Oi Luiz,
A princípio eu achei a sua pergunta bastante arrogante, pretendia ser "grossa" na resposta, mas todos responderam com tanta classe, que achei por bem, seguir a linha e, digamos assim, "dar um desconto".
1º) Quanto ao fato da prévia avaliação (olhar de cima a baixo), isso está na cabeça de quem se sente olhado, se realmente frequentar locais como Fóruns, Escritórios e Delegacias saberá que a maioria nem "enxerga" que você está ali, se quer algo tem que se fazer "ser notado";
2º) O Terno e a Gravata são necessários a profissão, é como o médico e a máscara, com o engenheiro civil e o compasso, como o professor e o giz. Você confiaria o seu dinheiro e a sua liberdade a um cara que se diz advogado se ele está vestido de boné virado para trás e calça de skatista enquanto o Juiz que julgará a causa está alinhado de terno e gravata? É questão de credibilidade. Óbvio que eu acredito e afirmo que a sua inteligencia e conhecimento não tem nada a ver com a roupa que veste, mas, queiramos nós ou não, Direito é uma carreira conservadora, se quisermos sobreviver neste mercado de trabalho temos que "dançar conforme a banda toca";
3º) Quanto ao "degrau acima", como você se referiu, não se trata de ser mais inteligente, mas simplesmente ter mais conhecimento acerca de uma área técnica. Além de médico e louco o brasileiro ainda tem mania de juiz, mania de dizer que conhece seus direitos e deveres quando na verdade não conhece. Eu mesma já corrigi inúmeras barbaridades jurídicas que as pessoas falam aqui pelo Y!R, como: roubo (Art. 157 do CP), quando queriam se referir a furto (Art. 155 do CP), ou plebiscito, quando queriam se referir a referendo, ou calúnia (Art. 138 do CP), quando queriam se refeir a injúria (Art. 140 do CP), ou querer punição no âmbito penal, quando só se resolve a questão no âmbito cível, etc etc etc... São erros "formais", sim, soam arrogância aos leigos, claro que sim, parece implicância, mas na verdade são questões extremamente relevantes, no caso do roubo e furto, por exemplo, a diferença é brutal. Portanto, há muito mais preconceito do cidadão que "acha que sabe" quanto ao jurista, do que do jurista para com o cidadão, pois se um médico diz o nome da doença (qual nem conseguimos as vezes pronunciar): "Nossa, o cara é bom mesmo", já se o advogado corrige termos ou cita uma palavra em latim: "O cara é um prepotente, fdp!"... Entende? O preconceito, na maioria das vezes, vem de baixo para cima. Já assistiu o filme "Crash - No limite"?! Não é exatamente o caso mas demonstra o preconceito passivo qual eu me refiro;
4º) Quanto ao valor cobrado, é um valor justo, e eu explicarei porque. Um advogado utiliza o seu conhecimento técnico como "ganha pão", ele não terá que contar as seringas ou mostrar uma casa pronta, ele ainda terá despesas com escritório, secretária, telefone, internet, pesquisas diárias e contínuas, viagens, cursos de atualização (as leis mudam todos os dias, cheque as pautas da Câmara e do Senado na internet) e ainda, se ele fez uma faculdade particular (o que não é o meu caso, Graças a Deus), só para se formar ele gasta, em média R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Pois bem, o advogado não é um professor de matemática que entra ano sai ano fará as mesmas equações, ou um médico (que por dentro a maioria somos todos iguais), ou um farmaceutico que fará sempre as mesmas fórmulas (com poucas variações), ou um engenheiro que sabe exatamente a proporção para a base de uma casa, o advogado sempre terá um caso específico, cada pessoa é uma pessoa, cada juiz um juiz, cada caso um caso, cada dívida uma dívida, sempre terá que estudar, arrumar, modificar e muitas vezes criar um processo, é assim que se faz jurisprudência. Então, é uma prestação de serviços que utiliza conhecimento técnico, específico e atual, qual tem que ser bem remunerada. Ainda, um problema atual é que há uma faculdade de Direito a cada esquina, então muitos que se dizem profissionais estão cobrando "preço de banana" e realizando serviços condizentes com a falta de conhecimento e o preço pago, por isso que a profissão está cada vez mais mal vista;
