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2006-11-14 01:17:41 · 5 respostas · perguntado por Anonymous em Sociedade e Cultura Mitologia e Folclore

5 respostas

A presente análise visa apresentar de forma breve a Trilogia Tebana de Sófocles, mostrando que este se apropria da mitologia da família labdácidas[1] de Tebas (séc. XIV e XIII) e o adapta, em grande parte, ao contexto de sua época, apontando por meio daquela mitologia a tragédia para a qual a cidade de Atenas está se encaminhando, bem como, os conflitos e transformações políticas e culturais do período.

A Trilogia Tebana apresentada sob a forma de tragédia foi escrita no séc. V a.C. por Sófocles. Ela é constituída por três peças: “Édipo-Rei” (430 a.C.), “Édipo-Colono” (401 a.C) e “Antígona” (441 a.C.). Brandão (1996) afirma que apesar destas obras terem sido escritas em períodos diferentes, elas não devem ser analisadas isoladamente pois formam um encadeamento[2] em termos de mitologia.

A forma de apresentação literária e teatral no gênero da tragédia, teria sua origem no culto a Dioniso[3]. Para os gregos a preocupação com o equilíbrio, com o " métron" (não ultrapassar as medidas de cada um) é central. E o culto ao deus Dioniso era justamente esta ameaça de se passar dos limites, pois as festividades em sua homenagem incluíam o tomar vinho, músicas e danças até alcançar o êxtase, onde então partilhariam seus sentimentos com o próprio Dioniso, ou seja, os homens neste estágio alcançariam a igualdade com os deuses. Foram destas desmedidas que surgiam as tragédias, como diz Brandão (1996:12): " a tragédia só se realiza quando o métron é ultrapassado". Essa prática ameaçava tanto o poder da oligarquia (representantes do Estado) quanto os deuses (a religião).

Segundo Rocha (1985), as festividades a Dioniso inicialmente ocorriam fora da cidade e somente com a ascensão da tirania (que contou com o apoio do povo) é que essas foram incorporadas ao seu cotidiano. Outro motivo que contribuiu para tal mudança foi o econômico, pois o cultivo do vinho tornou-se algo muito rentável. Dessa forma, é possível atribuir a estes fatores a realização das festas públicas a Dioniso e a construção de um local ao lado dos outros deuses em sua homenagem[4]. O Estado passa então a controlar essas festividades.

A peça do mito " Édipo-Rei" é iniciada em frente ao Palácio real de Tebas, onde o povo encontra-se reunido lamentando a situação horrorosa em que se encontra a cidade: pestes, infertilidade, etc.. Édipo promete à multidão que ele próprio vai livrar Tebas destas desgraças assim como já o fez com relação à Esfinge[5]. Fala à multidão que já enviou Creonte, seu cunhado, irmão de Jocasta sua esposa, para consultar o oráculo de Delfos[6]. Ao retornar, Édipo ordena a Creonte que fale frente a multidão o que lhe foi dito, o qual anuncia que tal infortúnio somente findará vingando a morte de Laio[7], sendo expulso seu assassino da cidade. O desenrolar da peça será descobrir quem é o assassino. Creonte, ao ser questionado por Édipo porque não havia sido investigado o assassinato na época do ocorrido, justifica tal atitude como decorrência da luta contra a Esfinge. Na seqüência, Édipo exige que Tirésias, um adivinho, revele o assassino de Laio, sendo inclusive ameaçado para que faça a revelação. Tirésias acusa Édipo de ser o assassino, de ter casado com Jocasta e tornado-se rei. Édipo encolerizado, acusa Tirésias e Creonte de estarem planejando lhe tirar do poder. Jocasta intervém dizendo para ele se acalmar e lhe fala para não dar ouvido às profecias, pois também para ela e Laio havia sido dito que o filho mataria o pai e casaria com a mãe, e no entanto, o rei foi morto numa encruzilhada a caminho de Delfos por forasteiros. Édipo começa a se preocupar e pede a Jocasta para descrever Laio, e vai percebendo que talvez a predição de Tirésias esteja certa. Com a chegada de um mensageiro de Corinto, dando a notícia da morte do rei Pólibo, pai de Édipo, é esclarecida toda a história. Édipo descobre então que realmente não era filho natural de Pólibo e com base nesta informação e na descrição do local onde Laio foi morto, percebe que ele próprio matou seu pai, e que justamente ao fugir de Corinto é que cumpriu o que oráculo lhe havia anunciado: mataria seu pai e desposaria sua mãe. Fugindo da praça em direção ao palácio, Jocasta se suicida em seu quarto e Édipo, diante de seu corpo, fura seus próprios olhos lamentando sua cegueira e maldição. Retornando à praça, ele exige de Creonte que seja exilado e que este cuide de seus filhos.

