Olha eu penso igual a você, porque minha história de vida é similar a tua.
Meus antepassados italianos sairam do norte da Italia em novembro de 1878, e chegaram ao Brasil em janeiro de 1879. Lá era inverno, região muito fria, que neva muito e desembarcaram no Paraná, no período de verão, sendo destinados para primeira colônia de italianos em Morretes, região mais quente do Estado.
Viviam em barracões, começaram a morrer devido as doenças tropicais, sequer conseguiam dormir pelo calor e excesso de insetos. O plano do governo nesta área, era para eles desenvolverem a cultura do café e cana de açucar, no entanto, eles não sabiam cultivar estes produtos, pois na terra de origem não existia estas culturas. A vida se tornou insuportável, eles pediram autorização ao governo para retornar, governo lhes disse que iria remanejá-los para outro lugar mais adequado, pois se permitisse a volta estaria terminado para sempre a possibilidade de colonização das terras do Estado.
Enquanto aguardavam, não suportaram mais e dois meses depois subiram a serra até Curitiba e permaneceram aguardando em Santa Felicidade, nesta época para sobreviver tiveram, inclusive que pedir comida nas casas, como se fossem mendingos.
Logo, alguns ficaram na Colônia de Santa Felicidade, hoje bairro gastronômico da cidade e outros foram destinados para Colônia Antonio Rebouças em Campo Largo. O governo vendia a área de terra e uma casa a eles, a área era pequena e eles tinham dez anos para pagar, não era de graça como hoje fazem com os sem-terras, só após o pagamento podiam adquirir mais área para plantar. Lembrando que a mata estava em pé, era selva, eles tinham que primeiro limpar isto e preparar a terra para o cultivo. Pois bem, em três anos eles conseguiram pagar a terra, eram donos da propriedade, mas isto com muito trabalho e esforço, para render mais o trabalho eles aproveitavam até as noites de lua cheia para trabalhar, as crianças quando aprendiam a sentar eram colocadas aoa lado dos pais, nas pilhas de milho e ajudavam a descascar as espigas, não tinha isto de criança não poder trabalhar, todos colaboravam dentro das suas possibilidades. Não havia vadiagem, mas um objetivo de vida, onde o trabalho dignificava e fazia parte da vida.
Além do trabalho, eles faziam questão de duas coisas: escola e igreja.
Nos anos de 1930, alguns começaram a sair da colônia e viver na cidade, sempre trabalhando e com sacrifício.
Para os descendentes que nasceram nos anos de 1950, o objetivo agora era o curso superior, antes era impossível, não havia faculdade nas cidades, somente nas capitais e custava muito caro. Estes filhos foram enviados para estudar, era difícil e caro para os pais sustentarem, mas mesmo assim se sacrificavam, eles ficavam muito tempo sem ver a família, as estradas eram ruins, mas conseguiram.
O orgulho da minha nona era dizer:imaginem eu uma colona e meus netos são todos doutores. Mas isto custou o sacrifício de três gerações.
Seguimos todos trabalhando da mesma maneira, temos um relativo patrimônio, que foi adquirido com muito trabalho e sacrifício e suor, através de gerações. Ainda prosseguimos investindo na educação dos filhos, o que nos priva de usufruir do dinheiro para aproveitar a vida, vez que a classe média não recebe nenhum benefício, paga por todos os serviços.
Muitas vezes, fico trabalhando semanas seguidas sem descanso em domingos e feriados, fazendo jornada até a 1:30 da manhã, então eu não acho justo, que de cara o governo tribute 27,6% dos meus rendimentos com IR e mais 20% com INSS, para distribuir em benefício para pessoas que não trabalham e ficam só procriando, cada balada no sábado é mais um na barriga; para pseudos sem-terra, os quais nunca trabalharam na terra e sequer sabem plantar um pé de cebolinha; para alimentar Ongs, que tem por objetivos só desviar dinheiro; para sustentar políticos corruptos e um sistema ineficiente da administração do país.
Houve uma inversão de valores, a pessoa e a classe que realmente trabalha e sustenta o sistema é mal vista e mal falada, enquanto que o vadio é tratado como uma vítima da sociedade e recebe todos os benefícios do Estado, vez que é ele que permite que este sistema se perpetue.
Veja, depois de tanta luta e tanto trabalho para conseguir uma vida digna, eu não concordo com este tipo de divisão, foram quatro gerações abrindo mão de diversões, para chegarmos até aqui.
A assistência social tem que existir sim, mas deve ser temporária e sempre visando o progresso da pessoa através do trabalho.
Devia também existir lei prevendo o planejamento familiar com a perda gradativa de direitos, a partir do aumento desordenado de filhos.
No meu ponto de vista, os únicos que tem direito a receber benefícios de forma permanente sem nenhuma contraprestação, são os idosos, pois estes já deram tudo de si, não tem mais força física, então merecem ter uma vida boa e digna, para estes é que devia ser destinado grande parte dos impostos.
Enquanto não acabarem com esta desgraça de proibir criança de trabalhar e dar direito a vagabundos sem impor a respectiva obrigação não sairemos desta situação, porque dinheiro não dá em árvores, se o Estado dá algo é porque o cidadão que trabalha está fornecendo o dinheiro.
Te confesso que as vezes chego a me sentir otária, penso em chutar tudo e passar a ser sustentada pelo Estado ao invés de sustentar o Estado, penso que da menira que as coisas estão é melhor ser parasita do que árvore.
2006-11-12 04:05:29
·
answer #1
·
answered by sues 3
·
0⤊
0⤋