5º) Quanto ao aumento de salário, importante salientar que a iniciativa de aumento partiu dos Ministros do STF, quais são nomeados pelo Presidente da República sem nem mesmo ter que comprovar exercício de atividade jurídica, ou seja, só precisam de QI (Quem Indica), o Presidente nomeia quem lhe interessa, pois serão os ministros que em eventual processo, irão julgá-lo. Diante do exposto, não há como se julgar a parte pelo todo, não dá para comparar os juízes de instâncias superiores, nomeados, com juízes de instâncias inferiores (quais tem que respeitar requisitos expressos para julganento, inclusive a jurisprudência das instâncias superiores) e que "ralaram" para passar em concursos concorridíssimos, e para ter 30 mil processos sob sua tutela (veja-se que isso é humanamente impossível);
6º) Há o problema da própria mentalidade do cidadão quando se trata de justiça, tanto autor como do réu, muitos dos processos são identicos, todavia o réu continua "enrolando" para não pagar, muitos dos processos são originados de "picuinhas", quais se resolveria com simples acordos, muitos processos se originam de fraudes, sendo que o empregador só deveria pagar direito e o empregado prestar o seu serviço, muitos processos são de mães que não querem receber pensão só para "mandar o cara para a cadeia"... Enfim, a justiça é morosa porque o brasileiro se aproveita da morosidade;
7º) Os juristas não criam a lei, só aplicam, sob pena de desvio ser considerado abuso de autoridade ou poder, quem cria são os governantes, se a lei tem brechas foi porque gente não qualificada criou, se são disponibilizados recursos, é porque a lei permite;
8º) Como já disseram, ainda, há pessoas e "pessoas", em todas as carreiras exitem "laranjas podres", pessoas antipáticas, chatas, arrogantes, etc etc etc... Como também exitem pessoas humildes, solícitas e dispostas. Não é justo generalizar...
Pois bem, é por aí, exatamente por os juizes, advogados, promotores, procuradores, etc etc etc... serem "seres humanos" e não "coisas" que sua pergunta foi injusta.
B-jos para todos.
2006-12-11 23:58:30
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answer #1
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answered by Si 7
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Sabe aquela:
"Para o sapo, o mundo é sua lagoa".
Eles se sentem os donos da água. Portadores do conhecimento e da verdade legal. Única coisa importante que existe no mundo.
Qualquer mortal comum vivendo entre um emaranhado de leis que só oferece facilidade para políticos corruptos, está constantemente cometendo pequenos atos ilícitos. Atravessando uma rua fora da faixa, jogando lixo nela, comprando CD pirata, etc., etc., etc.... Logo, todos são criminosos e eles os guardiões da lei, cidadãos acima de qualquer suspeita porque mesmo que não fossem, seria dificílimo pegá-los entre as teias das leis, onde como macacos, conseguem fugir sabendo encontrar o próximo cipó entre os galhos das árvores para se agarrar e dar o próximo salto.
A natureza humana tem como predominante a "síndrome do juiz".
Observe que mesmo em conversas banais, seja numa fila de banco, bar ou bate papo, estamos constantemente julgando tudo.
Agora imagine: Fazer curso superior, mestrado, doutorado, PHD e outros tantos meios para se especializar, os cara se sentem literalmente PHDeuses sobres os milhões de mortais comuns.
Some-se isso à arrogância do estado de ira e animalidade, dá no que vemos diariamente.
Guardem-se as raríssimas exceções.
2006-12-11 21:59:59
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answer #2
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answered by RdeR 2
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