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O que você já leu ou ouviu (verídico) falar sobre Balian o nobre que séculos depois inspirou o filme A Cruzada de Ridley Scott??

2006-12-17 11:25:52 · 4 respostas · perguntado por gilmara c 2 em Sociedade e Cultura Outras - Sociedade e Cultura

4 respostas

Os Historiadores das Cruzadas e as Estórias do Filme

Sem entrar no mérito da serventia do filme à política de "guerra ao terror" de George W. Bush, a paz no Oriente sempre foi algo delicado. Em 1099, quando os cruzados tomaram Jerusalém , havia um desentendimento entre os muçulmanos do Egito e da Síria que permitiu a invasão cristã. Na década de 1180, conforme o historiador René Grousset, "a partir do momento em que o mundo islâmico se unificou politicamente desde as cataratas do Nilo até o Eufrates, estavam contados os dias do Oriente Latino". Portanto, dada sua inferioridade, o Reino Latino de Jerusalém só subsistiria se cultivasse a paz, que por sua vez foi imposta pelo medo, que nada mais é do que uma forma de terror.

Saladino, um paciente enxadrista político, firmou uma trégua com Baldwin IV, o que é diferente de um tratado de paz. Trégua é algo provisório, um tratado de paz pressupõe-se duradouro. As negociações foram conduzidas por Raymond, Conde de Trípoli ( que no filme é o personagem Tiberias), que falava fluentemente o árabe e conhecia os textos islâmicos, segundo conta Ibn al-Athir (1160 - 1223), historiador muçulmano contemporâneo dos fatos.

O filme omitiu que com a morte de Baldwin IV, o leproso (1185), o trono de Jerusalém passou para o seu sobrinho Baldwin V, uma criança de cinco anos, filho da princesa Sybilla, o qual faleceu no ano seguinte.

Enquanto no filme Sybilla odiava o marido e ia fundo com Balian, que rejeitou a coroa por ela oferecida, Ibn al-Athir afirma o contrário: "a mãe do pequeno monarca estava apaixonada por um recém-chegado do Ocidente, um certo Guy. Ela o esposara e, com a morte da criança, colocou a coroa na cabeça do marido, mandou vir o patriarca, os padres, os monges, os hospitalários, os templários, os barões anunciou-lhes que havia transmitido o poder a Guy e fez com que eles lhe jurassem obediência (...) Este Guy é o rei Guy de Lusignan, um homem perfeitamente apagado, desprovido de qualquer competência política e bélica, sempre pronto a se submeter à opinião do seu último interlocutor".

Com a ascensão de Guy de Lusignan, Raymond de Trípoli (Tiberias), perde espaço na corte para Reynald de Châtillon, senhor do Krak de Moab e outros feudos. Sobre Raymond, conta Ibn al-Athir que "era muito ambicioso e desejava ardentemente tornar-se rei. Durante algum tempo garantiu a regência, mas logo foi afastado. Isto lhe gerou tanto rancor que escreveu a Saladino, colocou-se a seu lado e lhe pediu que o ajudasse a se tornar rei de Jerusalém". Na batalha de Hattin, Raymond foi reconhecido pelos comandantes de Saladino, que lhe franquearam a fuga para Trípoli. Assim, como uma mão lava a outra, garantir a paz era um meio para obter a coroa.

Reynald de Châtillon, descontentou Baldwin IV, rivalizou-se com Raymond e despertou a ira de Saladino. Além do ataque a uma caravana, mostrado no filme como razão do rompimento da trégua, no inverno entre 1182 e 1183, Reynald lançou no mar Vermelho uma esquadra que afundou um navio de peregrinos muçulmanos que se dirigia a Jeddah, aproximou-se de Yanboh, porto de Medina, depois de Rabigh, próxima de Meca e seguiu fazendo assaltos em cidades costeiras, até ser destruída por al-Adel, irmão de Saladino. Châtillon executou prisioneiros e ousou ameaçar as duas mais sagradas cidades muçulmanas, Medina e Meca.

