Na verdade a coisa aconteceu dessa forma...Jung foi divulgar a psicanálise nos EUA, e para tornar a teoria mais "palatável" aos americanos..ele tirou toda a parte da sexualidade infantil que Freud tinha inserido...ou seja...cortou o que não agrava..mas que para Freud era a verdade....
Ou seja...Jung criou uma nova teoria..mas que não poderia ser chamado de psicanálise...
Com relação a nacionalidade..nao tem nada a ver...
Freud sentiu-se traído....
Jung considerou restrita a visão de Freud sobre a vida mental, fundamentada na sexualidade. Considerou que os conceitos freudianos abarcavam apenas uma parte da vida mental. Freud, assim, teria ficado restrito ao estudo das neuroses no âmbito do inconsciente individual. Jung, além do inconsciente individual, constatou a existência do inconsciente coletivo, resultante de repetidas experiências comungadas na aurora do homem. Consequentemente, a análise dos sonhos e a dos símbolos ultrapassam, na visão junguiana, a manifestação singular da vida mental e emocional do sujeito, mas deste sujeito como parte do universal, de todas as experiências humanas. Em outros termos, a análise das neuroses teria como enfoque o inconsciente individual e os chamados pequenos sonhos da vida ordinária ou cotidiana; enquanto que os grandes sonhos, de cunho universal, de expressões de arquétipos do inconsciente coletivo.
Para Freud, a vida mental é de cima para baixo, ou seja, a repressão de vivências e experiências para as profundezas do inconsciente, ao mesmo tempo que ela tenta evitar ou distorcer conteúdos inconscientes, geralmente de cunho sexual e agressivo, chegarem à consciência, por serem talvez dolorosos demais para o ego suportar. Para Jung, conteúdos inconscientes, em especial do coletivo, os arquétipos, emergem na consciência, independente do trabalho da repressão ou da vontade do sujeito.
O foco de pesquisa de Freud eram as neuroses, principalmente a histérica, atendendo em seu consultório, a princípio, mulheres da alta burguesia vienense com esse transtorno. E considerou, na sua época, a dificuldade de analisar pacientes psicóticos, pois, para ele, a psicose seria praticamente incurável. Jung, desde o início de sua prática clínica, trabalhou com indivíduos diagnosticados como esquizofrênicos, pois, seus estudos a respeito, realizados em 1907 e 1908, demonstravam que a sintomatologia psicótica possuía um sentido, por mais absurda que pudesse parecer. Com o tempo, constatou uma convergência daquilo que estudava sobre os mitos, símbolos, religiões com as expressões mentais e emocionais dos psicóticos.
Aristóteles discordava de Platão e de Sócrates, para os quais as mulheres deveriam ser iguais aos homens na república e de que ambos são iguais na coragem, respectivamente, porque para Aristóteles,
"A mulher é um homem inacabado, deixada de pé num degrau inferior da escala do desenvolvimento." (Cf. DURANT, 1996: 97).
Embora fundamentando a psicanálise na bissexualidade como corolário da organização monista da libido, isto é, a necessidade do sujeito escolher um dos dois componentes da sexualidade, e dado o contexto repressivo da época sobre essa questão; Freud, apesar de postular nova forma de compreender a sexualidade, no entanto não evitou a arcaica, porém culturalmente sedimentada, visão aristotélica sobre a mulher, conceituando-a também como ser incompleto ao desenvolver suas idéias sobre a inveja do pênis. Jung, entretanto, elaborou a noção dos arquétipos de animus (imagem do masculino) e anima (imagem do feminino). Assim, animus é a masculinidade existente no psiquismo da mulher e anima a feminilidade inconsciente no homem.
Enfim, Freud dava ênfase à biologia como substrato do funcionamento psíquico; enquanto Jung desenvolveu uma teoria mais fundamentada nos processos psicológicos.
Uma biografia de Jung seria incompleta, mesmo que limitada ou modesta, se algumas das diferenças não fossem apontadas. A dissidência de Jung é um fato histórico importante do movimento psicanalítico porque não implicou apenas em discordância teórica, mas no desenvolvimento de uma nova escola, a Psicologia Analítica:
"Profundamente satisfeito em desenvolver sua própria psicologia, Jung afirmou mais tarde que não sentiu o rompimento com Freud como uma excomunhão ou um exílio. Foi uma libertação para si. (...) Sem dúvida, o que Jung extraiu desses anos foi mais do que uma briga pessoal e uma amizade rompida; ele criou uma doutrina psicológica reconhecivelmente sua." (GAY, 1989: 227).
