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Preciso saber o nome do autor. Me ajudem!!!

2006-11-30 08:02:56 · 9 respostas · perguntado por Anonymous em Artes e Humanidades Livros e Autores

9 respostas

Não, não é o Navio Negreiro (embora ele tenha recitado um trecho dele em um ou dois episódios)!!! O que eles mais citavam era "Tragédia no Lar" que Castro Alves escreveu qdo ainda era criança (um gênio!!):

TRAGÉDIA NO LAR - Castro Alves

Na Senzala, úmida, estreita,
Brilha a chama da candeia,
No sapé se esgueira o vento.
E a luz da fogueira ateia.

Junto ao fogo, uma africana,
Sentada, o filho embalando,
Vai lentamente cantando
Uma tirana indolente,
Repassada de aflição.
E o menino ri contente...
Mas treme e grita gelado,
Se nas palhas do telhado
Ruge o vento do sertão.

Se o canto pára um momento,
Chora a criança imprudente ...
Mas continua a cantiga ...
E ri sem ver o tormento
Daquele amargo cantar.
Ai! triste, que enxugas rindo
Os prantos que vão caindo
Do fundo, materno olhar,
E nas mãozinhas brilhantes
Agitas como diamantes
Os prantos do seu pensar ...

E voz como um soluço lacerante
Continua a cantar:

"Eu sou como a garça triste
"Que mora à beira do rio,
"As orvalhadas da noite
"Me fazem tremer de frio.

"Me fazem tremer de frio
"Como os juncos da lagoa;
"Feliz da araponga errante
"Que é livre, que livre voa.

"Que é livre, que livre voa
"Para as bandas do seu ninho,
"E nas braúnas à tarde
"Canta longe do caminho.

"Canta longe do caminho.
"Por onde o vaqueiro trilha,
"Se quer descansar as asas
"Tem a palmeira, a baunilha.

"Tem a palmeira, a baunilha,
"Tem o brejo, a lavadeira,
"Tem as campinas, as flores,
"Tem a relva, a trepadeira,

"Tem a relva, a trepadeira,
"Todas têm os seus amores,
"Eu não tenho mãe nem filhos,
"Nem irmão, nem lar, nem flores".

A cantiga cessou. . . Vinha da estrada
A trote largo, linda cavalhada
De estranho viajor,
Na porta da fazenda eles paravam,
Das mulas boleadas apeavam
E batiam na porta do senhor.

Figuras pelo sol tisnadas, lúbricas,
Sorrisos sensuais, sinistro olhar,
Os bigodes retorcidos,
O cigarro a fumegar,
O rebenque prateado
Do pulso dependurado,
Largas chilenas luzidas,
Que vão tinindo no chão,
E as garruchas embebidas
No bordado cinturão.

A porta da fazenda foi aberta;
Entraram no salão.

Por que tremes mulher? A noite é calma,
Um bulício remoto agita a palma
Do vasto coqueiral.
Tem pérolas o rio, a noite lumes,
A mata sombras, o sertão perfumes,
Murmúrio o bananal.

Por que tremes, mulher? Que estranho crime,
Que remorso cruel assim te oprime
E te curva a cerviz?
O que nas dobras do vestido ocultas?
É um roubo talvez que aí sepultas?
É seu filho ... Infeliz! ...

Ser mãe é um crime, ter um filho - roubo!
Amá-lo uma loucura! Alma de lodo,
Para ti - não há luz.
Tens a noite no corpo, a noite na alma,
Pedra que a humanidade pisa calma,
- Cristo que verga à cruz!

Na hipérbole do ousado cataclisma
Um dia Deus morreu... fuzila um prisma
Do Calvário ao Tabor!
Viu-se então de Palmira os pétreos ossos,
De Babel o cadáver de destroços
Mais lívidos de horror.

