Caro amigo,
A resposta é grande, até porque o personagem é magnífico.
Em 1913, chegou ao Fluminense o maior atacante estrangeiro que já atuou em gramados brasileiros: Henry Welfare. Professor de curso secundário, Welfare jogou no Liverpool, na Seleção inglesa e em outros times de menor expressão da Inglaterra. Veio para o Brasil, na verdade, para lecionar no Colégio Anglo-Brasileiro, mas acabou indo para o Fluminense para jogar futebol por intermédio do professor de educação física e técnico de futebol Quincey Taylor, e assim Welfare tornou-se um dos maiores artilheiros da história do clube com a impressionante média de 163 gols em 166 jogos.
Sua estréia pelo Tricolor ocorreu no dia 31 de agosto de 1913, contra o Botafogo, pelo campeonato carioca, quando fomos derrotados por 3 a 0, em General Severiano. Seu último jogo foi em 27 de abril de 1924, em nosso estádio, pelo Torneio Início, quando vencemos por 1 a 0, gol de Welfare, dando-nos o título do torneio.
Welfare trouxe uma nova maneira de jogar ao futebol brasileiro. Atacante rompedor de defesas, era apelidado por “tanque” devido ao seu porte físico invejável. Durante toda a sua carreira no Brasil, defendeu somente o Fluminense. Impetuoso nos “rushs”, ele abria as defesas semeando o pânico na grande área. Exímio cabeceador, sabia chutar forte com ambas as pernas. Deslocava-se com facilidade pelas meias e pelos centros, tinha um drible característico com a finta de corpo, foi o introdutor da “tabela” no Brasil. Certa vez, chamou Mano e salientou: “quando receber a bola, toque-a para mim e corra que você a receberá na frente”. Era a “tabela” que surgia no futebol brasileiro graças à visão de jogo e técnica do tanque Welfare.
Em sua carreira como jogador, conquistou os Torneios Início de 1916 e 1924, a Taça Ioduran de 1919 e o tricampeonato carioca de 1917-1918-1919, sendo o artilheiro da campanha do tricampeonato com 56 gols, quando o Fluminense ostentou o mais famoso e temido esquadrão de amadores do futebol brasileiro. Na época, clubes fortes como Paulistano e Santos foram humilhados quando tentaram defrontar com o Tricolor. O Paulistano, sofreu grande revés em seu próprio campo por 3 a 1, e o Santos levou uma lavagem por 6 a 1, na Vila Belmiro.
Henry Welfare levava uma vida difícil, como anos mais tarde revelou a alguns jornais da época. Muitas vezes, dava aula, pegava um táxi, andava muito, até chegar ao clube em Laranjeiras para jogar e após o jogo fazer o mesmo trajeto cansativo para chegar a tempo no colégio onde lecionava e passar uma fita de vídeo para os alunos.
Na época do amadorismo, nenhum atacante foi melhor que Welfare. Sua genialidade com a bola era inigualável. Tinha frieza nos momentos decisivos, seriedade nos jogos e no trato com as pessoas, passando uma imagem aos torcedores de uma pessoa ranheta, compenetrada e sisuda. Além do futebol, Welfare ainda disputou partidas de basquete e atletismo pelo clube, sendo condecorado na década de 20 como grande sócio benemérito, lhe concedendo o direito de ser membro permanente do conselho deliberativo do clube, o que o orgulhou até a sua morte em setembro de 1966.
Abraço,
LeoMaia.
2006-12-06 00:54:24
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