O então corregedor da Justiça em Portugal, Pero Borges - que na época correspondia ao ministro da Justiça -, foi um dos grandes corruptores da época. Ele se envolveu num caso de corrupção, durante a construção de um aqueduto, onde ele era o supervisor. Eu consultei os autos deste processo. As provas são cartas de inimigos e vereadores da época para o rei, pedindo que fosse investigada a obra deste aqueduto, que nunca ficava pronto. Houve uma CPI deste caso. E as evidências são as cartas que as pessoas escreviam. Esse homem foi enviado para o Brasil como primeiro ouvidor-geral. Então, se lá ele já fazia o que fazia, imagine aqui. E o rei ainda deu uma pensão anual de 40 mil réis à esposa de Borges, enquanto ele estivesse no Brasil.
"A corrupção chegou ao Brasil com as caravelas", garante Donato, citando o caso do capitão-da-costa Pero Capico, designado logo após o descobrimento pelo rei dom Manuel para evitar o desvio de seus direitos sobre o comércio do açúcar, do pau-brasil e de escravos. O funcionário veio pobre em 1516 e voltou rico para Portugal dez anos depois, justificando aquilo que sobre as autoridades coloniais diria o padre Antônio Vieira (1608-1697): "Eles chegam pobres nas Índias ricas e voltam ricos das Índias pobres".
Ainda no século 17, Fradique de Toledo Osório, ao prestar contas ao conde-duque de Olivares do dinheiro recebido para a guerra contra os holandeses na restauração da Bahia, explicou do seguinte modo o sumiço de 1 milhão de cruzados: "Foram gastos em missas às almas, esmolas e outras obras pias para que Deus nos desse a vitória, que muito mais valia".
A maior e mais completa história de impunidade dos tempos coloniais é a de Manuel Nunes Viana, contada por Afonso d’Escragnolle Taunay, no livro História das Bandeiras Paulistas. Português de nascimento, Viana chega pobre à Bahia no início do século 18 e organiza a invasão das Minas do Ouro pelos emboabas, provocando a guerra do mesmo nome contra os bandeirantes paulistas.
Num espaço de 20 anos, torna-se milionário, especulando com gêneros para o abastecimento dos garimpos. Comete os seguintes crimes capitulados nas Ordenações Filipinas: sonegação de impostos e organização da evasão em massa do quinto real; chacina praticada no episódio conhecido como Capão da Traição; auxílio a enfermos para se fazer herdeiro destes; assassinato em vários graus, até da própria filha, e ocultação de cadáveres em lago dentro de sua propriedade.
Quando dom João VI refugiou-se no Brasil e o elevou à condição de reino unido a Portugal, a impunidade, em vez de diminuir, aumentou, em que pese não haver mais um oceano entre o furto e o julgamento final dos acusados. Caso célebre desse tempo foi o do tesoureiro-mor do rei, Francisco Bento Maria Targini, barão e depois visconde de São Lourenço. Consta que comprou mantas de um fornecedor inglês para o exército, cortou-as ao meio e as revendeu ao governo pelo dobro, num superfaturamento de fazer inveja a muitas obras públicas atuais. Seus feitos foram cantados em prosa e verso, como nesta quadrinha: "Quem furta pouco é ladrão/ Quem furta muito é barão/ Quem mais furta e esconde/ passa de barão a visconde".
2006-12-12 07:49:47
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answer #1
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answered by Vanyle 6
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dom joao,carlota,dom pedro
2006-12-10 08:06:11
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answer #2
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answered by Anonymous
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O jeitinho brasileiro já começou com a carta de Pero Vaz de Caminha, agora corrupto, eu teria quem me dissesse mais está tarde se conseguir amanhã eu coloco.
2006-12-09 21:08:41
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answer #3
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answered by Veterana. 7
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