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Sobre certos sentimentos que eram até então considerados inatos no homem - como amor filial, piedade, ciume sexual -, Durkheim afirma que eles não são encontrados em todas as sociedades: "Tais sentimentos resultam pois da organização coletiva, em vez de constituírem a base dela".

a) Podemos dizer que Durkheim afirma que os sentimentos humanos são fruto da coerção social?
b) Por quê?
c) O que seria necessário para que um sentimento fosse considerado inato ao homem e parte de sua natureza?

2006-11-16 10:15:15 · 2 respostas · perguntado por Paquitão 2 em Ciências Sociais Sociologia

2 respostas

Oi Fred
Faz um tempão que eu não dou uma rexeretada na obra de Durkheim, mas vamos tentar.
Os chamados sentimentos humanos são fruto da coerção social porque, segundo ele, o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa supremacia da sociedade sobre o indivíduo deve satisfazer a esse indivíduo, desde que ele consiga integrar-se ao conjunto de regras definidos por ela e para que não hajam conflitos exagerados a ponto de dissolvê-la, se faz necessário o favorecimento de mecanismos mantenedores de uma "solidariedade" entre seus membros. Note que a coerção não é algo simplesmente imposto, mas acordado entre os membros dessa sociedade sob a forma de um "contrato social" (Rousseau) no qual o indivíduo abre mão de alguns direitos individuais para se beneficiar de um mecanismo de proteção coletiva ao qual chamamos de "Estado".
Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a "norma moral" tende a tornar-se "norma jurídica" na medida em que essa sociedade vai se desenvolvendo e se complexificando, pois é preciso definir, as regras de cooperação e troca de serviços entre os seus membros. Esse fenômeno é definido por Durkheim como "solidariedade orgânica".
Uma vez que o indivíduo é gerado e educado dentro e por esse "organismo social", inconciente e concientemente ele se molda ao funcionamento desse organismo, tal como o órgão de um ser vivo que o mantém vivo porque não é capaz de sobreviver sem ele. Daí o fato do pensamento durkheimiano ser rotulado de organicista.
Para que um sentimento fosse considerado inato, ele deveria ser comum a todos os indivíduos de todas as sociedades e ser detectado nos primeiros minutos de vida de cada indivíduo. O único exemplo que eu consigo me lembrar agora seria o choro, mas o choro em sí não é um sentimento, mas a manifestação de diversos sentimentos. Até o medo, que seria uma forma de "instinto de sobrevivência" nos é ensinado. Note como as crianças pequenas não temem o fogo e nem os insetos perigosos. Esses "instintos" vão se revelando coforme a criança vai crescendo e muitas vezes (grande prova de que são apreendidos e não inatos) se transformam em fobias quando são mal ensinados.
Durkheim vê construções sociais em todos os fatos sociais, descarta as manifestações chamadas naturais e define atitudes sociais fora da conduta moral aceitável como "patologias sociais". Entre elas podemos descartar o suicídio e eu, particularmente, me atrevo colocar como uma patologia social brasileira, a corrupção.
Me desculpe, caro Fred, por não poder ter feito melhor por você porque me voltei para a antropologia a mais de sete anos e só lí Durkheim na faculdade e lhe confesso que tenho mantido no esquecimento, o nosso "pai da sociologia" por ter seguido outros autores de escolas de pensamento diferentes.
Creio que ambos estamos precisando dar uma estudadinha nas "Regras do Método Sociológico" e na "Divisão do Trabalho Social". rsrsrs
Grande abraço

2006-11-16 11:37:53 · answer #1 · answered by Químico 7 · 1 0

Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coerção social.

Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura. Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).

A sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras são: Da divisão social do trabalho (1893); Regras do método sociológico (1894); O suicídio (1897); As formas elementares de vida religiosa (1912). Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.





[editar] Referências bibliográficas
Durkheim, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002.
Aron, R. As etapas do pensamento sociológico. (págs: 297 a 369)
Joldman, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, Ed. Difel. 1967 (págs: 27 a 70)
Martins, J. de S. Ideologia e sociedade. Rio, 1930 (págs: 23 a 45).

[editar] Principais obras
O Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Émile Durkheim.De la division du travail social, 1893;

Les règles de la méthode sociologique, 1895;

Le suicide, 1897;

Les formes élémentaires de la vie religieuse, 1912;

Éducation et Sociologie, 1922;

L’éducation morale, 1925;

L’évolution pédagogique en France, 1938;

Montesquieu et Rousseau, précurseurs de la Sociologie'', 1953

2006-11-16 10:34:56 · answer #2 · answered by TEDDY 2 · 0 0

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