Não sei se servirá ao que você perguntou, mas de uma lida no texto a seguir, acredito ser por ai:
Fórmula do sucesso
Por Pedro J. Bondaczuk
O caminho para o sucesso é áspero e pedregoso e, mesmo assim, quem o percorre jamais tem absoluta segurança de que o vá alcançar. Não existe nenhuma fórmula pronta e infalível que o garanta, pois ele depende de inúmeras circunstâncias e variáveis. O caminho para o fracasso, porém, é sobejamente conhecido. Aliás, não é um só, mas são vários. Mas, essa vereda acidentada que conduz a uma “chance” de sucesso, mesmo árdua e trabalhosa, deve ser trilhada pois, caso contrário, haverá, sim, uma certeza, porém desagradável: jamais o êxito – dependendo do que cada um considere que ele seja – será obtido.
É o que ocorre, atualmente, no Brasil. Por ser tão sacrificada, a maioria das pessoas não está disposta a fazer mais sacrifícios, mesmo que estes sejam necessários (e de fato são). Várias gerações cresceram, amadureceram e morreram ouvindo a afirmação de que este era o país do futuro. Ouço isso há mais de 60 anos! Chegaram, até mesmo, a dizer que “Deus é brasileiro”, dada a excelência do solo, do clima e das condições geológicas desta parte do mundo.
No entanto... o que observamos, estarrecidos e atemorizados, é um contínuo retrocesso nacional, pelo menos no que diz respeito aos parâmetros sociais (a despeito das negativas dos vários governos que se sucedem). Hoje, de acordo com dados estatísticos existentes em profusão, o Brasil é uma das sociedades nacionais mais injustas e excludentes do Planeta, a despeito do seu visível desenvolvimento econômico. O “bolo” da riqueza nacional de fato cresceu, mas não foi dividido eqüitativamente entre os que promoveram esse crescimento.
Os políticos culpam-se, uns aos outros, pelo que está ocorrendo, mas não fazem nada de prático e de efetivo para mudar essa realidade. Claro que há exceções, há os que pelo menos tentam, mas fica cada vez mais difícil de se separar o joio do trigo. Alguns atribuem (e cansei de ler isso em artigos) o nosso atraso à nossa origem étnica. Os que pensam dessa maneira não afirmam essa heresia categoricamente (não são loucos para isso). Apenas a insinuam, maliciosamente, nas entrelinhas. E têm muitos seguidores. Claro que é uma grande bobagem!
Há os que descambam para o instável terreno ideológico, para tentar explicar o inexplicável. Onde está, de fato, o nosso problema? Por que o País perdeu as décadas de 80 e 90, em termos de desenvolvimento? As causas são várias, mas a principal é a deficiência na nossa educação (não confundir com o adestramento, com a mera instrução que, por sua vez, também não é das melhores).
A argumentação sobre a origem étnica, para justificar o nosso atraso, reitero, é uma grande baboseira. Aliás, pelo contrário, a miscigenação tende a ser até um fator favorável. Jorge Amado constatou, em matéria publicada em 1991, pela revista “Superinteressante”: “O brasileiro tem uma capacidade sem limite de viver num país onde a qualidade de vida é péssima. Só há um motivo para que o brasileiro seja tão maravilhoso: a mestiçagem”. Concordo com Jorge Amado, daí enfatizar o que afirmou.
Será que cada um de nós está fazendo, de fato, o melhor, não somente para si, mas para a comunidade em que vive? Muitos asseguram que fazem o que podem. Será? Como saber? É preciso sinceridade e muito rigor analítico, que somente alguns poucos sábios conseguem desenvolver, para fazer uma avaliação desse tipo e ela ser correta. E, ainda assim, é contestável que tenham a isenção necessária para julgar os próprios atos. A tendência natural das pessoas é a de sempre achar que fazem demais, mesmo que façam de menos ou, o que é pior, que não façam nada que seja valioso.
Muita gente (e põe gente nisso!) considera o trabalho “um castigo”, uma servidão, uma indignidade. Essas pessoas afirmam que o ideal do homem é “gozar a vida”. Dependendo do que fazemos e em que condições e, principalmente, “para quem”, chega, mesmo, a ser isso, ou seja, uma espécie de escravidão disfarçada. Quem é submetido a tarefas penosas que põem em risco sua saúde e não raro sua vida (muitos), que sejam repetitivas (hoje, cada vez mais, destinadas às máquinas) e, para complicar, mal-remuneradas, que receba uma miséria que mal dá para o sustento próprio e muito menos o da família, e que ainda por cima tenha que erguer as mãos para os céus por encontrar essa ocupação, tem, de fato, razão de se rebelar.
Daí a necessidade que temos de descobrir e de desenvolver nossos talentos (e nunca é tarde para isso), pois só assim poderemos fazer “apenas” o que gostamos, como, quando e onde quisermos, com competência, com qualidade e, sobretudo, com prazer. Claro que essa atividade tem que ter algum valor para a comunidade, caso contrário, não teremos como auferir lucro com ela. E sem este...Como nos sustentaremos?
Os acomodados, os incompetentes, os sem-iniciativa, os que detestam o trabalho em si (não importa qual seja a atividade) não entendem que é somente através de obras que deixarão suas marcas no mundo e justificarão sua existência.
Na corrida pelo desenvolvimento – quer pessoal, quer coletivo (no caso, nacional) – não há caminhos suaves. A fórmula do sucesso (e assim mesmo, sem garantias de que funcione) é uma só: trabalhar, trabalhar e trabalhar. Mas não como burros de carga, reitero, que carregam enormes fardos, sem nenhuma consciência do que e porque o fazem. O trabalho tem que ser objetivo, disciplinado, racional e constante. E, se possível, prazeroso. Ele pode não ser garantia de sucesso, mas sem esse esforço planejado, o atraso, o esquecimento e a miséria são resultados mais do que certos. O hedonismo, sonhado por muitos (senão por todos), não passa disso: de mero sonho. É a lei da vida...
Pedro J. Bondaczuk é jornalista e escritor, autor do livro “Por Uma Nova Utopia”
2006-11-13 01:13:30
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answer #1
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answered by kao kabeci ilê 7
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