Caro tempol131, o QI tem a ver não só com o Xadrez, mas com todas as atividades do gênero humano. Quem é inteligente tem uma boa chance de ter sucesso em Xadrez, Pôquer, Bolsa de Valores, Sinuca ou Futebol.
Isso porque inteligência, como é definida até nos testes de QI, é a capacidade de criar uma estratégia para resolver problemas, isso em um tempo limitado para o raciocínio.
Contudo, você vê que eu falo "boa chance". Porque?
Porque no caso do Xadrez existem muitos outros fatores a considerar.
O Xadrez, como você sabe é definido como um jogo-arte-ciência. Quais as implicações práticas dessa poética definição? Vamos analisar cada item:
a) Como jogo, o fator que mais influencia o sucesso é a capacidade de jogar. Quantas partidas não são definidas como puro jogo? Na tensão da partida, no calor da luta, quantas infantilidades não são cometidas? Korchnoi deixou passar um mate em quatro contra Kasparov. Segundo muitos, os sacrifícios mágicos do grande ex-campeão mundial Miguel Tal só davam certo porque seus adversários erravam ( o que não deixa de ser óbvio... ). Em uma partida de Grandes Mestres, normalmente a vantagem vai e vem. O cansaço influencia, o preparo físico em partidas longas. Como assinalou Emanuel Lasker, a psicologia é muita das vezes preponderantes. E a força de vontade? Jogo é jogo, muitas vezes é ganho na pura "raça". Como é que o Brasil, que pelo menos teoricamente tinha os melhores jogadores, foi humilhado pela Seleção Francesa? E Alekhine, que ganhou Capablanca, que era "o cara", porque jogou com mais humildade e aplicação? E quantos grandes teóricos, com conhecimentos enciclopédicos como Ludek Pachman ou Rubem Fine não caem facilmente diante de um jogador como Capablanca, que descobria como confundir o adversário imediatamente diante do tabuleiro (veja a partida Capablanca-Marshall, em que Marshall criou o genial ataque que leva o seu nome)? Você pode ver a dificuldade que qualquer um tem de vencer um computador, um adversário que não se cansa e não comete erros graves e aproveita qualquer erro do adversário, diferentemente dos humanos, que às vezes nem reparam nos erros dos outros, por estarem centrados em seus próprios planos.
Contam ainda a experiência, pois quem já esteve em uma situação rapidamente toma pé da situação, o treinamento, que deixa a mente ágil, e a prática dos torneios, que familiariza-o com a situação dos eventos. Por exemplo, o Brasil dificilmente pode competir no Xadrez com a Rússia, a Europa e os Estados Unidos, onde extem torneios onde participam grandes mestres toda semana.
Milhares de coisas poderíamos falar sobre a capacidade de jogar, mas vamos passar para outro tópico:
b) A arte. Por aí você vê que além de jogador o enxadrista tem que ter amor à arte. Para admirar e amar as belezas do Xadrez, como Andersen, Morphy e Alekhine não basta ter um QI alto, tem que ter estilo. Kasparov tornou-se admirado dos seus fãs, por suas partidas alegres e exuberantes. Xadrez é um jogo para artistas, não para intelectuais. Só quem é capaz de resgatar a verdadeira beleza da vida torna-se um grande jogador de Xadrez.
c) Quanto ao aspecto científico, alguém já falou: Você pode ser inteligentíssimo, mas se não conhecer a teoria, as aberturas, o meio jogo e as posições teóricas do final, não vai dar nem pra começo com um amador que conheça os rudimentos da teoria enxadrística.
Em resumo, o Xadrez e outras coisas estão diretamente relacionados com o QI, sim, mas existem muitas outras variáveis (citei apenas três, se estiver interessado em mais eu posso falar mais posteriormente). Um jogador como Kasparov, além de ter QI alto, é apaixonado pelo Xadrez desde criança, ama as combinações, estuda oito horas por dia, tem uma memória fabulosa, um preparo físico excepcional e tem um "instinto selvagem" essencial, é um matador, um assassino cruel de adversários, como Bobby Fischer, Alekhine, Lasker e outros campeões. Todos esses aspectos que eu citei são essenciais para um grande campeão, além, é claro, da inteligência.
