Depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, o protectorado foi entregue à Bélgica, por mandato da Liga das Nações. O domínio belga foi muito mais directo e duro que o dos alemães e, utilizando a igreja católica, manipulou a classe alta dos tutsi para reprimir o resto da população - maioritariamente tutsis e hutus -, incluindo a cobrança de impostos e o trabalho forçado, criando um fosso social maior do que o que já existia.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Ruanda tornou-se um território “protegido” pelas Nações Unidas, tendo a Bélgica como autoridade administrativa. Através duma série de processos, incluindo várias reformas, o assassinato do rei Mutara III Charles, em 1959 e a fuga do último monarca do clã Nyiginya, o rei Kigeri V, para o Uganda, os hutus ganharam mais poder e, na altura da independência, em 1962, os hutu eram os políticos dominantes. Em 25 de Setembro de 1960, a ONU organizou um referendo no qual os ruandeses decidiram tornar-se uma república. Depois das primeiras eleições, foi declarada a República do Ruanda, com Grégoire Kayibanda como primeiro ministro.
Após vários anos de instabilidade, em que o governo tomou várias medidas de repressão contra os tutsis, em 5 de Julho de 1973, o major general Juvénal Habyarimana, que era ministro da defesa, destituiu o seu primo Grégoire Kayibanda, dissolveu a Assembleia Nacional e aboliu todas as actividades políticas. Em Dezembro de 1978 foram organizadas eleições, nas quais foi aprovada uma nova constituição e confirmado Habyarimana como presidente, que foi reeleito em 1983 e em 1988, como candidato único mas, em resposta a pressões públicas por reformas políticas, Habyarimana anunciou em Julho de 1990 a intenção de transformar o Ruanda numa democracia multipartidária.
No entanto, nesse mesmo ano, uma série de problemas climáticos e económicos geraram conflitos internos e a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), dominada por tutsis refugiados nos países vizinhos lançou ataques militares contra o governo hutu, a partir do Uganda. O governo militar de Juvénal Habyarimana respondeu com programas genocidas contra os tutsis. Em 1992 foi assinado um cessar-fogo entre o governo e a RPF em Arusha, Tanzania.
Em 6 de Abril de 1994, Habyarimana e Cyprien Ntaryamira, o presidente do Burundi, foi assassinados quando o seu avião foi atingido por fogo quando aterrisava em Kigali. Durante os três meses seguintes, os militares e milícianos mataram cerca de 800 000 tutsis e hutus, naquilo que ficou conhecido como o Genocídio de Ruanda. Entretanto, a RPF, sob a direção de Paul Kagame ocupou várias partes do país e, em 4 de Julho entrou na capital Kigali, enquanto tropas francesas de “manutenção da paz” ocupavam o sudoeste, durante a “Opération Turquoise”.
Paul Kagame ficou como vice-presidente e Pasteur Bizimungu como presidente mas, em 2000, os dois homens fortes entraram em conflito, Bizimungu renunciou à presidência e Kagame ficou como presidente. Em 2003, Kagame foi finalmente eleito para o cargo, no que foram consideradas as primeiras eleições democráticas depois do Genocídio. Entretanto, cerca de 2 milhões de hutus refugiaram-se na República Democrática do Congo, com medo de retaliação pelos tutsis. Muitos regressaram, mas conservam-se ali milícias que têm estado envolvidas na guerra civil daquele país.
[editar] Política
O Ruanda é uma república unitária, com um regime político democrático, do tipo presidencial, com forte componente militar.
2006-11-29 23:21:03
·
answer #1
·
answered by Anonymous
·
0⤊
0⤋
Tutsis e hutus.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Ruanda tornou-se um território “protegido” pelas Nações Unidas, tendo a Bélgica como autoridade administrativa. Através duma série de processos, incluindo várias reformas, o assassinato do rei Mutara III Charles, em 1959 e a fuga do último monarca do clã Nyiginya, o rei Kigeri V, para o Uganda, os hutus ganharam mais poder e, na altura da independência, em 1962, os hutu eram os polÃticos dominantes. Em 25 de Setembro de 1960, a ONU organizou um referendo no qual os ruandeses decidiram tornar-se uma república. Depois das primeiras eleições, foi declarada a República do Ruanda, com Grégoire Kayibanda como primeiro ministro.
Após vários anos de instabilidade, em que o governo tomou várias medidas de repressão contra os tutsis, em 5 de Julho de 1973, o major general Juvénal Habyarimana, que era ministro da defesa, destituiu o seu primo Grégoire Kayibanda, dissolveu a Assembleia Nacional e aboliu todas as actividades polÃticas. Em Dezembro de 1978 foram organizadas eleições, nas quais foi aprovada uma nova constituição e confirmado Habyarimana como presidente, que foi reeleito em 1983 e em 1988, como candidato único mas, em resposta a pressões públicas por reformas polÃticas, Habyarimana anunciou em Julho de 1990 a intenção de transformar o Ruanda numa democracia multipartidária.
No entanto, nesse mesmo ano, uma série de problemas climáticos e económicos geraram conflitos internos e a Frente Patriótica Ruandesa (RPF), dominada por tutsis refugiados nos paÃses vizinhos lançou ataques militares contra o governo hutu, a partir do Uganda. O governo militar de Juvénal Habyarimana respondeu com programas genocidas contra os tutsis. Em 1992 foi assinado um cessar-fogo entre o governo e a RPF em Arusha, Tanzania.
Em 6 de Abril de 1994, Habyarimana e Cyprien Ntaryamira, o presidente do Burundi, foi assassinados quando o seu avião foi atingido por fogo quando aterrisava em Kigali. Durante os três meses seguintes, os militares e milÃcianos mataram cerca de 800 000 tutsis e hutus, naquilo que ficou conhecido como o GenocÃdio de Ruanda. Entretanto, a RPF, sob a direção de Paul Kagame ocupou várias partes do paÃs e, em 4 de Julho entrou na capital Kigali, enquanto tropas francesas de “manutenção da paz” ocupavam o sudoeste, durante a “Opération Turquoise”.
