Infelizmente, existe, na maioria das sociedades, talvez em todas, aquele sentimento denominado "preconceito". Para explicar isso, vou ter que fazer uma viagem no tempo. Séculos atrás, como se sabe, os filósofos gregos buscavam o conhecimento da condição humana, do ser e do pensamento. Mas, ao mesmo tempo, eram cientistas (Aristóteles, Pitágoras, etc.).
Foi a partir do séc. XIX e, muito particularmente, do séc. XX, que a ciência passou a ser vista com outros olhos, isto é, como um processo racional, que inclui investigação, identificação e pesquisa, que levava a resultados observáveis e/ou comprováveis. Devido a essa mudança na forma de ver o mundo (as pessoas, a natureza, etc.), houve uma nítida separação entre "filosofar" e "investigar". A partir daí, a sociedade, com o olhar bipartido, começou a ver com uns olhos, quem fazia ciência, e com outros olhos, quem "apenas" se voltava para o conhecimento do ser humano, das línguas, da literatura, etc.
Como as mulheres têm, em geral, mais facilidade com a palavra e os homens, com os números (por uma questão de uso diferenciado dos hemisférios cerebrais), as mulheres, quase que em massa, se voltaram para a área de humanas; os homens, para a de exatas. A partir daí, começou um outro processo, que varia de acordo com cada cultura.
No Brasil, por exemplo, por ser uma sociedade patriarcal, passou-se a valorizar mais a profissão dos homens (lembremos que, há bem pouco tempo atrás [1945],as mulheres nem votavam, ou seja, todas as decisões eram tomadas pelos homens; todas as "vozes" que se ouviam, em jornais, etc., eram "masculinas"). Conclusão: os salários dos profissionais da área de humanas foram, gradativamente, diminuindo.
No entanto, a sociedade se esquece de um detalhe importantíssimo: todo tipo de conhecimento passa pela língua, ou seja, sem ela, não seríamos capazes de nos fazer entender. Hoje, principalmente, se não soubermos outras línguas, como o inglês, estaremos excluídos da chamada "sociedade global". É interessante o fato de que todo mundo parece saber disso, já que, na maioria das grandes empresas, há muita procura por pessoas que saibam redigir bem, na própria língua nativa, e que, também, saibam se comunicar, oralmente e por escrito, em inglês.
Mas, ao mesmo tempo, na hora de pagar essas pessoas, é muito comum haver salários bem mais baixos que aqueles dos médicos, dos advogados, dos engenheiros, etc. É uma contradição, presente na nossa cultura e em outras também.
Minha opinião: para o bom profissional, seja lá de que área for, sempre há bons empregos que pagam bem, isto é, que irão lhe proporcionar um padrão adequado de vida. Além disso, a profissão do profissional de Letras, é bastante estável e bastante requisitada. Sempre há aulas para dar porque sempre haverá alunos que querem e/ou que precisam aprender. É das melhores profissões que existem, apesar dos pesares. Mas, por falar em "pesares", se pararmos para pensar nas grandes dificuldades que os médicos enfrentam e na responsabilidade que carregam, veremos que se trata de uma profissão que paga bem aquele que é um "ótimo" médico porque até mesmo os residentes (ou aqueles que não sobressaem) têm um salário baixíssimo.
Conclusão: a melhor profissão é aquela pela qual optamos simplesmente porque gostamos e porque temos aptidão. O resto (salário, etc.) é conseqüência.
2006-12-02 00:16:56
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answer #1
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answered by Nice 5
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