O objetivo é apresentar alguns elementos básicos para a redação de textos científicos. Longe de serem exaustivas, estas instruções devem ser entendidas como princípios para serem aprofundados. Não se escreve da noite para o dia, e não se escreve sem leituras e estudos, inclusive sobre questões relativas à própria produção de textos.
O texto científico por excelência é uma redação dissertativa, com as tradicionais fases: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução projeta o que vai ser apresentado. O desenvolvimento apresenta os resultados da pesquisa. A conclusão organiza o todo num conjunto de informações coerentes.
Ao escrever, cumpre-nos, sempre, observar as características do leitor. Quanto mais especializado ele é, mais técnico tem de ser o texto. Pergunte-se: “Para quem se destina o texto?”; ou, “Se eu fosse leitor, entenderia o que escrevo?”. Todavia, seja qual for o destinatário, devemos respeitar as normas da gramática da língua portuguesa e da normalização de documentos (citações, referências, etc.).
Um texto científico deve ser completo em si mesmo. Portanto, segundo Rauen (1999, p. 67), cuide-se para nunca escrever de tal forma que “sua presença deva ser sempre necessária para explicar ao leitor o que é que você quis dizer com aquilo que você disse”.
A linguagem deve ser denotativa, nem poética, nem ambígua (duplo sentido). O sentido deve ser preciso. Os conceitos de senso comum devem ser substituídos por termos científicos. A redação deve ser clara e econômica. Escreva de forma simples e precisa (faça períodos curtos!) e com o mínimo de palavras. Vale não interromper demasiadamente o fluxo do texto com citações, em especial as longas, com gráficos e tabelas.
Há quatro formas de você se referenciar no texto: terceira pessoa (a investigação demonstrou que “x”), a voz passiva (demonstrou-se que “x”), o “nós” de modéstia
(Percebemos “x”), o “eu” (Percebi “x”). Em trabalhos de graduação dê preferência às primeiras formas.
Posicione-se em seu trabalho. Pesquisa não é conjunto de “améns”. Porém, cuidese com a imparcialidade (evite preconceitos!). Indique as fontes dos dados e das teorias. Apresente as limitações do trabalho (não superestime seu trabalho!).
Não escreva sem antes esboçar um esquema do texto. Mas lembre-se de que bons planos são os flexíveis e os dinâmicos. Vejam-se, por exemplo (BEBBER; MARTINELLO, 1996, p. 37-39; RAUEN, 1999, p. 68-70), dois tipos: o nocional e o dialético.
Se você quiser elaborar um texto expositivo (expor idéias), opte por um plano nocional. Este plano desenvolve uma idéia ou noção central, que corresponde à segunda metade do título. A primeira acrescenta passos evolutivos. No título “Tipos de Poluição”, “Poluição” é a noção central e “tipos” são os passos evolutivos. Basta então desenvolver os tipos, tais como, por exemplo: aéreo (partículas, visual, auditiva); aquático (dejetos variados); terrestre (agrotóxicos, aterros sanitários). O tipo nocional (GARCIA, 1983; SOARES; CAMPOS, 1978), pode ser desenvolvido a partir de: tempo, espaço, contraste, enumeração, causa, conseqüência, definição, por combinações entre estes tipos, etc.
O plano dialético (ASTI VERA, 1989, p. 171), útil em trabalhos argumentativos, justapõe e contrasta temas. Possui três fases: tese – conjunto de asserções que é apresentado para ser refutado; antítese – asserções contrastantes, que põem em crise a tese; e, síntese – busca de uma proposição integradora de ordem superior. No tema “Teorias da aprendizagem”, um pesquisador pode apresentar as teses de Piaget como tese; as teses de Vygotsky como antítese; e, propor uma rota alternativa como síntese. No tema “Teorias econômicas do século XX”, poderíamos apresentar a tese liberal/neoliberal como tese; a perspectiva da socialdemocracia como antítese; e nosso ponto de vista como síntese.
Se você deseja escrever uma monografia de campo ou experimental, sugerimos que divida seu trabalho em cinco partes: introdução, revisão da literatura, metodologia, análise e interpretação dos dados e conclusões.
A introdução apresenta o trabalho, desde a delimitação do tema até a determinação de objetivo(s) e de justificativas. Comece a introdução falando sobre o assunto, deslocando-se para o tema de seu trabalho. Apresente o problema e/ou objetivo(s) da pesquisa. Exponha a justificativa. Por fim, elabore uma introdução formal, isto é, diga em quantos capítulos o texto foi dividido e apresente os principais elementos que compõem estes capítulos.
Cabe à revisão da literatura a apresentação dos elementos teóricos de base da pesquisa, bem como a definição de termos e conceitos essenciais.
A metodologia apresenta os aspectos vinculados aos métodos utilizados. Apresente a hipótese geral, justificando-lhe a origem e pertinência. Descreva minuciosamente a execução de sua pesquisa, comparando o trabalho realizado com o trabalho planejado. Costumam-se discutir assuntos como, população e amostra, técnicas de amostragem realizadas, tratamento experimental, instrumentos de coleta de dados e de medição dos resultados, procedimentos de coleta, tratamento e análise dos dados.
A análise apresenta os resultados obtidos pela pesquisa, estuda-os e discute-os sob o crivo dos objetivos, hipóteses ou questões de pesquisa. Assim, a apresentação dos dados é a evidência das conclusões, e a interpretação consiste em contrabalanço dos dados com a teoria ou com as hipóteses.
As conclusões, por fim, são um momento de recapitulação dos passos anteriores, onde se atesta a resposta ao problema. Recapitule o(s) objetivo(s) do trabalho; sintetize a metodologia; reapresente as principais conclusões da análise; ateste condições e limitações das conclusões; apresente sugestões para futuros trabalhos na área e ressalte recomendações de utilização dos resultados.
Numa monografia bibliográfica sugerimos uma divisão em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão.
A introdução formula o tema da pesquisa e apresenta o documento. Apresenta assunto e tema delimitado; chega-se ao problema gerador da pesquisa, fazendo rápidas referências a trabalhos anteriores ou elementos antecedentes correlacionados; o justifica-se a execução da pesquisa; e, por fim, descrevem-se as seções que compõem o documento.
O desenvolvimento expõe e demonstra os elementos pesquisados. Normalmente é dividido vários capítulos, que se constroem conforme o plano de escritura.
A conclusão apresenta uma síntese integradora e vem acrescida de comentários do autor e das contribuições da monografia para o avanço do tema abordado, incluindo problemas para futuras pesquisas.
Fonte: Elaborado por Fábio José Rauen, professor da Unisul, membro do Núcleo de Metodologia Científica, doutor em Lingüística pela UFSC.
2006-10-30 06:33:29
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answer #2
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answered by Anonymous
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Sabes, há pouco eu respondi a uma pergunta de um cidadão bem brabo porque nós chamamos a língua que falamos de "português", sendo que somos brasileiros... Isto me deu uma idéia. Por que não fazes um estudo da língua portuguesa desde que ela chegou ao Brasil - o português falado na Europa - até o português de agora, com todas as modificações que as reformas ortográficas foram fazendo, as palavras acrescentadas oriundas de outros idiomas, os idiotismos da língua aqui falada - a palavra saudade, o futuro do subjuntivo sendo flexionado - e mostrar o quanto é diferente o português do Brasil daquele falado em Portugal. É só uma idéia, podes explorar ou não, pois eu acho que demanda muita pesquisa. Eu também fiz monografia em Língua portuguesa, mas escolhi Literatura.
2006-11-03 04:30:45
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answer #7
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answered by m_m_s 6
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