Realismo: Representação directa e fiel da realidade, sem que intervenha a fantasia; sistema dos que supõem conhecer o mundo exterior como realidade objectiva, em oposição ao sistema de conhecimento pelas impressões
O Romantismo foi um movimento artístico e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou durante grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que aparentemente se perdera. Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideiais utópicos. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo romantismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, num sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objectivo
2006-11-23 15:03:16
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answer #3
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answered by neto 7
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OS CONCEITOS DE LITERATURA E CRÃTICA LITERÃRIA EM DOIS TEXTOS DE SILVIO ROMERO
Camila Chaves Cardoso
Discutiremos, a partir de considerações espalhadas por dois textos de Silvio Romero: O naturalismo em literatura e Da crÃtica e sua exata definição, dois conceitos principais: crÃtica literária e literatura, o que necessariamente remeter-nos-á a uma discussão acerca da natureza de cada uma delas, seus respectivos métodos, bem como a função que lhes caberia na sociedade. Embora outras inúmeras questões poderiam ser suscitadas a partir da vasta obra desse crÃtico - e mesmo nesses dois textos em questão- nos ateremos apenas aos dois aspectos mencionados acima.
Ressaltamos ainda, que o presente texto terá, por vezes, um caráter de mera resenha, porque, antes de mais nada, se objetiva apenas descrever o pensamento desse polêmico crÃtico da virada do século, entrecortando suas observações por algumas considerações nossas, considerações estas de quem ocupa um outro espaço e outro tempo e, talvez por isso mesmo, carreguem, como o leitor poderá notar, tantas ressalvas e dúvidas.
Começaremos pelo texto O naturalismo em literatura, publicado em 1882, respeitando assim tanto uma ordem cronológica quanto uma possÃvel “evolução” de seu pensamento. Neste estudo, Romero se propõe a analisar a obra crÃtica de Zola [1] , considerado por ele o mais célebre dos naturalistas, e afirmar seu próprio papel de porta-voz do naturalismo no Brasil, sem deixar de atacar, à s vezes ofensivamente, outros crÃticos e mesmo os escritores românticos.
Romero inicia esclarecendo as diferenças entre naturalismo, realismo e romantismo; este último não passaria de uma intuição fantasiosa e inconsistente, o que talvez demonstre por parte do crÃtico uma certa severidade exagerada, para não dizer um verdadeiro equÃvoco a respeito dessa corrente estética. Romero segue definindo o naturalismo como o oposto do romantismo, logo o leitor tende a concluir que ao invés de intuição e fantasia o naturalismo seria composto por “razão” e “realidade”, já o termo realismo é definido também por uma oposição, neste caso trata-se de uma oposição ao idealismo, sendo assim, para Romero, seria perfeitamente possÃvel a existência de um naturalismo realista ou um naturalismo idealista. A dúvida que fica é : seria possÃvel um romantismo realista e um romantismo idealista? Realismo significaria uma maior fidelidade ao “real”? E idealismo? Para algumas dessas questões encontraremos respostas, por vezes, estas respostas serão vagas para nosso olhar “moderno” e, por outras, para este mesmo olhar, as respostas parecerão um tanto quanto equivocadas.
Encontramos, em seu texto, muitas considerações a respeito do objeto literário, acrescentando a cada nova observação matizes novos que nem sempre são coerentes com as declarações anteriores. A primeira dessas observações, logo no inÃcio do texto, pertence a Zola e Romero parece estar de acordo com ela, veja:
“ Embalde, há insistido que em que a obra literária não deve ser acervo de mentiras, mas um conjunto de documentos humanos tomados ao vivo. Embalde tem indicado que o fim da arte não é emendar ou corrigir, sinão estudar e comentar”
(p.11)
Certos conceitos que os intelectuais modernos relativizaram ou mesmo “desconstuÃram”, são para Silvio Romero questões bem resolvidas. Um deles seria o compromisso da obra literária com a “verdade”. Um leitor do século XXI perguntaria o que é a verdade? Será a “verdade” de Silvio Romero uma fidelidade a uma suposta realidade?
Desde já a arte tem um compromisso com uma “realidade”, ainda que não necessariamente para mudá-la, mas para comentá-la ou estudá-la. Voltemos ao texto em busca de mais pistas....
Romero segue traçando um panorama histórico dos predecessores de Zola na crÃtica e adverte que este possui uma visão demasiado estreita do que seria o naturalismo, porque embora os artigos, os quais são a base da análise que Romero faz de Zola, tenham sido escritos por este para uma revista russa, o autor francês teria falhado, na medida em que não inclui em tais textos a análise das correntes estrangeiras que influenciaram o naturalismo na França. Essa “mutilação histórica” acabaria gerando uma visão nociva e incompleta do que foi o desenvolvimento da crÃtica na Europa .
Romero compara Zola a outros crÃticos como Julian Schimidt, Hermann Heltner, Taine, Scherer, Sain-Beuve e conclui que a crÃtica moderna “ é uma disciplina cientÃfica que se aplica a todas as manifestações da humanidade” (p.15), cujo domÃnio seria a totalidade das criações humanas e seu método consistiria no que ele chama de histórico comparativo.