Sob a influência de Reynald, o rei Guy marchou para a derrota na batalha de Hattin, que deixou aberta a estrada de Jerusalém para Saladino. Após a batalha, Guy e Reynald foram aprisionados e conduzidos a Saladino; Guy permaneceu prisioneiro e foi solto um ano depois; Reynald, como mostrou o filme, foi executado pelo próprio Saladino. Segundo o escritor Imadeddin al-Asfahami, conselheiro de Saladino, que assistiu ao fato, "em seguida sua cabeça foi cortada e o seu corpo arrastado diante do rei Guy, que começou a tremer". Saladino então declarou: "Este homem foi morto em razão da sua maleficência e de sua perfídia".

Na ausência do rei Guy, Balian foi encarregado da defesa de Jerusalém, conforme ocorre no filme. Porém, essa é a única coisa real colocada sobre Balian: ele não era ferreiro, não estava na França, não perdeu a esposa, não matou um padre, nem precisou viajar para a Terra Santa, pois lá já estava, muito menos teve um caso com a princesa Sybilla. Não se sabe exatamente se a família de Balian era de origem francesa ou do reino normando da Sicília; seu pai, conhecido como Balian o velho, não Godfrey como no filme, teve três filhos, Hugh, Baldwin e Balian. Antes de Saladino invadir a Terra Santa, Baldwin e Balian estabeleceram uma sólida reputação entre a nobreza feudal da Palestina. Consta que a família Ibelin participava da Alta Corte, conselho de nobres que assessorava o rei de Jerusalém. Balian teria sido escolhido por esta razão para comandar as forças da cidade sitiada.

O cerco de Jerusalém durou de 20 a 29 de setembro de 1187. Antes de entregar a cidade, num primeiro diálogo com Saladino, segundo Ibn al-Athir, Balian ameaçou incendiar a cidade, destruir os lugares sagrados, executar cinco mil habitantes muçulmanos, sacrificar as montarias e outras bravatas. Saladino ponderou junto aos seus conselheiros que seria melhor evitar os a destruição dos lugares santos do Islã do que tomar a cidade pela espada, porém o salvo-conduto e o aperto de mão não foram de graça como no filme. Por sugestão dos seus conselheiros, Saladino cobrou um resgate para que deixassem a cidade: dez dinares para os homens, cinco para as mulheres e um para as crianças. Conforme Imadeddin al-Asfahami, o sultão, para desespero dos tesoureiros, exagerou na generosidade e isentou idosos, viúvas, orfãos e vários grupos de pobres que não tinham como pagar o resgate. Balian não retornou à França com Sybilla, como mostrou o filme, mas foi para a cidade de Tiro, no Líbano, uma das poucas ainda sob controle dos cruzados, onde lhe esperava a verdadeira esposa.

Portanto, Balian não era tão pacífico, pois ameaçou destruir a cidade antes de entregá-la. Posteriormente, ele e sua família engajaram-se nas lutas da Terceira Cruzada e por várias gerações guerrearam na Terra Santa. Assim, a história real torna provisório e capenga o pacifismo incondicional, a tolerância e a possível convivência entre povos de diferentes orientações religiosas, culturas e crenças apregoados por Ridley Scott.

Esse texto mostra o que é realmente história e o que é lolota do filme pra ficar mais bonito e vender mais. Nesse texto vai encontrar o verdadeiro Balian. É um pouco extenso mas dá pra enteder muito sobre o filme e os truques de hollywood pra transformar vilões em mocinhos. abraços e feliz natal

2006-12-17 12:10:17 · answer #1 · answered by Anonymous · 1 0

Balian of Ibelin viveu de 1140 a 1193 e foi um nobre importante na cruzada no Reino de Jerusalem no século 12. Era o filho mais novo de Barisan de Ibelin, tendo 2 irmãos High e Baldwin. a origem da família é provavelmente italiana. Balian foi um grande guerreiro, tando participado em muitas batalhas, mas destacou-se durante as cruzadas e na defesa de Jerusalem. Ele casou com uma mulher de nome Maria e teve 4 filhos: Helvis, Reginald de Sidon, Guy de Montfort e John de Ibelin.

2006-12-17 19:59:45 · answer #2 · answered by ddelund 7 · 0 0

NADINHA MESMO!!!

2006-12-17 19:40:06 · answer #3 · answered by Chandra 7 · 0 0

ñ mas conheço uma parecida q sempre a vejo: a Araci Balabanian!

2006-12-17 19:34:43 · answer #4 · answered by Ny 5 · 0 0

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