Paul Kagame ficou como vice-presidente e Pasteur Bizimungu como presidente mas, em 2000, os dois homens fortes entraram em conflito, Bizimungu renunciou à presidência e Kagame ficou como presidente. Em 2003, Kagame foi finalmente eleito para o cargo, no que foram consideradas as primeiras eleições democráticas depois do GenocÃdio. Entretanto, cerca de 2 milhões de hutus refugiaram-se na República Democrática do Congo, com medo de retaliação pelos tutsis. Muitos regressaram, mas conservam-se ali milÃcias que têm estado envolvidas na guerra civil daquele paÃs.
Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. Desde a independência do paÃs da Bélgica, os seus lÃderes sempre foram tutsis, num contexto de rivalidade étnica agravada com o tempo devido à escassez de terras e à fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e o Ruanda perdeu 40% de sua renda com exportação. Nesta época, o paÃs enfrentou sua maior crise alimentÃcia dos últimos 50 anos, e ao mesmo tempo aumentava os gastos militares em detrimento a investimentos em infra-estrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do paÃs por hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com o Uganda. Em 1993, os dois paÃses firmam um acordo de paz, o Acordo de Arusha.
Cria-se no Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994 as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês entre arengas e ânimos à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM) dirigida pelas facções hutus mais extremas. Estas mensagens incidiam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, ao passo que o conflito avança, os apelos à confrontação e à "caça do tutsi" tornaram-se mais explÃcitos, designadamente desde o mês de abril, em que se fez circular o boato de a minoria tutsi planejar um genocÃdio contra os hutus.
De acordo com Linda Melvern [1], uma jornalista britânica que teve acesso a documentos oficiais, o genocÃdio foi planificado. No inÃcio da carnificina, a tropa ruandesa estava composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famÃlias) e organizados por todo o paÃs com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir rifles de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas tais como granadas nem sequer requeriam desse trâmite e foram distribuÃdas de forma maciça.
O genocÃdio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido polo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocÃdio no Ruanda -- uma das nações mais pobres da terra -- com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro do Ruanda, Jean Kambanda, revelou [2] que o genocÃdio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
O genocÃdio
Em abril de 1994 a morte em um acidente de avião do general Juvenal Habyarimana e com o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produz-se uma serie de massacres no paÃs contra os tutsis obrigando a um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os paÃses vizinhos, em especial o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995 tropas do Zaire tentam expulsar estes refugiados para o Ruanda. Quatorze mil pessoas são devolvidas a Ruanda, enquanto que outras 150.000 se refugiam nas montanhas. Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocÃdio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
Um médico missionário Adventista do Sétimo Dia e o Seu Pai "Pastor" , Elizaphan Ntakirutimana, foram declarados culpados, pelo tribunal internacional instalado em Arusha na Tanzania , por participação no GenocÃdio em Rwanda , O Tribunal criminal internacional, teve voto unanime contra o DR. Gerard Ntakirutimana, 45, e o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, 78. O Dr. foi condenado por genocÃdio e por Crimes contra a humanidade e sentenciado a 25 anos de prisão. O Pastor Ntakirutimana, por crimes menores, foi condenado a 10 anos de prisão.O veredito pode estar sujeito a apelações, os dois acusados alegam inocência nos crimes de que são acusados, os quais ocorreram em 1994 quando foram mortos centenas de Tutsis pela milicia Hutu. Gerard Ntakirutimana, exercia a medicina no hospital adventista de Mungonero , foi considerado culpado pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados Tutsis em vários locais. Ele foi condenado por fazer parte de ataques contra Tutsis na Colina de Murambi e Colina de Muyira em várias datas, o ICTR fez tal comunicação por uma circular de notÃcias. O tribunal concluiu que Elizaphan Ntakirutimana, O presidente da associação adventista em Mugonero, no oeste de Rwanda, levou os atacantes para Igreja de Murambi em Bisesero e ordenou a remoção do telhado do edifÃcio, afim de localizar os Tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à s mortes de muitos dos que estavam no local . Ele também levou os atacantes a vários locais para localizar e matar Tutsis, o que levou o ICTR a determinar que ele era um participante dos massacres na área. De acordo com a BBC , centenas de Tutsis que procuraram refúgio na Igreja e no hospital enviaram uma carta a Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluia a frase: " Nos desejamos informar-lhe que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famÃlias". A resposta do pastor Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As MilÃcias de Hutu, segundo as testemunhas chegaram pouco tempo depois com ambos os Ntakirutimanas . Só alguns Tutsis sobreviveram a agressão. . Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois das matanças, mas foi extraditado para a Tanzania. Seu defensor foi um dos mais caros advogados dos Estados Unidos, Ramsay Clark. O ICTR já realizou nove julgamentos, com 10 condenações e uma absolvição Oito casos envolvendo 20 suspeitos. A expectativa é que mais seis casos devam ser concluÃdos este ano de 2003. Pelo menos foram mortos meio milhão de pessoas, uma grande maioria deles da comunidade de Tutsi minoritária, em atos de violência praticados pela maioria Hutu que estava governando o pais.
As vÃtimas
Talvez nunca se poderá saber quantos mortos provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se foram 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no paÃs. Tão pouco se sabe quantas vÃtimas provocou a vingança tutsi. Embora se fale do "outro genocÃdio", parece que não é absolutamente comparável.
Ajudou?
2006-11-29 17:51:34
·
answer #3
·
answered by pantimtim 4
·
0⤊
0⤋