Além do trabalho de EA nas escolas, foram realizadas, também, atividades com agricultores dos municÃpios paulistas de Holambra, Jaguariúna, Santo Antonio de Posse e Valinhos. Para esse público especÃfico foi aplicado o método de Diagnóstico Rápido Rural Participativo. Levantamentos dos meios fÃsico e social, realizados em visitas a propriedades rurais de microbacias hidrográficas selecionadas, foram complementados pela realização de reuniões com os agricultores. Possibilitou-se, assim, definir os temas prioritários a serem abordados nesse componente do projeto. Resultaram em ações coletivas voltadas a promover o desenvolvimento rural em bases sustentáveis, tais como palestras, dias-de-campo e mutirões.
Método de capacitação
A aprendizagem ocorre pela construção do conhecimento a partir da própria comunidade, em que se alternam atitudes de ação e de reflexão. Em 1997, os educadores realizam estudos teóricos e práticas de ensino, cujos conteúdos e vivências trazem subsÃdios aos professores e extensionistas rurais em ações posteriores com os alunos e agricultores, respectivamente.
Além de abordar aspectos teóricos relacionados à EA, de acordo com os princÃpios e métodos propostos pelo educador Paulo Freire2, foram oferecidas vivências baseadas nas seguintes técnicas de ensino:
• Estudo do meio – percurso em trilhas em áreas rurais dos municÃpios, reconhecendo caracterÃsticas do meio fÃsico – reservas florestais ou áreas agrÃcolas – e do meio social rural.
• Jardim multifuncional – espaço da escola onde é instalada uma infra-estrutura de apoio a atividades pedagógicas, tais como: posto meteorológico, plantio de hortas, pomares, canteiros de plantas medicinais e minibosques. Realizadas visitas dos educadores à instituição de referência em jardim Multifuncional, o Centro de Educação Ambiental Vivenciada (CEAV) em Sumaré/SP, implantado em 1989 na Escola Municipal de Primeiro e Segundo Grau “José de Anchieta”.
• Roteiro de estudos e experimentos – textos referentes à temática agroambiental, com a descrição de experimentos simples que auxiliam o estudo de importantes questões como a capacidade de infiltração da água no solo, utilizando-se de kits desenvolvidos pela Coordenadoria de Divulgação CientÃfica e Cultural do Instituto de FÃsica e QuÃmica da USP - Campus de São Carlos. Também roteiros de experimentos relacionados a outros assuntos constam de materiais didáticos publicados pela Embrapa Meio Ambiente , tais como microrganismos importantes na agricultura e riscos de impactos de agroquÃmicos em organismos aquáticos.
• Dinâmicas de grupos – a percepção dos elementos do ambiente será facilitada na medida em que possamos nos entender como parte da natureza, interagindo com ela como indivÃduos e também nos grupos sociais.
Após o processo de avaliação contÃnuo feito com os educadores envolvidos no Projeto, verificou-se a partir de 2000, a necessidade de restruturação e incremento inovador da metodologia, de modo a atender a demanda por um processo efetivamente educacional. Foram inseridos conceitos e técnicas inovadoras, como "Sociedade Sustentável" para estimular as parcerias e viabilizar os projetos; e técnicas de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental ao método da Igreja Católica, Ver-Julgar-Agir, incrementado ainda pelo verbo "Celebrar".
A nova proposta metodológica demonstrou-se satisfatória para o desenvolvimento da percepção ambiental, instrumento fundamental para a conscientização e mudança de valores e atitudes. Configurou-se ainda, como um processo efetivamente educacional, voltado para o ser humano e não para o meio ambiente, atendendo a demanda de processos de Macroeducação - Sociedade Sustentável, no qual a produção de alimento é uma premissa de sustentabilidade.
O processo de validação foi realizado após o Workshop de Avaliação dos Projetos desenvolvidos pelos educadores capacitados no Curso oferecido em 2000, para coordenadores pedagógicos e extensionistas de 30 municÃpios da região de Campinas.
Os educadores, visando contribuir para a formação de sociedade sustentável, atuam na formação de agentes multiplicadores dos diversos setores (público, privado e sociedade civil), que compõem a comunidade-alvo. Desenvolvem a percepção ambiental, envolvendo-os no processo de construção coletiva do conhecimento da realidade ambiental local.
Compreende-se , portanto, que a metodologia é um processo educacional, voltada a público diverso (macroeducação), dirigida a conscientização da sociedade sobre a importância do meio ambiente e da produção de alimentos para que tenhamos um futuro sustentável, com alimentos suficientes às gerações futuras. Propõe para tanto, a formação de agentes multiplicadores dos três setores da comunidade-alvo (público, privado e sociedade civil).
O método proposto pelo projeto é constituÃdo por seis componentes, cuja somatória das caracterÃsticas atribuÃdas pelas partes resulta na eficácia, eficiência e efetividade dos resultados esperados de conscientização do público-alvo.
1) Contextualização local – conhecer o ambiente próximo
• Mapeamento da área de estudo e das informações obtidas.
2) Planejamento participativo – integrar os diversos setores da comunidade em torno da melhoria da qualidade do ambiente e da alimentação.
• Promoção do envolvimento e moderação do diálogo de toda a comunidade – três setores em torno de um objetivo comum.
3) Tema gerador – realizar atividades simples e de interesse coletivo.
• Estabelecimento do foco de intervenção e parcerias.
4) Práxis socioambiental Ver-Julgar-Agir– desenvolver a percepção ambiental.
• Orientação de práticas que estimulam as capacidades cognitivas, afetivas e psicomotoras de leitura da diversidade e complexidade da paisagem.
