Nietzsche em 1862
Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas:
"Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!"
"Há homens que já nascem póstumos."
"O Evangelho morreu na cruz."
"A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
"Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no “além” -no nada -, tira-se à vida o seu centro de gravidade."
1."Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."
2."O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."
3."A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
4."As convicções são cárceres."
5."As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
6."Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."
7."Aquilo que não me destrói fortalece-me"
8."Sem música, a vida seria um erro."
9."A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."
10."O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."
11."Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."
12."Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
13."Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar."
Entretanto, Nietzsche não pode ser compreendido por meia dúzia de frases fora de contexto. Compreendê-lo significa conhecer o que ele conheceu em 3000 anos de história e comportamento humano, através de seus estudos teológicos, filológicos, filosóficos, históricos e de Ciências Naturais. Compreendê-lo significa estar disposto a despojar-se de dogmas, transvalorizar todos os valores e caminhar pari-passu com ele, Nietzsche, ou se preferirem, com Zaratustra.
Longe de ser um escritor de simples aforismas, era ele um grande estilista da língua alemã, como o prova Assim Falou Zaratustra, livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exercício de pesquisa filológica, no qual unem-se palavras que não poderiam estar próximas ("Nascer póstumo"; "Deus Morreu", "delicadamente mal-educado", etc...).
Seus profundos conhecimentos da religião em seus diversos "sabores" levaram-no a teses, dificilmente refutáveis, mas extremamente incômodas aos conservadores de hoje e de antanho. Alçado à condição de filósofo por sua imensa capacidade de pensar o ser humano (se auto-definia como um "velho psicólogo", quando ainda não se falava em psicologia), entrou no limbo da filosofia. Os estudiosos de filosofia e os cursos atuais costumam saltar de Kant para Bertrand Russell, sem deter-se no hermetismo textual e conceitual de Nietzsche, que já se declarava alguém que "nasceu póstumo" em sua auto-biografia "Ecce Homo".
Adorava a França e a Itália, porque eram terras de homens com espíritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como último grande alemão Goethe, humanista como Voltaire. Naqueles países passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memoráveis livros. Detestava a arrogância e o anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com Richard Wagner, por ver neles a personificação do que combatia - o rigor germânico, o anti-semitismo, o imperativo-categórico, o espírito aprisionado, antípoda de seu espírito-livre. Anteviu o seu país em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos após sua morte, com a primeira grande guerra e a gestação do Nazismo
2006-11-01
09:11:54
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Anonymous
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