O temo norma tem duas significações básicas, quando o campo é o da linguagem.
Na primeira, entende-se norma como a modalidade lingüística "normal", "comum". Em princípio essa modalidade seria estabelecida pela freqüência de uso, e, se se contempla, realmente, o uso lingüístico, essa visão, sem fazer valoração, reparte a noção de norma por estratos sociais (variação de uso diastrática), por períodos de tempo (variação de uso diacrônica) por regiões (variação de uso diatópica).
Na segunda significação, o termo norma é entendido como o uso regrado , como a modalidade "sabida" por alguns, mas não por outros. Também neste caso, se se contempla a real inserção de tal modalidade "padrão" no uso lingüístico, a noção de norma se reparte diastrática, diacrônica e diatopicamente, entretanto com juízo de valor sobre as modalidades, em cada zona de variação: umas são mais prestigiadas que outras. De outro lado, se há uma - e apenas uma - modalidade estabelecida como representação de um padrão desejável, a concepção é ainda mais arbitrária, e sempre se sustenta por autoridade.
Nas duas concepções insere-se a norma na sociedade. Na primeira, o que está em questão é o uso, e, então, a relação com a sociedade aponta para a aglutinação social. Na segunda, trata-se de bom-uso, e a relação com a sociedade aponta para a discriminação, criando-se, por aí, estigmas e exclusões. É crucial a diferença.
2006-11-23 06:13:57
·
answer #1
·
answered by Carol 3
·
0⤊
0⤋
A resposta de Carol está bem completa, mas gostaria de traduzir um pouco o que está dito lá, caso alguém ache complicada a linguagem científica de Bechara.
Antes de tudo, é bom ressaltar que as normas lingüísticas são freqüentemente confundidas com as normais gramaticais. Elas são bem distintas pelo simples fato de que a gramática não é a língua, mas sim, uma pequeníssima faceta dela.
O que Bechara explica é que as normas podem ser as:
- de uso: todo fato lingüístico é lógico e tem razões para existirem. É puro preconceito dizer que a frase "nós fumo no banco" é uma frase fora da regra. Na verdade, existem normas a serem respeitadas até em frases que alguns chamam de erradas. Exemplo disso é que facilmente encontraremos quem diga "nóis fumo", mas nunca, quem diga "você fumo". Mesmo essa língua tão estigmatizada possui regras a serem seguidas. Por isso, todo falar segue normas claras. Seja o falar de uma determinada época ou de uma determinada classe social etc.
- de prestígio: existem usos da língua que são mais prestigiados do que outros. A linguagem urbana é mais pretigiada que a rural; o falar dos ricos é mais prestigiado do que o dos pobres; dos intelectuais, acima do falar dos de baixa escolaridade etc. O prestígio, como disse Bechara, é imposto arbitrariamente pelo poder. (continua sendo veículo de exclusão social e difusor de preconceitos)
- gramaticais: é o mais arbitrário de todos. São regras que não refletem a língua realmente dos falantes nativos. São regras ditadas que nem sempre condizem com a realidade, mas que, apesar disso, são as de maior prestígio.
E endosso também o que disse Jenny Lee com apenas uma ressalva: a lingüística não estuda tanto o certo quanto o errado, pois são conceitos que não existem, nas ciências da linguagem. Melhor seria dizer que a lingüística estuda todas as variações lingüísticas, seja aquelas que alguns, erroneamente, consideram "erradas" ou consideram "certas".
2006-11-24 09:47:20
·
answer #2
·
answered by Alyson Vilela 6
·
0⤊
0⤋
Lingüística é o ramo que estuda a linguagem escrita e falada, considerando epoca, classe social , economica e cultura dos falantes.
Para a lingüistica os erros da gramatica normativa não são estudados como erros e sim como variações lingüisticas, pois essas denominadas variações são objeto de estudo da lingüistica, para um ramo especifico da mesma, a sociolingüistica.
A lingüistica tambem estuda o processo de formação das palavras, da significação à fonética.
Acredito que as normas linguisticas são as normas da lingua em geral, a organização dos sons e silabas, enunciados e discursos, não se confundindo exatamente com norma culta, pois como já disse antes a lingüistica estuda tanto o errado qnd o certo.
bye bye
2006-11-23 14:41:54
·
answer #3
·
answered by Jenny Jen 4
·
0⤊
0⤋
Diferenças entre "facto" e "fato" ou diferenças de acentuação como entre "Mônica" e "Mónica", principalmente estas últimas, não devem ser consideradas significativas.
Na verdade, "facto" e "fato" são coisas diferentes em português de Portugal, sendo a diferenciação inerente ao contexto.
2006-11-23 13:52:09
·
answer #4
·
answered by Anonymous
·
0⤊
0⤋