DOSSIÊ: PF OBTÉM QUEBRA DE SIGILO DE TELEFONES DE JORNAL
Dois telefones da "Folha de S.Paulo" no Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados estão entre 800 linhas cujo sigilo foi quebrado com autorização judicialImprimir Enviar por e-mail Receber Newsletter
Gustavo Tourinho e Mariana Oliveira, do G1 em Brasília e em São Paulo
entre em contato
Tamanho da letra A-A+
A Polícia Federal tem em mãos o extrato de dois telefones – um celular e um fixo – utilizados por jornalistas da "Folha de S.Paulo", que estão entre mais de 800 sigilos telefônicos quebrados com autorização judicial.
A área de inteligência da PF, que investiga a tentativa de compra por petistas de um dossiê contra políticos tucanos, achou necessário pedir a quebra dos sigilos desses números por ter encontrado grande quantidade de ligações em horários muito diferentes para Gedimar Passos.
Passos trabalhava no extinto núcleo de inteligência da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi preso no hotel Íbis, em São Paulo, com cerca de R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado na tentativa de compra de um dossiê destinado a implicar políticos do PSDB com a máfia dos sanguessugas.
O telefone fixo fica no Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. A assessoria de imprensa da PF não soube informar se o celular é usado, de fato, por um jornalista do periódico paulistano ou por outro funcionário da empresa.
A PF ressaltou que pediu a quebra de sigilo sem saber de quem eram os telefones e garante que o pedido feito à Justiça abrange todas as linhas com chamadas suspeitas feitas para o telefone de Gedimar Passos, ou para as quais o próprio Gedimar ligou.
"Folha"
O diretor jurídico da "Folha de S.Paulo", Orlando Molina, classificou a quebra do sigilo telefônico de linhas do jornal em Brasília como "um monitoramento abusivo" do trabalho dos repórteres.
Segundo ele, a divulgação dos extratos das linhas "é uma violação do direito de sigilo da fonte". Molina disse que, nesta quinta (9), encaminhará uma petição à Justiça solicitando, com base na Lei de Imprensa e na Constituição, que os extratos dos telefones não sejam analisados.
Sindicato
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Guto Camargo, a obrigação profissional do jornalista é telefonar para as fontes, e o fato de haver muitas ligações para o telefone de Gedimar Passos não é suficiente para justificar a quebra do sigilo.
"A PF precisa deixar bem claro os motivos de sua ação, para que não pairem dúvidas", afirmou.
Camargo disse não recriminar a ação da Polícia Federal, desde que seja legal. "Se a investigação estiver dentro da legalidade, não deve ser condenada porque é papel da Polícia Federal investigar", afirmou.
"Veja"
No último dia 31, a revista "Veja" acusou a Polícia Federal de cometer "abusos, constrangimentos e ameaças" contra três jornalistas da publicação convocados para prestar um depoimento em São Paulo.
Eles eram responsáveis pela apuração de reportagens que relataram o envolvimento de policiais em uma suposta "operação abafa", destinada a afastar Freud Godoy, assessor da presidência da República, das investigações sobre o escândalo do dossiê.
Na ocasião, o delegado Moysés Eduardo Ferreira, da PF, encarregado do caso, negou que os jornalistas tivessem sido constrangidos e disse que os depoimentos transcorreram com normalidade.
2006-11-08
14:47:12
·
12 respostas
·
perguntado por
zanza32001
3
em
Governo e Política
➔ Outras - Governo e Política