O trabalho infantil está reaparecendo
Há pelo menos dez anos, entidades da área da infância iniciaram campanhas em todo o país pela eliminação do trabalho infantil. Em 1994, oUnicef, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e mais de 40 organizações governamentais e não-governamentais se uniram no Fórum pela Erradicação do trabalho Infantil.
O governo também criou, em 1996, o PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - que conseguiu resultados em muitas regiões, mas em outras provou ser ineficiente por causa do baixo valor pago às famílias Muitos pais acabaram colocando crianças no trabalho para que fossem retiradas e, assim, incluídas no programa.
Mas, mesmo com todas as dificuldades e precariedades, iniciativas
diversas pelo Brasil, campanhas em empresas, escolas e nos meios de comunicação e uma vigilância um pouco maior das autoridades conseguiram retirar pelo menos 1,3 milhão de crianças do trabalho penoso em olarias e carvoarias ou na colheita da cana e do sisal, por exemplo.
Hoje, porém, o trabalho infantil está reaparecendo. Parece ter havido um certo conformismo ou condescendência. Ou uma frouxidão na vigilância por parte do Ministério Público. Não é preciso percorrer o norte e nordeste do país, onde a miséria
é ainda maior, para encontrar crianças trabalhando em condições degradantes.
Nos grandes centros urbanos, meninos sempre venderam balas e sorvetes nas ruas e meninas trabalharam como domésticas em residências da classe média. Isso parecia não chocar ninguém, como ocorre até hoje. O trabalho pesado, no entanto, vinha sendo combatido pelas autoridades e denunciado na mídia.
Empresários passaram a temer prejuízos em sua imagem. Pareceu existir um consenso de que lugar de criança é na escola e que o trabalho infantil seria, a partir de agora, uma coisa intolerável.
Mas, nos últimos tempos, as denúncias de exploração do trabalho voltaram a surgir. E, aqui, debaixo dos nossos olhos, a 30 ou 40 quilômetros da Avenida Paulista, o maior centro financeiro da América Latina.
Na edição dessa sexta-feira 5 de julho, o jornal Diário de S.Paulo (www.diariosp.com.br) publica reportagem do jornalista Leonardo Fuhrmann que denuncia a presença de crianças de até sete anos de idade no trabalho em olarias de Guararema e Santa Isabel, municípios da Grande São Paulo. Em maio, outros casos de exploração em olarias foram constatados, pelo mesmo repórter, nas cidades de Glicério, Barbosa e Penápolis, na região de
Araçatuba.
O que mudou? Se as campanhas de ONGs e manifestações de líderes do terceiro setor, empresários, políticos e autoridades conseguiram criar uma imagem de consenso na sociedade - apesar da resistência de alguns setores conservadores -, de que o trabalho infantil é cpndenável não se deve, agora, permitir que essa prática persista. Falta ação do Congresso Nacional para aprovar a criminalização da exploração do trabalho infantil.
Veja os trabalhos prontos:
http://www.justica.gov.br/sedh/textos/kassouf.pdf
http://www.schwartzman.org.br/simon/pdf/trab_inf2004.pdf
2006-11-14 00:45:18
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answer #1
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answered by Vanyle 6
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