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Prédios Públicos

2006-12-08 01:01:46 · 8 respostas · perguntado por WERNER 1 em Viagens França Paris

8 respostas

Olha, aqui tà quasi tudo cinzinho com a polução!

2006-12-10 09:32:48 · answer #1 · answered by ekka 2 · 0 0

Já fui lá!!! Os prédos são cinzas, alguns meio marrons mostarda!!! Mas pra saber vai no google imagens e digita prédios paris

2006-12-11 08:10:56 · answer #2 · answered by Cecília P 3 · 0 0

Sao de todas as cores que uma cidade pode ter
busca da uma olhada

Playboy entrevista Sebastião Salgado



Sebasti�o Salgado j� n�o era uma crian�a quando fez aquilo com que tanta gente sonha e que bem poucos t�m coragem de fazer: jogou para o alto uma situa��o est�vel e foi viver as incertezas de uma paix�o. � beira dos 30 anos de idade, demitiu-se de um belo emprego na Organiza��o Internacional do Caf�, em Londres, arquivou o diploma de economista e foi tentar a sorte numa atividade em que mal se iniciara, a fotografia -- tinha 26 quando pela primeira vez empunhou uma c�mera. Em pouco tempo, evaporada a sua poupan�a londrina, Sebasti�o estava espremido, com a mulher, L�lia, nos �nfimos 13 metros quadrados de uma chambre de bonne, um daqueles quartinhos de empregada encarapitados no alto dos velhos pr�dios de Paris, rom�nticos apenas na imagina��o de quem n�o precisa bufar, dia ap�s dia, em meia d�zia de andares sem elevador. Nem por 1 segundo, por�m, nos vinte e poucos anos que desde ent�o se passaram, Salgado lamentou a decis�o. Aos 53, esse mineiro de Concei��o do Capim, distrito de Aimor�s, que a mulher e os amigos chamam de "Ti�o", � hoje n�o apenas um dos fot�grafos mais famosos do mundo -- e um dos poucos brasileiros cujo brilho � de fato reconhecido l� fora -- como tamb�m um dos mais bem pagos. N�o faltam colecionadores dispostos a desembolsar 3000 d�lares por uma foto de Sebasti�o Salgado nem suculentos convites para participar de campanhas publicit�rias. Palestra sua vale de 10000 a 15000 d�lares e, embora ele n�o goste de falar em cifras, h� informa��es de que recebe entre 90000 e 120000 d�lares anuais de cada uma das onze publica��es com as quais tem contrato, entre elas os jornais The New York Times e Folha de S.Paulo e as revistas Paris Match, Stern, da Alemanha, e a americana Rolling Stone. Ele admite que cobra caro, mas acrescenta que h� um equil�brio, uma vez que costumeiramente cede fotos para as organiza��es humanit�rias com as quais trabalha. Sempre em preto e branco, as imagens que Salgado captura em suas c�meras Leica, muitas vezes numa inconfund�vel contraluz, viajam pelo planeta em exposi��es celebradas por onde passem. Podem ser vistas, tamb�m, em �lbuns de perfeccionista, alguns dos quais, como Trabalhadores e Terra, j� publicados no Brasil. Mais do que fotos feitas no varejo, Salgado gosta de mostrar projetos de largo f�lego, pacientemente executados no fio de muitos anos em torno de determinado tema, em idas e vindas que j� o levaram a mais de 100 pa�ses, nos quais presenciou horrores e maravilhas, contraiu doen�as e correu riscos de vida. Terra, por exemplo, re�ne fotos relacionadas com a quest�o fundi�ria no Brasil. Trabalhadores registra, nos quatro cantos do mundo, a �spera realidade de of�cios bra�ais que a modernidade fez parecerem cruelmente anacr�nicos, como o dos garimpeiros de Serra Pelada e o dos desmanteladores de navios desativados em Bangladesh. Neste momento, Salgado ocupa-se do que chamou de "deslocamento de popula��es", tema de um projeto que, iniciado em 1993, dever� ser conclu�do em 1999. Curiosamente, parte da fama desse navegador de longo curso se deve a uma seq��ncia disparada durante uns poucos segundos (e, tamb�m excepcionalmente, em cores), no dia 30 de mar�o de 1981, quando Sebasti�o, contratado pela revista semanal do New York Times para fazer uma reportagem sobre os primeiros 100 dias do governo de Ronald Reagan, fotografou cada lance do atentado � bala em que por pouco n�o morria o presidente americano. Sem desdenhar desses flagrantes, at� porque lhe permitiram comprar um apartamento em Paris, Salgado sem d�vida prefere aqueles trabalhos que, costuma insistir, possam desencadear debates sobre aspectos freq�entemente sombrios da aventura do "bicho homem" -- personagem obsessivo de suas fotos. � nessa dire��o que se encaminha o seu olhar - mesmo quando ele pousa no cintilante mundo da moda, como aconteceu no ano passado, ao ser convidado por Paris Match para cobrir desfiles de cole��es de pr�t-�-porter. Focada nos bastidores, sua reportagem revelou �ngulos bem pouco atraentes de um universo onde o glamour supostamente impera de ponta a ponta. N�o � de estranhar, assim, que a fotografia de Salgado suscite, al�m de admira��o, uns tantos narizes torcidos, o mais insistente dos quais sintetizado pela cr�tica de arte americana Ingrid Sischy, que viu nela uma "estetiza��o da mis�ria". Como se o miser�vel s� merecesse fotos miseravelmente feitas, rebate com outras palavras esse homem de esquerda (embora hoje descrente do socialismo) que nos anos 70 chegou a ter passaporte negado pela ditadura militar. Afirmando o seu respeito pelo "bicho homem", ele garante que n�o "rouba" imagem, querendo com isso dizer que jamais fotografa sem que esteja autorizado pelo personagem. "A pessoa � que me d� a foto", repete.