Jung, em abril de 1906, enviou a Freud os seus Estudos Diagnósticos de Associação (Diagnostisch Assoziationsstudien), iniciando uma longa troca de correspondência, num total de 359 cartas. Tal abriria para a psicanálise, numa discussão que envolvia Jung, Freud e Bleuler na exploração do campo das psicoses, especialmente sobre a dementia praecox, como era conhecida a esquizofrenia, o auto-erotismo e o autismo.
Em 27 de fevereiro de 1907, Jung foi visitar Freud em Viena. Nesse primeiro encontro conversaram por cerca de 13 horas. Freud, reconhecendo a capacidade de Jung, viu nele a possibilidade de fazer com que a psicanálise ampliasse fronteiras para além do círculo judaico. Em um carta de 16 de abril de 1909, Freud definiu Jung como "um filho mais velho" e um "sucessor e príncipe coroado". (Cf. SILVEIRA, 1978: 15).
Em 1909, Freud e Jung foram aos Estados Unidos para as comemorações do vigésimo aniversário da Clark University. Na ocasião Freud pronunciou As Cinco Conferências sobre Psicanálise e Jung apresentou seus estudos sobre as associações verbais.
Entre 1907 e 1909, Jung fundou a Sociedade Sigmund Freud de Zurique. Em 1908 ocorreu a fundação, durante o Congresso Internacional em Salzburg, do primeiro periódico psicanalítico, Jahrbuch für Psychoanalytische und Psychopathologische Forrchungen, do qual Bleuler e Freud eram os diretores e Jung o editor. Em 1910, em Nuremberg, foi fundada a Internationale Psychoanalytische Vereinigung (IPV), mais tarde denominada de International Psychoanalytical Association (IPA). Por influência de Freud, contrariando adeptos vienenses judeus, Jung foi eleito o primeiro presidente da IPV. Em setembro de 1911, Jung foi reeleito presidente da IPV no Congresso Internacional de Weimar.
No entanto, já no primeiro encontro em 1907 entre Freud e Jung, este já tinha um conceito de inconsciente e do psiquismo, especialmente influenciado por Pierre Janet e Théodore Flournoy, bem como já discordava das idéias freudianas sobre a sexualidade infantil, o complexo de Édipo e a libido. Jung aproximou-se de Freud porque acreditava que a obra de Freud pudesse confirmar suas hipóteses sobre as idéias fixas subconscientes, as associações verbais e os complexos, além de ver Freud como ser excepcional com o qual poderia discutir sobre a vida mental.
Em 1912, Jung preparou a publicação de Metamorfoses e Símbolos da Libido, cujas idéias discordavam completamente da teoria freudiana da libido, tornando evidente o conflito entre ele e Freud. Jung tentou mostrar a Freud a importância de diminuir a ênfase na questão da sexualidade da doutrina freudiana, até como forma da psicanálise ser melhor aceita. Freud, em 1913, depois de uma síncope durante o jantar do congresso da IPA em Munique, rompeu oficialmente com Jung.
Em outubro de 1913, Jung renunciou ao cargo de editor do periódico e em 20 de abril de 1914 renunciou da IPA.
Mas a gota d’água para a causa do rompimento teria sido um simples acontecimento. Freud foi visitar Ludwig Binswanger em Kreuzlingen, que havia sido operado de um tumor maligno, e não passou por Küsnacht, cerca de 50 quilômetros de Kreuzlingen, para visitar Jung, o qual se sentiu ofendido com esse gesto de Freud (Cf. ROUDINESCO e PLON, 1998: 422).
Conforme Nise da Silveira,
Eram ambos personalidades demasiado diferentes para caminharem lado a lado durante muito tempo. Estavam destinados a defrontar-se como fenômenos culturais opostos." (SILVEIRA, 1978: 15).
2006-12-13 00:58:14
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answer #1
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answered by Anonymous
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