Há uma aproximação da crÃtica à ciência, aproximação esta que será retomada diversas vezes por Romero, e uma ampliação de seu objeto de estudo, já que caberia à crÃtica analisar todas as manifestações ou criações humanas; portanto o crÃtico deve ter um vasto conhecimento para que possa dar conta de tantas análises. Já o seu método, nomeado por ele de histórico comparativo, suscita dúvidas tais como: quais seriam os critérios levados em consideração em uma obra crÃtica com base nesse método? No texto seguinte, no qual Romero vai tratar especificamente da crÃtica, talvez obtenhamos mais respostas.
Em seu panorama histórico, Romero afirma que foi devido à aplicação da crÃtica na Alemanha em diversos campos que a moderna crÃtica foi capaz de superar o conceito que fazia dela os franceses, isto é, um mero “jogo do espirito”. Conclui que foi a partir de Lessing que a obra de arte passou a ser encarada como “coeficiente de um estado emocional sincero e espontâneo e não um capricho do acaso” (p.16) e as produções humanas passaram a ser consideradas como o “desenvolvimento normal das aptidões psicológicas, as energias latentes da raça” (p.16) Observa-se como mais uma vez Romero aproxima a crÃtica da ciência, ao mesmo tempo em que afasta a obra de arte da intuição, do que ele chama de “capricho do acaso”.
Segundo Romero, um crÃtico como Saint-Beauve só foi possÃvel devido ao momento histórico em que ele vivia, no qual já estariam sistematizados os seis elementos da crÃtica: a mesologia, a etnologia, a fisiologia, a psicologia, as correntes e influências históricas e, como não podia deixar de ser, o julgamento cientÃfico. Dentre estes elementos da crÃtica, mais uma vez nos deparamos com a ciência, entretanto agora se trata de um “julgamento cientÃfico” e pela primeira vez Romero faz menção, ainda que cientificamente, que a crÃtica deva julgar, só não sabemos ao certo o que implicaria um “julgamento cientÃfico”.
Além da ciência, temos mais uma vez a presença da história, que anteriormente foi mencionada como o método da crÃtica. Estas duas questões evidenciam o caráter naturalista de sua crÃtica, uma vez que concede um exagerado valor ao “saber cientÃfico” e ao momento histórico, vendo a obra como a concretização das “energias latentes da raça”. Com tais instrumentos, o crÃtico poderia estudar a natureza dos povos e da Ãndole dos indivÃduos. Portanto o crÃtico precisa ter uma visão ampla e segura do mundo, fator que falta a Sain-Beuve e Zola e sobra em Taine e Scherer.
Segue especulando sobre os “erros” cometidos pelos autores citados acima e nos dá mais uma pista para a busca do conceito de crÃtica: entre a crÃtica antiga que ele nomeia de pedagógica, cujo objetivo se limitava a busca de erros gramaticais e retóricos na obra literária e a chamada espectante, feita por Zola, existiria a possibilidade de um equilÃbrio que resultaria na exata expressão do analista que seria ao mesmo tempo literário e cientista.
Para Romero, o crÃtico deve usar os métodos da ciência : indução e dedução, possuir um vasto conhecimento do fenômeno que analisa e ser capaz de julgar qual o lugar do escritor no reino das idéias, não deve corrigir como o fez a crÃtica pedagógica, mas lhe caberia selecionar o que é e o que não é digno de ser chamado de obra prima. O crÃtico observa o livro, considerado como um fenômeno intelectual, devendo inquirir sobre a vida do escritor, desde suas intenções ás suas tendências mentais e, por fim, relacionar estes fatos ao desenvolvimento geral das idéias, ou seja, a crÃtica deve selecionar, julgar e distribuir hierarquicamente os papéis que cada escritor deve ocupar.
Exemplifica dizendo que mesmo que alguém se disponha a estudar todos os fenômenos intelectuais do Brasil nos últimos quatro séculos- inclusive suas escolas, correntes mentais, influências e se atenha aos seus documentos- deve, além disso, se deter também nos homens, ao que estes simbolizam, representam e encarnam, porque os fenômenos intelectuais não “brotam da terra”. O crÃtico deve encontrar a idéia central de um sistema e a nota predominante de uma caráter.
Como podemos notar, para Silvio Romero a figura do escritor é de extrema importância; da obra literária ele quer chegar ao homem que a escreveu e posteriormente à sociedade que gerou este homem, bem como ao momento histórico que ele estaria inserido. Logo, não se preocupa com o texto literário em si, isto é, com a especificidade linguagem literária. Além disso, é taxativo na crÃtica como um julgamento das obras, entretanto ao não explicitar quais os critérios desse julgamento cientÃfico, somos levados a pensar que a obra será julgada não em si mesma, mas pelas inte
2006-11-22 16:11:00
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answer #5
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answered by ♡♡♡Bel♡♡♡ 3
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