Para entrevistar Sebasti�o Salgado em Paris, PLAYBOY destacou o editor s�nior Humberto Werneck, que conta: "Confesso que cheguei com um p�-atr�s, pronto para ouvir longos discursos pol�ticos para os quais me haviam prevenido. E n�o precisei esperar pelo fim de nosso terceiro encontro, pelo �ltimo minuto de nossas 6 horas de conversa gravada, para que a preven��o se esfumasse. N�o que Sebasti�o Salgado n�o discurse - ele volta e meia desenrola e rebobina considera��es te�ricas. Pode-se, claro, discordar do que diz, mas n�o h� como n�o se render � paix�o, � �nfase com que defende suas id�ias, n�o raro carregando nos diminutivos e na divis�o sil�bica de adjetivos como 'fa-bu-lo-so'. Seus olhos claros de neto de su��o e bisneto de ucraniano n�o procuram esconder as emo��es mais fortes. Quando, por exemplo, fala do segundo filho, Rodrigo, o 'Digo', de 18 anos, portador de s�ndrome de Down, e do mais velho, Juliano, o 'Juca', de 23, marido da francesa Chlo�, pai de Fl�vio e documentarista estreante de quem a televis�o parisiense mostrou recentemente um filme sobre minas explosivas em Angola. "N�o h� como n�o resistir, igualmente, � sua simpatia, a seu humor, a seu talento de contador de hist�rias. E tem o que contar, Sebasti�o Salgado, com sua voz redonda, bonita, com seu portugu�s em que quase trinta anos de vida no exterior j� deixaram marcas -- certas preposi��es antes de verbos, ou um "absolutamente" que, traduzido do franc�s, � confirma��o, e n�o negativa como em portugu�s. Filho de seu Sebasti�o e dona D�cia, vivos e saud�veis nas duas fazendas dos Salgado em Aimor�s, ele � o �nico var�o entre sete mo�as e deixou a terra �s v�speras de completar 16 anos para estudar em Vit�ria (ES). L� trabalhou como motorista numa ag�ncia de autom�veis, depois numa livraria e em seguida foi secret�rio da Alian�a Francesa, onde conheceu a aluna L�lia Deluiz Wanick -- com quem se casou um dia depois de se formar em Economia, em 1967. Morou ano e pouco em S�o Paulo, fazendo p�s-gradua��o, e na Europa, aonde foi preparar um doutorado jamais conclu�do, vive desde agosto de 1969. Tem vindo com freq��ncia ao Brasil, comprou casa em Vit�ria e sonha com o dia em que seria poss�vel dividir-se, mezzo a mezzo, entre os dois pa�ses. "Em Paris, Sebasti�o trabalhou durante anos para ag�ncias fotogr�ficas -- Sygma, Gamma e Magnum - antes de criar, com L�lia, em 1994, a sua Amazonas Images. A pequena empresa, que emprega seis pessoas, fica no 10� distrito de Paris, numa regi�o bem pouco tur�stica da cidade, n�o longe do amplo e antigo apartamento da fam�lia -- para chegar l�, nem seria preciso usar o Twingo ou a van Toyota Previa da fam�lia Salgado. A Amazonas Images est� instalada no que foi outrora um dep�sito de materiais de constru��o, �s margens do Canal Saint-Martin, que por meio de eclusas, bem sob a janela de Sebasti�o Salgado, d� passagem a barca�as viajando entre dois pontos do Rio Sena. O velho galp�o, de 280 metros quadrados, foi reformado sob a inspira��o de L�lia, que � arquiteta -- bem mais do que isso, na verdade: � a voz a um tempo suave e grave dessa morena capixaba que toca o neg�cio, acertando contratos, decidindo datas e formatos de exposi��es, desenhando os livros de Sebasti�o e, em qualquer hip�tese, cuidando da perfei��o de cada detalhe. Um dos dois, em algum momento da conversa, vai informar que o ch�o, ali, � brasileiro -- literalmente: s�o t�buas de peroba trazidas do Bulc�o e da Const�ncia, as fazendas dos pais do fot�grafo em Aimor�s."

