DOENÇAS PULMONARES OCUPACIONAIS(DPO)
I . DOENÇAS OCUPACIONAIS DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES:
1.RINITES ALÉRGICAS E IRRITATIVAS:
•R.A: Animais de laboratório, grãos de café verde, farinha de trigo, poeira de cereais, cedro vermelho,anidrido trimetílico e ftálico,isocianatos, papel cópia não carbonado.
•R.I.: Existem mais de 200 substâncias listadas como causa, entre eles os halogênios (flúor, cloro, bromo, iodo), e seus compostos, dos ácidos fortes, e de solventes orgânicos com baixo ponto de evaporação.
2.ULCERAÇÃO E PERFURAÇÃO DO SEPTO NASAL:
•Exposição ao ácido crômico, usado em galvanoplastia. Também aos expostos ao arsênico e ao níquel, mais raramente.
•Rinolitíase em trabalhadores expostos ao cimento, epistaxe entre aqueles que manipulam raticidas.
3.CÂNCER DO NARIZ E DOS SEIOS PARANASAIS:
•Exposição à níquel no processo de refino e fundição, poeiras de madeira, couro e calçados, poeiras têxteis, padeiros, exposição à pigmentos de cromo, formaldeído e radioisótopos.
•São carcinoma de células escamosas, por contato direto com o carcinogênico ou pela produção de aflotoxinas produzida por fungos, como ocorre nos trabalhadores de calçados e de madeira.
II . DOENÇAS OCUPACIONAIS DAS VIAS AÉREAS INFERIORES:
1.ASMA OCUPACIONAL:
•Já Ramazzini em 1700 descrevia esta situação.
•Existem vários conceitos, porém podemos chamá-la de uma obstrução da via aérea causada ou exacerbada por uma exposição no ambiente de trabalho. Pode ser mediada por mecanismos com ou sem sensibilização.
•Com sensibilização: Animais, plantas, proteínas bacterianas, platina, antibióticos, isocianatos, aminas, anidridos ácidos, ácido plicálico.
•Sem sensibilização: poeira de algodão, pesticidas organofosforados, amônia, cloro, poeiras irritantes, fumo, vapores, frio.
•O diagnóstico é o mesmo de uma asma brônquica, porém é necessário estabelecer relação com o trabalho do indivíduo. O que chama a atenção é a melhora com férias e finais de semana.
•O tratamento será o afastamento do local do trabalho, o que leva à cura na maioria dos casos, porém outros ficarão com algum sintoma persistente, como uma hiperreatividade brônquica inespecífica.
•Na nossa legislação a asma não é considerada como doença ocupacional.
2.BISSINOSE:
•Vêm do grego, e significa fibras finas do linho. É o termo usado para denominar os efeitos respiratórios causados pela exposição à poeiras vegetais têxteis, como algodão, linho e cânhamo.
•Caracteriza-se por uma sensação de opressão torácica e dispnéia, que ocorre no trabalhador quando ele retorna às atividades depois de um fim de semana por exemplo.
•Em relação ao sisal e à juta, não é bem definido se eles causam bissinose.
•Estudo recente em Sorocaba identificou 30% de bissinose nos trabalhadores de uma fiação de linho.
•Resposta aguda ou resposta crônica.
•A fisiopatologia ainda não está bem explicada, porém acha-se que endotoxinas e polifenol estejam relacionados com a doença.
•Diagnóstico: VEF1 diminui 10% após o primeiro turno de trabalho.
•Normalmente afeta uma grande parte dos expostos, em torno de 50%.
•O que se pode fazer à favor é a prevenção.
III . DOENÇAS PARENQUIMATOSAS OCUPACIONAIS:
1.PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE:
•A pneumonite por hipersensibilidade é uma manifestação clínica de um grupo de doenças pulmonares, resultantes da sensibilização por exposições recorrentes a inalações de partículas antigênicas e material orgânico.
•Pode ser chamada de alveolite alérgica extrínsica .
•É uma resposta imune à partículas que são menores que 5 µ e que chegam nos bronquíolos terminais, respiratórios e alvéolos. A resposta dependerá da partícula inalada.
•Clinicamente é uma dispnéia, sibilância, febre, tosse seca, mal estar geral e fadiga, após exposições periódicas. A evolução é progressiva, com perda de peso. Não há sintomas agudos da exposição. Pode evoluir cronicamente para cor pulmonale. Nas crises agudas pode ser encontrado um infiltrado pulmonar ao RX, leucocitose e eosinofilia > 10%.
