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Uma coisa que percebo sobre as cotas, é que elas aprofundam a divisao da sociedade brasileira, ja muito fragmentada. O criterio da cor, entao, numa sociedade hiper-miscigenada como a nossa, é totalmente estupida, coisa de gente que copia tudo dos EUA.

NO ENTANTO, já que nao adianta reclamar, dado que o lobby pro-cotas é forte, PORQUE NAO AUMENTAMOS DE VEZ O NUMERO DE VAGAS NAS UNIVERSIDADES?

Em vez de um curso de 40 vagas (sistema universal + cotas) abra-se logo um curso com 50 vagas, 10 para os negros e 40 para o sistema universal. Assim ninguem se sentiria prejudicado - eu pelo menos nao. Ou seja, haveria oportunidade para todos, e nao somente para um grupo etnico- o numero de vagas para nao-negros ficaria o mesmo, e o direito as cotas resguardado. O que nao dá é diminuir as vagas de um curso que já tem poucas vagas, por um criterio tao subjetivo e racista como o de cor. Aumentando as vagas, ninguem perde nada, todos ganham.

O que voces acham? Seria uma solucao viavel?

2006-11-23 12:09:49 · 5 respostas · perguntado por Chatoso II 3 em Sociedade e Cultura Outras - Sociedade e Cultura

5 respostas

o dia que estes compradores de votos por decreto me provarem que a célula for diferentes paras as cores da pele, vou me revoltar com DEUS com propriedade, isto é um absurdo.

2006-11-23 12:15:08 · answer #1 · answered by Theos 6 · 0 1

Aí o problema é o dinheiro. Cada vaga tem um preço, né? Melhor investir esse dinhero nas escolas secundárias e primárias públicas.

2006-11-23 12:12:01 · answer #2 · answered by Anonymous · 1 0

Enquanto o Brasil não parar de querer copiar a lição de casa dos americanos certamente, nunca irá dar certo...
A questão de cotas universitárias na América do Norte é simples. Lá o ensino é de qualidade, tem a base desde cedo...
A cultura deles é diferente da nossa...A criança aos 10 anos sabe cozinhar, se virar sozinho, aos 18 já mora sozinho....
E tem um controle rigoroso na educação, sabendo quem vai entrar, quem vai sair, tem um estudo... Então não tem problemas em arrumar vagas....

A Universidade pública é aberta para todos...Não tem esse negócio DE FILHINHO DE PAPAI somente entrar na universidade pública e muito menos esse negócio de VESTIBULAR....Que é muito mais discriminatório do que esse método de cotas raciais....Você passa quatorze anos estudando e chega num dia que tem 2h para ser avaliado tudo que estudou
para candidatar se a uma vaga, que é de direito seu....É contraditório isso....

Que no fundo é uma discriminação sem tamanho...Pois a educação é um direito de todos, como a saúde, ao transporte e entre outros...

Você é cidadão, paga os seus impostos, tem direito à educação...Só que aqui no Brasil é uma questão problemática de um tamanho gigantesco...
São questões educativas,sociais, culturais, higiênicas, de crenças, financeiros e entre outros....

2006-11-23 12:37:25 · answer #3 · answered by kranicola 3 · 0 0

Eu continuo pensando que as cotas não resolvem o problema dos negros que estão fora das univesidades públicas. Porém o sistema de vestibular também é altamente injusto ( quando vem o resultado final, a maioria dos candidatos ficam de fora por apenas 0,10 pontos, 0,01, e sem chances de reclassificaçao). Enfim, o sistema sducacional precisa ser mudado e o aumento de vagas é uma forma viável sim.
E se os professores fossem exclusivos em seu local de trabalho seria muito bom, visto que eles lecionam em até quatro escolas diferentes.
O modelo de ingresso nas universidades americanas certamente não deve ser igual ao nosso. Valeu pela pergunta. Abraço.

2006-11-23 12:31:53 · answer #4 · answered by رماضان قاريم 7 · 0 0

Adianta reclamar SIM!!! A sociedade tem que reagir a esse absurdo racista. Dividir a sociedade brasileira em brancos, negros e índios "de carteirinha", com o pretexto de que têm que ser feitas reparações. Isso é absurdo! É uma ideia fora de lugar e fora do tempo. Publico abaixo o texto da Profa. Mary Lucy Murray Del Priore, doutora em história social pela USP com pós-doutorado pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (França). Ela é historiadora e autora, entre outras obras, de "História das Mulheres no Brasil" (Prêmio Casa Grande e Senzala de 1998).

