Mau caratismo de filhos para com os pais
Alamar Régis Carvalho
alamar@redevisao.net
Antes que alguém venha querer logo tirar conclusões pelo título, sem ler a matéria, o que é muito comum, afirmando que existem também muitos pais que praticam mau caratismo em relação aos filhos, eu quero dizer, logo neste início, que eu sei disto, sei de muitos pais e mães que praticam mesmo mau caratismo em relação aos filhos, mas a abordagem neste artigo é sobre o mau caratismo dos filhos em relação aos pais, para não misturar as coisas, já que os dois casos merecem tratamentos distintos, com suas peculiaridades.
Meu caro leitor, minha cara leitora. O que tem de gente que sofre por causa de mau caratismo dos filhos é algo impressionante. Inúmeros são os casos de homens e mulheres que morrem vítimas de infartos, todos os dias, vítimas de desgostos e decepções pesadíssimas em relação aos filhos, embora os médicos coloquem como “causa mortis” nos atestados de óbitos motivos diversos como hipertensão, stress, entupimento das coronárias etc... Eu nunca vi em atestado de óbito nenhum constar que a pessoa “morreu” por causa da sujeira dos filhos, mas que existe, existe, e muito.
Vamos as abordagens.
Conforme você sabe, os filhos quando chegam na adolescência, principalmente nos dias de hoje, adoram ostentar uma independência que não têm, uma experiência que não têm, uma liberdade que não têm e um conhecimento que também não têm. Se acham o máximo, conhecedores de tudo e não dependem dos pais para nada, principalmente no que diz respeito a orientação e ao respeito às suas experiências de vida. Ostentam independência total e absoluta, só que quando entram em “fria”, recorrem a quem, para que providenciem dinheiro para resolver os seus problemas? Aos pais, obviamente.
Quando adoecem, apegam-se sempre na mãe que é quem providencia os remédios, é quem fica acordada a noite inteira em dedicação integral, que lava as suas roupas sujas de vômitos, de diarréias, de secreções etc...
Nessa independência e emancipação que julga ter, chega a discutir e a brigar com os pais, em muitas vezes de forma áspera e extremamente agressiva. Não estou generalizando, porque sei que existem filhos que ainda mantém o respeito... não o respeito pelo medo, mas o respeito pelo afeto, pelo carinho e pelo reconhecimento... mas a grande realidade é que nos lares é onde encontramos o maior volume de briga entre os seres humanos. O que irmãos dizem para irmãos, filhos dizem para pais, pais dizem para filhos, é algo impressionante e bastante lamentável.
Há filhos que ficam inimigos dos próprios pais, deixam de falar, ou falam forçadamente, até mesmo se armando para na primeira oportunidade jogarem alguma coisa na cara deles, que possa diminuir a sua moral, tirando-lhe a autoridade que ele tem, para continuar fazendo o que quer, chegando em casa a hora que quer, praticando as coisas mais absurdas sem que ninguém possa chamar-lhe atenção.
Já que ninguém é santo, é natural que o nosso pai ou a nossa mãe, em algum momento da vida, tenha cometido algum erro, até mesmo algum delito, de forma consciente ou mesmo por ser forçado a fazer aquilo por algum motivo. É uma mancha na sua vida, não resta a menor dúvida.
É aquele pai que há uns 25 anos atrás, quando o filho não era nem nascido ainda, mesmo antes de ter sido casado, teve um caso com uma empregada da vizinha, teve um filho com ela, e não mais a viu nem ao filho. Mas as pessoas souberam do caso, comentaram e o fato chegou ao ouvido dos seus filhos.
Esse filho guarda esse “seríssimo” compromisso moral do seu pai e, na primeira oportunidade, joga na cara dele.
Há 23 anos atrás, a sua mãe, teve um caso com um patrão de uma empresa onde ela trabalhou, o cara era casado, o episódio foi a público e gerou um escândalo na época. O fato foi comentado, a filha soube, guardou consigo, como um míssil, e dispara em uma das brigas que existem no lar, para desmoralizar a mãe, na tentativa de impedir que ela exerça a sua autoridade de mãe, exigindo comportamento conforme os padrões estabelecidos pelos chefes da casa, que são exatamente os pais.