•Com a evolução da doença aparecem opacidades regulares e irregulares, difusas, aumento da trama traqueobrônquica, redução volumétrica dos pulmões e faveolamento.
•CVF e FEV1 diminuídos, também a capacidade de difusão e a complacência estão diminuídas. Hipoxemia e volumes pulmonares diminuídos.
•Demonstração dos anticorpos específicos faz o diagnóstico definitivo. Achados anatomopatológicos específicos.
•Tratamento é feito com corticóides na fase aguda e afastamento da exposição. Acompanhar os indíviduos já sensibilizados.
•Exposições mais frequentes: Pulmão do fazendeiro, do ar condicionado, bagaçose, trabalhadores de cogumelos, de malte, lavadores de queijo, descascadores de lenha, madeiras, sequoiose, suberose (cortiça), moedores de pimenta, licoperdonose, dos tratadores de aves, manipuladores de ratos, dos que preparam extratos de pituitária, do isocianato, reagente de pauli, borrifadores de vinhas, metais duros, detergentes, sabões em pó, da sauna, dos insetisidas, B. subtilis, B. cereus.
2.SILICOSE:
•Inalação do SiO2.
•3 tipos: silicose nodular, siliose aguda, silicose de poeiras mistas, doença por terras diatomáceas.
•A sílica existe em 3 formas: quartzo, tridimita e cristobalita.
•A sílica amorfa ou não cristalina é atóxica, e ocorre com terra diatomácea e como sílica vítrea.
•Sílica amorfa ou quartzo-----tridimita----cristobalita----sílica amorfa. essas formas têm efeito fibrogênico variável.
•Mineração subterrânea (ouro), indústria cerâmica e de porcelana, pedreiras, jateadores de areia,e perfuradores de poços.
•Partículas menores que 5µ se depositam nos bronquíolos e alvéolos, e as mais fibrogênicas são as menores de 1µ.
•Além desses efeitos fibrogênicos, há os efeitos carcinogênicos e os genotóxicos.
•O quadro clínico é assintomático durante anos da exposição, após podem referir episódios de bronquite, tosse seca, sintomas de ordem geral. Dispnéia de evolução progressiva. Há uma dissociação clínico-radiológica.
•Rx: As lesões radiológicas costumam aparecer entre 10 a 20 anos, porém se a exposição for intensa poderá aparecer até em 2 anos. Nodulações de distribuição simétrica, com várias densidades, dependendo da fase evolutiva e da deposição de outras poeiras. Outro padrão possível é a fibrose pulmonar difusa. Calcificações em casca de ovo dos gânglios do mediastino e pulmonares são patognomônicas. Às vezes podem coexistir lesões tuberculosas, sendo que a incidência de tb é maior nos silicóticos.
•TAC: Na silicose não parece ajudar na identificação mais precoce das opacidades pequenas.
•Prova de Funcao Pulmonar: Servem para acompanhamento e controle. inicialmente são normais, após distúrbios mistos. Volume de fechamento, difusão e gasometria são outras provas que podem ajudar no acompanhamento
•Biópsia: Rx compatível sem exposição, apenas clínica com exposiçào, ou em casos judiciais.
•Pode haver associação com doenças autoimunes e colagenosas.
•Complicação tardia: Ca de pulmão, mesmo não havendo pneumoconiose.
•Tratamento: As silicoses não são passíveis de tratamento medicamentoso, apenas controlam-se os sintomas e as suas complicações.
3.ASBESTOSE:
•Asbesto é um termo geral que se usa para descrever 6 variedades de silicatos minerais fibrosos.
•Crisolita: 95% da produção mundial, sendo o Canadá o maior produtor.
•Crocidolita, amosita, antofilita, termolita e actinolita: 5%
•É usado na construção civil, têxtil, isolantes, tintas, plásticos, lonas de freio de carro, etc. É muito resistente à destruição à agentes químicos e físicos.
•O risco vai desde a extração até a destruição do produto.
•Usualmente as evidências clínicas ou radiológicas não aparecem antes de 20 anos de exposição, porém às vezes exposições curtas (2 a 6 meses) podem causar a doença até 30 anos mais tarde.
•O mecanismo de lesão não é bem conhecido, acha-se que a fibra de asbesto é inalada e penetra no parênquima pulmonar desencadeando um edema das células alveolares, que segue-se de uma alveolite descamativa e espesssamento das paredes alveolares e obliteração de alvéolos por feixes de colágeno. Os corpos de asbesto (ferruginosos) aparecem como fibras de coloração marrom ou negra, no meio da fibrose. Há também placas de fibrose pleural.
