SÃO PAULO – Numa tarde do primeiro mandato de governador de São Paulo (de 95 a 99), Mário Covas chamou ao palácio dos Bandeirantes o comando da Fundação Zerbini, que dirige o Incor (Instituto do Coração): os dois maiores cardiologistas do paÃs, Adib Jatene e José Antonio Ramires, o senador Pedro Piva, presidente do Conselho da Fundação, e outros poucos.
No seu estilo enérgico, decidido e emocionado, Covas tinha um apelo inadiável a fazer: o novo e modernissimo edifÃcio do Incor precisava ser construÃdo. Era uma questão de honra pois fora um compromisso de campanha.
Mas o banco do Estado de São Paulo (Banespa) estava sob intervenção do Banco Central e o Estado com sua capacidade de endividamento estourado.
O crédito estadual havia acabado e não se comprava uma seringa para os hospitais públicos sem que o dinheiro estivesse no Orçamento. Só a Fundação Zerbini poderia resolver o problema e por isso Covas os convocara.
COVAS
Covas disse que a Fundação Zerbini, com US$50 milhões em caixa e seu grande prestÃgio nacional e internacional, devia ajudar o governo de São Paulo a tomar US$65 milhões no BNDES, para fazer o prédio. O Estado de São Paulo avalizaria a operação e ele, Covas, empenhava sua palavra de que o dinheiro seria devolvido à Fundação com juros, correção e gratidão.
Para os que ali estavam, bastavam a palavra de Covas, seu compromisso com a saúde e a amizade pessoal com os que o ouviam. A direção da Fundação Zerbini (e do Incor) saiu dali, foi ao BNDES e fez o empréstimo. O edifÃcio foi construÃdo como Covas queria: moderno e bonito. Na inauguração, estavam todos lá: a fundação Zerbini, o Incor, Fernando Henrique presidente da República, Mário Covas governador, Geraldo Alkmin vice-governador, José Serra ministro do Planejamento, Celso Pita prefeito, Pedro Piva senador, dezenas de deputados, senadores, prefeitos.
Mas logo o desastre da polÃtica econômica do governo Fernando Henrique levou o Incor à UTI: o Real desandou, os juros escorchantes dispararam com base numa leonina “cesta de moedas” (libras esterlinas, euros, dólares, ienes). A poupança da Fundação, de US$50 milhões, virou pó.
O INCOR, caloteado pelo Estado que nunca pagou qualquer coisa da dÃvida, tendo que assumir tudo sozinho no BNDES, sagradamente, sem jamais haver atrasado um mês, foi enfartado por uma dÃvida impagável. E corre o risco de sofrer um colapso, fulminado por uma divida de R$200 milhões.
Covas morreu no próprio Incor. Assumiu o governo o vice Alkmin, que diziam ser um Covas jovem. E era apenas um Covas de Chuchu. Desesperada, a direção da Fundação Zerbini e do Incor foi a Alkmin. Medico, vice de Covas e governador, ele conhece a historia do empréstimo, que é do Estado, feito em nome da Fundação Zerbini para ajudar o Estado, a pedido de Covas. Sabe que os 900 funcionários contratados a mais para o novo Incor (um hospital público) são pagos todos os meses pela Fundação Zerbini (que é privada).
Alkmin, na mesma sala onde Covas pediu ajuda para o melhor hospital do paÃs e um dos melhores do mundo, e foi atendido, teve o desplante de dizer, à direção da Fundação e do Incor, que os que atenderam ao apelo de Covas foram “ingênuos e irresponsáveis”. Um homem magro e austero, do alto de sua honradez, olhando duro por cima dos óculos, respondeu na hora:
- “Governador, o irresponsável está aqui. Fui eu”.
Era Adib Jatene. Alkmin ficou ainda mais chuchu. Mas, apesar de medico, e sonhando ser presidente de um paÃs doente, faz de conta que nada tem a ver com isso e deixa o Incor agonizando no corredor da enfermaria.
E Alkmin ainda permite que seu poderoso e ambicioso secretário de Saúde, o arrogante José Roberto Barradas, surrupie mais da metade de todas as verbas, principalmente as do SUS, que o Governo Federal destina ao Incor, em um escandaloso caso de incúria administrativa e desvio de recursos.
A denúncia é do brilhante advogado Paulo Bonadies: nos últimos 20 anos, o Estado de São Paulo destinou ao melhor hospital, e público, do paÃs, apenas R$11 milhões em verbas essencialmente estaduais,uma insignificância.
Quem banca o Incor é a Fundação Zerbini, uma madrinha que virou mãe. Os 1.800 funcionários do hospital custam à Fundação Zerbini R$23 milhões anuais. São 250 mil consultas por ano, 13 mil internações, 5 mil cirurgias, 2 milhões de exames. E nem um centavo do governo paulista.
Por trás da covarde sabotagem ao Incor, está a diretoria do Hospital das Clinicas (Giovani Guido Cerri, José Manuel de Camargo Teixeira), roÃda pela inveja ao prestÃgio dos herdeiros de Zerbini: Adib Jatene, Fulvio Pilegi, Sérgio Oliveira e Antonio Ramires, diretor da Fundação Zerbini e do Incor, cardiologista de Fidel Castro, Tasso Jereissati, Antonio Carlos Magalhães e milhares de brasileiros do SUS, todos tratados da mesma forma, hoje um dos três maiores cardiologistas do mundo, segundo publicações internacionais.
E o governo paulista e a secretaria de Saúde estimulam o complô da “máfia do jaleco branco”, bem conhecida aqui, louca para pôr a mão e administrar um caixa de R$300 milhões anuais.
Antes de xingar vai conhecer a história dos fatos para não cair em descredito e não perder a razão e ficar na ignorância polÃtica.
2006-11-17 16:12:03
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answer #8
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answered by morenomil 1
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