PLAYBOY -- O que voc� acha de D�bora Rodrigues, integrante do Movimento dos Sem-Terra, ter posado nua para PLAYBOY?

SEBASTI�O SALGADO -- Ela � dona do corpo dela, tem o direito de fazer o que quiser. Quando ela era chofer de caminh�o, ningu�m criticava. O MST n�o � um movimento religioso, n�o � um movimento pol�tico, apesar de muita gente meter a m�o.

PLAYBOY -- Voc� faria foto de nu?

SALGADO -- Por que n�o?

PLAYBOY -- Voc� � conhecido como um fot�grafo de gente e mora numa cidade das mais fotog�nicas do mundo. Costuma fotografar Paris?

SALGADO -- Muito. Saio sempre com minha m�quina e seis rolos de filme, no m�nimo. Sem contar que trabalho em Paris. No ano passado fiz desfile de moda -- n�o propriamente o desfile, mas o mundo, o backstage da moda.

PLAYBOY -- E que tal esse mundo?

SALGADO -- � um mundo terr�vel.

PLAYBOY -- Mas n�o s�o trabalhadores?

SALGADO -- Trabalhador, n�o �.

PLAYBOY -- Por que n�o?

SALGADO -- Voc� n�o pode dizer que uma mo�a que faz um desfile e recebe milhares de d�lares... � claro que elas trabalham. Mas o n�vel de remunera��o � muito alto.

PLAYBOY -- E se a gente pegar a coisa n�o pela remunera��o, mas pelo desgaste, pela luta, pela peleja, essas mo�as t�m uma vida dura... SALGADO -- Um jogador de futebol � um trabalhador?

PLAYBOY -- � um trabalhador.

