Batia no coitado. Vagaba era o adjetivo mais suave. Inútil. Incompetente. Murrinha. Um pária. Um estorvo que só servira pra fazer filho. Tinham cinco. E o miserável ralava. Mas sabem como é: trabalho muito e grana pouca. E ela exigindo uns panos de primeira, perfuminho, futilidades. Mole não, meu camarada! E o brabo mesmo era quando ela se valia do pau de macarrão e acertava nos costados do infeliz. "Molenga! Vai ganhar dinheiro, otário!". E ele sonhando com bichos de todo jeito, fazendo a fezinha diária, apostando em brigas de galo, porrinha e corrida de cavalo. Necas. Só perdia, e quando chegava em casa ainda levava porrada. Pense numa mulher ignorante! E feia, sobretudo. Nenhum atrativo. Só briga, descompostura; verdadeiro massacre. Pois é. Mas o que é a da gente o bicho não come. Mês passado acertou no bilhete da Federal. Uma grana de responsa. O homi teve um troço na hora, mas agora está calmo. Se controlando, não dá pista nem nada. Pensa até em arribar pro norte. Ora se não...
2006-11-24
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Literatura
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Ciências Sociais
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