Era o relampejar da liberdade
Nas nuvens do chorar da humanidade,
Ou sarça do Sinai,
- Relâmpagos que ferem de desmaios...
Revoluções, vós deles sois os raios,
Escravos, esperai! ...
..................................................................
Leitor, se não tens desprezo
De vir descer às senzalas,
Trocar tapetes e salas
Por um alcouce cruel,
Que o teu vestido bordado
Vem comigo, mas ... cuidado ...
Não fique no chão manchado,
No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste
Às vezes a própria festa.
Tu, grande, que nunca ouviste
Senão gemidos da orquestra
Por que despertar tu`alma,
Em sedas adormecida,
Esta excrescência da vida
Que ocultas com tanto esmero?
E o coração - tredo lodo,
Fezes d`ânfora doirada
Negra serpe, que enraivada,
Morde a cauda, morde o dorso
E sangra às vezes piedade,
E sangra às vezes remorso?...

Não venham esses que negam
A esmola ao leproso, ao pobre.
A luva branca do nobre
Oh! senhores, não mancheis...
Os pés lá pisam em lama,
Porém as frontes são puras
Mas vós nas faces impuras
Tendes lodo, e pus nos pés.

Porém vós, que no lixo do oceano
A pé**** de luz ides buscar,
Mergulhadores deste pego insano
Da sociedade, deste tredo mar.
Vinde ver como rasgam-se as entranhas
De uma raça de novos Prometeus,
Ai! vamos ver guilhotinadas almas
Da senzala nos vivos mausoléus.

- Escrava, dá-me teu filho!
Senhores, ide-lo ver:
É forte, de uma raça bem provada,
Havemos tudo fazer.

Assim dizia o fazendeiro, rindo,
E agitava o chicote...
A mãe que ouvia
Imóvel, pasma, doida, sem razão!
À Virgem Santa pedia
Com prantos por oração;
E os olhos no ar erguia
Que a voz não podia, não.

- Dá-me teu filho! repetiu fremente
o senhor, de sobr`olho carregado.
- Impossível!...
- Que dizes, miserável?!
- Perdão, senhor! perdão! meu filho dorme...
Inda há pouco o embalei, pobre inocente,
Que nem sequer pressente
Que ides...
- Sim, que o vou vender!
- Vender?!. . . Vender meu filho?!

Senhor, por piedade, não
Vós sois bom antes do peito
Me arranqueis o coração!
Por piedade, matai-me! Oh! É impossível
Que me roubem da vida o único bem!
Apenas sabe rir é tão pequeno!
Inda não sabe me chamar? Também
Senhor, vós tendes filhos... quem não tem?

Se alguém quisesse os vender
Havíeis muito chorar
Havíeis muito gemer,
Diríeis a rir - Perdão?!
Deixai meu filho... arrancai-me
Antes a alma e o coração!

- Cala-te miserável! Meus senhores,
O escravo podeis ver ...

E a mãe em pranto aos pés dos mercadores
Atirou-se a gemer.
- Senhores! basta a desgraça
De não ter pátria nem lar, -
De ter honra e ser vendida
De ter alma e nunca amar!

Deixai à noite que chora
Que espere ao menos a aurora,
Ao ramo seco uma flor;
Deixai o pássaro ao ninho,
Deixai à mãe o filhinho,
Deixai à desgraça o amor.

Meu filho é-me a sombra amiga
Neste deserto cruel!...
Flor de inocência e candura.
Favo de amor e de mel!
Seu riso é minha alvorada,
Sua lágrima doirada
Minha estrela, minha luz!
É da vida o único brilho
Meu filho! é mais... é meu filho
Deixai-mo em nome da Cruz!...

Porém nada comove homens de pedra,
Sepulcros onde é morto o coração.
A criança do berço ei-los arrancam
Que os bracinhos estende e chora em vão!

Mudou-se a cena. Já vistes
Bramir na mata o jaguar,
E no furor desmedido
Saltar, raivando atrevido.
O ramo, o tronco estalar,
Morder os cães que o morderam...
De vítima feita algoz,
Em sangue e horror envolvido
Terrível, bravo, feroz?