No mais estou sempre disponível para discutir outros aspectos enxadrísticos, matemáticos e filosóficos. Boa partida!
2006-12-03 19:13:22
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answer #1
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answered by filósofo 3
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Caro amigo, Boa madrugada!
Jung, criador da psicologia a que chamou de analítica, para marcar a profunda diferença em relação à psicanálise de Freud, ao escrever a respeito da genialidade, afirma categoricamente, e, por experiência própria, julgo que com toda a razão do mundo, o gênio é gênio em DETERMINADA ramo do saber humano - e assim teríamos um gênio em música, Bach, p ex; um gênio em física, Einstein, p ex; um gênio em psicologia, o próprio Jung, p ex, e assim por diante.
A psicologia diferencial, sem sombra de dúvida, não apenas endossa tal parecer; mas vai além ao abordar os casos dos "gênio idiota". O que é um "gênio idiota"? Retomemos os exemplos da música e da física. Um pianista pode ser gênio como e enquanro pianista, mas um "idiota" (no sentido técnico) no que diz respeito a todo o mais - como, p ex, o ser incapaz de falar com um mínimo de gramaticalidade, o saber o por que uma escultura, cujo autor é desconhecido e não reverenciado pela crítica, é humanamente valiosa, o compreender uma criança etc. Um físico atômico pode ser gênio como e enquanto físico atômico e ser, p ex, incapaz de aprender línguas estrangeiras. Aliás, tenho uma amiga que, professora compententíssima de língua e literatura inglesas, deu aulas particulares a um professor de física atômica, e, em breve lapso de tempo, concluiu que ele era absolutamente incapaz de compreender o que quer que fosse; desesperada, indicou-lhe um amigo dela... e a conclusão foi a mesma. Posto isso, v poderia me perguntar, mas como o sujeito pode ser um físico atômico se não consegue ler sequer livros teóricos de física, que não apresentam minimamente as dificuldades de lingua, como o apresentam os de literatura e de grande porção da filosofia? E eu só posso te responder que não trabalho com psicologia diferencial e que esses casos, o dos "gênios idiotas" são realmente extremos, patológicos a não mais poder.
Bem, tornemos a Jung, Einstein era um gênio em física, e somente em física, mas tinha uma excelente cultura geral, o que pode alcançar o talento mas não a genialidade.
Quanto ao enxadrista, podemos ter tanto um caso como o outro.
E quanto aos testes de qüoeficiente de inteligência, é preciso acentuar que foram elaborados sobretudo visando ao desempenho combinatório e de memória, coisas necessárias, variando a complexidade dos testes, ao preenchimento de um
cargo vacante numa empresa etc. Como, p ex, um teste de QI poderia avaliar a inteligência... e a genialidade, nada "idiota" de um pintor como, p ex, Joan Miró. Absolutamente impossível.
Abraço para você.
2006-12-03 16:33:36
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answer #2
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answered by Anonymous
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tem muita coisa relacionada sim.
2006-12-02 12:33:46
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answer #3
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answered by raposa 6
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Porque esta pergunta foi aberta duas vezes?
Quanto ao QI acho que está ligado sim, mas não sozinho, há outros aspectos da mente que influenciam nesse jogo de estratégia, paciência, memória, cálculo e inteligência.
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2006-12-02 11:49:12
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answer #4
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answered by Caledonian 6
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está, mas a experiência no jogo conta muito mais, eu por exemplo tenho um QI bem maior q um amigo meu, mas ele joga xadrez direto e sempre me ganha.
2006-12-02 11:37:16
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answer #5
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answered by Anonymous
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