A música "One" foi baseada em parte no filme "Johnny Got His Gun" de 1971, escrito e dirigido por Dalton Trumbo. Uma das versões do clipe da música possui trechos desse filme.
Johnny é um jovem soldado americano que vai a Primeira Grande Guerra e é atingido por uma granada. Ele fica totalmente mutilado perde os braços, as pernas e todo o rosto no lugar do rosto, um imenso buraco. Fica incapacitado de ver, ouvir, falar ou sentir odores. Os comandantes militares se perguntam se ele tem consciência do que se passa, ou do que se passou, mas acreditam que não. Porém, Johnny tem consciência de tudo.
Com o passar do tempo, Johnny consegue reconhecer as estações do tempo através das sensações do seu corpo: o calor no verão, o frio do inverno, quando o tempo está úmido, ou quando está seco. Calcula o tempo que está naquele ambiente um cálculo impreciso, já que os seus pensamentos e as lembranças de sua infância, da juventude, de seus familiares, de sua noiva, enfim, da vida que tinha antes de ir à guerra, começam a ser intercalados com delírios: às vezes Johnny esquece que está imobilizado numa cama para viver em devaneios.
Johnny também distingue as diferentes pessoas que estão à sua volta. Algumas enfermeiras cuidam dele com delicadeza. Outras com desleixo. Johnny percebe quando as enfermeiras se horrorizam ou se condoem, quando se afeiçoam ou quando simplesmente o ignoram.
Uma enfermeira, em especial, trata Johnny com mais carinho, tocada por sua situação. Ela arreda a sua cama até a janela e abre o seu pijama para que o sol bata no seu corpo. Ele saboreia ao máximo este pequeno prazer, agradecendo em pensamentos os cuidados que recebe. Certa vez, quando ela o banha, percebe que Johnny ficou excitado. Condoída pelas impossibilidades dele, começa a masturbá-lo. E continua o masturbando durante os dias seguintes. Um dia, surpreendida, é prontamente substituída por outra que se limita a limpá-lo e a ficar sentada ao seu lado lendo. Nunca mais sentiu o sol.
Johnny passa os seus dias ora lembrando de sua vida perdida e percebendo o que acontece à sua volta, ora delirando que não está ali, ou que aquilo não passa de um pesadelo do qual irá logo se acordar.
Certo dia Johnny lembra que aprendeu Código Morse na academia militar e que pode usá-lo para se comunicar. Começa a balançar o corpo freneticamente emitindo mensagens. As enfermeiras, assustadas, entendem que aquilo são apenas espasmos. Colocam a mão na sua testa, tiram a temperatura e a pressão e, por fim, lhe dão sedativos. Ele, em pensamentos, grita: não! Por favor! Não me façam dormir!, se debatendo ainda mais. Porém, Johnny é vencido e cai em sono profundo.
Quando recobra a consciência, tenta novo contato. As enfermeiras pensam ser espasmos e lhe dão uma nova dose de sedativos. A cena se repete por diversas vezes até que, sem saberem mais o que fazer, chamam a junta de médicos militares.
Os médicos, por sua vez, chamam o comandante e os oficiais.
Estão reunidos em volta de Johnny intrigados com os seus espasmos até que um soldado percebe que eles seguem um padrão. Então ele diz: senhor, isto é Código Morse! Ele está tentando se comunicar.
O comandante, assustado, pede ao soldado que traduza a mensagem.
S. O. S., diz o soldado, ele está pedindo socorro!.
Converse com ele, soldado!, ordena o comandante.
Batendo com toques suaves e rápidos na testa de Johnny, o soldado pergunta o nome, posto, entre outras coisas. Graças a Deus, pensa Johnny que responde a todas as perguntas. O espanto é geral e assustador: ele sempre teve consciência, ao invés de ser apenas um amontoado de carne, como pensavam.
Depois de um breve interrogatório, Johnny começa a se debater continuamente enviando uma única mensagem: eu quero morrer.
Ele diz que quer morrer, comandante, diz assustado o soldado.
O comandante ordena que o soldado fale qualquer outra coisa para Johnny, mas Johnny não quer mais conversar. Fica somente repetindo o que lhe resta pedir, considerando a sua situação: eu quero morrer, eu quero morrer, eu quero morrer!.
Os oficiais e os médicos se entreolham. O que fazer com Johnny? Seguem até o corredor para discutirem o delicado assunto. Decidem então que ele deverá ser mantido vivo, os oficiais querem estudar mais os efeitos da guerra.
Johnny, alheio a decisão, continua se debatendo, pedindo em Código Morse através de espasmos com o seu tronco sem braços nem pernas, que lhe acabem com o sofrimento. A enfermeira que o acompanha durante anos, resolve satisfazer o seu desejo. Ela se aproxima e acaricia a testa de Johnny com uma das mãos. Com a outra tranca o pequeno cano que leva ar diretamente ao seu pulmão. Percebendo que começa a sufocar, Johnny se acalma e agradece por lhe permitirem a liberdade. Oh, Deus, ele pensa, como é bom o fim do sofrimento, obrigado, obrigado!, repete em pensamento.
O médico de plantão entra no quarto e surpreende a enfermeira. Corre e a empurra a tempo de salvar Johnny. Não, pensa Johnny ao perceber o ar que lhe retorna a vida, Não, por favor, eu quero morrer!, e começa a se agitar em desespero na cama.
Diante do medo das repercussões negativas que o caso possa causar, os oficiais acham melhor que Johnny fique mantido em segredo. Determinam que ele seja colocado em um quarto onde ninguém tenha acesso. As enfermeiras que mantinham contatos com Johnny serão transferidas e as novas receberão ordens para manter o mínimo de contato possível. As janelas nunca deverão ser abertas. Os arquivos eliminados. E os sedativos ministrados toda vez que Johnny ter espasmos. Fim do filme.
One (tradução)
Metallica
Composição: Metallica
Não consigo lembrar de nada
Não posso dizer se isto é sonho ou realidade
Dentro me sinto gritar
Este silêncio terrível me prende
Agora que a guerra acabou comigo
Eu acordo e não posso ver
Que não resta muito de mim
Nada é real a não ser a dor agora
Prendo minha respiração para morrer
Por favor, deus, me acorde
De volta ao útero é real demais
Dentro pulsa a vida que tenho de sentir
Mas não posso olhar adiante para revelar
Olhe para o tempo que irei viver
Alimentado pelo tubo enfiado em mim
Como uma novela de tempo de guerra
Preso a máquinas que me fazem existir
Corte esta vida de mim
Agora o mundo não existe mais, sou apenas um
Deus ajude-me
Prendo minha respiração para morrer
Por favor deus me ajude
Trevas me aprisionando
Tudo o que vejo
Horror absoluto
Eu não posso viver
Eu não posso morrer
Preso em mim mesmo
Meu corpo é minha cela
O campo minado levou minha visão
Levou minha fala
Levou minha audição
Levou meus braços
Levou minhas pernas
Levou minha alma
Me deixou esta vida no inferno
2006-12-10 04:04:24
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answer #1
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answered by Anonymous
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