SALGADO -- Ah, ent�o o conceito de trabalho j� � bem amplo... Um trabalhador que recebe em um ano a remunera��o que um trabalhador normal deveria receber durante toda a sua vida... � como dizer que um chefe de empresa tamb�m � um trabalhador.

PLAYBOY -- Voc� � um trabalhador?

SALGADO -- N�o, n�o me considero um trabalhador de jeito nenhum. Me considero um criador independente, com um n�vel de remunera��o imenso.

PLAYBOY -- E o Am�rico Mariano, que est� aqui fazendo as fotos desta entrevista?

SALGADO -- � a mesma coisa, ele faz o hor�rio que quer. Acho que a� o conceito tem que ser... N�o posso definir exatamente, mas se voc� me der uns dois dias para pensar eu posso definir.

PLAYBOY -- Os operadores da Bolsa, por exemplo, aquela rapaziada que fica ali gritando, celular na m�o...

SALGADO -- N�o sei. Deixa eu ver: eles s�o empregados de um banco?

PLAYBOY -- De corretoras.

SALGADO -- Recebem sal�rio? Se ganham porcentagem, n�o s�o trabalhadores. O trabalhador tem que ser remunerado, tem que ter um sal�rio, n�o � isso? Este � um dos conceitos do trabalho. [Interrompe: "Am�rico, est� bem aqui ou quer que eu mude para outra cadeira?" O fot�grafo responde: "Est� bem, est� �timo".] Ent�o, para mim, aquelas meninas que desfilam n�o s�o trabalhadoras. As pessoas que as preparam para desfilar, os cabeleireiros, maquiadores, esses, sim, s�o trabalhadores. � diferente. Trabalhei em v�rios ateli�s de costura e ali s�o trabalhadores, n�o tenho a m�nima d�vida. Mas dizer que o [estilista Ocimar] Versolatto � um trabalhador? N�o. Ele trabalha muito, mas � um chefe de empresa, � um criador e um chefe de empresa.

PLAYBOY -- Foi isso que o irritou tanto naqueles desfiles?

SALGADO -- Me irritou a maneira como as modelos tratam os fot�grafos. Elas vivem da promo��o do fot�grafo, dependem dele, e a maneira como os fot�grafos s�o discriminados, encantoados, espezinhados... Outra coisa: n�o achei o corpo das mo�as bonito. Eram chassis nos quais se adapta, com rapidez, determinado tipo de roupa, e elas entram, voltam, saem. Todo aquele mito do manequim, do manequim maravilhoso, para mim, acabou.

PLAYBOY -- � a conforma��o f�sica?

SALGADO -- Isso.

PLAYBOY -- Mas n�o s�o magrelas como, digamos, aquelas mulheres africanas que voc� j� fotografou?

SALGADO -- Magrelas como aquelas mulheres africanas? N�o. De jeito nenhum. As magrelas africanas que eu vi s�o pessoas que estavam passando fome mas que normalmente n�o s�o magras. J� no universo dos modelos o que h� � um tratamento de guerra para ser daquele jeito. E mais: de modo geral, n�o eram pessoas agrad�veis. Eram pessoas agressivas que se acostumaram a ser o centro das aten��es.

PLAYBOY -- Voc� faria de novo esse tipo de trabalho?

SALGADO -- Faria. Tem uma din�mica para fotografia que � interessante.

PLAYBOY -- Voc� fotografa alguma coisa de que n�o goste?

SALGADO -- N�o. Eu fa�o muito pouca coisa de que n�o goste.

PLAYBOY -- Campanha publicit�ria.

SALGADO -- S� o que for compat�vel com o que eu tenha prazer em fazer. PLAYBOY -- O que voc� n�o faria?

SALGADO -- N�o faria nada para ind�stria de armamento, por exemplo.

PLAYBOY -- Aceita convites para fotografar em cores?