O tempo não pára

MARY DEL PRIORE

A PALAVRA "raça" surgiu nos finais do século 15 para designar as famílias reinantes na Europa. Sinônimo de linhagem, demorou 200 anos para ganhar outro sentido: grupo que se diferenciava por um conjunto de caracteres hereditários.
Em Portugal, no século 18, não constava dos dicionários, embora os descendentes de judeus, considerados gente de "raça infecta", fossem proibidos de ter acesso a cargos públicos. Estatutos, denominados "de pureza de sangue", foram depois estendidos a ciganos, indígenas e afrodescendentes e tinham a ver com a desigualdade assentada na religião.
É no século 19, com Gobineau, autor de "Ensaio sobre a Desigualdade das Raças Humanas", que a noção de raça, associada às características físicas e a um passado comum, ganhou força. Dicionarizada nos anos 30, a palavra "racista" vai se referir à teoria da hierarquia das raças, que pregava a necessidade de preservar a raça superior de todo cruzamento e o seu direito de dominar as outras. "Mein Kampf" foi o evangelho do racismo.
No século 19, despontou uma disciplina encarregada de estudar o problema. A antropologia designava, então, a arte de avaliar a cor da pele, medir crânios e definir raças. Debate antigo agitava a área: a origem da espécie humana seria única ou múltipla?
Foi recusando a heterogeneidade das "raças" humanas que seus fundadores se deram um problema para pensar: se a humanidade era una, como identificar, classificar e justificar a variedade dos modos de vida dos grupos humanos? Hierarquizando as culturas, justificando as invasões coloniais e valorizando o racismo, muitos pioneiros acabaram dividindo o mundo entre "civilizados e primitivos".
No Brasil, tais concepções chegaram tarde. A simples introdução da categoria "cor" nos censos do império gerou protestos, e apenas aos finais do século é que intelectuais brasileiros se interessaram pelo tema. Ante a questão da mistura étnica que marcou a nossa formação, o que fazer?
Nina Rodrigues e Silvio Romero buscaram mapear as contribuições da "raça negra" a nossa formação. E muitos intelectuais inverteram as interpretações que previam a "degeneração da raça" como resultado da mestiçagem, apostando, ao contrário, que, graças à imigração européia, o branqueamento seria a solução.
Se essas conclusões fortaleceram preconceitos num momento em que os últimos escravos estavam sendo libertados, elas não estabeleceram fronteiras raciais nítidas entre as pessoas, pois valorizavam a própria miscigenação como uma forma eficiente de convívio e branqueamento.
Há décadas, o debate sobre "raças" ficou para trás, substituído pelo das culturas, como conjunto de comportamentos e valores comuns. Houve um duplo movimento: a afirmação da importância do fator cultural como fonte de diferença e conflito e a desconstrução da noção de cultura como algo coerente, inalterado pelo tempo.
Aparentemente contraditórias, essas afirmações introduziram questões muito distantes de "se há racismo ou não". Elas perguntam em que medida defender minorias ajuda a perpetuar uma diferença que não está longe da idéia de raça, dando suporte ao etnocentrismo. Ou questionam se o reconhecimento de identidades culturais é compatível com os princípios de igualdade e liberdade, que são os das modernas democracias.
A sociedade brasileira está em plena transformação. Não somos racistas, mas, sim, fazedores de preconceitos. Alimentamos intolerâncias. Nisso, não diferimos de congêneres de outros países. Estranhamos o "outro" diferente na cor, na religião, na condição econômica. Olhamos com desconfiança quem não é "como nós".
Ora, as ciências humanas ensinam que os indivíduos criam convenções e representações que dão sentido a sua existência. Criando-as, eles podem revisá-las e fazê-las evoluir, o que justifica a grande mudança que vivemos.
O foco nas diferenças encarnadas nas minorias ajuda a passar em silêncio uma característica das sociedades de massa: a grande uniformidade dos modos de vida. "Nós", como os "outros", temos, hoje, mais coisas em comum do que diferenças. Nesse contexto, falar em racismo seria voltar ao século 19. E, como diz o poeta -e o historiador- "o tempo não pára".

2006-11-23 12:24:38 · answer #5 · answered by Blabla U 6 · 0 0

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