Na outra peça, “Édipo-Colono”, Sófocles mostra o Édipo cego e miserável, banido de Tebas e exilado em Colono, lugarejo próximo a Atenas. A peça é iniciada com Édipo e sua filha Antígona (que o acompanha) no bosque sagrado das Erinias. Eles são abordados por um estrangeiro que os adverte que estão pisando em solo sagrado. Antígona fala a seu pai que acha necessário se adaptarem e cumprirem as tradições do lugar e Édipo, concordando, diz: "não devemos lutar contra o inevitável" (SOFOCLES, 1991:112). Édipo solicita a presença de Teseu, rei de Atenas, o qual vem ao seu encontro; pede-lhe proteção para si e suas duas filhas que o acompanham e promete que Atenas será abençoada após sua morte, conforme predição dos oráculos. Creonte ao saber pelos oráculos da dádiva para quem acolher o corpo de Édipo, tenta em vão levá-lo de volta, ameaçando inclusive as suas filhas, mas Teseu intervém e cumpre sua palavra de proteger Édipo. Após este incidente, Polinices, filho de Édipo, vem ao encontro do pai para obter apoio para retomar o trono de Tebas que seu irmão Eteócles assumiu e não mais cumpriu o trato de se intercalarem no trono. Édipo amaldiçoou seus dois filhos que lhe viraram as costas em Tebas, dizendo que ambos morreriam um pela mão do outro. Policines antes de se retirar, obtém a promessa de Antígona que realizará o seu sepultamento se a predição de seu pai estiver certa. Édipo ao pressentir sua morte, solicita que o rei de Atenas o encontre rapidamente, pois somente a ele será confiado o segredo do lugar de onde seria sepultado seu corpo. Despede-se de suas filhas e segue com Teseu ao espaço sagrado das deusas para seu destino final.

A última peça da Trilogia Tebana é a " Antígona"[8]. Com esta, o mito da família dos Labdácidas encerraria, já a maldição dos guénos[9] estaria cumprida. Também vai se desenvolver em frente ao palácio Real de Tebas. Antígona comunica Ismene (sua irmã) que vai enterrar devidamente o irmão Polinices, sendo que esta amedrontada, adverte a outra quanto a proibição de qualquer consideração dos tebanos para com Polinices ordenada por Creonte, sob risco de pena de morte. Ela tenta dissuadir Antígona de suas intenções, argumentando que elas são mulheres e que lhes resta apenas obedecer. Mas Antígona, decidida a cumprir sua promessa, é pega em flagrante velando seu irmão. Creonte realiza o julgamento dela em praça pública e acusa-a de ser orgulhosa e de não se submeter as suas ordens. Antígona retruca dizendo que se cumprir o desejo dos deuses de enterrar os mortos é desrespeitar sua ordem, ela não se submeterá. Creonte afirma que jamais será governado por uma mulher e manda prendê-la numa caverna. Hemón (filho de Creonte) tenta interceder por Antígona, sua noiva, questionando publicamente o pai, dizendo que o povo de Tebas a apóia, mas não tem coragem de dizer, e que nenhuma cidade pertence a um só homem, a não ser que fosse uma cidade deserta. Creonte mantém-se irredutível e quando decide escutar as profecias de Tirésias já é tarde: seu filho e sua esposa haviam se suicidado. No final, Creonte chora lamentando sua cegueira e desmedida. A peça é encerrada com o coro dizendo que a prudência é a primeira das virtudes.

A riqueza de elementos que pode ser encontrada na Trilogia Tebana é inesgotável, pode-se dizer que a cada leitura nos surpreendem as perspectivas novas encontradas. Isto é facilmente visível na quantidade de literatura que é encontrada sobre a obra e nas diversas perspectivas de abordagem. Brandão (1996) cita alguns pensadores que abordam esta mitologia: Freud enfoca o mito de Édipo em termos de complexo pai- filho-mãe e a questão do incesto; Bachofen e Erich Fromm enfocam o viés antropológico, como um problema de autoridade (pai -filho: vitória do patriarcado sob a ordem matriarcal); Foucault mostra a questão da tirania, em especial na "Antígona"[10].

