Cara Lisia,
Martin Heidegger (Messkirch 26 de Setembro de 1889 — Friburgo, 26 de Maio de 1976) foi um filósofo alemão.
Nascido na pequena vila de Messkirch, inicialmente ele quis ser padre e chegou mesmo a estudar num seminário. Depois, ele estudou na Universidade de Friburgo com o professor Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia e tornou-se professor ali em 1928. É seguramente um dos pensadores fundamentais do século XX, quer pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural.
Heidegger foi sobretudo um fenomenologista. Sua filosofia foi considerada como "lixo" por membros do Círculo de Viena e filósofos britânicos como Bertrand Russell, Alfred Ayer ou Ernest Gellner.
Em 1916, como tese de habilitação ao ensino universitário, publicou A Doutrina das Categorias e do Significado em Duns Escoto. Mais tarde descobrir-se-ia que a obra de Escoto considerada por Heidegger, isto é, a Gramática Especulativa não era de Duns Escoto. Mas isso não tinha muita relevância no pensamento de Heidegger, já que o seu trabalho, com os interesses metafísicos e teológicos que dominam, é mais teórico do que histórico.
Nesse meio tempo Husserl foi chamado a ensinar em Friburgo e Heidegger o seguiu como assistente. Professor por alguns anos na Universidade de Marburgo, em 1929 Heidegger sucedeu Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo, dando sua aula inaugural sobre O que é a Metafísica? Desse mesmo ano é o ensaio Sobre a Essência do Fundamento, bem como o livro Kant e o Problema da Metafísica. Em 1927, porém, saíra o trabalho fundamental de Heidegger, Ser e Tempo. A obra seguida de segunda parte, que, no entanto, não apareceu mais, já que os resultados alcançados na primeira parte impediam o seu desenvolvimento. Ser e Tempo é dedicado a Husserl: Heidegger afirma que trabalha com o método fenomenológico.
Heidegger increveu-se no partido Nazi (NSDAP) em 1 de Maio de 1933 (ano da chegada ao poder de Adolf Hitler), tendo posterioremente sido nomeado reitor da Universidade de Friburgo, pronunciando o discurso A Auto-afirmação da Universidade Alemã. Mas pouco depois se demitiu do cargo de reitor.
Os seus escritos posteriores a este período são (datas de publicação):
Hölderlin e a Essência da Poesia (1937);
A Doutrina de Platão sobre a Verdade (1942);
Da Essência da Verdade (1943);
A Carta sobre o Humanismo (1947);
Caminhos Interrompidos ou Caminhos de Floresta (1950);
Introdução à Metafísica (1953);
O que é isso - a Filosofia? ou O que é a Metafísica? (1956);
A Caminho Rumo à Linguagem ou A Caminho da Linguagem (1959);
Nietzsche (1961);
Ensaios & Conferências.
Os Conceitos Fundamentais da Metafíca: Mundo, Finitude, Solidão
É habitual dividir a produção filosófica de Heidegger em duas partes, uma até ao final da década de vinte, outra a partir daí. Por vezes considera-se também uma terceira anterior à produção de O Conceito de Tempo (conferência proferida em 1924, mas publicada apenas em 1983, em Francês). Assim é comum falar-se do primeiro ou do segundo Heidegger, conforme se faz referência às suas produções anteriores ou posteriores ao seu livro Da essência da Verdade (escrito em 1930, embora a publicação seja de 1943). Gianni Vattimo fala de três momentos da filosofia de Heidegger (ver Introdução a Heidegger, Tradução João Gama, Instituto Piaget, 10ed., 1996).
A divisão da filosofia de Heidegger em momentos não é pacífica. Há quem recuse a divisão, defendendo a continuidade do seu pensamento.
Ainda assim, até ao final da década de trinta, a leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos como Dasein, ser-no-mundo, morte, angústia ou decisão. Como entroncamento central de toda a sua fenomenologia encontra-se o conceito de Jeweiligkeit: ser-a-cada-momento ou de-cada-vez (Respectividade). Esta noção é fundamental para se compreender a de Dasein, que não deve ser sem mais vertida para Ser humano, homem, nem mesmo para Realidade Humana (ver, a este respeito, A Carta sobre o Humanismo- para mais pormenores sobre a difícil tarefa da tradução do termo veja-se o artigo correspondente, Dasein).
