No Brasil colônia, acredito que o Brasil tinha apenas dois tipos de pessoas: os fazendeiros, donos de enormes latifúndios que, não raro, eram maiores que a muitos dos países hoje existentes, e aqueles que trabalhavam para esses proprietários. Pode-se argumentar que estes poderiam ser divididos em traficantes, homens livres pobres, escravos, e outras tantas categorias. Ainda assim, acredito apenas em duas: os que se fixavam na colônia com o intuito de enriquecer e os que trabalhavam.
No final do século XIX, interesses ingleses na formação de uma classe consumidora para atender às necessidades do capitalismo comercial em construção fez com que os escravos fossem substituídos por trabalhadores remunerados - mal remunerados, é bom frisar. Acho que, na verdade, houve apenas a substituição de um tipo de escravo, negro e africano, por outro, branco e europeu. Mas aqueles proprietários, ou, como querem os marxistas, os donos dos meios de produção, continuaram os mesmos. Acho que foi esse mecanismo que construiu a percepção de que o enriquecimento é imoral; no fundo, a percepção da existência de "castas" nas colônias e ex-colônias; a saber, a do colonizador e a do colonizado (no caso brasileiro, inexiste a figura deste último, substituída pela do escravo e, mais tarde, pela do imigrante).
Adicione-se a esse contexto a forte influência de interpretações católicas que afirmam ser impossível um homem rico entrar no reino dos céus, e teremos, além da imobilidade social já descrita, um forte componente cultural que reforça a percepção de que ter dinheiro é errado. A religiosidade, e cabe aqui ressaltar que não falo daquela construtiva, capaz de definir preceitos morais louváveis e de motivar homens de boa vontade a evoluírem, mas daquela outra, a que restringe e é utilizada pelos poderosos para manipular as massas e mantê-las conformadas, aquela que nos leva a dizer "Se Deus quiser", ou "Deus proverá", e a aceitar placidamente aquilo que é decidido por nós, escolhido para nós, incentivando-nos a nos manter em eterna mendicância, a aceitarmos apenas as migalhas.
Talvez uma mudança de mentalidade venha através de exemplos. Os ruins, temos aos montes. Mas e os bons exemplos? Quem são essas criaturas especiais, integrantes ou ex-integrantes daquela segunda casta e que enriqueceram de forma ética, trabalhando muito, gerando empregos e dando oportunidades? É preciso acreditar que existem, e que não temos consciência de sua existência apenas porque somos mal-educados (falo aqui da nossa formação acadêmica e cultural).
A mudança da mentalidade, entretanto, já começou, ou a pergunta acima sequer teria sido feita; e você, caro leitor, não teria sequer começado a ler essa resposta.
2006-11-07 05:18:33
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answer #1
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answered by cassio_siqueira 2
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Concordo totalmente com o que você diz.
Em grande parte a culpa é da cultura católica da América Latina. Nos paises evengélicos a cultura é diferente. O lucro das empresas e a riqueza das pessoas é elogiada.
Nos EUA existe a cultura favoravel aos vencedores e contrária aos perdedores. As empresas e individuos que se dão bem na vida são considerados vencedores.
É muito dificil mudar uma cultura. Na medida em que aumenta a quantidade de evangélico e ateus talvez essa mentalidade vá mudando...
2006-11-07 12:07:40
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answer #2
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answered by Luiz Sabra 7
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Voce foi brilhante, há um preconceito a quem ganha dinheiro trabalhando, a pessoa batalha, estuda, as vezes com 12 anos já começa um curso de Inglês, enquanto os outros meninos estão na escolinha de futebol, fazem Espanhol, fazem pós, enfim, aí conseguem um bom emprego, com honestidade e estudo, e passam a ser marginalizados, eu conheço bem esta história.
2006-11-07 12:28:23
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answer #3
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answered by Veterana. 7
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O Brasil foi conquistado, e não descoberto como dizem, pelos portugueses no final da Idade Média.
Foram os conceitos da Igreja antes da reforma que grassaram por aqui, através dos jesuítas, que eram, digamos, muito conservadores em sua fé, e catequizaram os índios mesmo contra sua vontade.
Historicamente, portanto é politicamente incorreto 'ser rico', pois isto vai contra os princípios morais religiosos.
O motivo seria a idéia ainda muito arraigada de que 'é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus'.
Nem ao pé da letra quer dizer que quem é rico vai para o 'inferno', pois não ser fácil não quer dizer que seja impossível.
Dentre os sete pecados capitais, está a ganância, que muitas vezes é confundida com ambição, que não é um mal em si. É até necessária para que não permaneçamos sempre no mesmo lugar.
Não acumular bens na terra, onde a traça e os ladrões roubam, mas sim no céu, é outro motivo.
Estou querendo dizer que o foco é que está errado.
Tudo foi dito para que cada um cuide de si mesmo e de seus sentimentos.
Quando usamos isto para julgar os outros, e não para cada um cuidar de sua própria vida, dá nisto: os ricos são sempre mal vistos, como se para conseguir suas posses devessem sempre de usar caminhos escusos, anti-éticos, corruptos, e não por seu próprio valor como pessoa que trabalha pelo que tem.
Não deixa de ser um preconceito, que devemos mudar só com a mudança de mentalidade, como você coloca.
Pelo que observo, já está mudando.
Não sei se você gosta de ler, se gostar, tem dois livros que são muito interessantes e que tem como tema central a sua pergunta: um é o 'Pioneiros e Bandeirandes" - não me lembro o nome do autor, faz tempo que li. O outro é o que foi escolhido como o livro do século XX, "A ética protestante e o capitalismo" de Max Weber. O segundo acabei de ler há pouco. Os dois são muito bons.
2006-11-07 12:21:01
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answer #4
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answered by Flavia P 5
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Boa pergunta ! Penso que quem fica rico trabalhando, não tem nada de errado nisso e não necessariamente vc. precise cobrar caro, para chegar lá (vide exemplo da 'Casa e Vídeo' e 'Casas Bahia') ! Agora, essa historinha de 'tudo-de-graça' não cola, não ! Vão TRABALHAR, seus VAGABUNDOS !
2006-11-07 12:09:50
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answer #5
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answered by Fernando Basto 5
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Vc esta confundindo alho com bugalho. Não é politicamente incorreto ficar rico. Apenas os caminhos comuns que existem no brasil passam pela corrupção. Afinal o governo intervém em 50% da economia. E sim, a nossa mentalidade é torta, mas não exatamente como vc esta colocando, o problema é mais grave. Esperamos o milagre, não queremos trabalhar para obter...
2006-11-07 12:04:52
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answer #6
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answered by Blue Guy 3
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No Brasil, cultiva-se a idéia de que o Estado deve ser o provedor. Com isso, as pessoas em geral não se preocupam em se fazer por si mesmas, ficam esperando o governo. Daí o sucesso inabalável da bolsa família, vale gás, leite das crianças, etc. Concordo com vc que isso dá uma sensação de mediocridade sim. Os heróis são sempre os mártires, os coitadinhos. O ex. é nossa própria história: nosso herói nacional poderia ser o Rui Barbosa, pela importância intelectual e política. Mas o herói é o Tiradentes, que foi um "laranja" traído pelos poderosos.
2006-11-07 12:00:15
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answer #7
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answered by yo_ctba 3
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