Rocha (1985) tanto quanto Brandão(1996) vai destacar o caráter antropocêntrico da trilogia de Sófocles. É isto que vai diferenciá-lo de outras interpretações da mitologia da família Labdácidas, como é o caso de Homero, Esquilo, Heródito e outros. Brandão (1996) salienta o caráter de vontade livre para agir dos atores e heróis, e que os deuses somente atuam indiretamente por meio de oráculos e adivinhos, como o caso de Tirésias. São os heróis que agem para que o destino se concretize.

O período grego clássico influenciou decisivamente a forma como Sófocles (496-406a.C.) aborda sua arte nas tragédias. Ele vivenciou a expansão do Império Ateniense, o apogeu de Péricles e da democracia interna da Pólis, mas também presenciou o processo inicial de decadência de Atenas (que começa com a derrota da guerra Peloponeso). Rocha (1985) aponta inúmeras questões que aparecem na trilogia sofocliana que se diferencia da mitologia original, sendo adaptada às questões de sua época, e que indicam o quanto sua época o influenciou. Dentre vários aspectos apontados, podemos citar:

- As cenas de “ Édipo-Rei” e “Antígona” se desenvolvem em frente ao Palácio Real de Tebas, na praça. Típico da pólis grega que trata das questões públicas na praça e por outro lado, os assuntos privados como suicídio ocorrem fora deste espaço público.

- A vitória de Édipo sobre a Esfinge que aterrorizava Tebas não se dá por meio de armas (espada) típico de um guerreiro do séc. XIII e XIV a.C., mas por meio de palavras (discurso), respondendo ao enigma proposto.

- A questão da moderação é essencial para os gregos em sua organização a partir da pólis. Édipo ao tomar o seu destino nas mãos ultrapassou os limites, desafiou os deuses. Essa crença na capacidade humana da razão foi conseqüência dos avanços políticos e econômicos do séc. V a. C., em especial a vitória contra os Persas. E Sófocles, demonstra com muita genialidade a relação conflituosa entre esta nova forma de conceber o mundo, a "razão" e a visão mitológica tradicional (a influência dos deuses, a crença no destino). Ou seja, a questão da cegueira de Édipo e Creonte pode ser vista nesta perspectiva de uma época que começa a supervalorizar a razão em detrimento da visão tradicional da submissão ao destino e do choque cultural daí decorrente.

- O coro da multidão em frente ao palácio, tanto no “Édipo-Rei” quanto em “Antígona”, lembrava constantemente o desequilíbrio da razão dos homens e a religião (deuses). Também denota a participação dos cidadãos no que diz respeito aos problemas coletivos. E, ainda, mostra que apesar da tirania, tanto de Édipo quanto de Creonte, eram questionados em seu poder pelo direito de eqüidade pelo representante dos deuses (Tirésias), pelo coro e pelos próprios cidadãos (Hemón, Antígona, etc.).

- As questões do mundo público são consideradas superiores à vida privada mesmo quando se trata do Rei. Isto pode ser visto quando Édipo questiona o porquê de não ter sido investigada a morte de Laio, e Creonte lhe responde que, naquele momento, a preocupação com a Esfinge era mais urgente.

Segundo Rocha (1985), para Sófocles a falta mais grave de Édipo é com a política, pois usurpa um poder que não lhe pertence. A falta religiosa está no fato de não querer se submeter aos desígnios dos deuses. A tirania de Édipo é comparada à tirania de Pisistratides, ambos possuem a característica (desejo) de serem salvadores da cidade, (Tebas e Atenas respectivamente), de colocarem seu poder acima dos demais cidadãos e por tomarem decisões independente dos deuses e das assembléias dos cidadãos.