•RX: Espessamento e placas pleurais são os achados mais comuns. Sào bilaterais, com áreas calcificadas. Também fibrose intersticial em 50% dos casos, de padrão reticular em bases. Derrame pleural uni ou bilateral.
•Sintomas: Dispnéia e tosse improdutiva irritante surgem 20 ou 30 anos após exposição. Com a evolução estertores finos em bases podem ser auscultados, e posteriormente cianose e hipocratismo digital pode ser observado. Derrame pleural é acompanhado de sua clínica.
•A complicação mais grave é a evolução com mesotelioma e carcinoma brônquico. O período de latência é longo, a crocidolita é a variedade que mais se associa ao mesotelioma que costuma ser maligno difuso.
4.PNEUMOCONIOSE DOS TRABALHADORES DE CARVÃO: (ANTRACOSE):
•Existem 4 tipos de carvão: lignito, sub-betuminoso, betuminoso e antracito, sendo que este último é o que encerra maior quantidade de energia e é o maior resposável por dças.
•RX: Múltiplas lesões nodulares pequenas, circundadas por enfisema focal, fibrose pulmonar maciça, opacidades grandes em ápices pulmonares que podem até escavar.
•Clinicamente o mais importante é a dispnéia, também ocorrem dor torácica, sensação de pressão, tosse, exame físico é pobre via de regra.
•Prova de Funcao Pulmonar: Padrão obstrutivo.
•Sindrome de Caplan: Foi descrita em 1953 em mineiros de carvão que tinham altos títulos séricos de Fator Reumatoide Há um rápido desenvolvimento de nódulos circunscritos até 5 cm de diâmetro, com anéis concêntricos, necrose e poeira de carvão. Isso formaria um nódulo pulmonar. Há evidências de existir um fator imunológico humoral que ao contato com o carvão levaria à formação dessa lesão nodular.
5.PNEUMOCONIOSES DE POEIRAS MISTAS:
•Antracosilicose, siliosiderose, caulim, talcose e dça de Shaver (abrasivos de alumina).
6.BERILIOSE:
•O berílio é um elemento raro, leve, resistente à tensão e transmite RX. É usado na fabricação de ligas especiais com aço, cobre e alumínio, em cerâmicas especiais, e aparelhos de Rx.
•Pode levar à pneumonite química, com posterior fibrose.
•Sintomas: dispnéia progressiva, dor torácica, fadiga, perda de peso, artralgias, adenopatias, lesões de pele, baqueteamento digital e hepatoesplenomegalia.
•RX: Opacidades retículo nodulares difusas, às vezes com adenopatia hilar.
•Tratamento: Afastamento e corticoterapia.
7.EXPOSIÇÃO À METAIS DUROS:
•Principalmente por ligas de tungstênio.
•Dispnéia, dor toracica, aperto, febre, tosse seca e perda de peso.
•RX: retículo nodular difuso, bilateral, áreas de vidro fosco no início do quadro.
•Histopatologia: pneumonia intersticial descamativa com celulas gigantes.
•Corticóide na fase aguda pode levar à remissão do quadro.
8.BARITOSE:
•Mineradores da barita, que é um pigmento branco usado na fabricação de tintas, borrachas e vidros, além de contrastes em estudos radiológicos.
•Sem sintomas, com RX exuberantes,
•É benigna, só afastando já regride as lesões. não é fibrogênica.
9.SIDEROSE:
•Exposição ao óxido de ferro,
•Geralmente associada à tuberculose, benigna na maioria dos casos, porém no Brasil já foram descritos 4 casos com fibrose.
•Pode fazer lesão maior quando junto com a sílica.
10.ESTANOSE:
•Extraído da cassiterita, poucos sintomas e com RX exuberante.
•Benigna.
11.MANGANÊS:
•Usado em ligas de ferro, baterias elétricas e em processos químicos.
•Associada à bronquite crônica e pnm de alta mortalidade,
•RX não tem achados específicos.
•Parkinson pode decorrer da exposição crônica ao manganês.
12.EXPOSIÇÃO À ROCHA FOSFÁTICA:
•Exposição se dá naqueles que fabricam fertilizantes, são rochas de origem magmática, compostas de fosfato de cálcio, com outras impurezas.
•Benigna até o momento.
•Poucos casos descritos, tendo poucos estudos acerca.
Bibliografia:
1.Compêndio de pneumologia. Luis Carlos Correa da Silva. 1997, pg.760 a 770.
2.Doenças Pulmonares. Tarantino. 1997, pg. 807 a 815.
3.Sociedade Paulista de Pneumologia. Atualização. 1999, pg.431 a 445.
2006-10-29 09:35:33
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