Assim a escrava da criança ao grito
Destemida saltou,
E a turba dos senhores aterrada
Ante ela recuou.

- Nem mais um passo, cobardes!
Nem mais um passo! ladrões!
Se os outros roubam as bolsas,
Vós roubais os corações! ...

Entram três negros possantes,
Brilham punhais traiçoeiros...
Rolam por terra os primeiros
Da morte nas contorções.

Um momento depois a cavalgada
Levava a trote largo pela estrada
A criança a chorar.
Na fazenda o azorrague então se ouvia
E aos golpes - uma doida respondia
Com frio gargalhar! ...

2006-12-01 04:02:30 · answer #1 · answered by Mi 3 · 1 0

Castro Alves: o poeta dos escravos


"Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra

Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

..................................................................................

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cum'lo de maldade
Nem são livres p'ra... morrer...
Prende-os a mesma corrente
- Férrea, lúgubre serpente -
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!
.....................................................................................

E existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

2006-11-30 16:13:06 · answer #2 · answered by Nayla Barreto 2 · 1 0

Foi de Castro Alves????? Araponga errante????

2006-12-03 15:01:55 · answer #3 · answered by Nita 3 · 0 0

Cheguei tarde... um monte de gente ja respondeu.. mas provavelmente é Castro Alves...

2006-11-30 16:44:57 · answer #4 · answered by Anonymous · 0 0

Não era esse poema o mais citado na novela!
O poema chama-se "Tragédia no Lar" de Castro Alves.
Um trechinho pra lembrar: " Eu sou como a garça triste que vive à beira do rio / as orvalhadas da noite me fazem tremer de frio / Me fazem tremer de frio como os juncos da lagoa. / Feliz da araponga errante, / que é livre e que livre voa / lá pras bandas do seu ninho..."
É isso. Pode ter certeza! Palavra de noveleira e de professora de Literatura!

2006-11-30 16:30:56 · answer #5 · answered by Akasha Ishtar 3 · 0 0

Um deles era o Navio Negreiro de Castro Alves.

2006-11-30 16:13:02 · answer #6 · answered by Anonymous · 0 0

Amigo tenho alguma coisa aqui se servir pra vc:
Na luta contra as injustiças, cada militante usa a arma que lhe convém. No caso dos poetas, eles lançam mão é da poesia! No Brasil da segunda metade do século XIX, era grande a influência da poesia como formadora da opinião pública nacional, por mais restrita que esta fosse (pois era formada exclusivamente por homens livres - sobretudo proprietários - e excluía escravos, libertos e homens livres pobres). Conhecido como o poeta dos escravos, Castro Alves dedicou a maior parte de sua obra a denunciar e condenar as barbaridades sofridas pelos negros no Brasil, numa época em que a escravidão dominava o país. “Sua poesia destoou da produção literária conhecida da época”, lembra o historiador Mário Maestri. Daí a preferência do ex-escravo Dimas pelos versos do poeta na hora de dar o seu recado a senhores como o Barão de Araruna, em Sinhá Moça. Abaixo, você ouve dois dos poemas de Castro Alves na voz de Oscar Magrini, Débora Falabella, Danton Mello, Patrícia Pillar e Eriberto Leão.

2006-11-30 16:11:02 · answer #7 · answered by Anonymous · 0 0

Não sei o nome do poema, mas sei que todos os poemas recitados em Sinhá Moça eram de autoria de Castro Alves, também conhecido como o "poeta dos escravos". Castro Alves dedicou a maior parte da sua obra a temas anti-escravagistas.

2006-11-30 16:10:28 · answer #8 · answered by Holden 6 · 0 0

Citavam muito O Navio Negreiro, de Castro Alves. Será este?

2006-11-30 16:10:05 · answer #9 · answered by verinha 6 · 0 0

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