O horizonte de fundo de toda a sua investigação é o do sentido de Ser, os modos e as maneiras de enunciação e expressão de ser. Nesta medida o importante está em alcançar a colocação correcta da questão pelo sentido de ser. Assim, ele põe a claro a desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se prendeu a uma compreensão ôntica, dominada pelo ente, em vez de se dedicar adequadamente ao estudo do ser. Esta notificação deve indicar-nos que não apenas o ente é, mas que o ser tem modos: há modos de ser. E cada ente deve ser abordado a partir do modo adequado de o abordar, o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser próprio do ente que em cada caso está em estudo.
O Dasein, pela sua especificidade, inicia qualquer interrogação. O Dasein é o ente que em cada caso propriamente questiona e investiga. É também o Dasein que detém a possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder da proposição em geral. Daí que na questão acerca do sentido de ser seja fundamental começar por abordar o ser deste ente particular. E tem que ser o próprio Dasein a fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma análise fenomenológica esclarecida (hermenêutica).
Algumas obras de Heidegger revestem-se de inspiração kantiana, quer pelo método crítico que os rege, quer pelos seus resultados, quer pela escolha dos temas. Regra geral considera-se que as obras anteriores a Ser e Tempo são de teor kantiano. Esta fase do seu pensamentos constitui para alguns estudiosos o primeiro momento da sua filosofia, marcado pela influência de Kant e pela pujânça fenomenológica. Apesar das reservas dos seguidores da sua metodologia, Heidegger tende a ser aproximado ao movimento existencialista. Esta fase é aquela que mais facilmente se relaciona com este movimento.
A tese de doutoramento sobre A teoria do juízo no psicologismo (1913), a tese de docência acerca d'A doutrina das categorias e do significado em Duns Escoto (1916) e o tratado A História do Conceito de Tempo, também conhecido como Conceito de Tempo em Historiografia (1914), são concensualmente aceites como (neo)kantianas. Estas obras, dentro de uma terminologia e temática próprias do Neokantismo, abordam problemas que o extravazam e já não podem ser resolvidas nas estritas fronteiras kantianas. A facticidade da existência, que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo, torna impraticável a posição de um sujeito do conhecimento como sujeito puro que se supõe na reflexão de tipo transcendental. A consciência implica uma temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico. Esta temática torna-se o cerne da sua lição inaugural, na Faculdade de Teologia da Universidade de Marburgo, A História do Conceito de Tempo.
Embora a filosofia de Heidegger não fosse o nazismo, há ligações visíveis entre esta filosofia e o movimento geral da idéias e dos acontecimentos que geraram o nazismo. Porém, após a destruição do Estado Hitleriano, o pensamento de Heidegger conheceu um sucesso prodigioso, mesmo em países que nós poderíamos considerar pouco inclinados a acolhe-lo em virtude das suas origens. Tal fato nos leva a refletir. O pensamento de Heidegger deve satisfazer certas necessidades ideológicas da Europa Contemporânea, corresponder certas tendências e fascinações, das quais foi expressão convulsiva e exaltada à crise fascista dos anos trinta.
Proibido de ensinar pelos aliados, entre l945 e l95l, Heidegger retorna as aulas em l95l, é nomeado professor honorário, no mesmo ano continuou a trabalhar até a morte, em 26/06/l976.
Espero ter ajudado. Abraços, Moran
O conhecimento do pensamento de Heidegger deve ajudar-nos a compreender, a interrogar e a criticar a nossa própria existência.
2006-11-17 04:10:26
·
answer #1
·
answered by Moran 5
·
1⤊
0⤋
Heidegger é um excelente filosofo. Para mim um filosofo extraordinário entre os demais filosofos. Heidegger é o filosofo do ser, para ele a filosofia é o resgate do ser, o desvelamento do ser. essa é sua diferença dos demais filosofos. Heidegger é o filosofo contenporaneo que mais preocupou com o sentido da filosofia no século XX. Sem preocupação com que os outros filosofos afirmavam, seu pensamento é um pensamento original e autentico. Falar em heidegger é bom mas paro por aqui, espero que tenho contribuido com sua pergunta.
2006-11-17 05:01:57
·
answer #2
·
answered by Pensador 3
·
1⤊
0⤋
Lisia, Não sei examente o que v quer? Seja: se v já leu Heidegger e quer saber apenas o que pensamos a respeito ou se não o leu e deseja obter apenas informaçõs sobre. Se é este ultimo o caso, v já tem uma primeira resposta para cá transposta da Wikipédia. Friso sempre que jamais me valho da inter em minhas respostas.