SALGADO -- N�o. Preto e branco. S� fa�o o que for compat�vel com meu trabalho. N�o mudo o tipo de pel�cula. S� uso filme de alta sensibilidade, que � o Kodak Tri-X, de 400 ASA, ou um Kodak de 3200 ASA, o Temax 3200.

PLAYBOY -- Por que preto e branco?

SALGADO -- J� aceitei muita reportagem em cor. Mas a minha cor sempre foi um preto e branco colorido. A cor era um motivo de desconcentra��o.

PLAYBOY -- O atentado ao presidente Reagan voc� fez em cores.

SALGADO -- Foi no tempo em que eu n�o podia viver do preto e branco.

PLAYBOY -- Como foi aquilo?

SALGADO -- Estava fazendo o Reagan havia uns tr�s dias, trabalhando para uma mat�ria de capa da revista do New York Times. J� tinha fotografado dentro do hotel e, quando pressenti que ele ia sair, sa� antes e esperei na porta. Quando aconteceu o atentado, fotografei, fiz o Reagan entrando no autom�vel, continuei fotografando.

PLAYBOY -- A sua carreira teria sido o que foi sem o epis�dio Reagan?

SALGADO -- N�o tem nada a ver. Aconteceu, ganhei um pouco de dinheiro, ficou nisso. Nunca mostrei aquelas fotos para muita gente. Sa�ram na �poca em que tinham que sair, depois desapareceram. Porque � uma s�rie que fiz em 1 minuto, est� certo? Prefiro trabalhos que, feitos durante alguns anos, s�o muito mais representativos da minha maneira de pensar. Agora, as pessoas dizem: "Ah, foi com o Reagan que o Sebasti�o se fez conhecer". Mas eu j� estava na ag�ncia Magnum, que � onde todos os fot�grafos do mundo sonham chegar um dia. � como dizerem que a minha fotografia se parece com a do [grande fot�grafo franc�s Henri] Cartier-Bresson.

PLAYBOY -- Mas Cartier-Bresson n�o � apontado como um de seus mestres?

SALGADO -- Quem fala isso n�o conhece bem a minha fotografia. A �nica coisa que temos em comum � s� fotografar gente. N�o, Cartier-Bresson n�o foi meu mestre, � meu amigo. Outro dia mesmo, quando o meu filho se casou, ele mandou uma foto linda de presente. Tive muito quebra-pau com ele, mas somos amigos.

PLAYBOY -- Por que voc� quebrou o pau com Cartier-Bresson?

SALGADO -- Sobre uns conceitos, sabe? Acho que tem um lado um pouco imperialista nesse conceito dele de "momento decisivo", segundo o qual um fot�grafo, vindo de um determinado lugar, com determinadas informa��es, com determinados conceitos, espera, num momento X, captar uma foto. Eu, ao contr�rio, acho que voc� tem que evoluir dentro do fen�meno fotogr�fico, captando todos os momentos, participando, para, no fundo, receber a foto, e n�o ser o grande realizador da imagem.

PLAYBOY -- Voc� acha que est� fazendo escola?

SALGADO -- Ah, existe muita gente que segue a minha fotografia. Encontro uma quantidade de gente que abandonou tudo para virar fot�grafo. Muitos fot�grafos documentaristas, antes de mim, me ajudaram, me influenciaram. Por que a minha fotografia n�o ajudaria os outros?

PLAYBOY -- Como voc� se v�? Como artista ou como rep�rter?

SALGADO -- Eu me defino como rep�rter, como um fot�grafo documentarista. Estou ligado no momento hist�rico em que vivo. N�o tenho pretens�o nenhuma a priori de ser um artista. Fa�o exposi��es no mundo inteiro, mas n�o � porque expus nos maiores museus que sou um artista. De forma nenhuma. N�o � porque tenho trabalhos nos acervos desses museus que sou um artista. Minhas fotos poder�o ser consideradas arte se vierem a ser trabalhos de refer�ncia, se v�rias gera��es vierem a se inspirar nelas.

