VAMOS LÁ
A apoptose é a morte programada de uma população celular. Difere da morte por necrose por ser silenciosamente caracterizada pelo encarquilhamento do núcleo (picnose), ou sua fragmentação (cariorexis), alteração da permeabilidade da membrana plasmática a corantes não vitais e vitais, e dissolução citoplasmática lenta, sem os fenômenos abruptos que caracterizam a lise celular. As células exibem movimentos anômalos e a formação de extrusões na superfície — as blebs de apoptose ou zeiose. A degradação do DNA é devida a uma endonuclease cálcio-dependente. Difere ainda da necrose por ser um processo ativo, com gasto de energia e pelo o fato que as células em apoptose não desencadeiam um processo inflamatório, como aquelas em processo de necrose o fazem. Aproxima-se mais do processo antigamente caracterizado como necrobiose embora, morfologicamente, apresente características que eram atribuídas à cariorexis.
A morte das células constituintes das membranas interdigitais do embrião humano, a morte das células da cauda de um girino durante a metamorfose são alguns exemplos clássicos de apoptose
Durante a vida pós natal podemos observar que alguns linfócitos duram poucos dias enquanto que outros sobrevivem durante anos. Células absorventes do epitélio intestinal sobrevivem menos de uma semana. Diversas metáforas são utilizadas na explanação do fenômeno, muitas delas com um faccioso enfoque teleológico. É comum chamar-se a apoptose de suicídio da célula em contraposição à morte celular induzida por agentes tóxicos ou pela anoxia. O conceito teleológico de suicídio pressupõe a existência de uma consciência e uma vontade na célula; por isso deve ser cientificamente evitado. Por outro lado tais metáforas, além de serem calcadas na teleologia, pecam por se referirem a indivíduos e não a populações.
Numa cultura de tecidos, normalmente, as células passam por cerca de 50 ciclos celulares com as respectivas divisões mitóticas, mas ao fim destas poucas dezenas de ciclos as células da cultura começam a exibir apoptose, mesmo que o material nutritivo seja adequadamente renovado. Quando cultivamos células de um tumor maligno, freqüentemente, podemos obter uma linhagem celular imortal, na qual as células estão imunes ao processo de apoptose. Algumas linhagens imortais foram obtidas à partir de células embrionárias, não malignas, como é o caso da vetusta linhagem de Alex Carrel, obtida no início do século à partir de fibroblastos de embrião de galinha.
A relação entre a apoptose e o envelhecimento pode ser expressa, matemáticamente, pela fórmula
apoptose : população celular :: envelhecimento : célula individual
Ou seja, a apoptose está para a população assim como o envelhecimento está para a célula individual
A busca da imortalidade sempre foi uma ambição de todos aqueles que, de qualquer forma, são detentores de poder e que ficam à mercê de cultores de pseudociência. Vitaminas, sais minerais, extratos de órgãos, hormônios, extratos embrionários, etc., são desprovidos de qualquer efeito sobre a apoptose ainda que, eventualmente, possam retardar o envelhecimento.
Em alguns tumores malignos a expressão da apoptose é controlada pelo gene bcl-2 que comanda a síntese da enzima bloqueadora da apoptose. Esta enzima, a telomerase é capaz de bloquear a perda de nucleotídios terminais pelos telômeros que normalmente se processa a cada mitose. A engenharia genética já nos possibilita introduzir genes bcl-2 humanos em animais inferiores e evitar neles a apoptose.
Por outro lado o gene p53 é o gene que deflagra a apoptose e este é ativado por uma agressão ao DNA. Deste modo perde-se uma célula mas o organismo não fica sujeito à presença de um DNA anômalo, que poderia desencadear a produção de anticorpos anti-DNA, sem que haja qualquer intenção no processo.
A apoptose está envolvida na morte das células queratinizadas, na seleção clonal de linfócitos B nos centros germinativos, no câncer, no desenvolvimento embrionário, etc.
A luteólise, ou regressão do corpo amarelo, tem sido relacionada com a apoptose.A apoptose pode ser detectada pelo uso de procedimentos de imunocitoquímica, com kits comerciais adequados. Maiores esclarecimentos sobre o assunto e sobre a influência da progesterona, prolatina e seus antagonistas no processo pode ser obtida na íntegra do trabalho de Gaytán e col em BIOLOGY OF REPRODUCTION 59, 1200–1206(1998)
Para estudo da importância da apoptose em células endometriais, durante o período menstrual, sugerimos visitar: http://www.biolreprod.org/content/vol59/issue5/
O papel das caspases na apoptose acha-se muito bem resumido na apresentação em Flash cujo link lhes é oferecido mais abaixo.
Atribuí-se importância de defeitos da apoptose na patogenia de diversas doenças humanas com Lupus Eritematoso disseminado ou Sistêmico, AIDS e outras viroses, diversas doenças degenerativas do sistema nervoso e das lesões hepáticas no curso do alcoolismo.
O estudo da apoptose como mecanismo citofisiológico é típico deste fim de década e diversos grupos estão se dedicando a esta tarefa. Tratando-se de assunto da moda é preciso de certos cuidados com a credibilidade dos autores, principalmente com os trabalhos que, sob o pretexto de analisar a apoptose, procuram justificar o emprego de miraculosas panacéias e agentes anti-oxidantes ou queiram confundir o controle da apoptose com o controle do envelhecimento dos indivíduos.
ABRAÇOS E UM FELIZ NATAL
2006-11-22 05:53:57
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answer #1
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answered by Virginia-DF Casada 3
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Apoptose ou morte celular programada é um tipo de "auto-destruição celular" que requer energia e síntese protéica para a sua execução. Está relacionada com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. O termo é derivado do grego, que referia-se à queda das folhas das árvores no outono - um exemplo de morte programada fisiológica e apropriada que também implica em renovação.
Ocorre no desenvolvimento embrionário, na organogênese, na renovação de células epiteliais e hematopoiéticas, na involução cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher, na atrofia induzida pela remoção de fatores de crescimento ou hormônios, na involução de alguns órgãos e ainda na regressão de tumores. Portanto consiste em um tipo de morte programada, desejável e necessária que participa na formação dos órgãos e que persiste em alguns sistemas adultos como a pele e o sistema imunológico
2006-11-22 07:28:28
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answer #4
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answered by Anonymous
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É a morte celular de forma programada, isto é, a própria célula desenvolve mecanismos para que haja sua fragmentação, incluindo a do núcleo, terminando em sua desintegração e morte. É diferente de outras mortes celulares, desencadeadas por vírus, toxinas ou injúrias, pois a apoptose não desencadeia resposta inflamatória. Geralmente ocorre como mecanismo de defesa para inibir multiplicação de célula tumoral, ou outros erros de replicação e trancrição graves para o organismo.
2006-11-22 05:57:46
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answer #7
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answered by caxinha 3
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