O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE acaba de divulgar os dados do PIB de 2005. PIB é o Produto Interno Bruto, que é definido como o valor do conjunto de todas as mercadorias e serviços que o país produz em um ano. Em 2005 o Brasil produziu R$ 1,938 trilhão, uma alta de cerca de 9% em relação ao PIB de 2004, que foi de R$ 1,767 trilhão. Isso significa que ficamos todos mais ricos em 9%? Não. Primeiro, porque parte desse percentual refere-se à inflação do ano, que foi de cerca de 6%. Descontando-se a inflação, o PIB real cresceu apenas 2,3%. Descontando-se ainda o crescimento da população, devemos ter ficado apenas cerca de 0,5% mais prósperos. Se dividirmos o PIB pela população, teremos uma renda média anual de R$ 10.520 ou de R$ 770 por mês. Um valor muito baixo, se considerarmos que o salário mínimo é de 350 reais. E esse valor é uma média, ou seja, uma minoria ganha muito e a maior parte da população ganha pouco, pois há uma desigualdade muito grande na distribuição da renda. E essa desigualdade é grande porque a geração de renda é desigual, pois uma minoria, a mais escolarizada, tem empregos melhores, mais valorizados pelo mercado, enquanto a maior parte da população tem baixa escolaridade e suas ocupações são pouco valorizadas.
Aproveitando a divulgação do PIB per capta envio alguns comentários sobre o seu significado em nosso país.
Vejam, amigos:
1-Nossa renda per capta, em 2005, foi de aproximadamente R$ 10 mil.
Dividindo por 13 meses isto significa uma renda média mensal de R$ 770,00.
BAIXÍSSIMA.
2-Para uma renda média mensal de R$ 770,00, o salário mínimo (que começa em abril e vai até março do próximo ano) é de 45% da renda média. Esse percentual é mais o menos o mesmo do início da década de 1980. E é menor do que o do final da década de 1970, quando ele era pouco superior a 50%.
O consumo médio de cada brasileiro está em R$ 470 por mês. Isto é muito pouco.
3-Um detalhe importante: Nos países desenvolvidos, a renda média anual está entre 30 e 40 mil dólares, logo a renda média mensal está por volta de três mil dólares, e o salário mínimo está em torno (para menos) de hum mil dólares. Logo, lá, o salário mínimo significa aproximadamente 30% da renda média.
O maior percentual obtido no Brasil, pelo salário mínimo, é sinal de que vivemos melhor?
4-NÃO. O que acontece é que a classe média brasileira está empobrecendo. E os salários da classe média estão tendendo para 4 ou 3 salários mínimos. Há um achatamento da renda da classe média. E quando todos (menos os 5% da classe média alta e os 1% de pessoas ricas e os 0,01% de milionários) ganharem de 1 a 3 salários mínimos viveremos melhor?
NÃO.
5. A queda da renda tem uma infinidade de efeitos negativos, e duas consequências maiores : a redução do mercado para os produtos industrializados e sobretudo para os novos produtos de tecnologia recente, e a redução do emprego para a classe pobre que presta serviços para a classe média como - domésticas, cabelereiro, manicure, bombeiro, pintor, bordadeira, etc, etc.
Sei que economia é difícil. E há muitas falsidades sendo veiculadas pela imprensa e por aqueles que querem nos dominar. Envio estes dados para pedir:
-Desconfiem de percentuais.
-Desconfiem da bandeira de distribuição de renda no abstrato (sem dizer COMO).
-As elites do dinheiro (há, no Brasil, elites que não são perversas, por isto refiro-me apenas à elite endinheirada) procuram jogar o povo contra nós, a classe média. Exemplo foi a campanha do Collor contra os marajás (os funcionários públicos chamados de marajás, só pode ser piada). Há gente que cai nessa história, nós devemos refutar esse ponto de vista. Viveremos melhor quando todos puderem melhorar e progredir.
-Precisamos urgentemente de uma taxa de crescimento econômico 3 vezes superior à que está aí. Precisamos de um outro modelo de economia, na direção do real desenvolvimento econômico.
Não podemos nos iludir. Basta olhar a África. Não há a menor possibilidade de justiça social quando não há desenvolvimento e quando o país abdicou de sua soberania.
Seguem abaixo os dados do PIB-Produto Interno Bruto
Indicadores
PIB brasileiro totaliza R$1,9 tri em 2005
Quinta, 30 de Março de 2006, 9h39
Fonte: Reuters
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil somou R$ 1,938 trilhão em 2005, alta de 9,6% comparado a R$ 1,767 trilhão em 2004, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
No quarto trimestre de 2005, o PIB totalizou, a preços de mercado, R$ 521,9 bilhões, contra R$ 478,3 bilhões em igual período do ano anterior.
Entre os componentes da demanda, em 2005 o consumo das famílias totalizou R$ 1,075 trilhão, o consumo do governo alcançou R$ 378,7 bilhões e a formação bruta de capital fixo totalizou R$ 385,9 bilhões.
A balança de bens e serviços ficou superavitária em R$ 84,9 bilhões. O PIB per capta a preços correntes, definido como a divisão do total do PIB a preços correntes pela população residente, atingiu R$ 10.520 em 2005.
A capacidade de financiamento alcançou R$ 33,6 bilhões, contra R$ 34,5 bilhões em 2004.
A renda nacional bruta atingiu R$ 1,876 trilhão no ano passado, comparado a R$ 1,708 trilhão no anterior.
No ano, a poupança bruta totalizou R$ 430,5 bilhões, contra R$ 410,1 bilhões em 2004.
2006-11-15 11:17:31
·
answer #1
·
answered by Deuteronômio 5
·
0⤊
0⤋