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Por favor escrevam o poema que acham mais bonito. De preferência não muito longo, e citem o autor e a obra.

2006-12-29 00:27:22 · 15 respostas · perguntado por Yama 2 em Artes e Humanidades Livros e Autores

15 respostas

Cântico negro

José Régio


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

2006-12-29 04:19:03 · answer #1 · answered by fonseca.flavia 2 · 0 0

Nos moldes do violador aí de cima: Esta é de Florbela Espanca, e não do Fagner.

Fanatismo



Minha alma de sonhar-te,anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo,meu amor,a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

´´Tudo no mundo é frágil ,tudo passa...``
Quando me dizem isto,toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E,olhos postos em ti,digo de rastros:
´´Ah!Podem voar mundos,morrer astros,
Que tu és como Deus:Principio e Fim!...``

2006-12-29 08:33:02 · answer #2 · answered by Anonymous · 2 0

Soneto de Fidelidade
(Vinícius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
A seu pudor ou a seu contentamento

E quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angustia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor que tive:
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja infinito enquanto dure.

2006-12-29 08:44:01 · answer #3 · answered by *.* Dra. Valessa *.* 5 · 1 0

Não é puxa-saquismo meu não. Mas Carlos Drummond de Andrade, nascido aqui na minha cidade, detonou neste poema que acho o mais maravilhoso em língua portuguesa. Simples e profundo.

FELIZ 2007!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

2006-12-29 12:48:50 · answer #4 · answered by Rodrigo A 1 · 0 0

A Verdadeira Amizade

ao meu lado na verdade,
sempre encontraras,a real amizade
aquela que so quer a felicidade
sem nunca ter maldade...

Autor:Marcial Salaverry...


bjus e um feliz ano novo

2006-12-29 12:39:11 · answer #5 · answered by Anonymous · 0 0

podem achar meloso e piegas mas eu acho muito bonito

Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes.

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

2006-12-29 11:32:06 · answer #6 · answered by ♥ ValLindinha GHOST♥ 6 · 0 0

Eu absolutamente AMO Vinicius de Morais (ANTOLOGIA POÉTICA) e tem dois que eu acho mto lindo, um já foi citado, o outro é esse:

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

2006-12-29 11:10:40 · answer #7 · answered by Brasileirinha 2 · 0 0

Inúmeros poemas são bonitos, mas escolhi "Marcha" de Cecília Meireles. Aliás, esse poema tem um trecho inserido na música "Canteiros", cantada por Raimundo Fagner:

Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.

Cecília Meireles

2006-12-29 10:48:15 · answer #8 · answered by Patife 2 · 0 0

pra mim é Via Láctea, de Olavo Bilac

Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Feliz Ano Novo!!

;D

2006-12-29 10:09:05 · answer #9 · answered by Mah! εïз 3 · 0 0

primeiro: aquela primeira resposta está erradpissima!!!!
o texto em quetão estar longe dee ser poesia e muito menos dee camoes. trata-se de uma passagem bíblica escrita por Paulo, em 1coríntios capítulo 13.
a poesia mais bonita?
não sei naum...
"porque todas as coisas possuem seus mistérios e a poesia é o mistério de todas as coisas."

2006-12-29 09:53:54 · answer #10 · answered by naranubiabarros 1 · 0 0

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