5) Segurança alimentar – inserir a questão agrÃcola na análise do meio ambiente e ressaltar sua importância para a existência humana, inclusive para a população urbana.
• Ãnfase à reflexão sobre as questões relacionadas ao cardápio cultural, fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia.
6) Avaliação na educação ambiental – auxiliar a melhoria contÃnua e inovação do processo.
• Estabelecimento de condições à análise do processo visando sua continuidade e permanência na formação de comunidade sustentável e melhoria da qualidade ambiental.
O processo de validação da metodologia apontou sua eficácia de promover a conscientização em curto prazo (a partir do terceiro mês), eficiência pelo seu efeito multiplicador (1:1.000 na rede de ensino) e efetividade na obtenção de resultados concretos de mudanças de atitudes e busca de integração entre setores da sociedade. Além do mais, o processo participativo demonstrou contribuir para melhorar as relações humanas entre os participantes e os hábitos alimentares. Um resultado concreto dessa proposta foi a participação de 70 educadores e 100 especialistas na construção coletiva da publicação de cinco volumes, a série “Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável” [Veja em nossas publicações].
A partir de 2002, a Embrapa Meio Ambiente iniciou uma nova frente de ação no âmbito da EA3 . Com o intuito de “fazer o que se diz”, enfatiza sua atuação no âmbito interno e no exercÃcio da responsabilidade social da instituição, cuja estratégia é a internalização da temática ambiental na própria Embrapa, enfatizando-se três linhas de trabalho:
a) no âmbito interno, a consolidação de uma cultura institucional de desenvolvimento tecnológico em sintonia com os preceitos da sustentabilidade;
b) junto à comunidade próxima, assegurando o exercÃcio pleno da responsabilidade social, segundo sua competência institucional;
c) na interface Embrapa/sociedade - promovendo valores e práticas dialógicas com o público-alvo da pesquisa, sensibilizando-o para as novas oportunidades de inserção em um mercado exigente em qualidade, assegurando a potencialização dos impactos positivos dos resultados das pesquisas por adoção de tecnologias apropriadas à gestão ambiental do agronegócio.
Essa iniciativa tem por propósito atuar na formação de educadores ambientais em todas as Unidades da Embrapa, promovendo um processo interativo entre elas na construção de propostas de integração, de caráter intra e interinstitucional. Uma das estratégias é a conscientização ambiental simultânea dos empregados e a sua habilitação para implementar programas/projetos que favoreçam o seu engajamento em atividades de EA junto às comunidades, governos e organizações não-governamentais locais, colaborando com as instituições públicas de ensino fundamental na formação de seus docentes. Poderá, também, influir/beneficiar na adequação das diferentes realidades no processo de transferência tecnológica, de acordo com a missão institucional das Unidades da Embrapa. Assim, a motivação e a capacitação para a prática de EA visam fortalecer o relacionamento entre a Embrapa e a sociedade em geral.
A compreensão e interação adequada da sociedade com a natureza influi no trabalho com os seus elementos- água, ar, solo, flora, fauna e ser humano. Ações de proteção ambiental podem ter o caráter conservacionista ou preservacionista, mas não necessariamente são sustentáveis, principalmente quando não observam a interdependência de um elemento com os demais.
à preciso construir e transmitir conhecimentos e sensibilizar a sociedade sobre todos os elementos que constituem o ambiente e suas interdependências, formando-se simultaneamente a consciência de que um elemento componente jamais sobreviverá sem o outro.
A não inserção do ser humano como parte integrante do meio ambiente também tem sido um entrave na comunicação entre educadores e público-alvo, sendo necessário resgatá-lo através da sua valorização como pessoa e reconstrutor da natureza.
No exercÃcio da responsabilidade social, a Embrapa Meio Ambiente, a Motorola e as Prefeituras Municipais de Jaguariúna, Santo Antonio de Posse, Holambra, Pedreira, Amparo, Artur Nogueira e Mogi Mirim lançaram a Campanha “Meio Ambiente e a Escola”. As escolas da rede pública municipal e estadual – educação infantil, ensino fundamental e médio, educação para jovens e adultos e escola técnica – foram convidadas a desenvolver projetos de educação ambiental. Para viabilizar tais projetos, a Campanha oferece material didático, capacitação e premiação dos melhores projetos, enfim aqueles que contribuam para melhorar a qualidade de vida da população local, promovendo intervenções positivas nos diversos nÃveis que compõem o patrimônio ambiental. Os projetos concorrem a três prêmios por categoria.
A Embrapa Meio Ambiente também se preocupa em conscientizar e promover a interação entre pais e filhos e produtores rurais. Para isso, a pesquisadora Maria Conceição Peres Young Pessoa coordenou a elaboração das Cartilhas dos Jogos Ambientais da EMA [Veja em nossas publicações], um conjunto de sete livros (patrocinados pela Secretaria de Politicas para o Desenvolvimento Sustentável - Ministério do Meio Ambiente, Programa Alimento Seguro - segmento campo - PAS do SEBRAE e SENAI) e cd-rom de músicas ambientais (patrocinados pela Prefeitura Municipal de Lagoa dos Três Cantos (Rio Grande do Sul) com apoio do SINPAF - Sindicato nacional dos trabalhadores de instituições de pesquisa e desenvolvimento agropecuário) sobre os temas: Ãgua, solo, vegetação, fauna, ar, segurança alimentar sempre acompanhados com jogos. à importante enfatizar, o empenho da pesquisadora na revelação e valorização de talentos de funcionários e estagiários envolvidos na produção do material.
2006-12-07 05:39:27
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answer #3
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answered by kdvced 3
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