PLAYBOY -- Vamos pegar por outro lado: algu�m j� disse que o artista � um sujeito para quem o mundo tal como existe � inaceit�vel e que ele cria exatamente na tentativa de mud�-lo.

SALGADO -- � uma interpreta��o que eu n�o aceito.

PLAYBOY -- Voc�, quando est� fotografando, quer mudar alguma coisa?

SALGADO -- [R�pido.] Ah, quero! Quero! O que tento fazer com a minha fotografia � ser um pouco um vetor. Ligar o que est� acontecendo em determinados lugares, tentar provocar um debate. Com o Terra estou tentando provocar um debate. � um trabalho de provoca��o, no sentido de levantar um problema. A gente tem que mudar ou ajudar a mudar alguma coisa. N�s mudamos, a arte n�o, a arte nunca mudou nada. Ela � uma das vari�veis que, num modelo maior, podem ajudar a mudar alguma coisa.

PLAYBOY -- H� quem veja uma contradi��o entre suas id�ias pol�ticas e o fato de a primeira edi��o brasileira de Trabalhadores ter tido o apoio de uma entidade patronal, a Federa��o da Ind�strias no Estado de S�o Paulo.

SALGADO -- Era a �nica maneira de esse livro sair no Brasil. Se o trabalhador n�o tem condi��o de pagar, que pague o patr�o.

PLAYBOY -- Voc� foi criticado, tamb�m, por ter voado num avi�o do PT quando foi cobrir o epis�dio do massacre dos sem-terra em Eldorado dos Caraj�s, no ano passado.

SALGADO -- N�o � verdade. Eu participei do aluguel de um avi�o em que viajaram pessoas do PT, do Movimento dos Sem-Terra, jornalistas. Paguei a minha parte, 900 e poucos d�lares [exibe recibo], um nono do total.

PLAYBOY -- H� quem o critique, ainda, por "estetizar a mis�ria", como escreveu a cr�tica de arte Ingrid Sischy.

SALGADO -- S� tenho uma est�tica, n�o tenho duas. N�o vou fotografar alguma coisa pensando em dar uma forma bonita, uma luz bonita. E � uma injusti�a profunda acharem que a fotografia bem-feita, com luz correta, bem composta, � s� para o lado rico do mundo. Qualquer pessoa tem direito a uma fotografia decente. Mas a Ingrid Sischy acha que fotografia de reportagem n�o tem que ter nenhuma composi��o, tem que ser uma coisa bruta, feita de qualquer jeito. Como se o que � pobre tivesse que ser mostrado de uma forma terr�vel e feia. A grande revolta dessa mulher � com o fato de minhas fotografias entrarem num museu. Ela me criticou porque tive duas exposi��es no mesmo ano no ICP [International Center of Photography], em Nova York. Acha que em museu s� pode entrar o que ela considera fotografia de arte -- que nem fotografia �, apenas usa a fotografia como suporte.

PLAYBOY -- Como � que voc� veio a se interessar por fotografia?

SALGADO -- Foi em junho de 1970 e eu estava vivendo momentos dif�ceis. Tinha chegado a Paris em agosto de 1969, com a L�lia, para fazer doutorado em Economia. A gente morava na Cidade Universit�ria -- alugamos um quarto na Casa do Brasil com a ajuda de uma carta do [ent�o ministro da Fazenda do governo Costa e Silva, hoje deputado federal pelo PPS paulista, Ant�nio] Delfim Netto, que tinha sido meu professor quando fiz mestrado na Universidade de S�o Paulo.

PLAYBOY -- Como eram suas rela��es com Delfim?

