toda a oposição política no Iraque e converteu seu estado de um único partido em um culto de personalidade. Pelos mais de 20 anos desde então, seu regime tem sistematicmante executado, torturado, aprisionado, estuprado, aterrorizado e reprimido a população Iraquiana. O Iraque é uma nação rica em cultura com uma longa história de conquistas científicas e intelectuais. Contudo, Saddam Hussein fez calar os eruditos e doutores, assim como as mulheres e crianças do país."
Os dissidentes Iraquianos são torturados, mortos ou desaparecem de modo a impedir que outros cidadãos Iraquianos falem contra o governo ou exijam mudança. Um sistema de punição coletiva tortura famílias inteiras ou grupos étnicos pelos atos de um dissidente. As mulheres são estupradas e freqüentemente filmadas durante o estupro para servirem de chantagem a suas famílias. Os cidadãos são publicamente decapitados, e exige-se das famílias que exibam as cabeças dos mortos como aviso aos outros que poderiam vir a questionar a política deste regime. "
Saddam Hussein foi também o primeiro líder a usar de armas químicas contra sua própria população, calando mais de 60 vilas e 30.000 cidadãos com gás venenoso. Entre 1983 e 1988 somente, ele assassinou mais de 30.000 Iraquianos com gás mostarda e agentes asfixiantes. Várias organizações internacionais alegam que ele matou mais de 60.000 cidadãos Iraquianos com armas químicas, incluindo um grande número de mulheres e crianças.”
'Desesperança, tristeza e medo'
"A população Iraquiana não é permitida a votar para remover o governo," disse o relatório do Deparamento de Estado. (Na última eleição, houve um candidato. A cédula dizia "Saddam Hussein: Sim ou Não?" Cada cédula foi numerada de modo que qualquer voto negativo pudesse levar ao eleitor desafortunado – o qual desapareceria para sempre. Saddam obteve 100% dos votos.)
"Liberdade de expressão, associação e movimentação não existe no Iraque. A mídia é severamente controlada – o filho de Saddam Hussein possui o jornal diário Iraquiano. Cidadãos Iraquianos não podem se reunir exceto em apoio ao governo. Cidadãos Iraquianos não podem deixar o Iraque livremente."
Safia Al Souhail, um cidadão Iraquiano e diretor de defesa da Aliança Internacional pela Justiça, descreveu a realidade diária durante o reino de Saddam da seguinte forma:
"O Iraque sob o regime de Saddam se tornou uma terra de desesperança, tristeza e medo. Um país onde as pessoas são etnicamente excluídas; prisioneiros são torturados em mais de 300 prisões no Iraque. O estupro é sistemático … má-formação congenital, defeitos de nascença, infertilidade, câncer e várias desordens são os resultados da exposição da população à ação de gases por parte de Saddam… assassinatos e torturas de maridos na frente de suas mulheres e crianças… o Iraque sob Saddam se tornou um inferno e um museu de crimes.”
O relatório do Departamento do Estado prossegue: “Sob as ordens de Saddam, o aparato de segurança no Iraque rotineiramente e sistematicamente torturava seus cidadãos. Espancamentos, estupro, quebra de membros e negação de comida e água são coisas comuns nos centros de detenção Iraquianos. O regime de Saddam Hussein também inventou métodos únicos e horríveis de tortura incluindo conferir choques elétricos em genitais masculinos, arrancar unhas, suspender indivíduos em ventiladores de teto, gotejar ácido na pele de uma vítima, tirar os olhos fora, e queimar as vítimas com um ferro quente ou maçarico."
Por que será que mais Iraquianos não reclamaram? Possivelmente por causa do decreto de Saddam em 2000 autorizando o governo a amputar as línguas dos cidadãos que fizessem críticas a ele ou ao seu governo. O vídeo da AEI mostra uma dessas amputações de línguas, com uso de uma lâmina enquanto a língua é segurada com uma pinça.
Os seguintes métodos, de acordo com o relatório do Departamento de Estado, eram rotina no Iraque durante o comando de Saddam Hussein:
· Experiências médicas
· Espancamentos
· Crucifixão
· Fincar unhas em dedos e mãos
· Amputar órgãos sexuais ou seios com uma faca elétrica
· Lançar jatos de inseticida dentro dos olhos da vítima
· Marcas a ferro quente
· Cometer estupros enquanto o marido da vítima é forçado a assistir
· Derramar água fervendo no reto da vítima
· Pregar a língua em uma tábua de madeira
· Extração de dentes com alicates
· Utilização de abelhas e escorpiões para picar crianças nuas na frente de seus pais
Saddam também torturava e assassinava mulheres rotineiramente. O jornal diário “Babel”, cujo proprietário era Uday, filho mais velho de Hussein, continha uma admissão pública em 13 de Fev. de 2001 de decapitação de mulheres suspeitas de prostituição.
A Liga das Mulheres Iraquianas em Damasco, na Síria, descreveu esta prática assim: "Sob o pretexto de combater a prostituição, unidades do 'Feda'iyee Saddam,' a organização paramilitar liderada por Uday, decapitaram em público mais de 200 mulheres por todo o país, despejando suas inúmeras cabeças nas portas das casas de suas famílias. Muitas das vítimas eram mulheres trabalhadoras inocentes, incluindo algumas suspeitas de serem dissidentes."
'Terrível demais para exibir'
Por que será que, pergunta Orin, o mundo vê “fotos de interrogadores norte-americanos usando cachorros para amedrontar os prisioneiros em Abu Ghraib, mas não vê os filmes dos prisioneiros de Saddam servindo de alimento – vivos – para Dobermans nas guardas de Saddam”?
Além do óbvio papel da política partidária em ano de eleição, Orin aponta para um outro fator: o fato de que as torturas de Saddam, como as da al-Qaida, são tão terríveis que chegam a ser insuportáveis para serem assistidas, quase suficientemente atrozes para não poderem ser descritas em palavras.
Mas o resultado disto, nota Orin, é que a cobertura desproporcionada da mídia está mais “do que criando equivalência moral entre as torturas de Saddam e os abusos de prisioneiros pelas tropas dos EUA. É que nós fazemos muito mais salientar nossos próprios erros precisamente porque eles são menos chocantes. …
"Nós enfatizamos o abuso dos EUA de prisioneiros porque as fotos não são tão ofensivas para serem expostas. Nós rebaixamos os maltratos de Saddam precisamente porque estes são bem piores – e portanto não podemos usar as fotos. E é isto que prepara o palco para alegações como a do Sen.Ted Kennedy de que as câmaras de tortura de Saddam reabriram sob administração norte-americana.”
Friday, Kennedy e outros que equiparam moralmente a liderança dos EUA com Saddam Hussein foram agora corroborados por mais uma superstar – o ícone da música pop, Madonna – que declarou que o Presidente Bush e Saddam "estão ambos se comportando irresponsavelmente".
"Os repórteres," conclui Orin, "precisam enfrentar o fato de que exatamente agora, se nós enfatizarmos os erros que os norte-americanos cometem mas não – por causa de supersensibilidade – os horrores bem piores cometidos por outros, nos tornaremos instrumentos de propaganda para o outro lado." Leitores podem assistir ao vídeo no website da AEI, mas recomenda-se cautela. O vídeo é extremamente gráfico e perturbador, e definitivamente impróprio para crianças.
2006-12-29
23:38:35
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5 respostas
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perguntado por
André F
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