Bem, falar-te-ei apenas um pouco e muito livremente, i. e. descosidamente, sobre Heidegger e sobre um que outro aspecto do pensamento de que ora me lembro e que me são valiosos: porque me são valiosos é que deles me lembro é mais lógico.
Heidegger se vale de duas palavras Dasein e Existenz que são empregadas também pelo filósofo e psiquiatra Karl Jaspers, mas de forma diferente. Enquanto para este Dasein, ou ser-em-situação, disgna toda a realidade empírica e Existenz aquilo que, embora sendo seres de razão, é um apelo, um chamamento, que ultrapassa a razão e nos impele a buscar, sobretudo nas situações-limite, especialmente a morte. E, então, a imortalidade que não podemos conhcer mediante a razão, ele a diz "uma riqueza de nosso amor". Aquele, ao contrário, na parte antropológica de sua obra fala em dois existenciais. O primeiro é precisamente o Dasein, o ser-em-situação, mas assim ele concebe, não toda a realidade empírica, mas única e tão-somente o homem, a que se refere precisamnte como sendo o Dasien, o homem envolto necessariamente num círculo de desejos, preocupações, compromissos, conhecimentos etc. Mas o Dasein, o homem, como ser de projeto, tem a possibilidade de viver fora de si ou diante de si, e ele efere esse viver como Existenz, a abertura para as possibilidades, anelos, ideais etc. E dada tal abertura, possível, ele diz que a essência do homem é sua existência. Mas há ainda nele um terceiro existencial, a temporalidade: o homem é um existente porque existe no tempo, o que faz que sempre esteja potencialemente no futuro. Para atualizar tal, é ele, o homem passado: parte de uma situação de fato. E quando utiliza as coisas que o cercam é presente. Esse terceiro existencial tem a possibilidade de unir a essência e a existência. Se fica preso no círculo e não atualizar sua essência, o homem ficará adstrito ao passado; se, ao contrário, ´ver-se-á projetado no futuro. Ao homem preso ao passado corresponde o modo de vida inautêntico, anônimo: o homem regido pela lei gregária, da massa, eximido de toda e qualquer responsbilidade (e, logo, de liberdade). Ao homem aberto ao futuro correponde, antagonicamente, autênticidade e a a abertura e liberdade e a responsabilidade de ser-a-si-prórpio. A esses três exisitenciais estão ligadas as três formas de saber humano: sentir - passado; discorrer - presente; entender(/escutando e proclamando) - futuro), o que nos introduz em sua filosofia da linguagem.
Pelo que escrevi acima, v vê, se já não viu, que Heidegger não confere autonomia à antropologia nem à ontologia; bem ao contrário, vincula-as inextricavelmente, o que tampouco faz Jaspers. Mas enquanto este deixa uma porta aberta para a religião natural, aquele a fecha totalmente; não onbstante retome em sua filosofia da linguagem, a original (não passível de ser atribuída e tampouco o deixar de ser atribuída ao ser humano: "é" a lingagem original. A linguagem humana é derivada (o ouvir o apelo do Dizer original) e proclamadora (o dar som ao Dizer original que não tem som). E este proclamar, no qual ficamos à escuta do ser, guardando o ser, é precisamente apanágio da Poesia.
Penso que a grande importância da filosofia de Martin Heidegger radica exatamente aqui, em o conceder a palavra relacional (derivada/ouvida e proclamadora) à Poesia, não à poesia, aos poemas. Poesia a que eu definiria como visionária.
Devido ao fato de Heidegger atribuir o contacto com o Ser a o fora ou diante do homem, o médico de alma Carl Gustav Jung, reputou-o, assim como a Kierkegaard (por outros motivos), de esquizofrênico, vez que vê a única possibilidade desse contacto a partir de um conhecimento interno, abissal, subscrevendo o que disse Mestre Eckhart: ou conhecemos Deus intimamente, ou não o connhecemos de maneira alguma.
Uma curiosidade, extremamente produtiva, sobre Heidegger: jamais falava sobre filosofia fora de suas aulas, alegando que seria uma forma de banalizá-la. E, em conseqüência, não considerava Sartre como filósofo... e de fato foi um "fiósofo" de café, que morre a cada dia. Numa outra oportunidade, posso te transcrevo breve e fulminante texto dos "Diários" de Éugène Ionnesco a respeito de Sartre; apenas posso te transcrever porque não há nada a acrescentar.
Abç.
E.T.: Se houver repetições ou erros de digitação, queira escusar-me.
2006-11-18 15:24:09
·
answer #3
·
answered by Anonymous
·
1⤊
1⤋