SALGADO -- Superficiais. Mas ent�o: n�s n�o t�nhamos bolsa, s� fomos conseguir no ano seguinte, e trabalh�vamos na cooperativa da Cidade Universit�ria, a L�lia como caixa, eu descarregando caminh�o. Vida dura. Problemas de adapta��o, saudade do Brasil -- e com tudo isso comecei a ter g�nglios no meu corpo inteiro. Podia ser leucemia, n�o era, mas os g�nglios continuavam. O m�dico, meu amigo, achou que eu precisava descansar e nos convidou para umas f�rias na casa dele, na Haute Savoie [regi�o no sudeste da Fran�a]. Aproveitamos para passar em Genebra e comprar uma c�mera para a L�lia usar nos seus estudos de arquitetura. Uma Pentax Spotmatic 2 pretinha, com lente de 50 mil�metros. Lembro que custou 170 d�lares.

PLAYBOY -- Qual foi a primeira foto?

SALGADO -- Foi uma foto da L�lia. [L�lia, mais tarde, ajusta o foco: estava sentada na janela, ele apanhou a m�quina e a fotografou -- j� com o que viria a ser uma de suas marcas, a contraluz.]

PLAYBOY -- Ainda tem essa foto?

SALGADO -- Tenho. A� voltamos para Paris e com dois meses eu j� tinha um laborat�rio na Cidade Universit�ria, montado no nosso quarto. Tinha uma menina que trabalhou junto comigo, a Arlete Soares, que tamb�m virou fot�grafa. Eu botava an�ncio no restaurante universit�rio e aparecia muito estudante para revelar filme e copiar.

PLAYBOY -- E fotografar, mesmo?

SALGADO -- O primeiro trabalho foi uma reportagem para o Jorge Amado [em 1971]. Ele recebeu uma homenagem [Pr�mio Gulbenkian de Fic��o, entregue na Academia do Mundo Latino, em Paris], queria registrar e, como era muito amigo da Arlete, a gente conseguiu essa reportagem. Ficou �timo!

PLAYBOY -- Voc� j� tinha assumido a fotografia, nessa altura?

SALGADO -- Estava naquela indecis�o: virava fot�grafo ou continuava economista? Para completar, roubaram a Pentax -- deixamos dentro do carro, numa viagem a Amsterd�, e passaram a m�o. Estava nessa tristeza quando conheci o [fot�grafo paulista] Cristiano Mascaro, que tinha deixado a arquitetura para ser fot�grafo. Resultado: a L�lia e eu juntamos um dinheiro e compramos um equipamento igualzinho ao do Cristiano. Nesse mesmo ano nos mudamos para Londres, fui trabalhar na Organiza��o Internacional do Caf�, um �timo emprego, e cheguei a desistir da fotografia. "Vamos ser s�rios!", dizia. Mas viajava muito � �frica a servi�o, levava a m�quina... As fotografias me davam vinte vezes mais prazer do que os relat�rios econ�micos que tinha de escrever. Ent�o, chegou uma hora em que, para ser honesto, n�o podia mais continuar como economista, porque j� n�o era mais economista. Quem estava morando dentro de mim era um fot�grafo. L�lia e eu discutimos muito, a gente ia para o Hyde Park, pegava um barquinho daqueles, remava l� para o meio e discutia horas se eu abandonava ou n�o a Economia.
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2006-12-11 05:32:21 · answer #3 · answered by cristal9deluz5 6 · 0 0

São meios cinzentos......tom de Cinza, grafite....mas não são todos não ok?!

2006-12-09 00:10:31 · answer #4 · answered by BSB 4 · 0 0

Je ne sai pas, mais son tré belle.

2006-12-08 02:21:12 · answer #5 · answered by Maricy 6 · 0 0

Olha eu já fui lá em paris e os predios sao :
COR DE ROSA!!!!!

2006-12-08 02:16:57 · answer #6 · answered by Anonymous · 0 0

O mesmo que aqui, ora!

2006-12-08 01:09:02 · answer #7 · answered by simpsonmania_17 3 · 0 0

Cor de rosa.

2006-12-08 01:06:08 · answer #8 · answered by Anonymous · 0 0

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