Portanto, pela Trilogia Tebana podemos contemplar a bela arte que aí se apresenta, mas também por meio dela podemos conhecer a própria estrutura da pólis grega, reconhecida por unanimidade no mundo intelectual como a primeira experiência de política e democracia. Arendt (2002) afirma que a pólis grega é a experiência mais rica da política já vivenciada, e que foi perdida posteriormente pelo mundo ocidental, separando a liberdade da política, reduzindo a primeira como um bem privado (individual) e a segunda, como uma função burocrática do Estado, em geral sendo expressa em seu grau máximo de participação dos cidadãos por meio do "voto". Nestas peças podemos ver o papel do cidadão, o papel da mulher como definiu Ismene na "Antígona", os riscos da tirania para a democracia por meio das atitudes de Creonte e Édipo, o conflito entre religião e Estado, etc. Por essa análise podemos ver que a cultura e a arte influenciam o meio, mas também são frutos do próprio meio, ou seja, apesar da genialidade de um artista como Sófocles de ultrapassar seu tempo em termos de originalidade, suas obras estão carregadas de questões próprias deste período.



[1] Segundo Brandão: "labdácidas é uma designação generalizante dos ancestrais de Édipo, pelo fato de Laio, pai de Édipo, ser filho de lábdaco, rei de Tebas, e neto de Cadmo, fundador lendário da cidade" (1996 :38).

[2] Mas não no sentido de que constituiriam uma seqüência temporal linear, pois para os gregos nem havia uma relação entre elas, já que eram tomadas como unidades literárias isoladas.

[3] É o deus do sentimento, da liberdade, do ultrapassar os limites impostos pelo seu contrário: o deus Apolo. Mas há controvérsias sobre a origem do gênero da tragédia na arte a partir de Dioniso.

[4] Anteriormente, as homenagens se restringiam ao deus Apolo (o deus do equilíbrio da razão) e a deusa Atena.

[5] Tebas estava assolada por uma peste: uma esfinge (um monstro com cabeça de pessoa e corpo de leão) que estava postada à entrada cidade e devorava a todos que não decifravam o enigma proposto. Édipo decifra o enigma e liberta a cidade.

[6] Oráculo do deus Apolo.

[7] Antigo rei de Tebas, morto e que antecedeu Épido.

[8] Embora sendo a última peça em termos de desfecho do encadeamento mitológico original, ela é a primeira a ser encenada para a sociedade ateniense, em 441 a. C., onze anos antes de “Édipo-Rei” .

[9] Brandão (1996) define “gueno” como pessoa ligada por laço sangüíneo. Estaria cumprida a maldição porque toda a família foi castigada, sendo extinta.

[10] Onde Creonte é questionado pelo próprio filho por pretender ser o dono da cidade, nem mesmo se submetendo aos deuses, uma vez que não permitiu o direito de Antígona enterrar seu irmão.
ok

2006-11-14 05:30:38 · answer #1 · answered by M.M 7 · 1 0

Depois q ele furou os olhos pra não ver o q estava acontecendo na vida dele [ja q havia casado com sua própria mae]...
ele ficou mto velhoo...
ih foi prum asiloo
onde morreu

2006-11-14 03:28:48 · answer #2 · answered by claramog 1 · 0 0

A história de Édipo formam a trilogia tebana, formada por 3 tragédias: Édipo rei, Édipo em Colono e Antigona.
Em Édipo em Colono, são os últimos dias de vida de Édipo, ele procura asilo em alguma cidade, já que foi exilado da sua. Seus filhos-irmãos (frutos da relação incestuosa com sua mãe) lutam pelo trono:

Édipo, velho, cego e errante, sempre ajudado por Antígona, chega a Colono. O antigo rei de Tebas pede asilo e direito de sepultura a Teseu, rei de Atenas. Teseu concorda, e Édipo revela que sua sepultura protegerá a terra contra os inimigos.

Creonte tenta levar Édipo de volta, pois a luta entre Etéocles e Polinices é iminente; Polinices vem pedir a ajuda do pai contra o irmão. Édipo, defendido por Teseu, recusa-se. Pouco depois um mensageiro relata seu miraculoso desaparecimento.

2006-11-14 01:43:37 · answer #3 · answered by Patricia A 4 · 1 1

Ele morreu?
Óh, nãããããoooo!
Dipó morreu e ninguém me disse nada!
E agora?
Quem poderá nos defender?

2006-11-14 02:26:49 · answer #4 · answered by 4 · 0 1

Não há relatos oficiais como Édipo morreu, mas só o que se sabe é que depois de saber que a rainha Jocasta que era sua esposa , mas na realidade era sua mãe e ela se enforca e assim que lhe deitam o cadáver, Édipo arranca os próprios olhos e sai penitente como castigo pelo seu erro!

2006-11-14 01:28:01 · answer #5 · answered by Isis Naura 3 · 0 1

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