Existem também os casos dos pais separados.
O filho, ou a filha, se acha no direito de odiar o seu pai, separado da sua mãe, com quem vive, sob a acusação de que ele a abandonou, trocando-a por uma mais nova, deixando-a em dificuldades, tendo sido, portanto, um injusto, um cruel, frio e desumano.
Acontece que, quando houve a separação, esse filho ou essa filha tinha apenas 3 anos de idade, não tendo portanto condições de testemunhar o que acontecia entre os dois e muito menos de poder saber o que de fato aconteceu para haver a separação. Muitas vezes a causadora da separação foi algo muito grave que ela fez, e não ele (e vice versa).
Mas o achismo irresponsável e inconseqüente fala mais alto, para que o ódio estabelecido permaneça.
De fato existem muitos homens frios, desumanos e cruéis que abandonam mesmo as suas esposas, trocando-as por uma garotinha bem mais nova, sem dar a menor assistência aos filhos que constituiu pelo casamento formal, não podemos deixar de reconhecer isto, mas que existem muitas mulheres, também frias, desumanas e cruéis da mesma forma, isto existe e ninguém que não tenha conhecido verdadeiramente a intimidade entre os dois pode ter o direito de apontar quem foi ou quem deixou de ser culpado pela separação. Há muitos casos em que os dois foram culpados, há até casos em que nenhum dos dois foi culpado e a separação se deu por influência de terceiros, até mesmo por alguma chantagem ou sabotagem. Já vi vários casos destes.
Mas a abordagem aqui é sobre o mau caratismo dos filhos.
“Coitadinha! Minha mãe foi vítima daquele safado, insensível. Eu odeio ele, eu não o perdôo”.
Calma, minha, filha; se você se der ao trabalho de averiguar, friamente e imparcialmente, junto a pessoas que viveram a intimidade do casal, (talvez existam algumas na sua cidade) certamente vai tomar conhecimento de uma verdade muito diferente da que você formou pelo seu achismo e pela sua parcialidade.
Ninguém tem o direito de julgar casos sem o indispensável conhecimento total dos fatos. Muito menos condenar. Achismo não é instrumento de prova para decisão nenhuma.
Mas tem filho que é tão mau caráter que, mesmo depois de saber, por intermédio de alguém que conviveu com o casal na época, que a responsabilidade pela separação foi toda dela e não dele, continua a alimentar o ódio que criou e não dá o braço a torcer.
Há casos também de filhos que odeiam a mãe, pela separação do pai, principalmente quando se trata de um pai rico, mas desconhecem que ele é quem foi um verdadeiro pilantra na vida dela, que a fez chorar lágrimas de sangue, que a manipulava como objeto e empregada sua, humilhando-a de todas as formas.
Mas esse filho é mau caráter e tem todo interesse em manter a mãe moralmente rebaixada, para que ela não possa ter autoridade nenhuma sobre ele, principalmente nesse aspecto moral, para que ele possa fazer livremente o que bem entende. As meninas... filhas mulheres... fazem isto com mais intensidade.
A grande realidade, daí a razão desta matéria, é que não devemos ceder ao mau caratismo de ninguém, nem de filhos! Sugiro a você, que é mãe e que é pai de adolescentes e mesmo de adultos que costumam agir desta maneira, que não abram mão da sua autoridade, que exijam o indispensável respeito e consideração porque, embora até você possa ter errado no passado, mas o que proporcionou de bom na vida desse ingrato ou dessa ingrata filha, durante 15, 16, 17, 18, 19, 20... anos, desde que nasceu, foi muito mais, incomparavelmente mais, que aquela manchinha que ele ou ela tanto cobram. Não tem sentido alguém querer desconhecer toda a extensão de brancura de um lençol, apegando-se somente numa pequena mancha de tinta do tamanho de uma botão de camisa, só porque o seu instinto mau caráter o convida a dar maior peso ao que não presta.
Abaixo a chantagem de filhos, abaixo o mau caratismo de filhos.
2006-12-03 01:29:58
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answer #7
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answered by Anonymous
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